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UTI Neonatal:

MÉTODO CANGURU

Elen Santos
 Em todo o mundo, nascem anualmente 20 milhões de bebes pré-
termo e de baixo peso;
 Um terço morre antes de completar um ano de vida;
 No Brasil, a primeira causa de mortalidade infantil são as afecções
perinatais, que compreendem:
 Problemas respiratórios;
▪ Asfixia ao nascer;
▪ Infecções, mais comuns em bebes pré-termo e de baixo peso.
HISTÓRICO

 Originado na Colômbia em 1979, pelos Dr. Reys Sanabria e Dr. Hector Martinez,
 Surgiu como uma possibilidade de atenção humanizada ao RN de baixo peso;
 Visando reduzir os custos da assistência perinatal;
 Promover o contato pele a pele e o vínculo afetivo entre a mãe/pai e o bebê;
 Maior estabilidade térmica;
 Estimulando mais rapidamente o desenvolvimento do bebê;
 “Metodologia salvadora e de baixo custo”;
 No Brasil, o método foi incorporado às ações do Pacto de
Redução da Mortalidade Materna e Neonatal através da portaria
nº 1683 de 12 de julho de 2007.
O que é o método canguru?

 É um modelo de assistência perinatal voltado para o cuidado humanizado com


estratégias de intervenção biopsicossocial;
 Estimulada a presença dos pais na unidade neonatal com o livre acesso e a
participação nos cuidados com o filho;
 O contato pele a pele, começa com o toque evoluindo ate a posição canguru;
▪ De forma precoce e crescente, por livre escolha da família, pelo tempo que ambos
entenderem ser prazeroso e suficiente;
 A posição canguru, visa manter o RN de baixo peso, em contato pele a pele, junto ao
peito dos pais ou de outros familiares.
Deve ser realizada de maneira orientada, segura e acompanhada de suporte
assistencial por uma equipe de saúde adequadamente treinada
Humanização do nascimento

 Atenção humanizada à criança, seus pais e a família;


 Compreende ações desde o pré-natal e busca evitar condutas intempestivas e
agressivas para o bebê;
 A atenção ao recém-nascido deve caracterizar-se pela segurança técnica da
atuação profissional e por condições hospitalares adequadas;
 Aliadas a suavidade no toque durante a execução de todos os cuidados
prestados;
 Trabalho importante também deve ser desenvolvido com a equipe de saúde,
oferecendo mecanismos para uma melhor qualidade no trabalho interdisciplinar.
Como o método estimula o AM?

 Um dos pilares do Método Canguru é o estímulo ao aleitamento materno;


 Incentivando o contato precoce e a presença constante da mãe;
 A mãe é orientada a realizar a extração manual do leite junto à incubadora e a
oferece-lo ao filho com a ajuda da equipe;
 Estudos demonstraram que o volume de leite diário é maior nas mães que
realizam o contato pele a pele com seu bebê;
 É sabido também que as mães que fazem o contato pele a pele mantêm a
amamentação de seus bebês por um tempo maior.
Normas gerais

1. Mudança de atitude na abordagem do recém-nascido de baixo peso, com necessidade


de hospitalização;
2. NÃO é um substitutivo das UTI neonatal;
▪ Nem da utilização de incubadoras, estas situações tem indicações bem
estabelecidas;
3. NÃO objetiva economizar recursos humanos e recursos técnicos;
▪ Prioriza aprimorar a atenção perinatal;
4. O inicio da atenção ao RN antecede o período do nascimento;
▪ Durante o pré-natal, é possível identificar mulheres com maior risco de terem recém
nascidos de baixo peso;
▪ Devem ser oferecidas informações sobre cuidados médicos específicos e
humanizados.
5. Quando há risco de nascimento de crianças com baixo peso;
▪ É recomendável encaminhar a gestante para os cuidados de referência, uma vez que essa
e a maneira mais segura de atenção;
6. Na 2ª etapa não se estipula a obrigatoriedade de tempo em posição canguru;
7. Estimulo da participação do pai e de outros familiares na colocação da criança em posição
canguru;
8. Presença de berço no alojamento de mãe e filho;
▪ Possibilidade de elevação da cabeceira, permitira que a criança ali permaneça na hora
do exame clinico, durante o asseio da criança e da mãe e nos momentos em que a mãe e a
equipe de saúde acharem necessários.
9. São atribuições da equipe de saúde:
▪ Orientar a mãe e a família em todas as etapas do método;
▪ Oferecer suporte emocional e estimular os pais em todos os momentos;
▪ Encorajar o aleitamento materno;
▪ Desenvolver ações educativas abordando conceitos de higiene, controle de saúde e
nutrição
▪ Desenvolver atividades recreativas para as mães durante o período de permanência
hospitalar;
▪ Participar de treinamento em serviço como condição básica para garantir a qualidade da
atenção;
▪ Orientar a família na hora da alta hospitalar, criando condições de comunicação com a
equipe, e garantir todas as possibilidades já enumeradas de atendimento continuado.
População a ser atendida

