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O (A) CORONEL COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR no uso das atribuições que lhe foram delegadas pelo Excelentíssimo Senhor
Governador do Estado do Ceará, nos termos do Parágrafo Único, do art.88 da Constituição do Estado do Ceará e do Decreto Nº 30.086, de 02 de fevereiro de
2010, e em conformidade com o art.63, Inciso II. da Lei Nº 9.826, de 14 de maio de 1974, RESOLVE EXONERAR, de Ofício o(a) servidor(a) CARLOS
AUGUSTO TEIXEIRA MAGALHAES, matrícula 13240310, do Cargo de Direção e Assessoramento de provimento em comissão de Subcomandante de
Batalhão, símbolo DAS-1, integrante da Estrutura organizacional do(a) POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ, a partir de 27 de Dezembro de 2021. POLÍCIA
MILITAR DO CEARÁ, Fortaleza, 20 de janeiro de 2022.
Francisco Marcio de Oliveira
CORONEL COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR
Sandro Luciano Caron de Moraes
SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
O(A) CORONEL COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR no uso das atribuições que lhe foram delegadas pelo Excelentíssimo Senhor
Governador do Estado do Ceará, nos termos do Parágrafo Único, do art.88 da Constituição do Estado do Ceará e do Decreto Nº 30.086, de 02 de fevereiro de
2010, e em conformidade com o art.63, inciso II, da Lei Nº 9.826, de 14 de maio de 1974, RESOLVE EXONERAR, de Ofício o(a) servidor(a) FRANCISCO
VALDISIO DA SILVA FERREIRA , matrícula 1026071X, do Cargo de Direção e Assessoramento de provimento em comissão de Assessor Técnico,
símbolo DAS-1, integrante da Estrutura organizacional do(a) POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ, a partir de 11 de janeiro de 2022. POLÍCIA MILITAR DO
CEARÁ, Fortaleza, 20 de janeiro de 2022.
Francisco Marcio de Oliveira
CORONEL COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR
Sandro Luciano Caron de Moraes
SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
PORTARIA Nº027/2022 - O DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA, da Perícia Forense do Estado do Ceará, no uso de suas atribuições
legais, CONSIDERANDO que o servidor que se desloca temporariamente, a serviço do órgão, para outro município que não componha a região metropo-
litana, faz jus á percepção de diárias; CONSIDERANDO que não foi possível o pagamento antecipado de diária, face a impossibilidade administrativa do
planejamento neste caso; CONSIDERANDO que o processo nº00356727/2022 foi iniciado em 14/01/2022, RESOLVE conceder meia diária no valor unitário
de R$ 64,83 (sessenta e quatro reais e oitenta e três centavos), totalizando R$ 32,41 (trinta e dois reais e quarenta e um centavos), ao servidor IREUDO
PEREIRA DE OLIVEIRA, matrícula: 108.712-1-2, ocupante do cargo de PERITO CRIMINAL ADJUNTO D - I, que viajou em objeto de serviço à cidade
de Pentecoste-CE no dia 10 de janeiro de 2022, com a finalidade de realização de levantamentos periciais do tipo vida, de acordo com o Artigo 3º; alínea
“a” do §1º do Art. 4º, Art. 5º, 9º, 10º, classe V do anexo I do Decreto nº30.719, de 25 de outubro de 2011, devendo a despesa correr a conta da dotação
orçamentária da PERÍCIA FORENSE DO ESTADO DO CEARÁ. PERÍCIA FORENSE DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, 18 de janeiro de 2022.
Renato Jevson Nunes Maciel
DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA
Registre-se e publique-se.
DA SILVA MOREIRA, matrícula: 012.978-1-3, ocupante do cargo de PERITO CRIMINAL ADJUNTO D - I, que viajou em objeto de serviço à cidade
de Uruburetama-CE, no dia 03 de janeiro de 2022, com a finalidade de realização de levantamentos periciais do tipo vida, de acordo com o Artigo 3º; alínea
“a” do §1º do Art. 4º, Art. 5º, 9º, 10º, classe V do anexo I do Decreto nº30.719, de 25 de outubro de 2011, devendo a despesa correr a conta da dotação
orçamentária da PERÍCIA FORENSE DO ESTADO DO CEARÁ. PERÍCIA FORENSE DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, 18 de janeiro de 2022.
Renato Jevson Nunes Maciel
DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA
Registre-se e publique-se.
ao serviço de maneira injustificada; CONSIDERANDO que os fatos em testilha preencheram os pressupostos e requisitos contidos na Lei nº 16.039/2016,
e na Instrução Normativa nº 07/2016 – CGD, realizou-se, por intermédio do Núcleo de Soluções Consensuais da CGD – NUSCON, a sessão de Suspensão
Condicional da Sindicância, no dia 23 de novembro de 2020, momento em que foram dispostas as seguintes condições aos sindicados: “apresentação de
certificado de conclusão de curso ou instrumento congênere”, e submissão ao período de prova de 01 (um) ano, de acordo com o Despacho nº 11.906/2020
(fl. 615); CONSIDERANDO a aceitação das vergastadas condições pelos policiais civis, os Termos de Suspensão da Sindicância nº 14/2020 (fls. 597/600),
nº 15/2020 (fls. 605/608), nº 16/2020 (fls. 601/604) e nº 17/2020 (fls. 609/612) foram devidamente homologados pelo Controlador Geral de Disciplina,
consoante publicação no DOE n° 274, datado de 10 de dezembro de 2020 (fl. 617); CONSIDERANDO que restou evidenciado o cumprimento pelos sindi-
cados, de todas as condições estabelecidas nos Termos de Suspensão Condicional da Sindicância, tais como a apresentação dos certificados de conclusão
do curso de aperfeiçoamento profissional (fl. 619, fl. 620, fl. 622, fls. 624/625) e o decurso do período de prova de 01 (um) ano, devidamente atestado no
Parecer nº 11/2022 - NUSCON (fl. 621) e no Relatório Complementar (fl. 626); CONSIDERANDO o teor do Art. 4°, §3° da Lei 16.039/16, e do Art. 27 da
Instrução Normativa n° 07/2016, in verbis: “Cumpridas as condições estabelecidas e terminado o período de prova, sem que o servidor ou militar estadual
tenha dado causa à revogação da suspensão, o Controlador-Geral de Disciplina declarará extinta a punibilidade, arquivando-se o procedimento disciplinar,
com a respectiva publicação em Diário Oficial do Estado ou outro meio institucional”; RESOLVE: Extinguir a Punibilidade do IPC VINÍCIUS DA PAZ
MONTEIRO RUFINO – M.F. nº 300.371-1-1, IPC ANTÔNIA ALEXANDRE HOLANDA NETA – M.F. n° 404.649-1-3, IPC ELIANE DE SOUZA
FERREIRA – M.F. nº 404.683-1-5, e IPC SANY LEANDRO DE MEDEIROS RODRIGUES – M.F. nº 405.118-1-4, haja vista o adimplemento pelos
servidores das condições estabelecidas nos Termos de Suspensão e arquivar a presente Sindicância Disciplinar; PUBLIQUE-SE. INTIME-SE. REGISTRE-SE
E CUMPRA-SE. CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA - CGD, em Fortaleza, 18 de janeiro de 2022.
Rodrigo Bona Carneiro
CONTROLADOR GERAL DE DISCIPLINA DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E SISTEMA PENITENCIÁRIO
324 (inobservância de lei regulamento e instrução), todos do CPM. Ocorre que o Conselho de Justiça, órgão competente para dizer o direito no caso concreto,
decidiu pela absolvição dos militares. A sentença absolutória ancorou-se nos elementos colhidos no IPM, no qual a autoridade entendeu por ausência de
indícios da prática de crime militar, bem como destacou a superioridade numérica dos arrebatadores e pontuou que a versão dos investigados não foi contra-
riada por nenhuma outra prova. Assim, o colegiado jurisdicional consignou, in verbis: “Não há, portanto, substrato probatório que indique descumprimento
deliberado a dever militar, nem mesmo negligentemente. Quanto ao crime de atentado (art.284) não consta que os denunciados expuseram dolosamente a
viatura, mas sim se deslocavam em atividade normal, sem nada que indique conluio com os amotinados. Finalmente, a omissão de lealdade imputada, não
encontra suporte, pois consta que houve surpresa com a ação dos encapuzados, impossibilitando ação impeditiva que fosserazoalvemente segura. Exigir, no
caso em análise, a ação enérgica dos militares é interpretar de modo excessivo os deveres dos militares. Como se, em qualquer situação, tivessem que atuar
para impedir a tomada do bem ou alguma ação contra ele. É de se considerar as circunstânciasdo caso, o clima de tensão da época e o fato de que entre os
amotinados havia outros militaresque, mesmo que agindo equivocadamente, eram companheiros de farda. A ação vigorosa poderia resultar em consequências
imprevisíveis, diante de um quadro de instabilidade existente, decorrente da interferência de políticos na ação dosmilitares e da cobertura jornalística dos
eventos. Nesse cenário, a ação dos militares, ao não reagir a abordagem não indicapor si só omissão de lealdade ou ação dolosa contra o bem sob a guarda
deles. Seria necessário uma prova que indicasse uma adesão aos amotinados, com a condução do veículo para local determinado, não atendendo orientações
oficiais, ou outro ato indicativo de apoioou aprovação ao movimento. [...] Tal cenário indica, ainda, a falta de justa causa, o que justifica a antecipaçãodo
julgamento, pois inexiste lastro probatório mínimo de autoria e materialidade, aptos a ensejar o prosseguimento da persecução penal. [...] Assim, o julgamento
no presente estágio se justifica, pois havendo hipótesede absolvição sumária deve ser declarada desde logo, em atenção ao princípio da utilidade,onde se
entende que o processo deve objetiva assegurar a satisfação do direito, de modo mais proveitosos que possível e com o menor sacrifício da parte vencida,
como também da proporcionalidade, que se consubstancia na necessidade de escolha pelo julgador da soluçãoque mais se ajuste aos princípios informadores
de direito, como a dignidade da pessoa humana e na efetividade da cidadania. [...] Com tais considerações, sendo perfeitamente possível o julgamento de
mérito no presente momento, tanto porque os fatos narrados não constituem crime (art. 387,inciso III, do CPP, e 439, b, do CPPM), também por faltar justa
causa (395, inciso III, do CPP), o Conselho Permanente de Justiça Militar, atento à utilidade do processo e a razoabilidade e economia dos atos,JULGA
IMPROCEDENTE A DENÚNCIA para ABSOLVER SUMARIAMENTE os acusados 2ºSGT PM Anailton de Araújo Monteiro, SDPM José Cleiton Ferreira
Moreira e SD PM Paulo Dutra Gomes.”; CONSIDERANDO que, conforme consulta pública ao Sítio Eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará
(e-SAJ), a referida decisão, tomada nos autos do processo penal tombado sob nº 0264471-98.2020.8.06.0001, transitou em julgado desde o dia 28/10/2021;
CONSIDERANDO que, em que pese a independência relativa das instâncias penal e disciplinar, no presente caso concreto, a decisão absolútória criminal,
apesar de não estar calcada na inexistência do fato ou em negativa de autoria, repercute no âmbito administrativo com aptidão para constituir mais elementos
de prova desfavoráveis a comprovação de cometimento de transgressão disciplinar e, consequentemente, a aplicação de reprimenda disciplinar; CONSIDE-
RANDO que, ao elaborar o Relatório Final (fls. 245/261), a autoridade sindicante, embasada principalmente na sentença julgou improcedente a denúncia do
Ministério Público e absolveu sumariamente os militares, manifestou-se nos seguintes termos, in verbis: “[…] Diante do exposto, CONCLUO que os Sindi-
cados não são culpados das acusações que lhe foram imputadas, tendo em vista que não há provas suficientes para que se possa imputar quaisquer respon-
sabilidade administrativa -disciplinar aos mesmos, sendo de PARECER favorável pelo ARQUIVAMENTO do feito. […]”; CONSIDERANDO que a
Orientação da CESIM/CGD, por meio do Parecer nº 393/2021, de fls. 264, ratificando integralmente o relatório do sindicante, consignou “Quanto ao mérito
o sindicante pugnou pelo arquivamento e outro não poderia ser o parecer, eis que os militares foram tomados de surpresa por grupo armado, encapuzado se
dizendo pertencentes ao movimento paredista e em número superior ao dos militares. […] Os acusados continuaram a exercer suas atividades durante o
movimento paredista, não havendo nos autos nada que possa relacioná-los ao fato ou que tenham facilitado a tomada da viatura. Concordamos com o sindi-
cante.” O Coordenador de Disciplina Militar – CODIM/CGD (fls. 265/267) homologou o parecer sugestivo nos seguintes termos: “Ante o exposto, visto que
a formalidade e o devido processo legal foram satisfatoriamente atendidos, e considerando que as provas produzidas durante a instrução processual foram
insuficientes para delimitar a autoria e comprovar a materialidade das transgressões disciplinares descritas na peça vestibular, ratifica-se e se homologa na
íntegra, com fundamento no art. 18, inc. VI, do Decreto n° 33.447/20, o parecer conclusivo do Sindicante, pelos seus fundamentos, quanto à sugestão de
ARQUIVAMENTO do feito em decorrência do princípio do in dubio pro reo, sem o óbice de que, em surgindo posteriormente fatos novos ou evidências
que assim o autorize, seja desarquivado a fim de serem adotadas as medidas que a Autoridade Instauradora julgar pertinentes”; CONSIDERANDO que a
Defensoria Pública, presentada pela Defensora Dra. Luciane Costa Silva Lima, manifestou-se nos autos, às fls. 233/236, na qualidade de membro da Comissão
Externa constituída nos termos do Decreto nº 33.507, de 04/03/2020 (publicado no DOE CE nº 045, de 04/03/2020), e regulamentada pela Portaria CGD nº
181/2020, e atestou a regularidade do feito, averbando que “foi conduzido de forma regular e em consonância aos mandamentos constitucionais, observan-
do-se os princípios basilares do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, da impessoalidade, da imparcialidade, com absoluta publicidade
e transparência.”; CONSIDERANDO que, no caso concreto, não restou provada a voluntariedade objetiva na conduta dos sindicados, ainda que por omissão,
ou mesmo na modalidade culposa, em contribuir com o arrebatamento da viatura subtraída pelos grevistas. Assim, não autorizando o conjunto probatório a
concluir, com o juízo de certeza suficiente, que incorreram em falta funcional, a solução do feito deve ser a absolvição por insuficiência de provas, sem
prejuízo de instauração de novo procedimento, caso surjam novas provas, nos termos do art. 72, parágrafo único, III, da Lei 13.407/03; CONSIDERANDO
os assentamentos funcionais dos processados, verifica-se que: a) SGT PM Anaílton de Araújo Monteiro (fls. 139/140) foi incluído na PMCE em 04/08/2003,
contando até a presente data com mais de 18 (dezoito) anos de efetivo serviço, sem punição disciplinar, estando atualmente no comportamento EXCELENTE,
apresentando vários elogios por bons serviços prestados em sua ficha funcional; b) CB PM José Cleiton Ferreira Moreira (fls. 141/142) foi incluído na PMCE
em 01/02/2013, contando até a presente data com mais de 08 (oito) anos de efetivo serviço, sem punição disciplinar, estando atualmente no comportamento
ÓTIMO, apresentando 01(um) elogio por bons serviços prestados em sua ficha funcional; c) SD PM Paulo Dutra Gomes (fls. 143/144) foi incluído na PMCE
em 10/06/2014, contando até a presente data com mais de 07 (sete) anos de efetivo serviço, sem punição disciplinar, estando atualmente no comportamento
ÓTIMO, apresentando 02 (dois) elogios por bons serviços prestados; CONSIDERANDO que a Autoridade Julgadora, no caso, o Contro lador Geral de
Disciplina, acatará o relatório da Autoridade Processante (Sindicante ou Comissão Processante), salvo quando contrário às provas dos autos, consoante
descrito no Art. 28-A, §4° da Lei Complementar n° 98/2011; RESOLVE, por todo o exposto: a) Acatar, o entendimento exarado no relatório final de fls.
