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FUNDAMENTOS DO DESIGN

AULA 2

Profª Shirlei Miranda Camargo


CONVERSA INICIAL

Futuro designer, nesta aula, você terá uma visão ampla do design, no
Brasil e no Mudo. Começaremos falando sobre a globalização que influenciou
profundamente o design; seguimos conhecendo os países que se destacam em
relação ao design (os mais premiados) e finalizamos com os maiores nomes da
atualidade: internacionais e nacionais. Espero que você se inspire, se dedique
bastante ao longo do curso para, quem sabe, em breve, ver seu nome em uma
destas listas!

CONTEXTUALIZANDO

O design passa por um grande momento! Muitas empresas estão


contratando diretores de design e investindo em centros de design e inovação.
Além disso, várias escolas de negócios e design de alto nível estão utilizando
programas interdisciplinares para ajudar os executivos alunos de MBA a
pensarem mais como designers e vice-versa. Isso porque, como Chandler et al.
(2017) ensinam: “Os negócios quase sempre são melhores por conta do design”.

TEMA 1 – DESIGN NO MUNDO E NO BRASIL

Vivemos em um momento de constante evolução e mudança, em que as


tecnologias estão cada vez mais abundantes, a sociedade mais complexa e as
empresas tentando sobreviver. Nesse cenário, o design, como as demais
profissões, também vem mudando suas características e metodologias,
deixando de focar apenas no produto, para olhar, também, um horizonte bem
mais amplo (Vogt, 2017).
De acordo com Bürdek (2018), o termo produto evoluiu e hoje pode ser
considerado, por exemplo, um serviço ou até um evento. Atualmente, as
organizações no mundo todo reconhecem o valor estratégico do design (Bürdek,
2018).
Boa parte disto pode ser atribuída à globalização. Globalização foi o
fenômeno que fez aumentar as relações entre os países intensificadas
principalmente pelo avanço tecnológico. Os reflexos da globalização, no Brasil,
aconteceram em meados da década de 1990 repercutindo também no design.
Como o designer brasileiro De Moraes em 1997 já afirmava, a grande mudança

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foi que, com a globalização, os mesmos produtos tinham que ser
comercializados em diversos países ao mesmo tempo.
Conforme o referido autor, isso levou os designers a deixarem de lado
referências unicamente regionais, tornando-as mais sutis, discretas, a fim de que
seus produtos pudessem competir globalmente e serem utilizados por pessoas
de diversos lugares. Porém, isso não significou o extermínio de produtos
regionais, os quais continuaram em forma de artesanato ou com suas
características “diluídas”.
As empresas começaram a reconhecer o design como uma forma para
alcançar esse novo público internacional e, assim, se diferenciar dos demais
obtendo uma vantagem competitiva (Landim, 2010). Portanto, com a
globalização, o design também passou a ser um fenômeno mundial (Landim,
2010) e criar os produtos globais se tornou um grande desafio para os designers
(De Moraes, 1997).
Landim (2010) ainda comenta que, no Brasil, as poucas empresas que
investem em design se destacam, mas a grande maioria ainda não o faz. A
autora afirma que, mesmo 40 anos depois da fundação dos primeiros cursos de
design no Brasil, a área ainda é pouco conhecida por grande parte da população
brasileira. E para aquela pequena parte da elite que já a conhece, o design é
pouco explorado.
Isso leva a existência de problemas crônicos de design no dia a dia do
brasileiro: nos transportes, na saúde, nos equipamentos urbanos em geral
(Landim, 2010). O que é um absurdo, já que o design possui uma variedade de
campos e métodos justamente para auxiliar na resolução de muitos problemas
(Vogt, 2017). A autora Vogt (2017) acredita que isso é por que, no Brasil, ainda
termos uma visão focada em produto, na qual o designer tem um papel de “criar
a forma das coisas”, nada mais que isso.
De acordo com ela, esse conhecimento superficial do design pode ser
consequência, em partes, da época em que o design foi implementado no Brasil
e de como foi e é trabalhado nas empresas. No nosso país, a melhor oferta e o
melhor preço garantem uma boa fatia do mercado. Dessa maneira, o design é
relegado, quando existe na empresa, como um auxiliar do departamento de
marketing, não sendo utilizado estrategicamente. Isso faz com que o designer
se torne uma ferramenta braçal, sem questionar ou ser questionado se aquela
solução é a melhor para a resolução de algum problema ou ainda, se realmente