 Gestantes de risco para o nascimento de crianças de baixo peso;


 Recém-nascidos de baixo peso;
 Mãe, pai e família do recém-nascido de baixo peso.
O que é a posição canguru?

 A posição canguru consiste em manter o recém-nascido de baixo peso em


contato pele a pele, na posição vertical, junto ao peito dos pais
 A equipe de saúde deve estar adequadamente treinada para orientar de
maneira segura os pais a realizar a posição canguru.
 Ele ocorre em três etapas, conforme pode-se verificar mais abaixo, onde cada
uma delas será abordada
Primeira etapa

Esclarecer sobre as
Período que se inicia no Acolher os pais e a condições de saúde
pré-natal de alto-risco família na UTI
do RN e cuidados;
seguido da internação do Sobre a equipe, as
Neonatal; rotinas e o
RN na UTI Neonatal;
funcionamento da UTI

Estimular o livre e precoce Garantir que a primeira


Propiciar sempre que
visita dos pais seja
acesso dos pais, sem possível o contato com acompanhada pela
restrições de horário. o bebe. equipe de profissionais
Primeira Etapa

Assegurar a atuação dos


Oferecer suporte para a Estimular a participação do pais e da família como
amamentação pai em todas as atividades importantes moduladores
desenvolvidas na Unidade. para o bem-estar do bebe.

Garantir a puérpera a
Comunicar aos pais as
permanência na unidade
peculiaridades do seu bebe e
hospitalar pelo menos nos
demonstrar continuamente as
primeiros cinco dias, oferecendo
suas competências.
o suporte assistencial necessário
Primeira Etapa

Diminuir os níveis de estímulos


Adequar o cuidar de acordo
ambientais adversos da unidade
com as necessidades individuais
neonatal, tais como odores, luzes
comunicadas pelo bebe
e ruídos.

Utilizar o posicionamento
adequado do bebe,
Garantir ao bebe medidas de propiciando maior conforto,
proteção do estresse e da dor. organização e melhor padrão
de sono, favorecendo assim o
desenvolvimento.
Primeira Etapa

Auxilio transporte, para a


Assegurar a permanência da puérpera, vinda diária a unidade
durante a primeira etapa: pelos estados e/ou
municípios

Atividades
Refeições durante a Cadeira adequada para a complementares que
permanência na unidade permanência ao lado de contribuam para
pelos estados e/ou seu bebe e espaço que melhor ambientação,
municípios. permita o seu descanso desenvolvidas pela
equipe e voluntários.
Segunda Etapa

O bebê permanece de Isso a deixa mais segura e


maneira contínua com sua estimulada a permanecer
mãe, que participa com o bebê na posição
ativamente dos cuidados canguru o maior tempo
do filho; possível.
Segunda Etapa

Do bebê
Critérios: • Estabilidade clínica
• Nutrição enteral plena (peito, sonda gástrica ou copo)
• Peso mínimo de 1.250g.

Da mãe
• Desejo de participar;
• Disponibilidade de tempo e de rede social de apoio;
• Consenso entre mãe, familiares e profissionais da saúde;
• Capacidade de reconhecer os sinais de estresse e as situações de risco do RN;
• Conhecimento e habilidade para manejar o bebe em posição canguru.
Segunda Etapa

Permitir o afastamento temporário


Acompanhar a evolução clínica e
da mãe de acordo com suas
o ganho de peso diário.
necessidades.

