Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Fundamentos Do Design Aula 22
Fundamentos Do Design Aula 22
AULA 2
Futuro designer, nesta aula, você terá uma visão ampla do design, no
Brasil e no Mudo. Começaremos falando sobre a globalização que influenciou
profundamente o design; seguimos conhecendo os países que se destacam em
relação ao design (os mais premiados) e finalizamos com os maiores nomes da
atualidade: internacionais e nacionais. Espero que você se inspire, se dedique
bastante ao longo do curso para, quem sabe, em breve, ver seu nome em uma
destas listas!
CONTEXTUALIZANDO
2
foi que, com a globalização, os mesmos produtos tinham que ser
comercializados em diversos países ao mesmo tempo.
Conforme o referido autor, isso levou os designers a deixarem de lado
referências unicamente regionais, tornando-as mais sutis, discretas, a fim de que
seus produtos pudessem competir globalmente e serem utilizados por pessoas
de diversos lugares. Porém, isso não significou o extermínio de produtos
regionais, os quais continuaram em forma de artesanato ou com suas
características “diluídas”.
As empresas começaram a reconhecer o design como uma forma para
alcançar esse novo público internacional e, assim, se diferenciar dos demais
obtendo uma vantagem competitiva (Landim, 2010). Portanto, com a
globalização, o design também passou a ser um fenômeno mundial (Landim,
2010) e criar os produtos globais se tornou um grande desafio para os designers
(De Moraes, 1997).
Landim (2010) ainda comenta que, no Brasil, as poucas empresas que
investem em design se destacam, mas a grande maioria ainda não o faz. A
autora afirma que, mesmo 40 anos depois da fundação dos primeiros cursos de
design no Brasil, a área ainda é pouco conhecida por grande parte da população
brasileira. E para aquela pequena parte da elite que já a conhece, o design é
pouco explorado.
Isso leva a existência de problemas crônicos de design no dia a dia do
brasileiro: nos transportes, na saúde, nos equipamentos urbanos em geral
(Landim, 2010). O que é um absurdo, já que o design possui uma variedade de
campos e métodos justamente para auxiliar na resolução de muitos problemas
(Vogt, 2017). A autora Vogt (2017) acredita que isso é por que, no Brasil, ainda
termos uma visão focada em produto, na qual o designer tem um papel de “criar
a forma das coisas”, nada mais que isso.
De acordo com ela, esse conhecimento superficial do design pode ser
consequência, em partes, da época em que o design foi implementado no Brasil
e de como foi e é trabalhado nas empresas. No nosso país, a melhor oferta e o
melhor preço garantem uma boa fatia do mercado. Dessa maneira, o design é
relegado, quando existe na empresa, como um auxiliar do departamento de
marketing, não sendo utilizado estrategicamente. Isso faz com que o designer
se torne uma ferramenta braçal, sem questionar ou ser questionado se aquela
solução é a melhor para a resolução de algum problema ou ainda, se realmente
3
existe um problema a ser solucionado, se há uma necessidade real de nosso
cliente (Vogt, 2017).
Mas, como nos vimos, o papel do designer vai muito, pois ele resolve
problemas, cria soluções e não apenas serve para deixar “as coisas bonitas”.
Como podemos ver na Figura 1, o Brasil ficou com a 11ª posição em 2018,
uma pequena melhora em relação a 2017, em que estava na 12ª posição.
Contudo, ele já esteve em posições melhores, como em 2016 e 2015, quando
ocupou, respectivamente, a 9ª e a 8ª posição (Mattos, 2016; 2017; 2018; 2019).
4
Por que será que o Brasil está nessa posição? Vamos analisar os primeiros
colocados e tentar entender?
Estados Unidos
5
Figura 2 – 1959 Cadillac Coupe de Ville, modelo que representa o ponto alto do
design e luxo dos carros americanos.
6
Ou seja, “um mar” de designers sendo formados fora e dentro do país e
os investimentos pesados do governo no design que é considerado estratégico
levaram a China a estar na segunda posição do ranking global de design.
Crédito: Dandesign86/Shutterstock
Japão
Como Foes (2006) afirma “os designers japoneses projetam hoje para
atender as necessidades mundiais de amanhã. ” No entanto, nem sempre foi
assim. Antigamente os japoneses copiavam e exportavam o design ocidental.
Mas graças a um constante incentivo do governo e a grande competitividade das
empresas privadas japonesas, o design japonês evoluiu. E foi essa competição
que tornou os produtos japoneses extremamente competitivos no mercado
internacional, ajudando o país a se reerguer depois da Segunda Guerra Mundial
(Foes, 2006).