245/261, e Absolver os SINDICADOS SGT PM ANAÍLTON DE ARAÚJO MONTEIRO – M.F. nº 136.447-1-3, SD PM JOSÉ CLEITON FERREIRA
MOREIRA – M.F. nº 587.641-1-6 e SD PM PAULO DUTRA GOMES – M.F. nº 306.506-1-1, em relação às acusações constantes na Portaria inaugural,
com fundamento na insuficiência de provas, ressalvando a possibilidade de instauração de novo feito, caso surjam novos fatos ou evidências posteriormente
à conclusão dos trabalhos deste procedimento, conforme prevê o Parágrafo único e inc. III do Art. 72, do Código Disciplinar da Polícia Militar e do Corpo
de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (Lei nº 13.407/2003) e, consequentemente, arquivar o presente feito instaurado em face dos aludidos militares; b)
Nos termos do art. 30, caput da Lei Complementar nº 98, de 13/06/2011, caberá recurso, em face desta decisão no prazo de 10 (dez) dias corridos, dirigido
ao Conselho de Disciplina e Correição (CODISP/CGD), contados a partir do primeiro dia útil após a data da intimação pessoal do acusado ou de seu defensor,
segundo o que preconiza o Enunciado n° 01/2019-CGD, publicado no DOE n° 100 de 29/05/2019; c) Decorrido o prazo recursal ou julgado o recurso, a
decisão será encaminhada à Instituição a que pertença o servidor para o imediato cumprimento da medida imposta; d) Da decisão proferida pela CGD será
expedida comunicação formal determinando o registro na ficha e/ou assentamentos funcionais do servidor. No caso de aplicação de sanção disciplinar, a
autoridade competente determinará o envio imediato a esta Controladoria Geral de Disciplina da documentação comprobatória do cumprimento da medida
imposta, em consonância com o disposto no Art. 34, §7º e §8º, Anexo I do Decreto Estadual nº. 33.447/2020, publicado no D.O.E CE nº 021, de 30/01/2020,
bem como no Provimento Recomendatório nº 04/2018 – CGD (publicado no D.O.E CE nº 013, de 18/01/2018). PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE E
CUMPRA-SE. CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA – CGD, em Fortaleza, 20 de janeiro de 2022.
Rodrigo Bona Carneiro
CONTROLADOR GERAL DE DISCIPLINA DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E SISTEMA PENITENCIÁRIO
depoente que ao se deslocar para casa de sua avó, parou para fazer necessidade fisiológica em uma “viela”, quando novamente viu os indivíduos suspeitos,
no que efetuou dois disparos para intimidá-los. Ratificou que o acusado apresentava sinais de ter ingerido bebida alcoólica; CONSIDERANDO o depoimento
prestado pela testemunha CB PM Antônio Miller Pereira da Silva (fls. 47/48), no qual afirmou que estava de serviço como comandante da viatura FTA na
cidade de Iguatu no dia dos fatos. Disse que a equipe foi acionada via rádio porque teria ocorrido um disparo de arma de fogo no bar “Arena Beer”. Ressaltou
que o local é conhecido por haver grande incidência de roubos e tráfico de drogas. Disse que ouviu dois disparos de arma de fogo, momento em que a equipe
foi em direção da origem e, ao chegar ao local, visualizaram uma pessoa próxima a uma residência. Ao realizarem a abordagem, a referida pessoa se identi-
ficou como policial militar (acusado). Durante a abordagem, o depoente identificou o acusado, destacando que ele entregou a arma sem resistência. Afirmou
que a arma apreendida foi repassada ao 1º SGT PM Luiz Filho, que havia assumido a ocorrência inicialmente. Aduziu que o acusado afirmou ter disparado
sua arma de fogo porque se sentira ameaçado por dois suspeitos. Afirmou que o acusado não aparentava sinais de embriaguez; CONSIDERANDO que a
testemunha à fl. 49, o CB PM Francisco Jesualdo de Oliveira, afirmou que no dia dos fatos estava de serviço como motorista da viatura da FTA, a qual tinha
como comandante CB PM Miller. Outrossim, apresentou versão semelhante à apresentada pela testemunha CB PM Antônio Miller Pereira da Silva (fls.
47/48); CONSIDERANDO que a testemunha das fls. 50/51, o CB PM Cicero Sebastião de Sousa, afirmou que estava de serviço como motorista da viatura
comandada pelo 1º SGT PM Luiz Filho. Apresentou versão semelhante à versão apresentada pela testemunha 1º SGT PM Luiz Batista de Lima Filho (fls.
45/46); CONSIDERANDO que a testemunha das fls. 52/53, o SD PM Jonas Martins dos Santos, afirmou que estava de serviço como patrulheiro da viatura
da FTA, a qual tinha como comandante o CB PM Miller. Apresentou versão em consonância com a versão apresentada pela testemunha CB PM Antônio
Miller Pereira da Silva (fls. 47/48); CONSIDERANDO que a testemunha constante da fl. 66, o 1º TEN PM Paulo Roberto da Silva Pereira Maia, afirmou
que estava de serviço no dia dos fatos como Fiscal do Policiamento. Ratificou as informações contidas no Relatório Circunstanciado produzido por conta
dos fatos apurados, o qual fora subscrito pelo depoente. Afirmou que o acusado apresentava sinais de embriaguez, como fala desconexa e muita sonolência,
por outro lado se encontrava bastante tranquilo. Afirmou que na Delegacia, o acusado alegou que efetuou disparos porque se sentiu ameaçado por duas
pessoas suspeitas nas proximidades do “Arena Beer”; CONSIDERANDO que a testemunha indicada pela defesa às fls. 68/69, o TEN PM Juvenal Mulato
Macedo, afirmou que apenas tomou conhecimento dos fatos. Além disso, teceu elogios à conduta profissional do acusado; CONSIDERANDO o termo da
testemunha indicada pela defesa às fls. 70/71, o SD PM Antônio Tiago Pereira Araújo, no qual afirmou que no dia dos fatos estava em companhia do acusado,
de folga, no bar “Arena Beer”. Chegaram por volta da 01h00min, quando o bar estava prestes a fechar. Confirmou que consumiram duas cervejas em lata,
na companhia de duas garotas. Afirmou que o acusado saiu do local antes do depoente, tendo visto movimentação de viaturas pouco tempo depois disso.
Dessa forma, deslocou-se até onde estavam as viaturas para saber o que ocorria, visualizando o acusado. Afirmou que o acusado lhe relatou que efetuou
disparos para o alto a fim de afastar pessoas suspeitas que teriam se aproximado. Disse que então retornou ao bar, não tomando conhecimento de outros
detalhes; CONSIDERANDO o termo da testemunha indicada pela defesa às fls. 72/73, o Sr. Francisco Adriano da Silva, no qual afirmou que no dia dos
fatos estava trabalhando no “Arena Beer” como garçom daquele local. Disse que conhece o acusado há muito tempo e que o SD PM Ramon frequenta assi-
duamente o referido bar. Afirmou que ouviu um barulho parecido com estampido no dia dos fatos, porém não identificou precisamente por conta do ruído
do som musical que havia no ambiente. Afirmou que não chegou a conversar com o SD PM Ramon no momento da ocorrência, contudo naquele dia havia
pessoas de conduta duvidosa no estabelecimento, assim como nas imediações. Afirmou que o SD PM Ramon não aparentava estar embriagado, embora tenha
servido duas latinhas de cerveja em sua mesa; CONSIDERANDO o termo da testemunha indicada pela defesa à fl. 74, a Sra. Maria Keyla Lima de Almeida,
no qual afirmou que no dia dos fatos estava em companhia do acusado quando decidiram ir ao “Arena Beer”. Confirmou que no bar consumiram duas latinhas
de cerveja, mas que o acusado não se encontrava em embriaguez. Disse que chegou a ouvir um barulho parecido com fogos de artifício na parte externa do
bar, mas não soube precisar se era originado de um disparo de arma de fogo. Afirmou que quando saía do bar, visualizou viaturas na parte externa, contudo
não chegou a ouvir o SD PM Ramon conversando com os policiais militares; CONSIDERANDO que em seu Auto de Qualificação e Interrogatório, o acusado
(fls. 130/131) afirmou: “[…] QUE não são verdadeiras as acusações imputadas a sua pessoa; QUE no dia dos fatos imputados ao acusado, por volta das 01h,
encontrava-se na companhia do SD PM PEREIRA em sua residência, quando foi convidado por este para irem para um local denominado Arena Beer; Que
o local é bastante frequentado, inclusive por policiais civis e militares; Que o local é próximo a uma área crítica da cidade de Iguatu-CE, inclusive com a
presença de facções; Que permaneceram aproximadamente até 03h no Arena Beer; Que o interrogado estava na companhia de mais duas mulheres, dentre
elas a pessoa de Keila e outra garota da qual não se recorda o nome; Que ingeriram no local duas cervejas de lata para quatro pessoas; Que o interrogado
percebeu no local alguns indivíduos com atitude suspeitas; Que o bar Arena Beer fica bem próximo da casa de sua avó, aproximadamente 300 metros de
distância; Que o interrogado saiu sozinho do local em direção a residência de sua avó; Que o interrogado carregava consigo uma pistola calibre 380, devi-
damente registrada; Que o interrogado percebeu que alguns indivíduos o seguiam em uma motocicleta, momento em que um dos indivíduos, o garupeiro vez
menção de pegar algo em sua cintura, tendo interrogado sacado de sua arma e efetuou um disparo para cima; Que o interrogado retornou para o bar, pedido
ajuda de seu companheiro, SD PM PEREIRA, também pedindo que este ligasse para o 190, tendo em vista que seu celular estava descarregado; Que o
interrogado ficou aguardando a viatura no local; Que após a chegada da viatura, o interrogado narrou os fatos, e seu comandante determinou que o interrogado
seguisse para a residência de sua avó, enquanto realizada uma ronda pelo local; Que já retornado para a residência, deparou-se novamente com os mesmos
indivíduos em uma motocicleta, aproximando-se de sua pessoa, novamente o garupeiro vez menção de pegar algo em sua cintura, momento em que se
apresentou como policial e efetuou mais dois disparos para o alto; Que os indivíduos se evadiram do local; Que outra viatura chegou no local, desta feita o
FT, que abordou o interrogado e após se identificar, colaborando com a abordagem, reconheceu a pessoa do SD PM DOS SANTOS; Que a arma do inter-
rogado foi apreendida e o interrogado conduzido ao 10º BPM; Que o interrogado explicou o fato para o MAJ ERICK, comandante do batalhão; Que acredita
que o fiscal do policiamento tenha determinado que o interrogado fosse conduzido à Delegacia de Polícia Civil e autuado em flagrante delito por disparo de
arma de fogo em via pública; Que os indivíduos não foram localizados; Que o interrogado não se recorda se mais alguém avistou os indivíduos que o perse-
guiu; Que o interrogado já foi citado pelo Poder Judiciário, contudo não ocorreu audiência até a presente data; Que o interrogado sempre manteve boas
relações de amizades; Que o interrogado não foi submetido ao exame de alcoolêmia; Que no dia do fato, no Arena Beer havia uma festa aberta ao público,
já não havendo muitos frequentadores no local […]” (grifou-se); CONSIDERANDO que em sede de Razões Finais (fls. 139/155), a defesa negou as acusa-
ções em desfavor do acusado. Em síntese, alegou que o acusado efetuou disparos porque percebeu dois indivíduos suspeitos que o seguiam em uma moto-
cicleta, tendo o garupeiro feito menção de pegar algo em sua cintura. Destacou que os disparos foram efetuados para cima, o que não teria colocado em risco
a vida de pessoas. Argumentou que o acusado é policial militar que já efetuou inúmeras prisões, o que geraria automaticamente a existência de inúmeros
inimigos, tendo agido de forma moderada e em legítima defesa. Acresceu que não consta nos autos prova pericial de que o acusado estava alcoolizado, e que
todos que estavam em sua mesa teriam consumido apenas duas latas de cerveja. Por fim, requereu a absolvição do acusado, por este ter não praticado nenhuma
transgressão disciplinar da Lei nº 13.407/2003, com o consequente arquivamento do feito; CONSIDERANDO que no Relatório Final nº 34/2019 (fls. 159/171),
em suma, a Comissão Processante sugeriu aplicação de sanção diversa da demissão nos seguintes termos: “[…] ANÁLISE DAS RAZÕES DE DEFESA:
Da minuciosa análise dos fatos, do conjunto probatório no transcurso da presente apuração, e ainda pelas razões da defesa, restou comprovado que o SD PM
RAMON MOREIRA LIMA, MF.: 308.778-3-7, estando de folga e à paisana, no dia 08/07/2018, após sair de um bar (Arena Beer), na cidade de Iguatu-CE,
por volta das 03h da manhã, efetuou disparos com a pistola de sua propriedade (Pistola cal. 380, marca Taurus, nº KKZ48288, com dois carregadores e trinta
e uma munições, devidamente registrada em seu nome conforme cópia do CRAF (fls. 104), com a alegativa de que dois indivíduos em uma motocicleta o
seguiam, e um deles fez menção de sacar algo da cintura, atitude que, segundo o acusado, o fez sacar sua arma de fogo e, incontinente, efetuar um disparo
para o alto. Instantes depois, o SD PM RAMON efetuou mais dois disparos, por acreditar que estes mesmos indivíduos retornaram ao local, quando o mili-
ciano já se dirigia para a residência da sua avó, ali nas imediações, quando as viaturas, já presentes no local, diligenciavam para localizar tais suspeitos.
Quando a defesa aduz que a atitude do SD PM RAMON (Acusado) foi pautada na legítima defesa e que este utilizou-se dos meios necessários e moderados,
não se excedendo em seu ato, esquece o causídico, de que a atitude do acusado de fato colocou em risco a vida das pessoas que ali se encontravam, pois a
boa técnica policial militar, infere que, para utilização da arma de fogo, há que se ter a perfeita noção de que realmente é necessário fazê-lo, para se evitar
atos imprudentes e negligentes. Há um jargão no meio militar, bastante conhecido, que diz: ‘Com arma de fogo não se brinca e todo cuidado ainda é pouco’.