Cada serviço deverá utilizar A utilização de medicações orais,


rotinas nutricionais de acordo intramusculares ou endovenosas
com as evidências científicas intermitentes não contraindicam a
atuais. permanência nessa etapa.
Segunda Etapa

São critérios para a alta hospitalar com transferência


para a 3ª etapa:
Mae segura,
orientada e
familiares Compromisso de Ganho de peso
conscientes realização da Peso mínimo de adequado nos três
quanto ao posição pelo maior 1.600g; dias que antes da
cuidado tempo possível; alta;
domiciliar;
Sucção exclusiva
Primeira consulta Garantir
ao peito ou, Segurar
até 48 horas da atendimento na
habilitados realizar acompanhamento
alta e as demais unidade hospitalar,
a ambulatorial ate o
no mínimo uma ate a alta da
complementação peso de 2.500g;
vez por semana; terceira etapa.
;
Terceira Etapa

Acompanhamento da criança e da família no


ambulatório e/ou no domicilio;

Dando continuidade a
Até atingir o peso de 2.500g;
abordagem biopsicossocial.
Terceira Etapa

Ambulatório de acompanhamento:

Avaliar o equilíbrio psico-


Realizar exame físico afetivo entre a criança e Apoiar a manutenção
completo da criança ; a família e oferecer de rede social de apoio;
suporte;

Corrigir as situações de
risco, como ganho Orientar e acompanhar Orientar esquema
inadequado de peso, tratamentos adequado de
sinais de refluxo, especializados; imunizações
infecção e apneias;
Terceira Etapa

Ser realizado por medico


O seguimento O atendimento, quando
e/ou enfermeiro, que, de
ambulatorial necessário deverá envolver
preferência, tenha
deve : outros membros da equipe
acompanhado o bebe

Após o peso de 2.500g, o


Ter agenda aberta, O tempo de permanência seguimento ambulatorial
permitindo retorno não em posição canguru será deverá seguir as normas de
agendado, caso o determinado crescimento e
bebe necessite individualmente desenvolvimento do
Ministério da Saúde.
Terceira Etapa

O seguimento Ser realizado por medico


O atendimento, quando
ambulatorial e/ou enfermeiro, que, de
necessário deverá envolver
deve : preferência, tenha
outros membros da equipe
acompanhado o bebe

Após o peso de 2.500g, o


O tempo de
Ter agenda aberta, seguimento ambulatorial
permanência em
permitindo retorno não deverá seguir as normas de
posição canguru será
agendado, caso o crescimento e
determinado
bebe necessite desenvolvimento do
individualmente
Ministério da Saúde
Benefícios

1. Favorece o vínculo mãe- filho;


2. Diminui o tempo de separação;
3. Estimula o aleitamento materno;
4. Favorece um melhor desenvolvimento neurocomportamental e psico-afetivo do
recém-nascido de baixo peso;
5. Favorece a estimulação sensorial adequada;
6. Reduz o estresse e a dor;
7. Proporciona um melhor relacionamento da família com a equipe de saúde;
8. Possibilita maior competência e confiança dos pais no cuidado com seu filho
Dados

 O Ministério da Saúde financiou um estudo comparando 16 unidades que


possuíam ou não o Método Canguru;
 Incluindo 985 recém-nascidos pesando entre 500 e 1.749g.
 Verificou-se que as unidades canguru tiveram desempenho nitidamente
superior em relação ao aleitamento materno exclusivo na alta e aos 3 meses
apos a alta;
 Os autores concluíram que a estratégia de humanização adotada pelo
Ministério da Saúde e uma alternativa segura ao tratamento convencional e
uma boa estratégia para a promoção do aleitamento materno (LAMY, 2008).
Recursos para a implantação

 1. Recursos Humanos
Recomenda-se que toda a equipe de saúde responsável pelo atendimento do bebe, dos pais e
da família, esteja adequadamente capacitada para o pleno exercício do Método.
A equipe multiprofissional deve ser constituída por:

• Médicos
• Terapeutas ocupacionais
• Pediatras e/ou neonatologia as
• Assistentes sociais
(cobertura de 24 horas)
• Fonoaudiólogos
• Obstetras (cobertura de 24 horas)
• Nutricionistas
• Oftalmologista
• Técnicos e aux. de enfermagem (na 2a
• Enfermeiros (cobertura de 24 horas)
etapa, uma auxiliar para cada seis
• Psicólogos
• Binômios com cobertura 24 horas).
• Fisioterapeutas
2- Recursos Físicos

 Deverão obedecer as normas já padronizadas para essas áreas;