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existe um problema a ser solucionado, se há uma necessidade real de nosso
cliente (Vogt, 2017).
Mas, como nos vimos, o papel do designer vai muito, pois ele resolve
problemas, cria soluções e não apenas serve para deixar “as coisas bonitas”.

TEMA 2 – PAÍSES QUE SE DESTACAM EM DESIGN

Anualmente, é divulgado o ranking mundial de design: World Design


Rankings (WDR). O WDR tem como objetivo fornecer dados e informações a
jornalistas e economistas sobre a indústria do design, destacando os bons
profissionais e seus trabalhos em cada país. O ranking é feito por meio da
colocação (acumulativa desde 2010) dos projetos individuais dos designers de
cada país no A’Design: um renomado prêmio internacional. Os trabalhos são
pontuados entre Platinum, Ouro, Prata, Bronze e Ferro (Mattos, 2016).

Figura 1 – Ranking Mundial do Design

Fonte: World..., 2018.

Como podemos ver na Figura 1, o Brasil ficou com a 11ª posição em 2018,
uma pequena melhora em relação a 2017, em que estava na 12ª posição.
Contudo, ele já esteve em posições melhores, como em 2016 e 2015, quando
ocupou, respectivamente, a 9ª e a 8ª posição (Mattos, 2016; 2017; 2018; 2019).

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Por que será que o Brasil está nessa posição? Vamos analisar os primeiros
colocados e tentar entender?

Estados Unidos

Uma possível justificativa para os Estados Unidos estarem em primeiro


lugar nesse ranking pode ser o consumismo exacerbado que insaciavelmente
exige novidades. E tal visão tem uma origem histórica.
O impulso do design nos EUA ocorreu por conta da crise econômica de
1929 que arruinou as finanças do país. Para superar a crise, o governo tentou
estimular o consumo utilizando o design para tornar os produtos mais atrativos.
Surgia o movimento chamado de Styling, focado principalmente na estética, o
qual se diferenciava do design europeu que possuía aspectos mais
funcionalistas (Andrioli; Galafassi, 2015).
Depois da Segunda Guerra, surgiu o American Way of Life (modo de vida
americano) que incentivou o consumo em massa em todas as classes sociais.
Nesse contexto, a televisão recém-chegada teve papel fundamental. Esse
consumismo espalhou-se pelo globo e tornou-se um jeito de viver não só dos
americanos, mas do mundo todo (Andrioli; Galafassi, 2015).
Esse histórico se refletiu na nossa atualidade. De acordo com Flinchum
(2008), o design americano se preocupa em fornecer soluções práticas de curto
prazo, ao contrário dos europeus que dão ênfase a tradição. Segundo o autor,
parte disso está na visão otimista de que o futuro fornecerá melhores soluções
(novos materiais, processos e conhecimentos).
Obviamente a desvantagem disto é uma negligência com o meio ambiente
e uma sensação que tudo está disponível e que a cada ano se podem mudar as
coisas (ex.: renovar os eletrodomésticos da casa, trocar de carro, de celular etc.
A vantagem foi uma explosão de design livre da tradição e uma crença de que
algo popular não é necessariamente “ruim” (FLINCHUM, 2008). Isso porque,
para se “dar conta” dessa renovação constante, o design tradicional tem que dar
lugar a um design popular, com custos menores.
Como Flinchum (2008) comenta, dessa “descartabilidade” e
“popularidade”: “a cultura americana é, em geral, popular”. Se, por vezes, algo é
“um pouco vulgar, um pouco malfeito, derivado, ou banal – não se preocupe
alguma coisa acontecerá a qualquer momento”.