Partindo deste princípio, desvela-se na atitude do acusado, um comportamento deveras imprudente, pois não mediu as conseqüências de seu ato e o que
poderia advir dele. Observa-se que o próprio acusado confessou a autoria dos disparos, alegando, entretanto, que realizou os disparos em legítima defesa,
porém, nos depoimentos das testemunhas, não restou demonstrada a tese de legítima defesa, para que, assim, estivesse albergado pela excludente de ilicitude,
a despeito de as testemunhas asseverarem a periculosidade da área, visto o bar (Arena Beer) encontrar-se incrustado nas imediações de uma favela, onde o
índice de tráfico de drogas é considerável, com a existência de inúmeras ‘bocas de fumo’, todavia os supostos indivíduos mencionados pelo SD PM RAMON
como seus perseguidores não foram localizados pelos policiais militares que estiveram na ocorrência. A atitude da qual resultou os disparos de arma de fogo
é manifestação antijurídica, por ser contrária à expressa disposição de lei. É, portanto, uma ação dolosa, efetivada conscientemente, reunindo todos os
elementos de definição do tipo. Insta frisar que inexistem nos autos qualquer laudo pericial a atestar a embriaguez etílica do acusado, embora alguns policiais
militares participantes da ocorrência afirmarem em depoimentos que o SD PM RAMON demonstrava visíveis sinais de embriaguez, com fala desconexa e
sonolência, motivos pelos quais permaneceu alguns instantes no alojamento do Quartel de Iguatu-CE, enquanto recobrava condições de prestar depoimentos
na delegacia, quando foi autuado em flagrante delito. Sobreleva destacar que, se o primeiro disparo efetuado pelo acusado fora inevitável, aos que se suce-
deram não cabem a mesma avaliação. Portanto, vê-se que o SD PM RAMON agiu afoitamente, demonstrando desconhecer a necessária cautela no uso de
arma de fogo, pois embora alegue que os disparos foram direcionados para o alto, e não tenham atingido nenhum alvo, poderiam sim ter atingido transeuntes
e vitimado inocentes, ou até mesmo o próprio autor dos disparos. Os resultados que poderiam vir a produzir os disparos em via pública são desproporcionais
à suposta conduta ilícita dos mencionados indivíduos que, e, tese, perseguiam o acusado. Vale salientar que o acusado não fora submetido a Inquérito Poli-
cial Militar, conforme consta no Relatório do Coordenador do Policiamento Ostensivo do 10ºBPM em Iguatu/CE (fls. 06 a 08), sendo que tramita na Comarca
de Iguatu-CE, em desfavor do acusado, a Ação Penal nº 0002998-87.2018.8.06.0091 referente ao Inquérito Policial nº 479-492/2018, pelo que fora denunciado
(fls. 82 a 124). Por conseguinte, a conduta do SD PM RAMON, pelos seus eventuais resíduos, ofendeu a ordem disciplinar interna, posto que efetuara disparos
em via pública imprudentemente, a despeito de não haverem atingido ninguém, no entanto, sua ação impensada poderia ter causado um mal ainda maior, o
que certamente levaria ao desprestígio da Polícia Militar do Ceará perante à sociedade alencarina. Em relação à tipificação da conduta do acusado, conforme
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ficou clarividente em todos os depoimentos colhidos neste procedimento, tudo confirmado no próprio interrogatório do acusado, quando ele afirma que
efetuou disparos de arma de fogo em via pública, e para o alto, numa ação de intimidação, assumindo, destarte, o risco de errar o alvo e atingir inocentes,
vislumbrou-se assim, a violação de vários valores e deveres militares estaduais norteadores do nosso mister, bem como o cometimento das transgressões
disciplinares tipificadas no art. 13, § 1º, incisos L e LI da Lei 13.407/2003 (Código Disciplinar PMBM/CE) […]. 6 – CONCLUSÃO Após minuciosa análise
do material constante nos presentes autos, em sintonia com o conjunto probatório, que fartamente se vê nos autos deste Procedimento Administrativo Disci-
plinar, constata-se que as acusações impostas ao acusado em parte foram comprovadas, verificando-se que este no dia 08/07/2018 efetuou disparos de arma
de fogo em via pública, na cidade de Iguatu-CE, após sair de um bar. Desta feita, considerando tudo que foi exposto e mais o que dos autos constam, com
reflexo na Defesa Prévia e nas Razões Finais de Defesa, esta Comissão Processante concluiu, POR UNANIMIDADE DE VOTOS, em Sessão de Deliberação
e Julgamento previamente marcada (fls. 158), que o acusado, o SD PM RAMON MOREIRA LIMA, MF.: 308.778-3-7, em parte, praticou as condutas
descritas no bojo da documentação originária deste processo, sendo confirmada a autoria dos disparos de arma de fogo, estando de folga e à paisana, de forma
imprudente e negligente, colocando em risco desnecessário a vida de terceiros, embora não restar suficientemente demonstrada estar sob a influência de
bebida alcoólica, apesar de algumas testemunhas atestarem haver percebido sinais de embriaguez alcoólica no comportamento do indigitado miliciano, pelo
que deliberou-se que o acusado, no presente processo: a) É culpado, em parte, das acusações constantes na portaria inicial e consubstanciadas no Mandado
de Citação; b) Não está incapacitado de permanecer no serviço ativo da Corporação, porém que lhe seja aplicada reprimenda disciplinar diversa de demissão
pelo cometimento de transgressões disciplinares de natureza grave. [...]”; CONSIDERANDO que no Despacho nº 2011/2019 (fls. 173) o Orientador da
CEPREM/CGD ratificou o posicionamento da Comissão Processante, posicionamento este homologado pelo Coordenador da CODIM/CGD conforme o
Despacho nº 2186/2019 (fls. 174); CONSIDERANDO que consta o Relatório Circunstanciado (fl. 06), subscrito pelo 1º TEN QOPM Paulo Roberto da Silva
Pereira Maia, descrevendo que ao tentar conversar com o acusado para apurar o contexto do ocorrido, notou que o SD PM Ramon havia “apagado” (dormido)
no alojamento de cabos e soldados do quartel, no que o referido oficial tentou despertá-lo, contudo sem êxito imediato. Na segunda tentativa, o acusado
despertou apresentando fortes sinais de embriaguez. Descreveu que ao indagar o acusado acerca do ocorrido, o acusado confirmou que a arma que portava
era de sua propriedade, mas que não lembrava de mais nada sobre o fato. O 1º TEN QOPM Paulo Roberto da Silva Pereira Maia ainda relatou em seu docu-
mento que acompanhou o procedimento realizado na Delegacia, que ao final concluiu pela autuação em flagrante do acusado por infração em tese ao Art.
15 do Estatuto do Desarmamento, por ter sido surpreendido logo após ter efetuado disparos de arma de fogo em via pública; CONSIDERANDO que consta
nos autos cópia da Denúncia Crime da Ação Penal nº 0002998-87.2018.8.06.0091 (fls. 38/40), em desfavor do acusado por suposta prática do crime do art.
15, da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento); CONSIDERANDO que à fl. 91 consta cópia de Auto de Apresentação e Apreensão (referente ao
Inquérito Policial nº 479 – 492/2018) da arma de fogo pistola cal. 380, número de série KKZ48288, 31 unidades de munição cal. 380, bem como 02 carre-
gadores para pistola (um contendo 17 munições e outro 14 munições); CONSIDERANDO que consta no interrogatório do acusado referente ao Inquérito
Policial nº 479 – 492/2018 (fls. 98/99), também acerca dos fatos apurados, que: “[….] É soldado da polícia militar lotado em Iguatu/CE; hoje, dia 08/07/2018,
pela madrugada, estava na casa de eventos conhecida como Arena Beer, situada na cidade de Iguatu/CE; estava na sua folga e decidiu ir ao evento festivo,
de modo que estava ingerindo bebida alcoólica normalmente e portando sua arma de fogo, de uso particular; ao ir embora para a sua casa, a cerca de um
quarteirão do espaço da festa, percebeu quando dois indivíduos se aproximaram em uma motocicleta, tendo o garupeiro da moto feito a menção de que ia
sacar uma arma de fogo; nessa ocasião, o depoente sacou de sua arma e efetuou um disparo para cima; tem conhecimento de que não existe disparo de
advertência, não sendo esse o procedimento policial correto; nessa ocasião, retornou ao evento festivo até para se resguardar, momento em que relatou o fato
a uma equipe da polícia militar, sob o comando do SGT LUIZ FILHO, que o orientou a ir embora do local para a sua segurança; ocorre que o depoente saiu
de novo da festa, com a intenção de ir para a sua casa, porém decidiu urinar no meio do caminho, na via pública; nessa ocasião, novamente, surgiram os dois
indivíduos na motocicleta, tendo o depoente se assustado e efetuado mais dois disparos para o alto a fim de afugentar-lhes; ressalta que ou efetuava os disparos
para o alto ou em direção aos suspeitos da moto, decidindo pela primeira opção; não se envolveu em nenhuma briga, seja dentro ou fora da festa; não se
recorda bem se havia pessoas no local no momento dos disparos, mas os disparos que fez foi em direção ao alto, justamente para não atingir ninguém; nunca
respondeu a processo disciplinar ou foi preso anteriormente; nega-se a fazer exame de alcoolemia ou exames periciais relacionados ao fato; está ciente de
que sua arma particular será apreendida para fins periciais […]” (grifou-se); CONSIDERANDO que à fl. 104 consta cópia do Certificado de Registro de
Arma de Fogo (CRAF) em nome do acusado e referente à arma apreendida, com situação regular; CONSIDERANDO que às fls. 121/124 consta cópia do
Laudo Pericial nº 18039407/2018B, o qual observou que a arma de fogo pistola cal. 380, número de série KKZ48288 e os 31 cartuchos encaminhados, após
disparos efetuados, encontravam-se eficientes; CONSIDERANDO que em consulta pública ao site e-Saj do TJCE, ressalvada a independência das instâncias,
em razão da ocorrência supramencionada, o acusado figura como réu na Ação Penal nº. 0002998-87.2018.8.06.0091 – 2ª Vara Criminal da Comarca de
Iguatu, estando o processo atualmente em fase de instrução; CONSIDERANDO que pelo conjunto probatório carreado aos autos, mormente o reconhecimento
pelo próprio acusado em seu interrogatório de disparos efetuados com sua arma particular, pelos depoimentos dos policiais que o abordaram e realizaram a
prisão em flagrante, bem como pela perícia que confirmou a eficiência da arma e munições apreendidas com ao acusado, fora possível verificar que restou
demonstrado de modo inequívoco que o acusado efetuou disparos em via pública no dia dos fatos; CONSIDERANDO que o próprio acusado admitiu em
sua autodefesa que efetuou disparos, contudo que agiu em suposta legítima defesa. Apesar da alegação do acusado e de sua defesa, não há provas nos autos
que corroborem que tenha havido incidência de qualquer causas de justificação do Art. 34 ou ainda excludentes de ilicitude previstas no Código Penal e no
Código Penal Militar; CONSIDERANDO que cabe registrar que, no ordenamento Jurídico Brasileiro, predomina a independência parcial das instâncias.
Assim, a Administração Pública poderá aplicar sanção disciplinar ao servidor, mesmo se ainda em curso ou não ação judicial a que responde pelo mesmo
fato. Isto porque o feito administrativo não se sujeita ao pressuposto de prévia definição sobre o fato na esfera judicial. Desse modo, em princípio, não há
necessidade de se aguardar o desfecho de um processo em outra esfera para somente depois apenar um servidor pelo cometimento de falta funcional tão
grave, ressaltando-se a inverossimilhança das alegações apresentadas pelo acusado e por sua defesa frente as provas juntadas aos autos, além de seu recém-
-ingresso na PMCE, com apenas 09 (nove) meses de serviço à época dos fatos; CONSIDERANDO os assentamentos funcionais do acusado, verifica-se que
o referido militar foi incluído na corporação no dia 11/10/2017, possui 01 (um) elogio por bom serviço prestado, estando atualmente no comportamento
BOM; CONSIDERANDO, por fim, que a autoridade julgadora, no caso o Controlador Geral de Disciplina, acatará o relatório da autoridade processante
(sindicante ou comissão processante), salvo quando contrário às provas dos autos, consoante descrito no Art. 28-A, §4° da Lei Complementar n° 98/2011;
CONSIDERANDO que faz-se imperioso salientar que a douta Procuradoria Geral do Estado, em atenção à consulta solicitada pela Polícia Militar do Ceará,
através do Viproc nº 10496900/2020, no tocante a aplicação das sanções disciplinares de permanência e custódia disciplinares, após o advento da Lei Federal
nº 13.967/2019, exarou o seguinte entendimento, in verbis: “(…) A interpretação alternativa (total revogação das sanções de permanência disciplinar e
custódia disciplinar) seria absurda, uma vez que impossibilitaria a sanção por faltas médias e por faltas graves para as quais não caiba demissão ou expulsão,
relaxando indevidamente a disciplina constitucionalmente exigida dos militares (art. 42, caput, da CRBF). Por todo o exposto, permite-se concluir que, a
partir de 27/12/2020, (1) não pode mais haver restrição à liberdade dos militares estaduais em decorrência da aplicação das sanções de permanência disciplinar
e custódia disciplinar, mesmo que aplicadas em data anterior; (2) pode haver aplicação das sanções de permanência disciplinar e custódia disciplinar, nas
hipóteses do art. 42, I, II e III, da Lei estadual 13.407/2003, com todos os efeitos não restritivos de liberdade daí decorrentes (...)” (sic). grifou-se. Nessa
toada, o Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral Executivo Assistente da PGE, ratificou o entendimento acima pontuado, contudo, destacou a seguinte
ressalva, in verbis: “(…) No opinativo, o d. consultor traz alguns exemplos desses efeitos que se mantém hígidos. Um desses efeitos que entende ainda
prevalecer consiste na perda da remuneração do militar pelos dias de custódia, estando essa previsão albergada no art. 20, §1º, da Lei Estadual nº 13.407/2003,
que estabelece que, ‘nos dias em que o militar do Estado permanecer custodiado perderá todas as vantagens e direitos decorrentes do exercício do posto ou
graduação, inclusive o direito de computar o tempo da pena para qualquer efeito’. Para exame fiel do tema sob o novo prisma legal, crucial é não confundir
efeitos da sanção custódia disciplinar, estes, sim, passíveis de subsistir se não implicarem restrição ou privação da liberdade do militar, com consequências
legais que vêm à baila não propriamente por conta da custódia disciplinar, mas, sim, da privação ou restrição de liberdade dela decorrente. Este parece ser o
caso justamente da perda da remuneração. Essa última apresenta-se uma consequência legal motivada diretamente não pela sanção de custódia disciplinar,
mas pelos dias que o agente, porquanto restrito ou privado de sua liberdade, não pôde trabalhar. A perda da remuneração, pois, não constitui, propriamente,
sanção, diferente do que se daria em relação da multa como sanção disciplinar. Diante disso, deixa-se aprovado o opinativo, apenas quanto à ressalva consig-
nada nesta manifestação (…)”; RESOLVE, por todo o exposto: a) Acatar o Relatório Final nº 34/2019 (fls. 159/171) e, por consequência, punir com
Permanência Disciplinar o militar estadual SD PM RAMON MOREIRA LIMA – M.F. nº 308.778-3-7, por ter efetuado disparos em via pública no dia
dos fatos, comprovando-se a prática de transgressões disciplinares, de acordo com o inc. III do art. 42 da Lei nº 13.407/2003, pelos atos contrários aos valores
militares previstos nos incs. IV (disciplina), V (profissionalismo), VII (constância) e IX (honra) do art. 7º, violando também os deveres militares contidos
nos incs. IV (servir à comunidade, procurando, no exercício da suprema missão de preservar a ordem pública e de proteger a pessoa, promover, sempre, o
bem estar comum, dentro da estrita observância das normas jurídicas e das disposições deste Código), V (atuar com devotamento ao interesse público,
colocando-o acima dos anseios particulares), VIII (cumprir e fazer cumprir, dentro de suas atribuições legalmente definidas, a Constituição, as leis e as ordens
legais das autoridades competentes, exercendo suas atividades com responsabilidade, incutindo este senso em seus subordinados), IX (dedicar-se em tempo
integral ao serviço militar estadual, buscando, com todas as energias, o êxito e o aprimoramento técnico-profissional e moral), X (estar sempre disponível e
preparado para as missões que desempenhe) e XV (zelar pelo bom nome da Instituição Militar e de seus componentes, aceitando seus valores e cumprindo
seus deveres éticos e legais) do art. 8º, constituindo, como consta, transgressão disciplinar, de acordo o art. 12, §1°, incs. I (todas as ações ou omissões
contrárias à disciplina militar, especificadas no artigo seguinte, inclusive, os crimes previstos nos Códigos Penal ou Penal Militar) e II (todas as ações ou
omissões não especificadas no artigo seguinte, mas que também violem os valores e deveres militares) c/c art. 13, §1º, inc. L (disparar arma por imprudência,
negligência, imperícia, ou desnecessariamente), LI (não obedecer às regras básicas de segurança ou não ter cautela na guarda de arma própria ou sob sua
responsabilidade), com atenuante do inc. I do art. 35, e agravante do inc. II do art. 36, permanecendo no comportamento BOM, conforme dispõe o art. 54,
inc. III, todos da Lei nº 13.407/2003. Destaque-se que, diante do que fora demonstrado acima e, diante do disposto no Art. 4º da Lei nº 16.039/2016, tal
servidor não preenche os requisitos legais para aplicabilidade, ao caso “sub examine”, dos institutos despenalizadores previstos na Lei nº 16.039/2016; b)
Nos termos do art. 30, caput da Lei Complementar 98, de 13/06/201, caberá recurso, em face desta decisão no prazo de 10 (dez) dias corridos, dirigido ao
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Conselho de Disciplina e Correição (CODISP/CGD), contados a partir do primeiro dia útil após a data da intimação pessoal do acusado ou de seu defensor,
segundo o que preconiza o Enunciado n° 01/2019-CGD, publicado no DOE n° 100 de 29/05/2019; c) Decorrido o prazo recursal ou julgado o recurso, a
decisão será encaminhada à Instituição a que pertença o servidor para o imediato cumprimento da medida imposta; d) Da decisão proferida pela CGD será
expedida comunicação formal determinando o registro na ficha e/ou assentamentos funcionais do servidor. No caso de aplicação de sanção disciplinar, a
autoridade competente determinará o envio imediato a esta Controladoria Geral de Disciplina da documentação comprobatória do cumprimento da medida
imposta, em consonância com o disposto no Art. 34, §7º e §8º, Anexo I do Decreto Estadual nº. 33.447/2020, publicado no D.O.E. CE nº 021, de 30/01/2020,
bem como no Provimento Recomendatório nº 04/2018 – CGD (publicado no D.O.E. CE nº 013, de 18/01/2018). PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE E
CUMPRA-SE. CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA – CGD, em Fortaleza, 19 de janeiro de 2022.