 Permitir o acesso dos pais;
 Áreas que permitam assentos removíveis para, facilitar a colocação em posição
canguru;
 Os quartos ou enfermarias deverão ter 5m² para cada conjunto;
 Localização dos quartos proporcione facilidade de acesso;
 Número de binômios por enfermaria deverá ser de, no máximo, seis;
 O posto de enfermagem próximo a essas enfermarias;
 Cada enfermaria devera possuir um banheiro (com dispositivo sanitário, chuveiro e
lavatório) e um recipiente com tampa para recolhimento de roupa usada.
3 – Recursos Materiais

 Na 2a etapa, na área destinada a cada binômio, serão localizados:

▪ Cama e berço (de utilização eventual, mas que permita aquecimento e posicionamento
da criança com a cabeceira elevada);
▪ Aspirador a vácuo, central ou portátil;
▪ Balança pesa-bebe;
▪ Régua antropométrica, fita métrica de plástico e termômetro;
▪ Carro com equipamento adequado para reanimação cardiorrespiratória.
Avaliação do Método

 Morbidade e mortalidade neonatal;


 Taxas de reintegração;
 Crescimento e desenvolvimento;
 Grau de satisfação e segurança materna e familiar;
 Prevalência do aleitamento materno;
 Desempenho e satisfação da equipe de saúde;
 Conhecimentos maternos adquiridos quanto aos cuidados com a criança;
 Tempo de permanência intra-hospitalar
Recebendo os pais na UTI Neonatal

 O pai, em geral, e o primeiro a entrar na Unidade e a ter contato com a equipe e com o
filho;
 Ele receberá as primeiras informações para o restante do grupo familiar;
 Seus afazeres se multiplicam pelas cobranças impostas por outros membros da família,
pelas solicitações da equipe de saúde e pela necessidade de suporte a sua mulher;
 A mãe, apos o parto, quando o bebe e levado para a UTI, vivencia momentos de vazio,
solidão e medo;
 Sem o bebe, sem o companheiro e muitas vezes sem noticias, não e raro que pense que
estejam lhe escondendo ou negando informações.
UTI NEONATAL:
CUIDADOS COM A PELE

Elen Santos
Introdução

 O exame da pele pode indicar a idade gestacional, o estado nutricional e hídrico, e


ainda mostra a presença de lesões cutâneas e sistêmicas;
 Por sua constituição, a pele do RN, principalmente a dos prematuras, pode facilmente
sofrer lesões;
 A pele lesionada contribui para aumentar a perda de água e calor, sendo mais um fator
de desequilíbrio hidroeletrolítico e térmico;
 Aumenta o risco de infecções pelo fato de a barreira protetora não estar intacta,
transformando-se em porta de entrada para bactérias e fungos;
 A pele lesionada aumenta o consumo calórico devido ao empenho do organismo em
reparar o tecido lesionado.
Composição da pele

 EPIDERME
▪ Camada mais externa;
▪ Processo de queratinização que se inicia ao redor da 17ºsemana de gestação;
▪ Promove uma barreira, retenção de água e calor;
▪ Protege contra a absorção de toxinas e microorganismos.
 DERME
▪ Composta de tecido conjuntivo denso (fibroso e elástico) de disposição irregular;
▪ Contém os vasos sanguíneos, linfáticos, nervos e células inflamatórias.
 SUBCUTÂNEO
▪ Em certas regiões, essa camada é profundamente infiltrada por tecido adiposo;
▪ Isola e protege os órgãos e tecidos internos, além de armazenar calorias.
Funções da pele

1. Proteção da pele:
 Barreira contra ações químicas, mecânicas e biológicas (basteriológicas);
 Nos RN prematuros com <30 semanas essa camada não esta totalmente desenvolvida
levando a um aumento da perda insensível de água;
 A queratinização é a maturação da epiderme e ocorre nas primeiras 2 a 4 semanas após
o nascimento;
 Nos prematuras ocorre perda insensível de água através da pele.
2. Regulação:
 Regulação e manutenção da temperatura corporal;
 Os prematuros perdem calor por evaporação, pela diminuição da camada isolante
fornecida pelo tecido adiposo.