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Figura 2 – 1959 Cadillac Coupe de Ville, modelo que representa o ponto alto do
design e luxo dos carros americanos.

Crédito: James R. Martin/Shutterstock


China

Assim como a sua economia, o design da China está ganhando


proporções mundiais (Globalizado..., 2014). A China tem passado por uma
terceira abertura para o mundo relacionada ao grande desenvolvimento que a
tornou a segunda economia mundial. Além disso, os estrangeiros estão “de olho”
na China em busca de seu imenso mercado consumidor (a população da China
representa 22% da população mundial).
Por outro lado, a China também quer exportar seus produtos Designed
(não apenas Made) in China para o mundo. Isso leva a uma necessidade de que
os profissionais locais se tornem versáteis também nos padrões internacionais
do design (Porto, 2011).
Nesse cenário, o design acabou virando algo estratégico para o governo
Chinês. De acordo com Buso (2016), a CIDA (China Industrial Design
Association) possui um orçamento de aproximadamente 150 milhões de dólares
para promover seu design. Além disso, o governo Chinês insere o design nas
ações de políticas públicas em todo o país, ou seja, os investimentos em design
são pesados.
Em 2006, a revista Macau já sinalizava o tsunami Chinês:

Uma revolução silenciosa toma corpo no mundo do design da China[...]


É nas escolas de design da China, de onde saem todos os anos cerca
de dez mil designers de “canudo” na mão, que está a geração que vai
mudar tudo [...] Para reforçar, o designer australiano Ken Cato, com
larga experiência no mercado chinês, aposta nos jovens formados no
estrangeiro que estão a regressar à China: “Eles farão a diferença!
(Design..., 2006).

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Ou seja, “um mar” de designers sendo formados fora e dentro do país e
os investimentos pesados do governo no design que é considerado estratégico
levaram a China a estar na segunda posição do ranking global de design.

Figura 3 – Modern Chinese Ming Chair

Crédito: Dandesign86/Shutterstock
Japão

Como Foes (2006) afirma “os designers japoneses projetam hoje para
atender as necessidades mundiais de amanhã. ” No entanto, nem sempre foi
assim. Antigamente os japoneses copiavam e exportavam o design ocidental.
Mas graças a um constante incentivo do governo e a grande competitividade das
empresas privadas japonesas, o design japonês evoluiu. E foi essa competição
que tornou os produtos japoneses extremamente competitivos no mercado
internacional, ajudando o país a se reerguer depois da Segunda Guerra Mundial
(Foes, 2006).
Mais recentemente, o objetivo das empresas japonesas era criar produtos
que proporcionassem prazer, alegria e se adaptassem à sensibilidade do
consumidor. Pensando nisso, as empresas investiram pesadamente em
pesquisas para entender melhor esses consumidores. Foram dessas pesquisas
que surgiram objetos icônicos como walkman, filmadoras portáteis, tec toys, disc
laser, entre outros (De Moraes, 1997).
Atualmente, os japoneses produzem produtos compactos, simples, de
qualidade e duráveis utilizando meios de produção extremamente eficientes
(Foes, 2006). E a qualidade é um marco importante, pois, em 1957, foi criado
um selo que atesta a qualidade do design japonês: o GMark que existe até os
dias de hoje (Albano, 2013).

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Contudo, o designer japonês tem grandes desafios. Quase que
diariamente são lançados novos produtos no Japão, assim, o descarte e o
reaproveitamento dos produtos é um grande desafio. Outro problema é a falta
de espaço e de recursos naturais já que o Japão é um país muito pequeno,
fazendo com que os designers pensem em produtos com o melhor arranjo e
compactação. Tais fatos são as bases da miniaturização e da nanotecnologia.
Ou seja, a tendência e o desafio dos designers japoneses é criar produtos
compactos, precisos e simples que sejam úteis no futuro e não interfiram no meio
ambiente (Foes, 2006).

