Você está na página 1de 2

Questão de aula 2

Leitura – Fernando Pessoa, Mensagem

Nome___________________________________ N.o _____ 12.o _____ Data ____/ ____/ ____

Avaliação ____________________ E. de Educação _____________ Professor/a ____________

Lê o texto.

Os 4 avisos de D. Pedro: 600 anos de atualidade


A descolonização (inevitável, mas tardia) e a entrada (necessária e urgente) na União Eu-
ropeia recolocaram uma controvérsia que tem percorrido os séculos, que dividiu e continua
a dividir henriquistas e pedristas.
Todas as homenagens foram prestadas ao infante D. Henrique, mas está por fazer a re-
5 paração devida à memória de D. Pedro, traído e assassinado, às portas de Lisboa, o cadáver,
entregue à voracidade dos cães e dos milhafres, a apodrecer dias e dias seguidos, nos campos
de Alfarrobeira. Só muito depois teve sepultura, ao lado dos pais e dos irmãos, na Capela do
Fundador, no mosteiro da Batalha.
Ínclita geração de altos infantes assim celebraram Os Lusíadas, os filhos legítimos masculi-
10 nos de D João I e de Filipa de Lencastre. Além deste verso emblemático, Camões tem outras
referências ao Infante D. Henrique e ao Infante D. Pedro, ambos classificados de «genero-
sos», na aceção peculiar atribuída a esta palavra, entendida como genuína estirpe e elevada
linhagem. Mas Fernando Pessoa, na Mensagem, já definiu particularidades que singularizaram
cada um dos infantes. D. Henrique, surge n'A Cabeça do Grifo «entre o brilho das esferas /
15 tem aos pés o mar novo e as mortas eras, / o globo mundo em sua mão». D. Pedro, o infante
das «sete partidas», destaca-se «fiel à palavra dada e à ideia tida, / claro no pensar e claro no
sentir / e claro no querer / indiferente ao que há em conseguir / que seja só obter».
A justiça era outra das causas que mobilizavam D Pedro. Tinha a convicção (e provas ine-
quívocas) de que a Justiça «só parece reinar em Portugal no coração do rei [D. João I] e de
20 D. Duarte; e dá ideia de que de lá não sai, porque, se assim não fosse, aqueles que têm por
encargo administrá-la comportar-se-iam mais honestamente. A justiça deve dar a cada qual
aquilo que lhe é devido, e dar-lho sem delonga. É principalmente deste último ponto de vista
que as coisas deixam a desejar: o grande mal está na lentidão da justiça».
Revejo D. Pedro, nestes momentos de crise e incerteza, no poema que lhe consagrou
25 Sophia: «nunca choraremos bastante nem com pranto / assaz amargo e forte / aquele que fun-
dou glória e grandeza / e recebeu em paga insulto e morte». Este foi e é o meu D. Pedro que
regulamentou o povoamento da ilha de S. Miguel, que sempre o desconheceu e levantou ou-
tras estátuas. Reencontro-o, mais uma vez, tão vivo quanto o seu legado permanece por cum-
prir. Modelo de cidadania ativa, de aposta contínua no futuro e luta aberta contra as mãos sujas
30 da corrupção.

António Valdemar, in Público


(texto adaptado, com supressões, consultado em https://www.publico.pt, em novembro de 2022).

Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano 383


40 pts.

1. Na perspetiva do cronista, o infante D. Pedro


A. foi uma figura da monarquia portuguesa reconhecida pelos seus feitos.
B. tinha uma consciência cívica e vanguardista, que foi pouco reconhecida.
C. permaneceu, ao longo da vida, em quezílias e disputas com os outros infantes.
D. manifestou, desde cedo, uma preocupação com o estado da governação régia.

2. Os descendentes de D. João I foram alvo 40 pts.

A. de homenagens iguais por vários poetas de língua portuguesa.


B. do louvor na perspetiva camoniana e de crítica na visão pessoana.
C. da atenção de Pessoa, que detalhou os atributos de cada um deles.
D. de manifestações pouco elogiosas, nomeadamente por Camões.

3. De acordo com os versos do poema pessoano sobre D. Pedro (linhas 16-17), este pautava a sua 40 pts.

ação pela
A. mutabilidade constante dos seus pensamentos e das suas ações.
B. ambição materialista de conquistar novos territórios.
C. indiferença perante a defesa de todos os valores humanos.
D. constância em todas as vertentes da sua personalidade.

4. De acordo com o quarto parágrafo, a centralidade que D. Pedro atribuía à justiça pode ser 40 pts.

considerada
A. progressista.
B. retrógrada.
C. parcial.
D. desajustada.

5. Ao evidenciar a veneração de António Valdemar por D. Pedro, no último parágrafo do texto 40 pts.

predomina um tom
A. irónico.
B. exortativo.
C. condescendente.
D. formal.

384 Editável e fotocopiável © Texto | Mensagens • 12.° ano

Você também pode gostar