3. “Órgão” sensorial:
 Devido a inervação abundante a nível da derme, a pele é sensível à recepção de
estímulos táteis, térmicos e dolorosos;
4. Propriedades imunológicas:
 A pele produz uma substância ácida que forma uma camada em sua superfície com
propriedades bactericidas
 Os prematuros com < semanas não possuem essa camada ácida protetora;
 A pele é praticamente estéril por ocasião do nascimento, sendo colonizada
rapidamente ao redor do 2º e 7º dia.

5. Propriedades de renovação:
 A pele esta constantemente mudando, com reposição de novas células e
descamação das velhas;
Pele do RN prematuro

 Possuem uma pele mais fina e gelatinosa;


 Pouca camada de epiderme oferecendo menos proteção ou barreira contra
agressões externas, como toxinas e agentes que possam causar infecções;
 Aumento da permeabilidade permite absorção de agentes químicos e
terapêuticos tópicos rapidamente;
 Pouca diferenciação entre epiderme e derme, sendo mais propensos a lesões;
Intervenções: cuidados com a pele

 Manutenção da integridade das camadas da pele para que ela possa continuar suas
funções normais de fornecer uma barreira;
 Objetivos:
1. Manter a integridade da pele
2. Prevenir injúria física e química
3. Minimizar a perda insensível de água
4. Manter a temperatura estável
5. Prevenir Infecção
6. Proteção de absorção de agentes tópicos
 Fatores de risco:
1. Idade Gestacional > 32 semanas;
2. Edema generalizado
3. Pacientes com paralisia
4. Uso de medicamentos vasopressores
5. Feridas cirúrgicas
6. Ostomias
7. Múltiplos cateteres endovenosos e arteriais
8. Ventilação mecânica que mantém o neonato imobilizado
9. Certas patologias que impossibilitam a mudança frequente de decúbito.
Intervenções de enfermagem

1. Avaliação das condições da pele na admissão, e uma vez por turno:


 Avalia a maturidade e permite ações preventivas;

2. Limpeza da pele:
▪ Na admissão e banho de rotina, esperar que a temperatura esteja estável, bem como os
outros parâmetros vitais, antes de banhar o neonato;
➢Visa uma ação antimicrobiana e estética;
➢Sabonetes com pH neutro e mínimo de corantes e perfumes;
➢Soluções à base de clorexidina como agente antimicrobriana;
 Banho de rotina em RN >1500g com água morna e sabão neutro, evitar sabão
diariamente. Nos RN < 1500g e <30 semanas deverá utilizar água morna estéril nas
primeiras 2 a 3 semanas após nascimento:
➢ O uso de sabão diariamente altera o balanço químico da pele;
➢ O uso diário de sabão somente após 2 meses;
➢ Nos prematuros o sabão provoca alterações químicas da pele, quebrando a
integridade da pele servindo como porta de entrada para bactérias e fungos.

 No banho de esponja é necessário lavar cada parte do corpo e secar individualmente:


➢ Evitar o resfriamento;
 Banho de banheira em neonatos com >1500g e que tenham estabilidade térmica:
➢ É menos estressante, principalmente para prematuros;
➢ A banheira deve estar cheia com água morna até os ombros;
➢ Utilizar a técnica de enrolamento, despindo RN aos poucos enrolado em uma toalha
macia;
➢ Secar cuidadosamente sem esfregar;
➢ Vestir rapidamente para evitar o resfriamento;
 Trocar as fraldas quando necessário, limpar a região somente com pano macio,
umedecido com água:
➢O uso de produtos químicos na região perineal pode causar irritação, principalmente
em prematuros extremos;
➢Evitar produtos que contenham álcool, perfumes e corantes;
➢Pode utilizar óleo mineral para auxiliar na limpeza;
➢Evitar elevar a pernas do neonato ao nível do tórax, pode causa aumento da pressão
intracraniana;
➢Limpar a parte genital anterior, virar o neonato lateralmente e proceder à limpeza da
parte posterior;
 3. Prevenir injúria química