Figura 4 – Carro compacto, elétrico e futurista da Toyota

Crédito: Borka Kiss/Shutterstock


Itália

Os Italianos são conhecidos mundialmente por sua preocupação estética.


Um reflexo disso, por exemplo, é sua moda e seus automóveis, muito valorizados
pelo seu design (Veiga, 2015). Ainda segundo Veiga (2015), na Itália “[...] existe
toda uma estrutura que privilegia o experimento e o desenvolvimento dos novos
talentos. ”
Nenhum outro país teve tantos designers de destaque internacional. Além
disso, há na Itália um grande número de publicações sobre o assunto que
promove uma eterna e renovada discussão sobre o tema. Como o designer
Andrea Branzi afirmou: “para história do design italiano, é uma sorte não ter
havido um museu, mas as trienais; não ter havido uma escola, mas tantas
faculdades; não ter havido uma história, mas muitos livros e revistas” (De
Moraes, 1997).

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De acordo com o teórico Atillio Marcollini, são três as características mais
marcantes do design industrial italiano: é um design de “protagonistas”; não
querem ser normativos, mas sim icônicos; as empresas lá valorizam o design de
forma estratégica (De Moraes, 1997).
Em relação a sua evolução, o design italiano passou por diversas fases.
Na primeira fase (1945 -1950), o foco eram objetos do cotidiano: rádios e
telefones, com formas simples.
A segunda fase iniciou nos anos 1960, quando se buscava mais
qualidade, levando as empresas a valorizar um desenho mais sofisticado, por
exemplo, principalmente nos artigos domésticos. Aqui ganham destaque as
famosas máquinas de calcular e de escrever da Olivetti que surgiram com um
design bastante ousado para sua época.
Já nos anos 1980, os produtos italianos ficaram conhecidos mundialmente
e, dos anos 1990 para cá, os objetos italianos se caracterizaram pelo uso mais
agressivo de formas e cores. Por exemplo, é nessa época que surge a banqueta
Bombo de Stefano Giovannoni com um design inconfundível e cores fortes
(Figura 5). Já as características dos anos 2000 no design italiano, além da
“leveza nos objetos, foi seu uso não só em casas e carros, mas outros contextos
como em navios, por exemplo. Outro foco deles é fazer um produto global, com
linguagem local (A História..., 2002).

Figura 5 – Banqueta Bombo de Stefano Giovannoni

Crédito: Tinxi/Shutterstock

TEMA 3 – EMPRESAS QUE SE DESTACAM EM DESIGN

A tecnologia e a globalização estão nos levando a mudanças cada vez


maiores e mais rápidas. As empresas, para ficar à frente de seus concorrentes,

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estão se voltando para o design, a fim de se conectar melhor com os clientes e
conseguir uma vantagem competitiva. A Revista Fortune fez uma pesquisa com
a comunidade do design, executivos e pesquisadores para listar as empresas
mais bem-sucedidas em design (de vários setores) (Chandler et al., 2017). A
seguir comentaremos algumas delas.

Apple

Por criar uma geração de produtos inigualáveis, a Apple tornou-se a


empresa mais valiosa do mundo. E mesmo após a morte de Steve Jobs, seu
principal nome por muitos anos, contrariando os pessimistas, ela continua sendo
um sucesso.

Dyson

Criada pelo desenhista industrial britânico James Dyson, que tinha como
foco a tecnologia disruptiva e o minimalismo, a empresa queria transformar
eletrodomésticos comuns (aspiradores de pó, ventiladores e secadores de
cabelo) em produtos a serem cultuados pelas pessoas. Por exemplo, o secador
de cabelo Dyson supersônico (Figura 6), que possui um motor digital com
metade do peso e oito vezes a velocidade de um secador tradicional e ainda é
silencioso.