Rodrigo Bona Carneiro
CONTROLADOR GERAL DE DISCIPLINA DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E SISTEMA PENITENCIÁRIO
de morte por uma pessoa em Camocim; QUE o depoente presidiu Inquérito Policial Militar acerca desses fatos, não recordando qual a sugestão final do seu
relatório. FACULTADA A PALAVRA AO DEFENSOR DO ACONSELHADO, este, através desta comissão, passou a perguntar: PERGUNTADO ao
depoente sobre a conduta do aconselhado, RESPONDEU que na qualidade de policial militar o considera um policial militar trabalhador, sempre cumpridor
das missões para as quais é designado, não sendo do conhecimento do depoente de outros fatos que desabonem sua conduta [...]”; CONSIDERANDO que
em seu Auto de Qualificação e Interrogatório, o aconselhado (fls. 236/238) afirmou que: “[…] PERGUNTADO aonde se encontrava no momento em que
foi cometida a suposta infração e se teve notícia desta e de que forma, RESPONDEU que confirma que no dia dos fatos passou em frente a casa do Sr. Cícero
Jarbas, em uma bicicleta, no Bairro Pantanal, pois seguia para olhar uma canoa que pertencia ao pai do aconselhado, observando que Jarbas estava sentado
na frente da casa; QUE nesse momento, Jarbas, em tom de deboche, se dirigiu ao interrogado da seguinte forma: ‘E aí sargento’ QUE o interrogado lhe
cumprimentou e aproveitou a ocasião para perguntar a Jarbas o porquê do mesmo haver contratado duas pessoas para matar o irmão do aconselhado, ameaça
que foi relatada ao interrogado por pessoas ligadas a Jarbas; QUE nesse momento Jarbas colocou a mão na cintura e já seguiu correndo para dentro de casa,
momento em que fechou a porta e a janela da residência dele; QUE nesse momento o interrogado efetuou seis disparos para cima, cujos disparos atingiram
a porta e a janela daquela residência; QUE esclarece o interrogado que estava a cerca de 15 metros da casa de Jarbas; QUE esta foi a primeira vez que teve
contato direto com Jarbas. PERGUNTADO se conhece a pessoa ofendida e as testemunhas arroladas na denúncia, desde quando e se tem alguma coisa a
alegar contra elas, RESPONDEU que já conhecia Jarbas, de vistas, desde criança, porém, ao crescer, Jarbas passou a se envolver com tráfico de drogas; QUE
não conhecia a esposa de Jarbas; QUE com relação aos policiais militares ouvidos no presente processo o interrogado afirma que os conhece e nada tem a
alegar contra os mesmos. PERGUNTADO se conhece as provas contra si apuradas e se tem alguma coisa a alegar a respeito das mesmas, RESPONDEU
que após efetuar os disparos, o interrogado se retirou do bairro Pantanal e, quando ia seguindo, a corrente de sua bicicleta caiu, ocasião em que apareceu uma
viatura da polícia militar, tendo o interrogado jogado a arma próximo a bicicleta e levantado os braços em forma de rendição; QUE após esclarecer o ocorrido
para o sargento, comandante da viatura, foi conduzido para a delegacia de Camocim onde foi feito o auto de prisão em flagrante; QUE ninguém foi atingido
pelos disparos. PERGUNTADO se conhece o instrumento que foi utilizado para a prática da infração ou qualquer dos objetos com ela relacionados e que
tenham sido apreendidos, RESPONDEU que no momento dos disparos o interrogado portava um revólver calibre 38, capacidade para 7 tiros, inox, perten-
cente ao acervo patrimonial da Polícia Militar, devidamente cautelado. PERGUNTADO se está sendo ou já foi processado pela prática de outra infração e,
em caso afirmativo, em que juízo, se foi condenado, qual a pena imposta e se a cumpriu, RESPONDEU que anteriormente aos fatos ora apurados, não
respondia a nenhum outro processo; QUE atualmente está preso por haver se envolvido em outra ocorrência. PERGUNTADO se tem quaisquer outras
declarações a fazer, RESPONDEU que não. FACULTADA A PALAVRA AO DEFENSOR, este, através da comissão, perguntou: PERGUNTADO ao
interrogado se quando efetuou os disparos tinha a intenção de ceifar a vida do Sr. Jarbas ou simplesmente para inibi-lo de praticar qualquer mal contra sua
pessoa, RESPONDEU que quando viu o Jarbas correndo colocando a mão dentro da roupa, sacou a sua arma, atirando para cima, intencionando apenas
afastar o perigo que entendeu iminente. PERGUNTADO se Jarbas era conhecido como pessoa envolvida com o tráfico de drogas na comunidade, RESPONDEU
que sim […]” (grifou-se); CONSIDERANDO que em sede de Razões Finais (fls. 247/258), a defesa negou as acusações em desfavor do aconselhado. Em
síntese, alegou que o aconselhado teria agido em legítima defesa putativa, não devendo sofrer qualquer reprimenda disciplinar. Alegou que os disparos foram
efetuados para o alto, não em direção à casa, e que não foi apresentada nenhuma prova documental ou pericial do local dos disparos. Argumentou que não
houve animus necandi na conduta do acusado, porque se houvesse, “devido sua perícia com armas de fogo, teria feito sem qualquer problema”. Afirmou
ainda que a “própria vítima se afirma que os disparos foram na parte de cima da janela e na parte de baixo da porta, o que de fato não caracterizou em momento
algum que o aconselhado teve animus necandi, se é que os disparos foram realmente em direção a casa, e não para o auto (sic) como declarou o aconselhado”.
Discorreu acerca do princípio in dubio pro reo, e que este deveria ser aplicado ao presente caso. Por fim, requereu a absolvição do aconselhado, por insufi-
ciência de provas e por incidência de excludente de ilicitude, com o consequente arquivamento do feito; CONSIDERANDO que no Relatório Final nº
193/2019 (fls. 265/276), em suma, a Comissão Processante sugeriu aplicação de sanção diversa da demissão nos seguintes termos: “[…] As pessoas citadas
pelo Sr. Cícero Jarbas como testemunhas dos fatos o ‘Neguim’, a Juca, esposa do ‘Neguim’, e o Sr. Valdir, não compareceram às audiências paras as quais
foram convocadas, não se comprovando, desta forma, a versão apresentada pelo casal denunciante. Neste contexto, existem dúvidas do ânimus necandi do
aconselhado em tentar contra a vida do Sr. Cícero Jarbas, tendo em vista ainda as informações prestadas pelo militar Pedro Ferreira Lima, fls. 183-CD, que
atendeu a ocorrência, dando conta de que se o Sgt Iranildo Custódio de Paula quisesse realmente ceifar a vida de Cícero Jarbas, o teria feito facilmente,
impondo-se no caso ora apurado o benefício da dúvida em favor do mesmo, com base no princípio do in dubio pro reo e na jurisprudência dos tribunais
pátrios […]. No tocante aos disparos de arma de fogo que foram efetuados pelo aconselhado contra a casa do Sr. Cícero Jarbas, embora não exista confirmação
da versão do casal de denunciantes diante do não comparecimento das testemunhas mencionadas e da ausência de prova pericial arguida pela defesa, tal
conduta está evidenciada na confissão tácita do aconselhado às fls. 237-CD […]. A decisão proferida nos autos da ação penal, fls. 52-CD, em audiência de
custódia, corrobora no sentido de que os disparos foram efetuados contra a porta e a janela da residência de Cícero Jarbas, enquanto este já havia entrado na
casa, entendendo o magistrado, prima facie, ‘não haverem indícios da tentativa de homicídio’, revogando a prisão preventiva do aconselhado […]. Sobre
legítima defesa alegada pela defesa e pelo próprio aconselhado, não existem nos autos indícios de que o Sr. Jarbas tenha iniciado agressão injusta, atual ou
iminente, contra a pessoa do aconselhado, tendo em vista que, ao perceber que o Sgt Custódio estava armado, adentrou para o interior da sua residência,
fechando as portas. Desta forma, à luz de tudo que foi apurado durante a instrução processual, do acervo probatório coligido nos autos, dos precedentes
contidos no ordenamento jurídico brasileiro em casos semelhantes, entendeu a comissão de que o aconselhado cometeu transgressão disciplinar ao efetuar
disparos com arma de fogo pertencente à carga da Polícia Militar em direção à residência do Sr. Cícero Jarbas de Araújo, de forma desnecessária. 6.
CONCLUSÃO Analisado os autos, esta Comissão Processante passou a deliberar, em sessão própria e previamente marcada, onde se fizeram presentes todos
os membros do Conselho de Disciplina, a defesa do aconselhado, representada pela Dra. Camila Maria de Sá Sousa, OAB/CE Nº 27.639, na ausência do
aconselhado 1º SGT PM IRANILDO CUSTÓDIO DE PAULA, MF. Nº 103.791-1-3, sendo decidido, ao final, conforme o Art. 88 c/c o Art. 98, § 1º, da Lei
nº 13.407/03 (Código Disciplinar PM/BM), POR UNANIMIDADE DE VOTOS de seus membros, pela absolvição do aconselhado com base no Art. 439,
alínea ‘e’, do Código de Processo Penal Militar, por não existir provas suficientes para a condenação do aconselhado pelo cometimento do crime de homicídio
na forma tentada, ressalvado a instauração de novo processo regular caso surjam novos fatos ou evidências, de acordo com o que preceitua o Art. 72, § Único,
inc. III, do Código de Disciplina dos Militares Estaduais do Ceará, CONTUDO, restou comprovadas as condutas inerentes aos disparos de arma de fogo em
via pública quando estava de folga e à paisana, fato de natureza grave, desonroso para um policial militar que jurou defender a sociedade com o risco da
própria vida, ferindo, desta forma, os valores fundamentais, determinantes da moral militar estadual insculpidos no Art.13, §1º, incisos XV, XLIX e L, c/c
§2º, inciso LIII, tudo da Lei nº 13.407/2003. Assim sendo os membros do conselho decidiram da seguinte forma: I – É CULPADO EM PARTES DAS
ACUSAÇÕES; II – NÃO ESTÁ INCAPACITADO DE PERMANECER NO SERVIÇO ATIVO. [...]”; CONSIDERANDO que no Despacho nº 5847/2019
(fls. 278) o Orientador da CEPREM/CGD ratificou o posicionamento da Comissão Processante, posicionamento este homologado pelo Coordenador da
CODIM/CGD conforme o Despacho nº 6366/2019 (fls. 279); CONSIDERANDO que consta cópia de Relatório de Ocorrência Policial (fl. 15), descrevendo
que o aconselhado não reagiu à abordagem da composição e que apresentou um revólver inox, cal. 38, capacidade 07 disparos, com 06 cartuchos deflagrados,
01 intacto, pertencente à PMCE, cautelada em nome do aconselhado; CONSIDERANDO que, ressalvada a independência das instâncias, consta nos autos
cópia parcial da Ação Penal nº 15171-97.2017.8.06.0053/0, em desfavor do aconselhado por supostamente ter cometido o crime dos arts. 121, C/C 14, II,
todos do CPB, no que se destaca o Termo de Audiência de Custódia (fls. 51/52), no qual o Representante do Ministério Público se manifestou acerca sobre
a necessidade ou não de manutenção de prisão preventiva à época: “[…] M.M. Juiz, tendo em vista a insuficiência de provas carreadas ao procedimento
inquisitorial para configurar homicídio na forma tentada, além da ocorrência de indícios de legítima defesa putativa, o Ministério Público manifesta pela
revogação da prisão preventiva mediante aplicação das medidas cautelares elencadas no art. 319 do CPP […]”. O M.M. Juiz, por sua vez, decidiu o seguinte
nessa ocasião: “[…] Analisando os autos, entendo por bem rever a minha decisão acostada às fls. 27/29. De fato, a própria esposa do ofendido teria dito que
os tiros foram desferidos enquanto o ofendido já havia entrado em sua residência, tendo as balas atingido a porta e janela da casa. O custodiado teria afirmado,
em seu interrogatório, que atirou para cima. Portanto, não estão configurados, neste primeiro momento, os indícios de que o fato se enquadraria numa tenta-
tiva de homicídio, por ora, entendo por bem manter a HOMOLOGAÇÃO do auto de prisão em flagrante e revogar a preventiva, mediante a aplicação de
medidas cautelares […]”. Em sequência cronológica o Ministério Público ofereceu Denúncia pelos fatos apurados (fls. 43/44), motivando que: “[…] A
materialidade do delito encontra substrato no termo de apreensão da arma utilizada para a prática do ilícito, ao passo que os indícios de autoria ecoam das
declarações da vítima e depoimentos testemunhais colhidos pela autoridade policial […]”. A Denúncia foi recebida (fls. 46/47) e que em consulta pública
ao site e-Saj do TJCE, ressalvada a independência das instâncias, em razão da ocorrência supramencionada, o aconselhado figura como réu na Ação Penal
nº. 0015171-97.2017.8.06.0053 – 1ª Vara da Comarca de Camocim, estando o processo atualmente em fase de instrução; CONSIDERANDO que pelo
conjunto probatório carreado aos autos, mormente o reconhecimento pelo próprio aconselhado em seu interrogatório de disparos efetuados com sua arma
cautelada, pelos depoimentos dos policiais que o abordaram e realizaram a prisão em flagrante, bem como pelos denunciantes, fora possível verificar que
restou demonstrado de modo inequívoco que o aconselhado efetuou disparos sem justificativa legal no dia dos fatos. Por outro lado, a ausência de testemu-
nhas que supostamente teriam presenciado a ação, a ausência nestes autos de perícia no local do ocorrido, bem como de perícias na arma apreendida, dentre
outras provas acusatórias dificultam o esclarecimento do contexto ocorrido e acabam por fragilizar a acusação de que o aconselhado supostamente tinha a
intenção de matar os denunciantes por ocasião dos fatos apurados; CONSIDERANDO que o próprio aconselhado admitiu em sua autodefesa que efetuou
disparos, contudo que agiu em suposta legítima defesa putativa. Por outro lado, apesar da alegação do aconselhado e de sua defesa, não há provas nos autos
que corroborem que tenha havido incidência de qualquer causas de justificação do Art. 34 ou ainda excludentes de ilicitude previstas no Código Penal e no
Código Penal Militar; CONSIDERANDO que cabe registrar que, no ordenamento Jurídico Brasileiro predomina a independência parcial das instâncias.
Assim, a Administração Pública poderá aplicar sanção disciplinar ao servidor, mesmo se ainda em curso ou não ação judicial a que responde pelo mesmo
fato. Isto porque o feito administrativo não se sujeita ao pressuposto de prévia definição sobre o fato na esfera judicial. Desse modo, em princípio, não há
necessidade de se aguardar o desfecho de um processo em outra esfera para somente depois apenar um servidor pelo cometimento de falta funcional tão
grave, ressaltando-se a inverossimilhança das alegações apresentadas pelo aconselhado e por sua defesa frente as provas juntadas aos autos; CONSIDERANDO
os assentamentos funcionais do aconselhado (fls. 208/209), verifica-se que o referido militar foi incluído na corporação no dia 03/08/1992, possui 05 (cinco)
104 DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO | SÉRIE 3 | ANO XIV Nº019 | FORTALEZA, 26 DE JANEIRO DE 2022
elogios por bons serviços prestados, estando atualmente no comportamento ÓTIMO; CONSIDERANDO, por fim, que a autoridade julgadora, no caso o
Controlador Geral de Disciplina, acatará o relatório da autoridade processante (sindicante ou comissão processante), salvo quando contrário às provas dos
autos, consoante descrito no Art. 28-A, §4° da Lei Complementar n° 98/2011; CONSIDERANDO que faz-se imperioso salientar que a douta Procuradoria
Geral do Estado, em atenção à consulta solicitada pela Polícia Militar do Ceará, através do Viproc nº 10496900/2020, no tocante a aplicação das sanções
disciplinares de permanência e custódia disciplinares, após o advento da Lei Federal nº 13.967/2019, exarou o seguinte entendimento, in verbis: “(…) A
interpretação alternativa (total revogação das sanções de permanência disciplinar e custódia disciplinar) seria absurda, uma vez que impossibilitaria a sanção
por faltas médias e por faltas graves para as quais não caiba demissão ou expulsão, relaxando indevidamente a disciplina constitucionalmente exigida dos
militares (art. 42, caput, da CRBF). Por todo o exposto, permite-se concluir que, a partir de 27/12/2020, (1) não pode mais haver restrição à liberdade dos
militares estaduais em decorrência da aplicação das sanções de permanência disciplinar e custódia disciplinar, mesmo que aplicadas em data anterior; (2)
pode haver aplicação das sanções de permanência disciplinar e custódia disciplinar, nas hipóteses do art. 42, I, II e III, da Lei estadual 13.407/2003, com
todos os efeitos não restritivos de liberdade daí decorrentes (...)” (sic). grifou-se. Nessa toada, o Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral Executivo Assistente
da PGE, ratificou o entendimento acima pontuado, contudo, destacou a seguinte ressalva, in verbis: “(…) No opinativo, o d. consultor traz alguns exemplos
desses efeitos que se mantém hígidos. Um desses efeitos que entende ainda prevalecer consiste na perda da remuneração do militar pelos dias de custódia,
estando essa previsão albergada no art. 20, §1º, da Lei Estadual nº 13.407/2003, que estabelece que, ‘nos dias em que o militar do Estado permanecer custo-
diado perderá todas as vantagens e direitos decorrentes do exercício do posto ou graduação, inclusive o direito de computar o tempo da pena para qualquer
efeito’. Para exame fiel do tema sob o novo prisma legal, crucial é não confundir efeitos da sanção custódia disciplinar, estes, sim, passíveis de subsistir se
não implicarem restrição ou privação da liberdade do militar, com consequências legais que vêm à baila não propriamente por conta da custódia disciplinar,
mas, sim, da privação ou restrição de liberdade dela decorrente. Este parece ser o caso justamente da perda da remuneração. Essa última apresenta-se uma
consequência legal motivada diretamente não pela sanção de custódia disciplinar, mas pelos dias que o agente, porquanto restrito ou privado de sua liberdade,
não pôde trabalhar. A perda da remuneração, pois, não constitui, propriamente, sanção, diferente do que se daria em relação da multa como sanção disciplinar.