▪ Queimadura química:
➢ Quando necessário fazer assepsia com solução clorexidina 0,5% mínimo possível,
remover após procedimento e limpar a área com água estéril;
➢Pode ocorrer irritação ou mesmo ocorrer queimaduras devido a imaturidade da pele;
➢Evitar uso de soluções à base de iodo;
➢Evitar uso de água oxigenada;
 Prevenir infiltrações de medicações EV:
▪ No caso de infusão contínua, monitorizar o local da punção de hora em hora;
▪ Observar sinais de infiltração ( edema, hiperemia local, isquemia);
▪ As medicações mais tóxicas para a pele são: gluconato de cálcio, bicarboanto de sódio, antibióticos
e vasopressores, como dopamina e dobutamina;
▪ Utilizar curativos transparentes com hidrogel ou pectina que facilitam visualização.
 4. Prevenir lesões na pele
▪ Utilizar somente fitas adesivas próprias para a pele sensível do RN;
▪ Usar o mínimo de fita possível para fixar o cateter endovenoso, mantendo uma área livre
para visualização do local;
▪ Nos prematuros < 1000g, usar protetores ou barreiras de pele, usar adesivos antes de fixar
sondas, cateteres e eletrodos;
▪ Trocar os eletrodos do monitor cardíaco somente quando não estiver funcionando;
▪ Realizar monitorização cardíaca através do cateter umbilical em prematuros extremos nas
primeiras 2 semanas de vida;
▪ Remover os adesivos cuidadosamente, usar algodão embebido em água ou óleo de
amêndoas para facilitar remoção;
 5. Evitar uso de cremes e loções, salvo se forem prescritos
 6. Prevenir queimaduras:
▪ Evitar uso de compressas muitos quentes para aquecimento;
 7. Prevenir perda insensível de água:
▪ Manter o RN em incubadora;
▪ Usar umidificação através de incubadora ou via tenda plástica por 2 a 3 semanas após
o nascimento ou até alguma estabilidade;
▪ Umidificação acima de 70% apenas se pele íntegra, pois pode propiciar a proliferação
de bactérias;
▪ Umidade relativa em torno de 40 a 60% e em prematuros extremos 85-95%;
 8. Prevenir lesões por pressão
▪ Mudar decúbito a cada 2 a 3 horas de acordo com estabilidade do RN;
▪ Usar colchão de água ou pele de carneiro sintética para amaciar a superfície.
UTI Neonatal:
CONTROLE TÉRMICO
Introdução

 A regulação térmica é um dos fatores críticos na sobrevivência


e estabilidade do recém-nascido;
 Mortalidade infantil caiu de 98% para 23% quando prematuros
eram colocados em incubadoras;
 A dificuldade na manutenção térmica deve-se:
▪ Superfície corporal relativamente grande em comparação
com o peso;
▪ Capacidade metabólica limitada para a produção de calor;
▪ Isolamento térmico inadequado;
 A termorregulação é a capacidade do corpo em promover o
balanço entre a produção e perda de calor;
 Nos recém-nascidos é dependente da gordura-marrom
Risco de instabilidade térmica

1. Prematuridade;
2. Anomalias congênitas;
3. Septicemia;
4. Asfixia e hipoxia;
5. Comprometimento do sistema nervoso central;
6. Aporte nutricional e calórico inadequado;
7. Diminuição dos movimentos voluntários;
8. Imaturidade do sistema de controle térmico;
9. Quantidade de tecido adiposo subcutâneo deficiente.
Consequências

 Bradicardia
 Apneia
 Aumento do estresse respiratório
 Diminuição da perfusão periférica
 Hipoglicemia
 Acidose metabólica
 Falência cardiorrespiratória
Medida da temperatura

 A região do corpo que mais se aproxima da temperatura interna ou central é a região


axilar; ▪ Utilizar termômetro de vidro ou digital;
 Controle da temperatura através da pele, recomenda-se colocar o sensor na região
abdominal lateral direita, próximo ao fígado;
 Temperatura normal:
 Neonato a termo 36,5 a 37,5ºC;
 Neonato prematuro 36,3 a 36,9ºC
Mecanismos de perda de calor
a. Evaporação

 Perda de calor durante a conversão do estado líquido para o gasoso, através


da pele e trato respiratório;
 Quando o RN esta com corpo molhado, ou em contato com lençol ou fraldas
úmidas;
➢Após o parto, secar o RN e mantê-lo aquecido;
➢Secar logo após o banho;
➢Trocar fraldas sempre que necessário;
➢RN < 15oog banho dentro da incubadora;
 Usar capacetes e tendas plásticas para manter umidificação.
b- Condução

 Perda de calor por contato direto de um corpo com o outro;


 Ocorre, por exemplo, quando usamos estetoscópio frio, placas de
raio X, mãos frias;

➢Aquecer estetoscópio antes de examinar;