Figura 6 – Secador de cabelo Dyson

Crédito: Papin Lab/Shutterstock


Google

Como acontece com muitas empresas de tecnologia – Apple, Yahoo e até


Amazon –, a linguagem de design do Google já percorreu um longo caminho e
mudou muito. Contudo, a maioria dos colegas do Google perdeu suas
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peculiaridades e tornou-se mais minimalista, com cores mais discretas (ex.:
Apple). Já a Google manteve a personalidade de sua juventude por meio de um
sofisticado design industrial que usa formas diferenciadas, novos materiais e
botões de cores brilhantes.

Figura 7 – Celular Google

Crédito: Framesira/Shutterstock

Samsung

Há algum tempo, a Samsung foi aos tribunais defender sua criatividade


contra a Apple que a acusava de plágio. Mas o tempo passou e hoje a Samsung
é a empresa que mais investe em pesquisa e desenvolvimento, refletindo na
criação de TVs, telefones e eletrodomésticos cobiçados por todos.

Amazon

O bom design não se limita somente a estética, ele é também é função. E


a Amazon, com suas lojas que vendem de tudo e com um foco fortíssimo no
cliente, são extremamente funcionais.
As demais empresas da lista são: Huawei, Microsoft, IBM, Airbnb,
Musical.ly, Snap, Meitu, Instagram, Tesla, Ford, Audi, Hyundai, Starbucks, Ikea,
PepsiCo, Capital One, Uniqlo, Nike, Zalando, Philips. Se quiser mais
informações, acesse o link: <http://fortune.com/2017/12/22/business-design-
apple-airbnb-tesla/>.

TEMA 4 – DESIGNERS IMPORTANTES NO MUNDO

A revista on-line de arquitetura, interiores e design, Dezeen, depois de


uma pesquisa com mais de 100 milhões de visualizações de páginas e centenas
de milhares de retornos de pesquisa de 1 de julho de 2015 a 30 de junho de

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2016, elaborou uma lista com os 53 tops designers da atualidade. Na Figura 8,
você consegue ver os 10 primeiros colocados (DESIGNERS...2016):

Figura 8 – Lista dos 10 nomes principais do design mundial

Position Name Tag


1 Oki Sato/Nendo Nendo
2 Thomas Heatherwick Thomas Heatherwick
3 Ronan and Erwan Bouroullec Ronan & Erwan
Bouroullec
4 Tom Dixon Tom Dixon
5 Jasper Morrison Jasper Morrison
6 Naoto Fukasawa Naoto Fukasawa
7 Benjamin Hubert/Layer Benjamin Hubert
8 Barber and Osgerby Barber and Osgerby
9 Marc Newson Marc Newson
10 Patricia Urquiola Patricia Urquiola

Fonte: Designers..., 2016.

Vamos conhecer o primeiro nome da lista?

Oki Sato

Um dos designers mais influentes do mundo, o canadense Oki Sato, do


estúdio Nendo, desenvolve produtos que tragam pequenos momentos
prazerosos, de alegria para as pessoas: “Buscamos reconstituir o dia a dia,
coletando insights simples e transformando-os em criações que sejam fáceis de
compreender, quase intuitivas” (Müller, 2013).
Como você deve ter percebido aluno, a lista é composta por uma única
mulher. É algo a se pensar... por isso, vou contar um pouco mais sobre essa
designer.

Patricia Urquiola

A designer espanhola radicada na Itália Patricia Urquiola, de 57 anos, é


tão eclética quanto bem-sucedida. Fez o projeto do hotel cinco estrelas Il Sereno
no Lago de Como, na Itália, um cesto de couro da coleção Mades, da Louis
Vuitton e uma reedição da cadeira Lilo. Sobre o fato de ser uma das poucas
mulheres que estão entre os designers mais renomados, ela comenta: “Acho um
absurdo eu ainda ser uma das poucas representantes na área do sexo feminino.
Faço networking com companheiras do mundo inteiro para emplacar ideias
novas”. Suas peças são sedutoras e brincam com cores e formas (Di Pilla, 2018).