Mais recentemente, o objetivo das empresas japonesas era criar produtos
que proporcionassem prazer, alegria e se adaptassem à sensibilidade do
consumidor. Pensando nisso, as empresas investiram pesadamente em
pesquisas para entender melhor esses consumidores. Foram dessas pesquisas
que surgiram objetos icônicos como walkman, filmadoras portáteis, tec toys, disc
laser, entre outros (De Moraes, 1997).
Atualmente, os japoneses produzem produtos compactos, simples, de
qualidade e duráveis utilizando meios de produção extremamente eficientes
(Foes, 2006). E a qualidade é um marco importante, pois, em 1957, foi criado
um selo que atesta a qualidade do design japonês: o GMark que existe até os
dias de hoje (Albano, 2013).
7
Contudo, o designer japonês tem grandes desafios. Quase que
diariamente são lançados novos produtos no Japão, assim, o descarte e o
reaproveitamento dos produtos é um grande desafio. Outro problema é a falta
de espaço e de recursos naturais já que o Japão é um país muito pequeno,
fazendo com que os designers pensem em produtos com o melhor arranjo e
compactação. Tais fatos são as bases da miniaturização e da nanotecnologia.
Ou seja, a tendência e o desafio dos designers japoneses é criar produtos
compactos, precisos e simples que sejam úteis no futuro e não interfiram no meio
ambiente (Foes, 2006).
8
De acordo com o teórico Atillio Marcollini, são três as características mais
marcantes do design industrial italiano: é um design de “protagonistas”; não
querem ser normativos, mas sim icônicos; as empresas lá valorizam o design de
forma estratégica (De Moraes, 1997).
Em relação a sua evolução, o design italiano passou por diversas fases.
Na primeira fase (1945 -1950), o foco eram objetos do cotidiano: rádios e
telefones, com formas simples.
A segunda fase iniciou nos anos 1960, quando se buscava mais
qualidade, levando as empresas a valorizar um desenho mais sofisticado, por
exemplo, principalmente nos artigos domésticos. Aqui ganham destaque as
famosas máquinas de calcular e de escrever da Olivetti que surgiram com um
design bastante ousado para sua época.
Já nos anos 1980, os produtos italianos ficaram conhecidos mundialmente
e, dos anos 1990 para cá, os objetos italianos se caracterizaram pelo uso mais
agressivo de formas e cores. Por exemplo, é nessa época que surge a banqueta
Bombo de Stefano Giovannoni com um design inconfundível e cores fortes
(Figura 5). Já as características dos anos 2000 no design italiano, além da
“leveza nos objetos, foi seu uso não só em casas e carros, mas outros contextos
como em navios, por exemplo. Outro foco deles é fazer um produto global, com
linguagem local (A História..., 2002).
Crédito: Tinxi/Shutterstock
9
estão se voltando para o design, a fim de se conectar melhor com os clientes e
conseguir uma vantagem competitiva. A Revista Fortune fez uma pesquisa com
a comunidade do design, executivos e pesquisadores para listar as empresas
mais bem-sucedidas em design (de vários setores) (Chandler et al., 2017). A
seguir comentaremos algumas delas.
Apple
Dyson
Criada pelo desenhista industrial britânico James Dyson, que tinha como
foco a tecnologia disruptiva e o minimalismo, a empresa queria transformar
eletrodomésticos comuns (aspiradores de pó, ventiladores e secadores de
cabelo) em produtos a serem cultuados pelas pessoas. Por exemplo, o secador
de cabelo Dyson supersônico (Figura 6), que possui um motor digital com
metade do peso e oito vezes a velocidade de um secador tradicional e ainda é
silencioso.
Crédito: Framesira/Shutterstock
Samsung
Amazon
11
2016, elaborou uma lista com os 53 tops designers da atualidade. Na Figura 8,
você consegue ver os 10 primeiros colocados (DESIGNERS...2016):
Oki Sato
Patricia Urquiola
12
Figura 9 – Tapete Slinkie e Patrícia Urquiola
Créditos: Tapete Double Slinkie Desenhado Por Patricia Urquiola Para Cc-Tapis. Marco Craig
David Carson
13
Carson usa letras invertidas, recortes, tipos distorcidos, quebrados,
sujeira, rabiscos e sobreposições que dão ao trabalho características únicas e
além de liberdade de interpretação por parte do público.
Paula Scher
Kelly Wearstler
Kelly Hoppen
14
projetos que incluem não somente residências, mas também iates de luxo,
restaurantes, escritórios e até aeronaves (Oliveira, 2018).