➢Lavar mãos com água aquecida;
➢Usar mantar e cobertas quando for trocar RN;
➢Forrar as balanças de peso.
c- Convecção

 Perda de calor através do movimento do ar


passando pela superfície da pele;
 Quando abre as portinholas da incubadora;

➢Evitar a abertura das portinholas com


frequência;
➢Evitar manipulação frequente;
➢Utilizar “manga de íris” em RN <1500g.
d- Radiação

 É a transferência do calor corporal para superfícies frias no ambiente que não


estão em contato com o corpo;
 Exemplo são as paredes da incubadora;

➢Manter RN em incubadora aquecida com temperatura adequada para manter


a temperatura corporal;
➢RN <1500g em incubadora de parede dupla;
➢Manter incubadoras afastados da parede, janela e correntes de ar
condicionado.
Hipotermia

 Ocorre quando a temperatura axilar for inferior a 36,5ºC;


 Quanto mais baixa a temperatura, mais graves as consequências;
 Vasoconstrição em resposta ao frio;

 Fatores de risco:
▪ Neonatos nas primeiras 8-12 horas de vida;
▪ Prematuridade;
▪ PIG;
▪ Alteração do sistema nervoso central;
▪ Estresse
 Quadro clínico:
▪ Extremidade e tórax frios;
▪ Intolerância alimentar;
▪ Aumento dos resíduos, vômitos;
▪ Distensão abdominal, dificuldade de sucção;
▪ Letargia;
▪ Choro fraco;
▪ Mudança na coloração pele;
▪ Irritabilidade;
▪ Apnéia;
▪ Bradicardia;
Intervenções da hipotermia

 Propiciar aquecimento adicional, como cobertas e lâmpadas aquecidas;


▪ O mais lentamente possível, pois pode causar hipotensão, afetando os órgãos;

 Ajustar temperatura da incubadora 1ºC a 1,5ºC acima da temperatura do RN nas


primeiras horas do reaquecimento até temperatura normalizar;
▪ O consumo de O2 é mínimo quando a diferença entre temperatura da pele e
ambiente é nesta faixa etária;

 Monitorizar temperatura a cada 30 minutos;


▪ Para avaliar a eficácia do reaquecimento.
Intervenções da hipotermia
 Manter RN em jejum até normalizar;
▪ Há diminuição da motilidade gastrointestinal, aumento risco de enterocolite;

 Testar glicose periférica de hora/hora;


▪ Hipoglicemia pode ocorrer devido o consumo dos carboidratos para manter temp.;
▪ Se glicose <40administrar glicose conforme prescrição;

 Monitorizar sinais vitais;


▪ Pode ocorrer apneia, bradicardia e hipotensão;

 Monitorizar o quadro respiratório (retrações, saturação de O2 e gasometria);


▪ Pode ocorrer hipoxia devido ao aumento da demanda de O2 para produção de calor, e
diminuição da produção de surfactante, acarretando piora respiratória;
Hipertermia

 Temperatura axilar acima de 37,5ºC;


 Ocorre vasodilatação periférica com esforço do organismo de dissipar calor, levando a
vasodilatação, aumento da taxa de metabolismo e requerimento de oxigênio,
aumento da perda de líquidos levando a desidratação e acidose metabólica.
 Fatores de risco:
▪ Equipamento com defeito;
▪ Reaquecimento excessivo;
▪ Incubadora próximo a janela com sol;
▪ Síndrome de abstinência;
▪ Septicemia bacteriana;
▪ Anomalias do SNC.
 Quadro clínico:
▪ Intolerância alimentar;
▪ Diminuição ou aumento da atividade;
▪ Irritabilidade;
▪ Choro fraco ou ausente;
▪ Hipotensão;
▪ Extremidade quentes;
▪ Rubor;
▪ Taquicardia;
▪ Taquipnéia;
▪ Desidratação.
Intervenções na hipertermia

 Monitorizar os sinais vitais;


▪ Pode ocorrer hipotensão devido à vasodilatação;
▪ Administra volume, se necessário, conforme prescrição;
 Remover e/ou diminuir fontes externas de calor como cobertas, lâmpadas aquecidas,
fototerapia, etc.;
 Checar temperatura do berço aquecido ou incubadora e diminuir progressivamente;
 Monitorizar sinais de desidratação, como turgor da pele, mucosas e diurese;
 Monitorizar crises convulsivas;

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