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NIVELAMENTO DE

LIBRAS BÁSICO I

ETAPA 2
EXPRESSÃO FACIAL/ EXPRESSÕES NÃO
MANUAIS
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
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89130-000 - INDAIAL/SC
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Curso sobre Nivelamento de Libras Básico I


Centro Universitário Leonardo da Vinci

Organização
Ana Clarisse Alencar Barbosa
(Coord. de Pedagogia, Educação Especial e Letras-Libras)

Autora
Fabiana Schmitt Corrêa

Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância


Prof.ª Francieli Stano Torres

Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância


Prof. Hermínio Kloch

Diagramação e Capa
Renan Willian Pacheco

Revisão
Harry Wiese
2 LIBRAS BÁSICO I
CAPÍTULO 2

EXPRESSÃO FACIAL/ EXPRESSÕES NÃO MANUAIS

As expressões faciais, conhecidas também como expressões não manuais,


são incorporadas à sinalização para comunicar algo, se apresentando em dois tipos:
expressões afetivas e as gramaticais. Quadros e Karnopp (2004) salientam que existe a
possibilidade de duas expressões faciais, ou não manuais, ocorrerem ao mesmo tempo,
simultaneamente, como citado por elas, interrogação e negação. Observe o quadro
abaixo:

QUADRO 1 – ONDE IDENTIFICAMOS AS EXPRESSÕES NÃO MANUAIS


Expressões não manuais da língua de sinais brasileira, definidas por Ferreira-Brito e
Langevin (1995).
Rosto:
Parte superior:
Sobrancelhas franzidas.
Olhos arregalados.
Lance dos olhos.
Sobrancelhas levantadas.
Parte inferior:
Bochechas infladas.
Bochechas contraídas.
Lábios contraídos e projetados e sobrancelhas franzidas.
Correr da língua contra a parte inferior interna da boca.
Apenas bochecha direita inflada.
Contração do lábio superior.
Franzir do nariz.
Cabeça:
Balanceamento para frente e para trás (sim).
Balanceamento para os lados (não).
Inclinação para frente.
Inclinação para o lado.
Inclinação para trás.

Rosto e cabeça:
Cabeça projetada para frente, olhos levemente cerrados, sobrancelhas franzidas.
Cabeça projetada para trás e olhos arregalados.

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Tronco:
Para frente.
Para trás.
Balanceamento alternado de ombros.
Balanceamento simultâneo de ombros.
Balanceamento único de um ombro.
FONTE: Adaptado de Quadros e Karnopp (2004, p. 61)

Vejamos agora a diferença entre essas expressões.

EXPRESSÕES AFETIVAS

No material elaborado para os estudos da Língua Brasileira de Sinais I – UFSC,


organizado por Quadros, Pizzio e Rezende (2009), temos a clarificação desse conceito,
indicando que [...] são utilizadas para expressar sentimentos (alegria, tristeza, raiva,
angústia, entre outros) e podem ou não ocorrer simultaneamente com um ou mais itens
lexicais. Conforme dito anteriormente, não são exclusivas das línguas de sinais. Para
algumas pessoas, parece estranho olhar alguém sinalizando e perceber as “caretas” que
são feitas, mas o que a maioria das pessoas não percebe é que, nas línguas faladas, as
expressões afetivas também se fazem presentes em suas conversas, sempre que falarem
sobre algum tema que envolva as questões afetivas, como quando contam algo em que
obtiveram sucesso, uma perda, sobre algum ocorrido que as deixasse com raiva, e assim
por diante.

Abaixo estão algumas expressões faciais das mais comuns, importantes de serem
incorporadas pelos usuários das línguas de sinais:

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FIGURA 1 – EXPRESSÕES FACIAIS MAIS COMUNS

FONTE: Disponível em: <https://erikbertelli.wordpress.com/tag/expressoes-faciais/>. Acesso


em: 4 mar. 2017.

E por que será que são tão importantes? Imagine que estão conversando em
Libras com alguém, contando que a nota da prova foi um fracasso, sem expressão de
tristeza ou indignação!

Uma mesma frase pode ter várias compreensões diferentes, o que vai definir o
contexto real é a expressão utilizada pelo sinalizante.

EXPRESSÕES GRAMATICAIS

As autoras anteriormente citadas também esclarecem acerca das expressões


gramaticais, indicando que [...] estão relacionadas a certas estruturas específicas, tanto
no nível da morfologia quanto no nível da sintaxe e são obrigatórias nas línguas de
sinais em contextos determinados (QUADROS; PIZZIO; REZENDE, 2009).