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Figura 9 – Tapete Slinkie e Patrícia Urquiola

Créditos: Tapete Double Slinkie Desenhado Por Patricia Urquiola Para Cc-Tapis. Marco Craig

Para ver a lista completa com os 50 designers clique no link:


<https://www.dezeen.com/dezeenhotlist/2016/designers-hot-list/>.
Especificamente falando de designers gráficos, a lista de nomes
importantes dessa área também é enorme e não há um consenso de quais
seriam os melhores. Contudo, dois nomes chamam a atenção, portanto, vamos
aprender um pouco sobre eles.

David Carson

David Carson é um ex-surfista e premiado designer gráfico que nasceu


em 1956 nos Estados Unidos. Ele é conhecido mundialmente por seu trabalho
inovador. A característica principal de seu trabalho é dar a impressão de
desorganização, irracionalidade e falta de coerência. Ele não se preocupa com
legibilidade, padrões e grids. Contudo, os elementos presentes em suas obras
apresentam uma intensa relação.

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Carson usa letras invertidas, recortes, tipos distorcidos, quebrados,
sujeira, rabiscos e sobreposições que dão ao trabalho características únicas e
além de liberdade de interpretação por parte do público.

Paula Scher

Paula Scher é uma das designers gráficas mais influentes do mundo.


Scher abrange a linha entre a cultura pop e a arte no seu trabalho. Icônica,
inteligente e acessível, suas imagens entraram para a história americana como,
por exemplo, a logo do CityBank (Figura 12) (Paula..., 2019).

Figura 10 – Logotipo do CityBank criado por Paula Scher

Crédito: Ken Wolte/Shutterstock

Similarmente, no design de interiores, não há consenso nas listas de


melhores designers, porém, dois nomes costumam a se repetir e serão
apresentados na sequência.

Kelly Wearstler

Conhecida como a "a grande dama do design de interiores da Costa


Oeste", ela possui clientes famosos como Gwen Stefani e Gavin Rossdale
(Oliveira, 2018). Possui um estilo que mistura o cru com refinado, sofisticação
com espontaneidade e reúne móveis dos mais variados períodos. Seu portfólio
inclui hotéis de luxo e grandes residências em Beverly Hills, Caribe ou em
diferentes lugares do mundo (World’s..., 2019).

Kelly Hoppen

Kelly Hoppen é uma designer de interiores inglesa considerada uma das


melhores do mundo. Sua ascendência judaica e irlandesa influencia seus

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projetos que incluem não somente residências, mas também iates de luxo,
restaurantes, escritórios e até aeronaves (Oliveira, 2018).

Figura 11 – Designer de Interiores Kelly Hoppen

Crédito: Featureflash Photo Agency/Shutterstock

Agora, falando sobre animação e games, podem-se citar os nomes de


John Lasseter e Hideo Kojima como designers renomados.

John Lasseter

Com o avanço da computação gráfica, John Lasseter ganhou destaque.


Ele começou trabalhando nos estúdios da Disney e pregava que as animações
deveriam ser feitas em computador, o que levou a sua demissão. Então, John
foi trabalhar na Lucas Films, onde iria atuar no sistema de animação criado pela
empresa, a Pixar Image Computer. No ano de 1986, a Pixar se tornou um estúdio
independente e foi comprada por Steve Jobs. Lá, John foi responsável por obras
incríveis como Toy Story 1 e 2, Vida de Inseto, Monstros S.A, Os Incríveis, entre
outros.

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Figura 12 – Designer de animação John Lasseter e suas criações

Crédito: S_Bukley/Shutterstock

Quando a Disney comprou a Pixar, em 2006, ele retornou para a mesma


empresa que há 22 anos tinha o demitido, contudo, nesse momento, ele foi
recebido com aclamação pelos funcionários e até hoje é diretor criativo
(Aristides, 2017).