John Lasseter
15
Figura 12 – Designer de animação John Lasseter e suas criações
Crédito: S_Bukley/Shutterstock
Hideo Kojima
16
Figura 13 – Game Designer Hideo Kojima e o jogo The New Metal Gear Solid 5
Fernanda Marques
17
comunicação visual e paisagismo são as áreas que atua sempre com um estilo
limpo e contemporâneo, em sintonia com o melhor da arte e do design
internacionais.
Brazil e Murgel
18
Figura 16 – Brazil e Murgel e as Pulseiras Cypris
Studio MK 27
19
Mula Preta Design
Fernando Serapião
Por essa frase escrita no site do estúdio por Sergio Serapião, crítico de
arquitetura e editor da revista Monolito, já se percebe que a principal
característica do estúdio de design é a irreverência.
Fundado em 2012 por Felipe Bezerra e André Gurgel em Natal, o nome
do estúdio é inspirado na música do Rei do Baião, Luiz Gonzaga “que foi uma
das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular
brasileira. Ela representa a cultura Nordestina, traço marcado pela irreverência
do desenho criativo do estúdio”.
Ou seja, desde o nome do estúdio até os seus produtos, os traços
marcantes são a irreverência, a criatividade e a cultura nordestina,
características que os levaram a ganhar inúmeros prêmios, nacionais e
internacionais.
Marcelo Lopes
20
Abro um parêntese aqui e saliento algo que falamos na nossa primeira
aula, que o design não é feito de forma isolada e Marcelo reafirma isso ao falar:
“O design é uma atividade coletiva e colaborativa” (Designer..., 2016).
Além desses nomes, não se pode deixar de falar nos irmãos Campana
(Humberto e Fernando), referência máxima no design de mobiliário brasileiro.
Eles são reconhecidos internacionalmente por transforar o ordinário em
extraordinário e possuem inclusive obras no MoMA, em Nova York. Criaram
obras icônicas como a cadeira Favela e a poltrona Vermelha (Inspire-se..., 2018).
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
Caro aluno, nesta aula, você teve uma visão geral do design no mundo e
no Brasil. Acredito que você percebeu que os países melhor sucedidos no
ranking do design são aqueles em que há investimento do governo, onde o
design é visto tanto pela esfera pública quanto pela privada como ferramenta
estratégica.
Podemos nos espelhar no caso da China que, por décadas, ficou
vinculada a um país que só copiava e, agora, em decorrência principalmente da
educação, está se tornando um grande expoente do design. O Brasil, apesar de
21
apresentar designers de renome, muito premiados, está ainda aquém de seu
real potencial.
Vimos, também, que as mulheres, infelizmente, são ainda minoria nessa
área, tanto no Brasil, quanto em outros países.
Portanto, deixo a você, futuro designer e seus colegas, a missão de tentar
mudar essa situação. É possível sim!
Pense nisso...
22
REFERÊNCIAS
23
DESIGN com alma chinesa. Revista Macau, 2006. Disponível em:
<http://www.revistamacau.com/2006/09/02/design-com-alma-chinesa/>. Acesso
em: 5 ago. 2019.
DESIGNER Marcelo Lopes lança livro Design é…Arq SC, 2016. Disponível em:
<https://www.apartamento203.com.br/2017/01/08/designer-marcelo-lopes-
lanca-livro-design-e/>. Acesso em: 5 ago. 2019.
24
<https://www.vivadecora.com.br/pro/design-de-interiores/design-moveis-irmaos-
campana/>. Acesso em: 5 ago. 2019.
LOTT, M. Tom Dixon, designer rockstar. Casa Vogue, 2014. Disponível em:
<https://casavogue.globo.com/Design/Gente/noticia/2014/06/tom-dixon-
designer-rockstar.html>. Acesso em: 5 ago. 2019.
THE 5 Most Famous Video Game Designers. Game Design. 2018. Disponível
em: <https://www.gamedesigning.org/gaming/famous-video-game-designers/>.
Acesso em: 5 ago. 2019.
25
STUDIO MK27. 2019. Disponível em: <http://studiomk27.com.br/studio/>.
Acesso em: 5 ago. 2019.
WORLD’S Top 10 Interior Designers That Will Blow Your Mind. Disponível em:
<https://essentialhome.eu/inspirations/trends/worlds-interior-designers-blow-
mind/>. Acesso em: 5 ago. 2019.
WORLD Design Ranking: The 2018 Official Ranking Revealed. Disponível em:
<https://www.tosilab.it/en/world-design-ranking-the-2018-official-ranking-
revealed/>. Acesso em: 5 ago. 2019.
26