Vejamos os contextos a que se referem:

• Quando são sinalizados os adjetivos, estes estarão associados ao grau de intensidade:


FEIO, POUCO FEIO, MUITO FEIO, FEIO DEMAIS.

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FIGURA 2 – ADJETIVOS COM INTENSIDADE

FONTE: A autora

• Já ao sinalizar um substantivo, este indicará pela expressão o grau de tamanho: CAIXA


NORMAL, CAIXA PEQUENA E CAIXA GRANDE.

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FIGURA 3 – SUBSTANTIVOS COM GRAU DE TAMANHO

FONTE: A autora

É muito importante também observar as expressões gramaticais, seguindo


ainda o material apresentado por Quadros, Pizzio e Rezende (2009, p. 6), que indicam
se a sentença é negativa, interrogativa, afirmativa, condicional, relativa, condicional,
construção com tópico e com foco.

Do material, trazemos a explicação clara em relação a cada indicação realizada


pelas autoras. Abaixo estão exemplos de sentenças associadas às imagens para melhor
compreensão:

Sentenças negativas: são aquelas em que a sentença está sendo negada.


Normalmente, possuem um elemento negativo explícito, como NÃO, NADA, NUNCA.
Na língua de sinais, podem estar incorporadas aos sinais ou expressas apenas por meio
da marcação não manual.

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FIGURA 4 – SENTENÇAS NEGATIVAS

FONTE: A autora

Sentenças interrogativas: são aquelas formuladas com a intenção de obter


alguma informação desconhecida. São perguntas que podem requerer informações
relativas aos argumentos por meio de expressões interrogativas: O QUE, COMO, ONDE,
QUEM, POR QUE, PARA QUE, QUANDO, QUANTO etc. Também há interrogativas
formuladas simplesmente para obter confirmação ou negação a respeito de alguma
coisa, por exemplo, VOCÊ QUER ÁGUA? Se espera ter a resposta positiva ou negativa
(SIM ou NÃO).

FIGURA 5 – SENTENÇAS INTERROGATIVAS

FONTE: A autora

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Sentenças afirmativas: são sentenças que expressam ideias ou ações afirmativas.
Por exemplo, EU VOU AO BANCO.

FIGURA 6 – SENTENÇAS AFIRMATIVAS

FONTE: A autora

Sentenças condicionais: são sentenças que estabelecem uma condição para


realizar outra coisa, por exemplo, SE CHOVER, EU NÃO VOU À FESTA. A condição
desta sentença é não chover, para que a pessoa vá à festa.

FIGURA 7 – SENTENÇAS CONDICIONAIS

FONTE: A autora

Sentenças relativas: são aquelas em que há uma inserção dentro da sentença para
explicar, para acrescentar informações, para encaixar outra questão relativa ao que está
sendo dito. Nessas sentenças, normalmente utiliza-se QUE na língua portuguesa; na
língua de sinais há uma quebra na expressão facial para anunciar a sentença relativa que

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é produzida com a elevação das sobrancelhas. Por exemplo, A MENINA QUE CAIU
DA BICICLETA ESTÁ NO HOSPITAL.

FIGURA 8 – SENTENÇAS RELATIVAS

FONTE: A autora

Construções com tópico: é uma forma diferente de organizar o discurso. O tópico


retoma o assunto sobre o qual se desenvolverá o discurso. Por exemplo, FRUTAS, EU
GOSTO DE BANANA. Então, o tópico é FRUTAS, sobre o qual será definida aquela
de preferência do falante/sinalizante.

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FIGURA 9 – SENTENÇAS COM CONSTRUÇÃO DE TÓPICOS

FONTE: A autora

Construções com foco: são aquelas que introduzem no discurso uma informação
nova que pode estabelecer contraste, informar algo adicional ou enfatizar alguma coisa.
Por exemplo, se alguém diz que a MARIA COMPROU O CARRO e esta informação está
equivocada, o falante/sinalizante seguinte pode fazer uma retificação: NÃO, PAULO
COMPROU O CARRO. Paulo aqui será o foco.

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FIGURA 10 – SENTENÇAS COM CONSTRUÇÃO DE FOCO

FONTE: A autora

IMPORTANTE
Existem contextos em que não se fará uso de expressão alguma, apenas irá se sinalizar uma sentença.

ORDEM DAS PALAVRAS NA LIBRAS

A linguística é a ciência da linguagem e tem como objeto de investigação a


língua. Através de investigações, identificou na Libras aspectos comuns às línguas
faladas, como a fonologia, a morfologia e a sintaxe (QUADROS; KARNOPP, 2004).
Esses níveis comuns da análise linguística serão estudados brevemente nesse capítulo,
compreendendo como se apresentam na estrutura da Libras.