Hideo Kojima

O japonês Hideo Kojima é um nome certo entre os melhores game


designers do mundo e trabalha na área há mais de duas décadas. Interessante
que no início de sua carreira os jogos eram apenas um hobby, pois Kojima se
interessava mesmo por cinema. Pode ser que daí vem sua grande capacidade
de contar histórias complexas e fascinantes nos seus jogos. Isso o levou a criar
o Metal Gear Solid, considerado o melhor jogo já criado em 1988 e vem
evoluindo ao longo das décadas estando disponível até os dias de hoje (The 5
Most..., 2018).

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Figura 13 – Game Designer Hideo Kojima e o jogo The New Metal Gear Solid 5

Créditos: Charnsitr/Shutterstock - Joe Seer/Shutterstock

TEMA 5 – DESIGNERS IMPORTANTES NO BRASIL

Conforme o ranking da World Design Rankings (WDR) que vimos no


tema 2, para conhecermos os países mais premiados em design, os dez maiores
designers brasileiros estão listados a seguir.

Figura 14 – Melhores Designers Brasileiros

Fonte: World..., 2019.

Fernanda Marques

Arquiteta premiada internacionalmente, formada pela USP, sua a carreira


segue a mesma linha conceitual que caracterizou sua formação: o exercício
integrado das várias disciplinas. Arquitetura, interiores, design de produto,

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comunicação visual e paisagismo são as áreas que atua sempre com um estilo
limpo e contemporâneo, em sintonia com o melhor da arte e do design
internacionais.

Figura 15 – Fernanda Marques e o Banco Infinito

Créditos: Demian Golovaty

Brazil e Murgel

Os designers Fabio Brazil e Henrique Murgel trabalham com design de


joias usando a natureza como inspiração, além de explorar tudo aquilo que os
materiais podem oferecer. “Valorizamos as propriedades de cada matéria-prima
e, assim, exploramos a elasticidade do ouro, o verde da turmalina, o brilho do
diamante negro” (Designers, 2019).
Um exemplo dessa aplicação foram as pulseiras Cypris que refletem “a
natureza imprevisível do mar, com seus movimentos, formas e reflexos”. Este
produto inclusive ganhou a categoria Gold no A’ Design Award (Brasileiros...,
2016).

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Figura 16 – Brazil e Murgel e as Pulseiras Cypris

Créditos: B&M Divulgação (1) / Erica Vighi(2)

Studio MK 27

Esse estúdio possui uma equipe de 30 designers e foi fundando no final


dos anos 1970 por Márcio Kogan, que ainda hoje é autor de todos os projetos
que saem do estúdio. Como características marcantes, são grandes
admiradores do modernismo brasileiro, valorizam a simplicidade formal e dão
muita atenção a detalhes e acabamentos. De 2002 para cá já ganharam mais de
250 prêmios nacionais e internacionais (Studio MK27, 2019).

Figura 17 – Sofá Quadrado e Marcio Kogan

Créditos: Victor Affaro; Minotti

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Mula Preta Design

“O design da Mula Preta só faz ganhar altura...


A Mula é bem-humorada, é uma peça, uma figura...”

Fernando Serapião

Por essa frase escrita no site do estúdio por Sergio Serapião, crítico de
arquitetura e editor da revista Monolito, já se percebe que a principal
característica do estúdio de design é a irreverência.
Fundado em 2012 por Felipe Bezerra e André Gurgel em Natal, o nome
do estúdio é inspirado na música do Rei do Baião, Luiz Gonzaga “que foi uma
das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular
brasileira. Ela representa a cultura Nordestina, traço marcado pela irreverência
do desenho criativo do estúdio”.
Ou seja, desde o nome do estúdio até os seus produtos, os traços
marcantes são a irreverência, a criatividade e a cultura nordestina,
características que os levaram a ganhar inúmeros prêmios, nacionais e
internacionais.