Diante disso, deixa-se aprovado o opinativo, apenas quanto à ressalva consignada nesta manifestação (…)”; RESOLVE, por todo o exposto: a) Acatar o
Relatório Final nº 193/2019 (fls. 265/276) e, por consequência, punir com Permanência Disciplinar o militar estadual SGT PM IRANILDO CUSTÓDIO
DE PAULA – M.F. nº 103.791-1-3, por ter efetuado disparos sem justificativa legal no dia dos fatos, comprovando-se a prática de transgressões disciplinares,
de acordo com o inc. III do art. 42 da Lei nº 13.407/2003, pelos atos contrários aos valores militares previstos nos incs. IV (disciplina), V (profissionalismo),
VII (constância) e IX (honra) do art. 7º, violando também os deveres militares contidos nos incs. IV (servir à comunidade, procurando, no exercício da
suprema missão de preservar a ordem pública e de proteger a pessoa, promover, sempre, o bem estar comum, dentro da estrita observância das normas
jurídicas e das disposições deste Código), V (atuar com devotamento ao interesse público, colocando-o acima dos anseios particulares), VIII (cumprir e fazer
cumprir, dentro de suas atribuições legalmente definidas, a Constituição, as leis e as ordens legais das autoridades competentes, exercendo suas atividades
com responsabilidade, incutindo este senso em seus subordinados), IX (dedicar-se em tempo integral ao serviço militar estadual, buscando, com todas as
energias, o êxito e o aprimoramento técnico-profissional e moral), X (estar sempre disponível e preparado para as missões que desempenhe) e XV (zelar pelo
bom nome da Instituição Militar e de seus componentes, aceitando seus valores e cumprindo seus deveres éticos e legais) do art. 8º, constituindo, como
consta, transgressão disciplinar, de acordo o art. 12, §1°, incs. I (todas as ações ou omissões contrárias à disciplina militar, especificadas no artigo seguinte,
inclusive, os crimes previstos nos Códigos Penal ou Penal Militar) e II (todas as ações ou omissões não especificadas no artigo seguinte, mas que também
violem os valores e deveres militares) c/c art. 13, §1º, inc. L (disparar arma por imprudência, negligência, imperícia, ou desnecessariamente), LI (não obedecer
às regras básicas de segurança ou não ter cautela na guarda de arma própria ou sob sua responsabilidade), com atenuantes dos incs. I e II do art. 35, e agra-
vantes dos incs. II, VI e VII do art. 36, permanecendo no comportamento ÓTIMO, conforme dispõe o art. 54, inc. II, todos da Lei nº 13.407/2003. Destaque-se
que, diante do que fora demonstrado acima e, diante do disposto no Art. 4º da Lei nº 16.039/2016, tal servidor não preenche os requisitos legais para aplica-
bilidade, ao caso “sub examine”, dos institutos despenalizadores previstos na Lei nº 16.039/2016; b) Nos termos do art. 30, caput da Lei Complementar 98,
de 13/06/201, caberá recurso, em face desta decisão no prazo de 10 (dez) dias corridos, dirigido ao Conselho de Disciplina e Correição (CODISP/CGD),
contados a partir do primeiro dia útil após a data da intimação pessoal do acusado ou de seu defensor, segundo o que preconiza o Enunciado n° 01/2019-CGD,
publicado no DOE n° 100 de 29/05/2019; c) Decorrido o prazo recursal ou julgado o recurso, a decisão será encaminhada à Instituição a que pertença o
servidor para o imediato cumprimento da medida imposta; d) Da decisão proferida pela CGD será expedida comunicação formal determinando o registro na
ficha e/ou assentamentos funcionais do servidor. No caso de aplicação de sanção disciplinar, a autoridade competente determinará o envio imediato a esta
Controladoria Geral de Disciplina da documentação comprobatória do cumprimento da medida imposta, em consonância com o disposto no Art. 34, §7º e
§8º, Anexo I do Decreto Estadual nº. 33.447/2020, publicado no D.O.E. CE nº 021, de 30/01/2020, bem como no Provimento Recomendatório nº 04/2018
– CGD (publicado no D.O.E. CE nº 013, de 18/01/2018). PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE E CUMPRA-SE. CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA
– CGD, em Fortaleza, 19 de janeiro de 2022.
Rodrigo Bona Carneiro
CONTROLADOR GERAL DE DISCIPLINA DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E SISTEMA PENITENCIÁRIO
interrogado (fl. 567), bem como acostou alegações finais às fls. 593/630. A Comissão Processante inquiriu as seguintes testemunhas: EPC Gislaine da Ponte
Dutra Leite (fls. 312/315), DPC Carlos Eduardo Pires Rocha (fls. 317/318), DPC Francisca Lindalva Lima da Silva (fls. 323/324), EPC Tupinambá Frota
Alves (fls. 325/326), Advogado Hélio Nogueira Bernardino (fls. 452A/452D), Anderson Rodrigues da Costa (fls. 514/516), DPC Patrícia Lopes Aragão (fl.
533), DPC Raimundo de Sousa Andrade Júnior (fl. 535), Juiz de Direito Djalma Teixeira Benevides (fl. 537) e José Carlos Batista da Silva. A defesa do
processado dispensou a oitiva das testemunhas Ronaldo Rodrigues de Almeida Filho, Otoniel Nascimento de Oliveira e Everardo Lima da Silva (fl. 523);
CONSIDERANDO que em sede de alegações finais às fls. 593/630, a defesa do processado, em síntese, sustentou que não houve qualquer ato ilícito ou
transgressão disciplinar praticado pelo defendente. Inicialmente, fez um abrangente comentário sobre a vida funcional do servidor, os fatos investigados, a
suposta ausência de ilicitude e de má-fé nas decisões adotadas, o desconhecimento das investigações conduzidas pelo Ministério Público, a ausência de
transgressões disciplinares em suas ações e, por fim, o pedido de absolvição ou, alternativamente, a aplicação de penalidade leve, em respeito aos princípios
da proporcionalidade e da razoabilidade. Destacou que o DPC Romério Almeida possui 40 (quarenta) anos de serviço público, iniciando sua carreira policial
como escrivão de polícia civil e, posteriormente, assumindo o cargo de delegado de polícia, vindo a trabalhar em diversas delegacias da capital e do interior.
Acumula em sua ficha funcional 19 (dezenove) homenagens, inclusive uma condecoração com a Medalha Pernambucana do Mérito Policial Militar. Asseverou
também que à época desses fatos, além de titular do 34ª DP, o acusado exercia as funções de chefe de área plantonista e da área integrada de segurança 1,
que abrange um elevado número de bairros desta capital. Essa acumulação de funções acarretava uma grande sobrecarga de serviço, conforme destacado nos
depoimentos de testemunhas ouvidas nos autos do PAD. Sustentou a inexistência de provas de que o acusado tenha recebido qualquer vantagem ilícita
envolvendo a ocorrência que deu origem a esta investigação. Aduziu que os áudios interceptados em nada referem à conduta do defendente. O fato do advo-
gado ter dito a Anderson que o pagamento seria de R$ 3.000,00 (três mil reais) e que a metade desse dinheiro seria para o delegado não constitui ato de
improbidade administrativa e nem prova de que o acusado recebeu aquela quantia. Ademais, a pessoa de Anderson afirmou em seu depoimento prestado
perante o Ministério Público que nunca tratou com o delegado, salvo quando esteve no 34º DP para prestar declarações e receber seus pertences, não tendo
o DPC Romério Almeida exigido ou solicitado qualquer valor dele ou de seu advogado. Destacou também que a restituição do veículo Renault/Logan foi
um ato lícito e desprovido de má-fé, uma vez que, antes da entrega fora realizada a verificação no SIP e constatado que o bem se encontrava numa situação
regular, além do fato do veículo ter sido submetido a prévia vistoria e devolvido mediante solicitação do possuidor. Sustentou que na Delegacia do 34º DP
não havia espaço adequado para a guarda de veículos e esse fator também foi considerado na avaliação para restituição do veículo. A defesa também ressaltou
que diante do enorme volume de serviço, um Boletim de Ocorrência registrado como “não delituoso” justificaria, em tese, a restituição dos bens nele apre-
endidos, sob o argumento de que, somado a isso, não havia elementos concretos para a retenção dos bens na delegacia. Ademais, o acusado não tinha
conhecimento de que havia uma investigação conduzida através da COIN/SSPDS/CE contra a pessoa de Anderson Rodrigues. Por fim, pugnou pelo reco-
nhecimento da improcedência da acusação, a absolvição do acusado e, na hipótese de aplicação de sanção disciplinar, que fosse infligida aquela de natureza
leve; CONSIDERANDO que às fls. 12, consta o ofício nº 10227/2018, endereçado ao juízo da 8ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza, no qual este
signatário solicitou cópia integral do Processo nº 0026251-83.2018.8.06.0001, que versa sobre o Procedimento Investigatório Criminal – PIC nº 026/2017,
para fins de instruir o presente procedimento administrativo, utilizando-o como prova emprestada; CONSIDERANDO que às fls. 234/236, consta cópia da
decisão judicial proferida nos autos da ação penal nº 0026251-83.2018.8.06.0001, onde a Autoridade Judicial recebeu a denúncia criminal em desfavor do
processado DPC Romério Moreira de Almeida, ocasião em que também autorizou o compartilhamento das cópias integrais do processo em referência com
este órgão correicional, objetivando a adoção das medidas administrativas disciplinares. Entretanto, o magistrado ressalvou que as mídias digitais vinculadas
(áudio, vídeo e mensagens de textos) e os incidentes de medidas cautelares, por não possuírem interesse público, deveriam permanecer acessíveis somente
para as partes e poder judiciário, excepcionando-se, os áudios/vídeos estritamente correspondentes às transcrições anotadas na denúncia criminal; CONSI-
DERANDO que à fl. 295, consta cópia do Boletim de Ocorrência nº 134-1882/2016, de natureza não delituosa, lavrado na Delegacia do 34º Distrito Policial,
formalizando a apreensão do automóvel Renault/Logan, de placas HWP4037, da Carteia Nacional de Habilitação em nome de Anderson Rodrigues da Costa,
além de dois aparelhos celulares, cujo noticiante foi o policial militar Israel Alves de Sousa, o qual relatou, in verbis: “(…) Que trabalha no serviço reservado
da SSPDS; Que hoje, por volta das 19:30 H, f verificar uma teledenúncia sobre tráfico de drogas que estaria ocorrendo na AV. Duque de Caxias, S/N, Bairro
Otavio Bonfim, praticado por um indivíduo que usava um veículo Logan, cor preta, final da placa 4037, e que segundo informações o indivíduo nesse veículo
teria entregado drogas no endereço supracitado no dia de ontem e iria novamente fazer entrega de droga no dia de hoje; Que o noticiante,juntamente com o
SGT Santana e o SD R, Costa, fizeram campana e viram o veículo RENAULT/LOGAN, cor prata, Placa HWP 403 vidros baixos, ocupado por pelo menos
três indivíduos pasar em baixa velocidade, como se estivessem procurando alguém; Que resolveram abordar os indivíduos do veículo, primeiro identifican-
do-se como policiais, porém os indivíduos não obedeceram a ordem de parada, e o motorista do Logan tentou atropelar os policiais, jogando o carro para
cima dos mesmos, e um dos indivíduos efetuou disparos em direção aos policiais, em seguida, todos os indivíduos desembarcaram do veículo Logan, aban-
donando-o nas proximidades do morro do ouro, e conseguiram fugir pelos becos daquela comunidade; Que dentro do veículo Logan foram encontrados dois
aparelhos celulares, sendo um da marca LG cor preta e outro da marca Samsung cor branca, uma carteira porta-cedulas com a CNH de Anderson Rodrigues
da Costa, cartão da caixa em nome da mãe de Anderson e uma quantia em dinheiro trocado de R$ 624,00 (seiscentos e vinte e quatro reais); Que Anderson
era o motorista do veículo Logan, pois o reconheceram quando o mesmo saiu do veículo e empreendeu fuga; Que Anderson já tem passagem na polícia por
receptação e roubos de veículo; Que consultaram a placa do veículo Logan pela CIOPS e nada há contra o veículo”; CONSIDERANDO que à fl. 322, consta
cópia do ofício nº 1929/2019-MD, endereçado ao juízo da 2ª Vara de Delitos de Drogas da Comarca de Fortaleza-CE, onde a Comissão Processante requereu
o compartilhamento do Processo Cautelar nº 0036868-10.2015.8.06, no qual constam as comunicações telefônicas, interceptadas após devida autorização
judicial, que evidenciam suposto esquema criminoso envolvendo o processado DPC Romério Moreira de Almeida; CONSIDERANDO que em resposta ao
ofício 1929/2019-MD, o juízo da 2ª Vara de Delitos de Drogas da Comarca de Fortaleza autorizou o compartilhamento dos áudios e relatórios pertinentes
ao procedimento sob o nº 0036868-10.2015.8.06.0001; CONSIDERANDO que por meio do ofício nº 415/2019/NUINC, o Ministério Público encaminhou
a este órgão 02 (duas) mídias (fl. 396), contendo interceptação telefônica, haja vista que o compartilhamento dos conteúdos com esta CGD fora devidamente
autorizado judicialmente; CONSIDERANDO que na mídia à fl. 396, consta Relatório de Interceptações Telefônicas autorizadas judicialmente e devidamente
compartilhadas com este órgão correicional, onde constam gravações constantes na denúncia criminal proferida em desfavor do DPC Romério Moreira de
Almeida (fls. 18/54); CONSIDERANDO que no áudio nº 19802667.WAV, captado às 21h32min, do dia 26/01/2016 (mídia à fl. 396), a pessoa de Anderson
Rodrigues da Costa entrou em contato telefônico com o Advogado Hélio Nogueira Bernardino, informando que, ao realizar uma entrega de umas coisas,
algo deu errado e acabou abandonando seu veículo e se evadindo do local. O advogado questionou se o veículo está em nome de Anderson, ao que este
informa que está no nome de outra pessoa, mais que seu documento pessoal ficou no carro, contudo asseverou que nada foi encontrado no interior do auto-
móvel, pois conseguiu se desfazer das “coisas”. O advogado Hélio Nogueira solicita que Anderson se certifique se o veículo em comento está em frente ao
34º DP ou no 7º DP, pois caso estivesse no 34º ele resolveria; CONSIDERANDO que no áudio nº 19807082.WAV, captado às 08h23min, do dia 27/01/2016
(mídia à fl. 396), Anderson Rodrigues informa ao Advogado Hélio Nogueira que seu veículo se encontra no 34º DP, acrescentando que se trata de um Renaut/
Logan de cor preta. O advogado então avisa que só comparecerá à delegacia após eles conversarem pessoalmente. Anderson Rodrigues avisa que está no
centro da cidade e eles marcam de se encontrarem na Pracinha do Liceu; CONSIDERANDO que no áudio nº 19810551.WAV, captado às 10h27min, do dia
27/01/2016 (mídia à fl. 396), o advogado Hélio Nogueira entra em contato com Anderson Rodrigues e diz que precisa urgentemente falar com ele, informan-
do-o que o veículo está retornando de uma vistoria. O advogado então pergunta a Anderson se o veículo é todo “direitinho”, ocasião em que Anderson
responde que é todo direito e que o paga por mês. O advogado Hélio afirma que sabe que ele paga direito, mas quer saber se o veículo está em situação
regular. Anderson então responde que não tem nada de irregular com o veículo, nem mesmo homicídio. Hélio Nogueira questiona se o veículo é clonado e
Anderson responde que não. O advogado solicita que Anderson venha falar com ele e traga o “combinado”, asseverando que uma parte estava resolvida,
pois já conseguira reaver a habilitação, documento do carro e a carteira de Anderson. O advogado ressaltou que só não havia recebido o veículo pois este
ainda teria que ser submetido a perícia técnica. Ainda na conversa, o causídico assevera que caso o veículo apresente algum problema, não é possível a
liberação; CONSIDERANDO que no áudio nº 19811111.WAV, captado às 10h44min, do dia 27/01/2016 (mídia à fl. 396), o advogado Hélio Nogueira entra
em contato com Anderson Rodrigues e diz mais uma vez que se o veículo não for clonado ele libera, acrescentando que já está com a cópia da queixa (Boletim
de Ocorrência) nas mãos; CONSIDERANDO que no áudio nº 19816336.WAV, captado às 13h10min, do dia 27/01/2016 (mídia à fl. 396), Anderson Rodri-
gues, ao acertar os valores dos honorários, questiona se o Advogado Hélio Nogueira não tem nada para comprar via cartão de crédito, ao que o advogado
responde que precisa comprar e pagar muitas coisas, questionando o motivo da pergunta de Anderson. Anderson pergunta se nos locais em que Hélio está
devendo aceitam cartão de crédito. Ato contínuo, Anderson sugere que Hélio Nogueira encontre algo para comprar, pois está com cartão de crédito. Anderson
esclarece que não possui a quantia toda (honorários), mas apenas R$700,00 (setecentos reais), e o restante do valor seria pago com cartão de crédito. No
decorrer da conversa, Hélio Nogueira fala ao fundo com outra pessoa, questionando se esta tem alguma coisa para pagar, ao que uma mulher não identificada
pergunta qual o valor. Hélio Nogueira então responde que é R$ 3.000,00 (três mil reais), acrescentando que R$1.500,00 (mil e quinhentos reais) seria para
sua pessoa e R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) para a pessoa de Romério (provavelmente referindo-se ao processado DPC Romério Moreira de Almeida);
CONSIDERANDO que à fl. 07 (anexo IV), consta cópia do ofício 654/2016, datado de 27 de janeiro de 2016, subscrito pelo defendente, solicitando uma
equipe de “experts” da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas – DRFVC, com o escopo de vistoriar o veículo Renault/Logan, de placas
HWP-4037, o qual fora apreendido nos autos do Boletim de ocorrência nº 134-1882/2016; CONSIDERANDO que à fl. 08 (Anexo IV), consta cópia de um
laudo da DRFVC atestando que o mencionado veículo encontra-se em condições normais; CONSIDERANDO que às fls. 560/561, consta copia de Traslado
de Procuração Pública, registrada em 22/02/2016, exarada pelo senhor José Carlos Batista da Silva, outorgando poderes a Anderson Rodrigues da Costa,