Pois bem, a forma como escrevemos a ordem das palavras nas nossas frases é
conhecida como a estrutura da sentença de uma língua. A saber, Sentença, de acordo
com o dicionário Aurélio, significa entre as línguas.

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Segundo Pizzio (2006, p. 40), citando Greenberg (1966), predominantemente,
temos a ordem SOV, SVO ou VSO (S: Sujeito; V: Verbo e O: Objeto), ordem em diferentes
línguas. O autor observa que em algumas línguas no mundo há ordens que parecem
dominar, razão pela qual são identificadas enquanto ‘básicas’ ou ‘canônicas’. Bem, se
existem ordens que parecem dominar, por outro lado, temos uma ordem conhecida como
‘subjacente’. Essa é a estrutura mais profunda, ‘nua’, como encontramos nas citações,
uma estrutura que ainda não passou por nenhuma transformação.

Para clarificar um pouco, algumas glosas serão apresentadas seguindo a ordem


que predomina:

FIGURA 11 – EXEMPLOS DA ORDEM PREDOMINANTE – SOV


SOV: MULHER CANETA PEGAR

FONTE: A autora

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FIGURA 12 – EXEMPLOS DA ORDEM PREDOMINANTE – SVO
SVO: ANA GOSTAR BONECA

FONTE: A autora

FIGURA 13 – EXEMPLOS DA ORDEM PREDOMINANTE - VSO


VSO: PEGAR PAULO LIVRO

FONTE: A autora

Vamos passar para uma explicação mais contextualizada, entendendo essa


estrutura na Libras.

Quadros (1999) apresenta uma proposta com base em investigações na teoria


gerativista de Chomsky (1995). Observou que a estrutura básica na Libras é a SVO, como

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vimos na frase – Julia gosta de boneca. As demais ordens encontradas em outras línguas,
como VSO, OVS e VOS, não são comuns na estrutura da Libras. As pesquisadoras,
que também citam essa questão relacionada à ordem, são Felipe (1989) e Ferreira-Brito
(1995), também citadas pelas autoras no material elaborado para o curso de Letras
– Libras – UFSC. Segundo Quadros; Pizzio e Rezende (2009), as pesquisadoras [...]
indicam que essa língua tem possibilidades diferentes para a ordenação das palavras
na sentença, mas mesmo com esta flexibilidade, parece existir a ordem básica SVO.
As outras possibilidades observadas são: SOV e OSV. Para melhorar a apreensão de
tantas informações, teremos agora algumas atividades que envolvem a organização do
material de maneira prática.

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AUTOATIVIDADE

1. Observe as imagens e escreva o que cada expressão facial representa.

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2. Assista ao vídeo de frases e comente qual a frase sinalizada corretamente e qual está
sinalizada incorretamente. Justifique sua resposta.

Vídeo: Disponível em: <https://youtu.be/ZVlbeQeduVc>.

FRASE 1:____________________________________________________________________
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FRASE 2:____________________________________________________________________
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DICIONÁRIO DE LIBRAS

CUMPRIMENTOS

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LIBRAS BÁSICO I 17
PESSOAS

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18 LIBRAS BÁSICO I

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LIBRAS BÁSICO I 19
FAMÍLIA

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20 LIBRAS BÁSICO I

PERGUNTAS

FONTE: Adaptado de CAPOVILLA; RAPHAEL (2001)

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REFERÊNCIAS

CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Walquíria Duarte. Dicionário


Enciclopédico Ilustrado Trilíngue LIBRAS. Vol. I e II. São Paulo: USP, 2001.

QUADROS, Ronice Müller de. A estrutura da frase da língua brasileira de sinais.


In: II CONGRESSO NACIONAL DA ABRALIN, 1999, Florianópolis. Anais do II
Congresso Nacional da ABRALIN. Florianópolis: UFSC, 2000.

QUADROS, Ronice Müller; KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais Brasileira.


Estudos Linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

QUADROS, Ronice Müller de; PIZZIO, Aline Lemos; REZENDE, Patricia Luiza
Ferreira. Língua Brasileira de Sinais I. Florianópolis: UFSC, 2009.

QUADROS, Ronice Müller de; PIZZIO, Aline Lemos; REZENDE, Patricia Luiza
Ferreira. Língua brasileira de sinais II. Florianópolis: UFSC, 2008.

PIZZIO, A. L. A variabilidade da ordem das palavras na aquisição da língua


de sinais brasileira: construções com tópico e foco. Dissertação de Mestrado.
Florianópolis: UFSC, 2006.

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