Figura 19 – Felipe Bezerra e André Gurgel e a Poltrona Basquete

Créditos: Humberto Lopes

Marcelo Lopes

Marcelo Lopes é um designer que ganhou mais de 50 prêmios nacionais


e internacionais e sócio fundador da agência Merchan-Design. As obras de
Marcelo ganha destaque “graças ao seu processo criativo que resulta em peças
lúdicas, interativas e sensoriais, a fim de promover uma experiência positiva no
cotidiano das pessoas”.

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Abro um parêntese aqui e saliento algo que falamos na nossa primeira
aula, que o design não é feito de forma isolada e Marcelo reafirma isso ao falar:
“O design é uma atividade coletiva e colaborativa” (Designer..., 2016).
Além desses nomes, não se pode deixar de falar nos irmãos Campana
(Humberto e Fernando), referência máxima no design de mobiliário brasileiro.
Eles são reconhecidos internacionalmente por transforar o ordinário em
extraordinário e possuem inclusive obras no MoMA, em Nova York. Criaram
obras icônicas como a cadeira Favela e a poltrona Vermelha (Inspire-se..., 2018).

TROCANDO IDEIAS

Como você percebeu, nas listas de designers, tanto internacionais quanto


nacionais, existem poucas mulheres. Pesquise mais algumas designers de
destaque para conhecer melhor seus trabalhos, sua história e discuta com seus
colegas por que essa situação acontece e o que pode ser feito para que seja
mudada.

NA PRÁTICA

Vimos, nesta aula, vários designers e suas obras maravilhosas. Você


prestou atenção na banqueta Bombo (Figura 5) de Stefano Giovannoni? Creio
que você já deve ter visto essa banqueta em vários lugares, até pode ter uma
em sua casa! Então, procure referências de design (nos objetos, ou na
comunicação visual) que tenham tido como inspiração estilos ou designers
consagrados.

FINALIZANDO

Caro aluno, nesta aula, você teve uma visão geral do design no mundo e
no Brasil. Acredito que você percebeu que os países melhor sucedidos no
ranking do design são aqueles em que há investimento do governo, onde o
design é visto tanto pela esfera pública quanto pela privada como ferramenta
estratégica.
Podemos nos espelhar no caso da China que, por décadas, ficou
vinculada a um país que só copiava e, agora, em decorrência principalmente da
educação, está se tornando um grande expoente do design. O Brasil, apesar de

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apresentar designers de renome, muito premiados, está ainda aquém de seu
real potencial.
Vimos, também, que as mulheres, infelizmente, são ainda minoria nessa
área, tanto no Brasil, quanto em outros países.
Portanto, deixo a você, futuro designer e seus colegas, a missão de tentar
mudar essa situação. É possível sim!
Pense nisso...

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REFERÊNCIAS

ANDRIOLI, I.; GALAFASSI, A. G. A contribuição do Styling, o design


americano do século XX, para o mundo contemporâneo. Simpósio Científico
FSG de Graduação e Pós-Graduação. 2015.

A HISTÓRIA do design italiano, na Pinacoteca. O Estadão, 11 jun. 2002.


Disponível em: <https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,a-historia-do-
design-italiano-na-pinacoteca,20020611p7391>. Acesso em: 5 ago. 2019.

ARISTIDES, R. Lista: os maiores animadores da história. 2017. Disponível em:


<https://nosbastidores.com.br/lista-maiores-animadores-historia/>. Acesso em:
5 ago. 2019.

BASTIAN, W. Ode a Jasper Morrison. Casa Vogue, 2015. Disponível em:


<https://casavogue.globo.com/Colunas/Design-Do-
Bom/noticia/2015/06/exposicao-retrospectiva-jasper-morrison-belgica.html>.
Acesso em: 5 ago. 2019.

BRASILEIROS se destacam no concurso A’Design Award. Design Brasil, 2015.


Disponível em: <http://www.designbrasil.org.br/design-em-pauta/brasileiros-se-
destacam-no-concurso-adesign-award/>. Acesso em: 5 ago. 2019.

BÜRDEK, B. E. Design-história, teoria e prática do design de produtos. São


Paulo: Blucher, 2010.

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