com o fim especial de representá-lo junto a diversos órgãos públicos, com o fito de tratar de assuntos relacionados ao veículo Renault/Logan, de placas
HWP-4037; CONSIDERANDO que à fl. 562, consta cópia de procuração particular, datada de 15/01/2016, em nome de José Carlos Batista da Silva, outor-
gando a Anderson Rodrigues da Costa, amplos e ilimitados poderes para transigir em relação ao veículo Renault/Logan, de placas HWP-4037; CONSIDE-
RANDO que em depoimento acostado às fls. 312/315, a EPC Gislaine da Ponte Dutra Leite, servidora então lotada no expediente do 34ª Distrito Policial,
em síntese, asseverou que no dia imediatamente posterior ao registro do Boletim de Ocorrência lavrado no plantão do DPC Carlos Eduardo, o advogado
Hélio Nogueira esteve na delegacia do 34º Distrito Policial acompanhando um rapaz, cujo nome não soube declinar. A depoente confirmou que na ocasião
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recebeu determinação do processado DPC Romério Moreira de Almeida para que formalizasse a restituição do veículo apreendido no mencionado boletim
lavrado durante o plantão. A declarante relatou ter achado estranho o fato do mencionado Boletim de Ocorrência ter sido registrado como ocorrência de
natureza não delituosa, muito embora o conteúdo das informações tratasse de uma ocorrência envolvendo uma perseguição policial e troca de tiros, acres-
centando que não questionou nada em razão da determinação exarada pelo DPC Romério. A testemunha asseverou que no decorrer do procedimento de
restituição, percebeu que o termo se encontrava no nome do DPC Carlos Edurado, bem como também no nome da EPC Neurimar, motivo pelo qual antes
de proceder a entrega do veículo, dirigiu-se ao gabinete do DPC Romério e o informou de que havia a necessidade dele inserir sua senha no SIP3W, de modo
que a depoente realizasse a alteração dos dados no termo de restituição. Contudo, segundo a depoente, o processado não inseriu sua senha para que as alte-
rações fossem realizadas. A declarante confirmou que o depoimento do rapaz foi colhido na presença do advogado Hélio Nogueira e, após a conclusão da
oitiva, a depoente entregou ao DPC Romério o termo de restituição sem a alteração do nome do DPC Carlos Eduardo e da EPC Neurimar. A declarante
confirmou que mais de um ano após a lavratura do boletim de ocorrência, recebeu a determinação por parte do defendente para que instaurasse o inquérito
policial, com vistas a apurar os fatos narrados no boletim. Asseverou também que, diante da determinação para instauração do procedimento, resolveu elaborar
uma certidão visando corrigir as informações constantes no termo de restituição, já que constava os nomes de servidores que não participaram da restituição.
Sobre a restituição do veículo, a depoente disse que no momento da inquirição do rapaz, não verificou se o documento do automóvel estava no nome dele,
haja vista que o defendente não a informou se o rapaz era o legítimo proprietário do veículo. A depoente não soube informar se existem laços de amizade
entre o DPC Romério e o advogado Hélio Nogueira; CONSIDERANDO que em depoimento acostado à fl. 317, o DPC Carlos Eduardo Pires Rocha, delegado
plantonista do 34º Distrito Policial, em resumo, asseverou que em data não recordada, encontrava-se de serviço no plantão da delegacia do 34º Distrito
Policial, quando uma composição da PMCE apresentou ao declarante os objetos constantes no Auto de Apresentação e Apreensão do Boletim de Ocorrência
nº 134-1882/2016. Segundo o depoente, o policial que apresentou os objetos informou que visualizaram um veículo apreendido em circunstâncias suspeitas
e no momento da abordagem houve reação dos ocupantes do automóvel, os quais atiraram contra a composição policial. O depoente confirmou ter registrado
a ocorrência como “não delituosa”, em virtude de que, em tese, teria ocorrido mais de uma infração penal e, diante da dúvida sobre qual tipificação adotar,
resolveu registrar os fatos no campo do histórico do B.O. O depoente se justificou informando que no SIP3W, quando da confecção de B.O’s, não há a opção
“Crime a definir”; CONSIDERANDO que em depoimento acostado às fls. 323/324, a DPC Francisca Lindalva Lima da Silva, então delegada titular do 3º
Distrito Policial, em apertada síntese, afirmou que à época em que o Boletim de Ocorrência nº 134-1882/2016 foi transferido virtualmente para o 3º DP não
teve acesso ao documento. A delegada confirmou que os bens apreendidos no referido boletim não foram encaminhados ao 3º Distrito Policial, acrescentando
ter tomado conhecimento de que o EPC Tupinambá teria sido o responsável por ter transferido o mencionado boletim de volta ao 34º Distrito Policial. A
depoente esclareceu que o retorno do mencionado boletim deve ter ocorrido em razão dos fatos narrados terem ocorrido na área circunscricional do 34º DP.
A depoente esclareceu que o local da ocorrência registrada no boletim em apreço, à época dos fatos, era área limítrofe entre as delegacias do 3º e do 34º
Distrito Policial; CONSIDERANDO que em depoimento acostado às fls. 325/326, o EPC José Tupinambá Frota Alves, então lotado no 3º Distrito Policial,
em suma, disse não se recordar de ter efetuado a transferência do Boletim de Ocorrência nº 134-1882/2016 do 3º DP para o 34º DP, conforme consta em
auditoria do SIP3W. O depoente também esclareceu que não presenciou os objetos apreendidos no referido B.O. na sede do 3º Distrito Policial, acrescentando
que não se recorda se houve algum pedido específico para que o boletim fosse transferido de volta ao 34º DP. Sobre a acusação de corrupção passiva que
pesa sobre o processado DPC Romério Almeida, o declarante disse que apenas ouviu falar sobre os fatos no momento de sua oitiva junto ao MPCE; CONSI-
DERANDO que em depoimento acostado às fls. 452A/452D, o advogado Hélio Nogueira Bernardino, em síntese, quando reproduzido o áudio da conversa
entre o depoente e seu cliente de nome Anderson, constante na gravação nº 19802667.WAV (mídia à fl. 396), que segundo o MPCE, seria um indício de que
o declarante teria uma certa liberdade a mais com o então titular do 34º DP, o depoente esclareceu que a expressão “lá eu resolvo” se referia a resolver os
problemas com base na legalidade, dentro do amplo direito de Polícia Judiciária e que até hoje utiliza essa expressão, mas sempre verificando a legalidade
da documentação para que possa formalizar os pedidos de restituição de bens apreendidos, incluindo veículos. Após ser reproduzido o áudio nº 19810551.
WAV (mídia à fl. 396), onde o depoente informa ao seu cliente Anderson que teria já conseguido reaver documentos e celulares, os quais estavam aprendidos
na delegacia, o advogado respondeu que naquele momento não tinha recebido os bens na delegacia, mas que repassou essa informação para seu cliente como
uma “artimanha de advogado”, com vistas a demonstrar serviço ao cliente, pois só recebeu os documentos e os celulares apreendidos no dia 28/01/2016,
quando também recebeu o veículo Renault/Logan. O depoente informou que no dia 27/01/2016 esteve sozinho no 34º Distrito Policial, ocasião em que
constatou que o mencionado veículo realmente estava apreendido naquela unidade policial e que o boletim de ocorrência da apreensão era de natureza não
delituosa. O declarante asseverou que não tinha ciência de que Anderson havia trocado tiros com os policiais militares que atenderam a ocorrência, dizendo
acreditar que o processado DPC Romério Almeida também não tinha conhecimento desta situação. Diante da reprodução do áudio nº 19816336.WAV, onde
o declarante afirma que os valores que tinha a receber não seriam somente para si, pois R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) seria para o depoente e os outros
R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) seria para o servidor processado, o advogado confirmou que realmente afirmou a frase captada no áudio, mas ressalvou
que se tratou de uma “artimanha”, com o escopo de valorizar seus honorários advocatícios, pois o que de fato ocorreu foi que Anderson pagou contas do
depoente no comércio via cartão de crédito. O declarante negou ter oferecido a quantia de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) ao delegado defendente para
liberação do veículo então apreendido, haja vista que o automóvel estava em situação legal, sem nenhum ônus ou pendências. O depoente asseverou que a
voz que aparece ao fundo no áudio nº 19816336.WAV se deu entre o declarante e sua falecida esposa. Após a reprodução do áudio nº 19822778.WAV, no
qual há um pedido de Anderson no sentido de identificar e repassar o nome de um indivíduo que teria sido o responsável por chegarem até ele e causarem
um embaraço, o depoente relatou que, embora tenha aceitado a incumbência verbalmente, não fez absolutamente nada para identificar tal pessoa e que aceitou
o pedido apenas para “tirar de tempo essa conversa”, ressaltando que em nenhum momento procurou o servidor processado para que este identificasse o
suposto indivíduo. O advogado também não soube informar o motivo pelo qual o DPC Romério Almeida restituiu o referido veículo Renault/Logan ao
Anderson, mesmo sabendo que o veículo não estava registrado em seu nome, mas salientou que Anderson era o proprietário de fato do bem apreendido e
apenas ainda não tinha formalizado a transferência junto ao órgão de trânsito. A testemunha também não soube esclarecer o motivo pelo qual o defendente
instaurou o Inquérito Policial meses após a lavratura do mencionado Boletim de Ocorrência. Sobre a inconsistência constatada no termo de restituição do
veículo, que contém o nome do delegado plantonista Carlos Eduardo, o depoente asseverou que quando da devolução do bem não presenciou nenhuma
irregularidade, especificamente sobre a denúncia de que o DPC Romério, então responsável pela restituição, não quis assinar o termo, já que o servidor
processado apenas encaminhou o declarante até a sala da escrivã Gislaine, a qual se encontrava no cartório, e solicitou que a servidora formalizasse a entrega
dos objetos e tomasse as declarações de Anderson. Questionado sobre a suposta amizade que tinha com o defendente, o declarante negou ter amizade pessoal
com a referida autoridade policial, justificando como normal o fato de ter sido tratado como “Helinho” pelo processado, já que é tratado assim por todos,
tanto no âmbito da Polícia Civil, quanto no Poder Judiciário. O depoente também negou que, após tomar conhecimento da existência de investigação, tenha
alinhado discursos com o DPC Romério via terminais telefônicos de interpostas pessoas. O declarante aduziu que por ocasião da restituição do veículo não
foi apresentada nenhuma procuração outorgando poderes a Anderson. O depoente esclareceu que o defendente jamais exigiu ou solicitou qualquer quantia
para liberar os bens apreendidos no Boletim de Ocorrência nº 134-1882/2016, seja diretamente ou por meio de interposta pessoa; CONSIDERANDO que
em depoimento acostado às fls. 514/516, o suspeito Anderson Rodrigues da Costa, alvo de investigações do PMCE, em apetada síntese, esclareceu que em
data que não recorda, encontrava-se conduzindo o veículo Renault/Logan, objeto deste PAD, quando foi interceptado por um veículo VW/Voyage com quatro
homens no interior, cujo um deles desferiu dois disparos de arma de fogo em direção ao veículo conduzido pelo depoente, tiros que acertaram o capô do
automóvel Renault/Logan. Segundo o depoente, nenhum dos ocupantes do veículo Voyage identificou-se como policial, o que fez com que o declarante
empreendesse fuga em seu veículo. O depoente relatou que saiu em alta velocidade no automóvel, quando em determinado momento dois homens que estavam
em uma esquina deram ordem de parada para o declarante e efetuaram mais três disparos de arma de fogo, os quais atingiram os pneus do carro, motivo pelo
qual rodou na via, ocasião em que abandonou o veículo e evadiu-se do local. O declarante asseverou que por ocasião de sua fuga deixou no interior do veículo
vários documentos diversos, dois aparelhos celulares e a quantia de aproximadamente R$ 600,00 (seiscentos reais). Sobre o veículo apreendido, o depoente
esclareceu que era o proprietário do automóvel, pois o havia comprado de um homem nominado “Pedro”, amigo de sua família, mas ressalvou que não tinha
formalizado a transferência junto ao órgão de trânsito. O declarante relatou possuir uma procuração pública que transferia a propriedade do veículo para sua
pessoa. O depoente também relatou que no mesmo dia em que teve o veículo apreendido na ação policial, entrou em contato com o advogado Hélio Nogueira,
ocasião em que este se comprometeu a localizar o veículo e “resolver a situação”. Segundo o declarante, no dia seguinte entrou em contato novamente com
o advogado Hélio Nogueira, onde negociou o pagamento dos honorários advocatícios, tendo acordado um valor entre R$ 3.000,00 (três mil reais) e R$
3.500,00 (três mil e quinhentos reais), ocasião em que o depoente solicitou que o pagamento fosse realizado via cartão de crédito. A testemunha asseverou
que em nenhum momento o advogado solicitou dinheiro ou qualquer outro valor para pagamento ao delegado de polícia Romério Almeida, acrescentando
que o advogado não citou o nome do mencionado servidor ou mesmo insinuou que o processado receberia algum valor. O depoente também negou ter
recebido bens apreendidos no dia anterior ao seu comparecimento ao 34º Distrito Policial, esclarecendo que recebeu todos os seus pertences deixados no
interior do veículo Renault/Logan no dia em que esteve naquela unidade policial acompanhado de seu advogado Hélio Nogueira. O declarante confirmou
que quando esteve na delegacia para receber os bens apreendidos foi ouvido em termo de depoimento pelo DPC Romério Almeida, onde ao final recebeu os
bens pessoais apreendidos. De acordo com o depoente, o servidor processado o questionou sobre a propriedade do automóvel apreendido, momento em que
o declarante apresentou uma procuração. O depoente também asseverou que quando teve contato com o DPC Romério na delegacia do 34º Distrito Policial,
o servidor, em nenhum momento, solicitou ou insinuou o recebimento de valores para a devolução do veículo ou qualquer outro fim, ressaltando que o veículo
somente foi devolvido após passar por perícia com o intuito de averiguar se o veículo era clonado. Por fim, esclareceu que o pagamento dos honorários
advocatícios foi realizado integralmente via cartão de crédito da genitora do declarante; CONSIDERANDO que em depoimento realizado por meio de
videoconferência, cuja mídia encontra-se à fl. 02 do apenso I, o IPC Julierme Lima de Sena, então inspetor chefe da delegacia do 34º Distrito Policial, em
suma, esclareceu que o veículo objeto do presente PAD fora apreendido pelo DPC Carlos Eduardo durante seu plantão do final de semana, cuja formalização
se deu por meio de um boletim de ocorrência de natureza não delituosa, ocasião em que a mencionada autoridade policial realizou a transferência do proce-
dimento para a delegacia do 3º Distrito Policial. Contudo, quando a equipe do 3º DP chegou para buscar os procedimentos lavrados no plantão, verificou que
o procedimento em questão pertencia à área do 34º DP, ocasião em os policiais do 3º DP entraram em contato com o escrivão, salvo engano, Tupinambá, do
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3º distrito, o qual confirmou que o procedimento de apreensão do veículo pertencia ao 34º DP, tendo realizado a conversão do procedimento, retornando-o
para o 34º DP. O depoente esclareceu que o advogado compareceu ao 34º DP com o intuito de saber o motivo da apreensão e checar as informações do
procedimento, tendo solicitado ao defendente a cópia do boletim de ocorrência da apreensão, acrescentando que o causídico, após receber uma cópia do
procedimento, retornou mais uma vez delegacia e informou que apresentaria o proprietário do veículo para que fosse inquirido. O declarante asseverou que
comumente os veículos apreendidos passavam por uma perícia e que o veículo em questão também foi periciado pela DRFVC e também passou por uma
verificação realizada pelo próprio depoente, ocasião em que não encontrou nada de irregular. Aduziu que, embora não tenha presenciado a restituição do
veículo, presenciou a perícia realizada pela equipe da DRFVC, acrescentando que o defendente, após ouvir o proprietário do veículo e constatando que não
havia nenhuma irregularidade, liberou o automóvel. A testemunha ressaltou que o processado sempre foi muito criterioso e nunca houve problemas dessa
natureza. Esclareceu que o advogado Hélio Nogueira era conhecido no meio policial como “Helinho”, haja vista que o causídico já foi policial civil e, portanto,
tinha um bom trânsito nas delegacias; CONSIDERANDO que em depoimento realizado por meio de videoconferência, cuja mídia encontra-se à fl. 02 do
apenso I, a DPC Patrícia Lopes Aragão, então delegada adjunta do 34º DP, em resumo, confirmou ter tomado conhecimento dos fatos ora apurados por meio
da imprensa, bem como por comentários na própria delegacia, acrescentando que teve acesso ao boletim de ocorrência que formalizou a apreensão do veículo
Renault/Logan e que se tratava de um B.O. de natureza não delituosa. A depoente confirmou que o veículo em questão foi restituído, mas antes passou por
perícia técnica que constatou que o automóvel não possuía nenhuma irregularidade e que, nestas circunstâncias, qualquer delegado teria restituído o veículo.
A declarante esclareceu que após provocação do Ministério Público, o mencionado boletim de ocorrência foi convertido em inquérito policial. Aduziu que
em razão de uma impropriedade do SIP (sistema de Informações Policiais), a restituição do veículo foi realizada em nome de um delegado plantonista,
enfatizando que o SIP possui uma inconsistência, pois quando um boletim de ocorrência é registrado em nome de um delegado, qualquer movimentação que
seja realizada posteriormente no procedimento, ainda que com a senha de outra autoridade, permanecerá no nome de quem fez o primeiro registro. A depo-
ente confirmou que foi confeccionada uma certidão para atestar o erro. Sobre a denúncia de que o advogado teria oferecido a quantia de R$ 1.500,00 (mil e
quinhentos reais) ao defendente, a depoente asseverou que quase todos os dias se depara com a situação de pessoas incriminando delegados e frequentemente
os nomes dos delegados são manchados por advogados ou por policiais. Aduziu que nunca presenciou alguma atitude por parte do defendente que pudesse
inferir que ele praticasse as condutas constantes da portaria. A depoente confirmou que teve acesso ao laudo da perícia que constatou que o veículo Renault/
Logan apreendido não apresentava nenhuma irregularidade, asseverando que o veículo restituído não estava no nome da pessoa que o recebeu na delegacia,
mas justificou que em razão do grande número de veículos apreendidos, bem como pela falta de espaço para as apreensões, havia situações em que eventu-
almente os veículos apreendidos eram liberados para pessoas cujos nomes não constavam no CRLV, já que entende que, nos termos do código civil, a
propriedade dos bens móveis pertence a quem está na posse, pelo menos até que prove o contrário. Destacou que se a pessoa está na posse mansa e pacífica
do bem não há porque duvidar da propriedade. Asseverou que a certidão realizada pela escrivã, objetivando corrigir o nome da autoridade policial responsável
pela restituição do automóvel, foi determinada pelo servidor processado e que no dia da busca e apreensão realizada no 34º Distrito Policial não foi encontrado
nada de ilícito no local; CONSIDERANDO que em depoimento realizado por meio de videoconferência, cuja mídia encontra-se à fl. 02 do apenso I, o DPC
Raimundo de Sousa Andrade Júnior, então Delegado Geral da Polícia Civil do Ceará, em síntese, aduziu que no período de sua gestão como Delegado Geral
enfrentou duas grandes dificuldades: carros apreendidos e presos nos xadrezes. Destacou que a Delegacia do 34º DP era um exemplo de boa gestão desses
veículos apreendidos. O declarante esclareceu que o Advogado Hélio Nogueira, por ser ex-policial, se valeu dessa circunstância para valorizar seus honorá-
rios, já que tinha um bom trânsito nas Delegacias. A testemunha levantou questão que julgou ser relevante, a saber, o fato de que no dia da ocorrência, o
DPC Romério Almeida não foi informado pelo órgão de inteligência acerca dos fatos que deram origem à perseguição que resultou na apreensão do veículo
Renault/Logan. Segundo o delegado, o defendente não tinha total ciência das circunstâncias que envolviam o veículo e seu proprietário, destacando que cabia
ao órgão de inteligência compartilhar as informações da ocorrência, pelo menos com a direção da Polícia Civil, o que não ocorreu na espécie. Destacou que
nem mesmo a cúpula da PCCE tinha ciência de que havia uma operação policial que tinha como alvo o proprietário do mencionado veículo. Questionado
pela Comissão acerca da motivação que levou o Dr. Romério a restituir o veículo que estava em nome de outra pessoa, o depoente esclareceu que provavel-
mente deveria existir algum documento que vinculasse o bem a pessoa do recebedor (Anderson), aduzindo que o veículo pode ter sido restituído com o escopo
de não gerar aumento do volume de carros apreendidos no pátio da unidade policial, por se tratar ainda de uma ocorrência não delituosa. Por fim, ressaltou
o trabalho do defendente, reputando-o como um profissional digno de inspiração pelos demais delegados; CONSIDERANDO que em depoimento realizado
por meio de videoconferência, cuja mídia encontra-se à fl. 02 do apenso I, o Juiz de Direito Djalma Teixeira Benevides, então juiz da 8ª Unidade do Juizado
Especial da Comarca de Fortaleza, situada no Centro de Fortaleza, em suma, disse ter tomado conhecimento dos fatos ora apurados por meio da imprensa,
ressaltando que ficou surpreso com a notícia, vez que, enquanto Juiz da 8ª Unidade do Juizado Especial, recebia muitos TCOs confeccionados pelo 34º DP,
acrescentando que as respostas das diligências requisitadas à delegacia eram sempre cumpridas com muita presteza. Asseverou que sempre teve um conceito
muito bom do defendente, seja do ponto de vista pessoal, seja do profissional. O depoente destacou uma situação que seria muito comum entre os magistrados,
conhecida como “vender de fumaça”, que consistia em advogados exigirem valores de clientes com o pretexto de repassar aos juízes. Ao fim, reafirmou
desconhecer os fatos investigados, destacando que o conceito profissional do Dr. Romério no Estado do Ceará é o melhor possível; CONSIDERANDO que
em depoimento realizado por meio de videoconferência, cuja mídia encontra-se à fl. 02 do apenso I, o senhor José Carlos Batista da Silva, então proprietário
nominal/legal do veículo Renault/Logan, resumidamente, esclareceu que comprou o automóvel da marca modelo Renault/Logan, de cor preta, placas
HWP-4037, de forma financiada e, tempos depois, trocou esse carro com um rapaz de nome Pedro (taxista) recebendo uma motocicleta marca Honda, modelo
FAN 125. O depoente relatou que, nos termos do negócio de compra e venda, o comprador assumiria o compromisso de pagar as parcelas vincendas. O
declarante disse ter conhecimento de que Pedro vendera o veículo para o Senhor Anderson, e que este teria lhe procurado para passar uma procuração parti-
cular e, posteriormente, uma procuração pública, concedendo poderes a Anderson para que transferisse o veículo para o seu nome e resolvesse outras ques-
tões atinentes ao bem. A testemunha ressaltou não ter conhecimento da ocorrência policial que resultou na apreensão desse veículo, não sabendo informar
em que circunstâncias o automóvel foi apreendido e restituído na Delegacia; CONSIDERANDO que em auto de qualificação e interrogatório realizado por
meio de videoconferência, cuja mídia encontra-se à fl. 02 do apenso I, o processado DPC Romério Moreira de Almeida, a princípio, destacou que o Boletim
de Ocorrência nº 134-1882/2016, lavrado no plantão do 34º Distrito Policial, tinha a natureza não delituosa, destacando que o veículo apreendido no mencio-
nado boletim fora periciado pelos “experts” da DRFVC e examinado pela inspetoria da delegacia, não se verificando qualquer óbice à sua restituição no que
tange à qualquer irregularidade. O interrogado asseverou que na ocasião orientou o interessado a apresentar uma procuração a fim de permitir a regular
restituição do veículo, ressaltando que não conhecia a pessoa do recebedor (Anderson). O defendente asseverou que à época dos fatos havia uma elevada
carga de serviço na Delegacia do 34º Distrito Policial, já que se tratava de um polo plantonista e, além disso, era o responsável pela AIS 04, que compreendia
a área de 06 (seis) delegacias e dava cobertura a 49 (quarenta e nove) bairros desta cidade. Questionado sobre as supostas irregularidades apontadas pelo
Ministério Público envolvendo este caso, o defendente esclareceu que o advogado não recebeu os bens no dia seguinte à ocorrência, mas apenas cópia do
B.O., ressaltando que a entrega do veículo somente foi realizada após a apresentação da procuração e a colheita de sua oitiva. Sobre o fato do veículo ter sido
restituído para uma pessoa que não figurava como proprietário no CRLV, o interrogado esclareceu que Anderson esteve na Delegacia por duas vezes, sendo
que na primeira vez não lhe foi entregue os bens, haja vista que o veículo não havia sido periciado ainda e tampouco foi apresentada procuração. Destacou
mais uma vez que não havia nenhum óbice à entrega do veículo e tudo foi feito conforme os princípios da legalidade e da transparência, inexistindo assim,
qualquer irregularidade nesse caso em específico. O defendente asseverou que devido ao volume de serviço da unidade policial, não foi possível ler o histó-
rico da ocorrência, tendo baseado sua decisão apenas na natureza do fato (não delituoso), cuja avaliação fora feita pelo delegado plantonista. O defendente
também ressaltou que não foi informado pela COIN/SSPDS e nem por qualquer outro órgão acerca da investigação que resultou na apreensão do mencionado
veículo, destacando que nada do que foi realizado no procedimento em apreço teve como intuito atender a interesses de quem quer que fosse, já que tudo foi
feito dentro da transparência. No que diz respeito a restituição dos dois celulares, sem realização de perícia, o defendente asseverou que o delegado plantonista
silenciou quanto a isto, aduzindo que nada sabia sobre investigação contra o Anderson, baseando-se apenas na classificação dada ao boletim de ocorrência,
o qual foi registrado como “não delituoso”. Em relação à discussão que teve com a escrivã Gislaine sobre o termo de restituição ter sido confeccionado em
nome de outra autoridade policial, o interrogado esclareceu que após ser questionado pelo Ministério Público, conversou com a referida escrivã e com a
Delegada Patrícia, ocasião em que solicitou que os documentos fossem desarquivados. Informou que após constatar que a escrivã havia restituído os bens
utilizando o nome do Delegado Carlos Eduardo, determinou que a servidora certificasse o erro. Sobre a demora na instauração do inquérito policial (21 meses
após o fato), esclareceu que se tratava de um registro de fato não delituoso, conforme deliberado pelo Delegado plantonista, porém, ao se inteirar dos fatos,
deliberou de ofício pela instauração do inquérito policial, conforme estabelece o Manual de Polícia Judiciária. Sobre a acusação de que, ao ter conhecimento
da existência do PIC instaurado no Ministério Público, teria tentado “alinhar” o discurso com o Advogado Hélio, asseverou que foi tomado de surpresa por
essa investigação e quando foi ouvido no Ministério Público o Dr. Hélio já havia prestado o seu depoimento. O interrogado ressaltou que possui mais de 40
(quarenta) anos de serviço prestados à instituição policial e nunca recebeu nada irregular, nunca lhe foi oferecido e nem tem conhecimento de que qualquer
servidor do 34º tenha recebido qualquer vantagem indevida. Com relação à aquisição de outros terminais de telefone para “fugir” das investigações respondeu
que essa acusação não procede, ressaltando que usava os telefones fornecidos pela instituição (funcional). Questionado se recebeu a importância de R$
1.500,00 (mil e quinhentos reais), respondeu que em momento algum isso aconteceu, sequer insinuação aconteceu nesse sentido, mesmo porque, se isso
tivesse acontecido teria prendido em flagrante quem quer que seja; CONSIDERANDO que o Art. 9º do Manual de Procedimentos de Polícia Judiciária do
Estado do Ceará, instituído pela Portaria GS/DGPC nº 0617/2013, determina que caberá “à autoridade policial a verificação da procedência das informações
sobre infração penal nos casos de ação penal pública e, se constatada, determinar a instauração de inquérito policial para apurar o fato, conforme inteligência
do art.5º, §3º, do Código de Processo Penal”; CONSIDERANDO o Art. 5º, inciso I do Código de Processo Penal assevera, in verbis: “Nos crimes de ação
pública o inquérito policial será iniciado: I - de ofício”. Sobre o tema, Nestor Távora preconiza que, in verbis: “Havendo crime de ação penal pública incon-
dicionada, a autoridade policial deve atuar de ofício, instaurando o inquérito e apurando prontamente os fatos, haja vista que, na hipótese, sua atuação decorre
de imperativo legal (art. 5°, I, CPP) dispensando, pois, qualquer autorização para agir” (Távora, Nestor/ALENCAR, Rosmar Rodrigues – Curso de Direito
Processual Penal – Juspodvium, 12ª Ed., 2017, p. 150); CONSIDERANDO que o parágrafo único do Art. 166 do Manual de Procedimentos de Polícia
Judiciária do Estado do Ceará, instituído pela Portaria GS/DGPC nº 0617/2013, preconiza que “o automóvel aprendido poderá ser recolhido na própria sede
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da delegacia quando dispuser de condições para sua guarda, ficando, neste caso, sob a responsabilidade de seu titular, a quem compete dar conhecimento do
fato ao gerente do depósito mais próximo, para fins de registro e controle no sistema”; CONSIDERANDO que o Art. 168 do mencionado diploma normativo
preceitua que “Na devolução de bens apreendidos, a autoridade policial exigirá a apresentação de nota fiscal ou de outro documento idôneo que comprove
a propriedade. Na impossibilidade, poderá proceder a auto de reconhecimento de objeto ou coisa”. Sobre a restituição de coisas apreendidas, Renato Brasi-
leiro assevera, in verbis: “se a coisa apreendida não mais interessar ao processo, poderá ser restituída inclusive durante o curso das investigações, desde que
não haja dúvidas em relação ao direito do interessado. Nessa hipótese, o que se tem é um simples pedido, que pode ser formulado perante a autoridade
policial, durante as investigações, ou perante o juiz, no curso do processo penal. Não há necessidade de autuação em apartado (...) Em regra, a restituição
deve ser requerida pelo proprietário da coisa. No entanto, o possuidor que legitimamente a detinha também terá legitimidade para requerê-la, se contra isso
não se insurgir terceiro que se diga proprietário ou possuidor”. (LIMA, Renato Brasileiro de – Manual de Pocesso Penal / Volume Único – Juspodvium, 5ª
Ed. rev., atual. e ampl., 2017, p. 1146); CONSIDERANDO a análise de tudo que foi produzido no presente procedimento, verifica-se que o conjunto proba-
tório não foi suficientemente coeso para demonstrar que o processado DPC Romério Moreira Almeida tenha recebido ou aceitado promessa de qualquer
vantagem ilícita por parte do advogado Hélio Nogueira, com o fim de restituir os bens apreendidos no Boletim de Ocorrência nº 134-1882/2016, lavrado no
plantão da 34ª Delegacia Distrital. Nesse sentido, as gravações obtidas por meio de autorização judicial apontam para uma negociação de honorários envol-
vendo o advogado Hélio Nogueira Bernardino e o suspeito Anderson Rodrigues da Costa, com vistas a garantir a restituição de seus bens que haviam sido
apreendidos no curso de uma operação policial que tinha o suspeito como alvo, ocasião em que o advogado em questão, em conversa ao fundo com uma
mulher não identificada, afirma que parte dos valores acertados seria para o processado neste PAD. Entretanto, cumpre esclarecer que o servidor processado
em nenhum momento participou das tratativas, haja vista que todo o diálogo foi travado entre cliente e advogado. No áudio nº 19816336.WAV, captado às
13h10min, do dia 27/01/2016 (mídia à fl. 396), Anderson Rodrigues da Costa, ao acertar os valores dos honorários, questiona se o Advogado Hélio Nogueira
não tem nada para comprar via cartão de crédito, ao que o advogado responde que precisa comprar e pagar muitas coisas, questionando o motivo da pergunta
de Anderson. Anderson questiona se os locais em que Hélio Nogueira está devendo aceitam cartão de crédito. Ato contínuo, Anderson sugere que Hélio
Nogueira encontre algo para comprar, pois está com cartão de crédito. Anderson esclarece que não possui a quantia toda (honorários), mas apenas R$700,00
(Setecentos reais), e que o restante do valor seria pago com cartão de crédito. No decorrer da conversa, Hélio Nogueira fala ao fundo com outra pessoa,
questionando se esta tem alguma coisa pra pagar, ao que uma mulher não identificada pergunta qual o valor. Nesse momento, Hélio Nogueira responde que
é R$ 3.000,00 (três mil reais), acrescentando que R$1.500,00 (mil e quinhentos reais) seria para sua pessoa e R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) para a
pessoa de Romério (provavelmente referindo-se ao processado neste feito). Entretanto, em depoimento acostado às fls. 452A/452D, o advogado Hélio
Nogueira Bernardino, esclareceu que a frase captada no referido áudio se tratou de uma “artimanha”, com o escopo de valorizar seus honorários advocatícios,
pois o que de fato ocorreu foi que Anderson pagou contas do depoente no comércio, via cartão de crédito. O declarante negou ter oferecido a quantia de R$
1.500,00 (mil e quinhentos reais) ao delegado defendente para liberação do veículo então apreendido, haja vista que o automóvel estava em situação legal,
sem nenhum ônus ou pendências. Nesse diapasão, verifica-se que o veículo em questão, antes mesmo da restituição, foi submetido a perícia realizada por
policiais civis lotados na DRFVC, conforme se depreende do laudo à fl. 08 (Anexo IV), o qual atestou que o mencionado veículo encontra-se em condições
normais. Nesse sentido, a Delegada Patrícia Lopes Aragão confirmou que o veículo em questão foi restituído, mas antes passou por perícia técnica, onde foi
constatado que o automóvel não possuía nenhuma irregularidade e que, nestas circunstâncias, qualquer delegado teria restituído o veículo. De igual modo,
o IPC Julierme de Lima de Sena, então chefe de inspetoria do 34º Distrito Policial, confirmou que comumente os veículos apreendidos passavam por uma
perícia e que veículo em questão também foi periciado pela DRFVC e também passou por uma verificação realizada pelo próprio depoente, ocasião em que
não encontrou nada de irregular. Ainda em sede de depoimento, o Advogado Hélio Nogueira Bernardino negou ter amizade pessoal com o DPC Romério
Almeida, justificando como normal o fato de ter sido tratado como “Helinho” pelo processado, já que é tratado assim por todos, tando no âmbito da Polícia
Civil, quanto no Poder Judiciário, situação confirmada pelo IPC Julierme Lima de Sena, o qual asseverou que o advogado Hélio Nogueira era conhecido no
meio policial como “Helinho”, haja vista que o causídico já foi policial civil e, portanto, tinha um bom trânsito nas delegacias. Sobre a “artimanha” utilizada
pelo advogado Hélio Nogueira, o qual teria mencionado que parte dos valores cobrados do seu constituinte seria para o servidor processado, o então Juiz da
8ª Unidade do Juizado Especial da Comarca de Fortaleza Juiz de Direito Djalma Teixeira Benevides, destacou uma situação que seria muito comum entre
os magistrados, conhecida como “vender fumaça”, que consistia em advogados exigirem valores de clientes com o pretexto de repassar aos juízes. Tal prática
também foi destacada pelo DPC Raimundo de Sousa Andrade Junior, então Delegado Geral da Polícia Civil do Ceará, o qual esclareceu que no presente
caso, o Advogado Hélio Nogueira, por ser ex-policial, se valeu dessa circunstância para valorizar seus honorários, já que tinha um bom trânsito nas Delega-
cias, atribuindo ao defendente, uma conduta que este não praticou, incorrendo assim, em tese, no crime tráfico de influência, tipificado no Art. 332 do Código
Penal, que consiste em “Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado
por funcionário público no exercício da função”. Em consonância com as informações prestadas pelo advogado Hélio Nogueira, seu cliente, Anderson
Rodrigues da Costa relatou que quando entrou em contato com o advogado Hélio Nogueira, negociou o pagamento dos honorários advocatícios, tendo
acordado um valor entre R$ 3.000,00 (três mil reais) e R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), tendo o depoente solicitado que o pagamento fosse realizado
via cartão de crédito. O depoente também asseverou que quando teve contato com o DPC Romério no 34º Distrito Policial, este, em nenhum momento,
solicitou ou insinuou o recebimento de valores para a devolução do veículo ou qualquer outro fim, ressaltando que o veículo somente foi devolvido após
passar por perícia com o intuito de averiguar se o automóvel era clonado. Ademais, imperioso destacar que nos áudios 19810551.WAV e 19811111.WAV,
verifica-se que o advogado Hélio Nogueira, em conversas com Anderson, por mais de uma vez questionou se o veículo estava em situação regular, pois do
contrário não teria como recuperar o automóvel, denotando assim que a liberação do bem não estava condicionada ao suposto pagamento endereçada ao
delegado defendente. Questão relevante a ser esclarecida encontra-se no áudio nº áudio nº 19810551.WAV, onde o advogado Hélio Nogueira solicita que
Anderson venha falar com ele e traga o “combinado”, asseverando que a situação estava parcialmente resolvida, pois já conseguira reaver a habilitação,
documento do carro e a carteira de cliente. Na ocasião, o advogado ressaltou que só não havia recebido o veículo pois este ainda teria que ser submetido a
perícia técnica. Sobre o áudio acima transcrito, o advogado Hélio Nogueira Bernardino respondeu que naquele momento não tinha recebido os bens na
delegacia, mas que repassou essa informação para seu cliente como uma “artimanha de advogado”, com vistas a demonstrar serviço ao cliente, pois só recebeu
os documentos e os celulares apreendidos no dia 28/01/2016, juntamente com o veículo Renault/Logan. Nesse diapasão, Anderson Rodrigues da Costa
também negou ter recebido bens apreendidos no dia anterior ao seu comparecimento ao 34º Distrito Policial, esclarecendo que recebeu todos os seus pertences
deixados no interior do veículo Renault/Logan no dia em que esteve naquela unidade policial acompanhado de seu advogado Hélio Nogueira. O declarante
confirmou que quando esteve na delegacia para receber os bens apreendidos, foi ouvido em termo de depoimento pelo DPC Romério Almeida, onde ao final
recebeu os bens pessoais apreendidos. Por todo o exposto, é possível concluir que não há nos autos prova suficiente de que o DPC Romério Moreira de
Almeida tenha solicitado ou aceitado receber qualquer promessa de vantagem com o escopo de praticar determinado ato, assim, não há como responsabilizar
o defendente pelas transgressões previstas no Art. 103, alínea “c”, inciso III (procedimento irregular de natureza grave) e alínea “d”, inciso IV (exigir solicitar
ou receber vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem, diretamente ou por intermédio de outrem, para si ou para terceiro, em razão das funções,
ainda que fora desta). Entretanto, consoante o conjunto probatório produzido nos autos, verifica-se que o defendente incorreu em outras transgressões disci-
plinares passíveis de sanção diversa da demissória. Conforme se extrai dos depoimentos colhidos na instrução, bem como na documentação acostada aos
autos, verifica-se que o DPC Romério Almeida, quando da restituição do veículo Renault/Logan, apreendido nos autos do Boletim de Ocorrência nº
134/1882/2016, não foi diligente no sentido de verificar que o mencionado documento, muito embora tenha sido lavrado como sendo de natureza não deli-
tuosa, versava sobre infrações penais de ação pública incondicionada, o que obrigava a autoridade a averiguar a procedência das informações e instaurar o
competente inquérito policial, o que ocorreu 21 meses depois da lavratura do mencionado boletim de ocorrência. Analisando a narrativa contida no referido
boletim de ocorrência, verifica-se que o documento foi registrado no dia 26/01/2016, pelo policial militar Israel Alves de Sousa, então lotado no serviço
reservado da Polícia Militar, o qual relatou que na data em questão foram acionados para averiguar uma tele-denúncia de tráfico de drogas, que estaria
ocorrendo na Avenida Duque de Caxias, onde um suspeito estaria em um veículo Renault/Logan, de cor preta e que teria entregado drogas no endereço
supracitado na noite anterior. Segundo o noticiante, após visualizar o mencionado veículo transitando em baixa velocidade, ocupado com pelo menos três
indivíduos, deu ordem de parada aos suspeitos, entretanto eles não obedeceram ao comando da equipe policial, momento em que o motorista do veículo
Renault/Logan tentou atropelar os policiais, jogando o automóvel por cima dos militares. De acordo com o noticiante, um dos indivíduos efetuou disparos
de arma de fogo na direção da composição policial, momento em que os suspeitos desembarcaram do veículo Logan e o abandonaram nas proximidades da
comunidade conhecida por “Morro do Ouro”, tendo empreendido fuga pelas vielas daquela comunidade. O noticiante relatou que no interior do automóvel
foram encontrados dois aparelhos celulares, uma carteira de portar cédulas, uma Carteira Nacional de Habilitação – CNH em nome de Anderson Rodrigues
da Costa, um cartão da Caixa Econômica Federal e uma quantia em espécie. Conforme se depreende da situação narrada acima, verifica-se que os fatos
configuram vários crimes, entretanto a Autoridade Policial responsável pela lavratura do procedimento optou por registrar a ocorrência como não delituosa.
Questionado sobre por qual motivo não tipificou corretamente as condutas descritas no mencionado boletim, o Delegado Carlos Eduardo Pires Rocha
confirmou ter registrado a ocorrência como “não delituosa” em virtude de que, em tese, teria ocorrido mais de uma infração penal e diante da dúvida sobre
qual tipificação adotar, resolveu registrar os fatos no campo do histórico do B.O. O depoente se justificou informando que no SIP3W, quando da confecção
de B.O’s, não há a opção “Crime a definir”. Pelo que se observa dos depoimentos colhidos na presente instrução, bem como da documentação acostada,
verifica-se que, mesmo diante da gravidade das condutas descritas no presente boletim de ocorrência, o processado DPC Romério Moreira de Almeida não
adotou imediatamente as medidas necessárias para a instauração do competente inquérito policial. Nesse sentido, os depoimentos colhidos na instrução, em
especial, da EPC Gislaine da Ponte Dutra Leite, que confirmou que mais de um ano após a lavratura do boletim de ocorrência, recebeu a determinação por
parte do defendente para que realizasse no SIP3W a instauração do inquérito policial com vistas a apurar os fatos narrados no boletim. Outrossim, a DPC
Patrícia Lopes Aragão, esclareceu que a conversão do mencionado boletim de ocorrência em inquérito policial, ocorreu somente após provocação do Minis-
tério Público. Sobre a demora na instauração do inquérito policial (21 meses após o fato), o próprio defendente DPC Romério Moreira de Almeida esclareceu
que se tratava de um registro de fato não delituoso, conforme deliberado pelo Delegado plantonista, porém, ao se inteirar dos fatos, deliberou de ofício pela
instauração do inquérito policial conforme estabelece o Manual de Polícia Judiciária. Compulsando os autos do inquérito policial nº 134-622/2017 (fls. 01/42
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do anexo IX), instaurado para apurar os fatos narrados no boletim de ocorrência nº 134-1882/2016, verifica-se que o procedimento inquisitorial foi instaurado
no dia 20/10/2017, praticamente um ano e nove meses após os fatos, o que vai de encontro aos ditames previstos no Manual de Procedimentos de Polícia
Judiciária do Estado do Ceará, instituído pela Portaria GS/DGPC nº 0617/2013, bem como o disposto no Art. 5º, inciso I do Código de Processo Penal. Assim,
não obstante o boletim de ocorrência tenha sido registrado como de natureza “não delituosa”, constata-se que o defendente não foi diligente em averiguar o
conteúdo descrito no corpo do boletim de ocorrência, que descrevia, com riqueza de detalhes, infrações penais graves que o obrigavam a instaurar o inquérito
policial. Ademais, consoante as provas produzidas no presente procedimento, verifica-se que o defendente também foi desidioso quando da restituição do
veículo apreendido nos autos do mencionado boletim, haja vista que o mencionado veículo foi restituído para uma pessoa que não constava no C.R.L.V do
automóvel. Conforme se depreende da documentação acostada à fl. 13 do anexo IV, na data da restituição, o veículo Renault/Logan encontrava-se registrado
no nome de José Carlos Batista da Silva, o qual, em depoimento colhido por meio de videoconferência, esclareceu que comprou o automóvel da marca modelo
Renault/Logan, de cor preta, placas HWP-4037, de forma financiada e, tempos depois, trocou esse carro com um rapaz de nome Pedro (taxista), recebendo
uma motocicleta marca Honda, modelo FAN 125. O depoente relatou que posteriormente tomou conhecimento de que Pedro vendera o veículo para o Senhor
Anderson, acrescentando que este teria lhe procurado para passar uma procuração particular e, posteriormente, uma procuração pública, concedendo poderes
a Anderson para que transferisse o veículo para o seu nome e resolvesse outras questões pertinentes ao bem, conforme se verifica nas procurações acostadas
às fls. 560/562. Entretanto, em depoimento acostado às fls. 452A/452D, o advogado Hélio Nogueira Bernardino aduziu que por ocasião da restituição do
veículo, não foi apresentada nenhuma procuração outorgando poderes a Anderson, que indica que o processado restituiu o veículo a terceiros, sem a devida
comprovação da posse legítima. Por sua vez, a pessoa de Anderson Rodrigues da Costa, asseverou que o servidor processado o questionou sobre a proprie-
dade do automóvel apreendido, momento em que o declarante apresentou uma procuração. Contudo, analisando a Procuração Pública acostada às fls. 560/561,
verifica-se que o documento foi registrado em 22/02/2016, data posterior à restituição do veículo, que se deu em 28/01/2016, conforme Termo de Restituição
à fl. 14 do anexo IV. Ressalte-se que, muito embora a cópia da procuração particular (fl. 562) apresente a data de 15/01/2016, não há garantias de que o
documento tenha sido confeccionado naquela data, haja vista que o registro em cartório somente ocorreu em 22/02/2016. Desta feita, verifica-se que a atitude
do defendente foi de encontro ao disposto no Art. 168 do Manual de Procedimentos de Polícia Judiciária do Estado do Ceará, instituído pela Portaria GS/
DGPC nº 0617/2013, o qual preceitua que “Na devolução de bens apreendidos, a autoridade policial exigirá a apresentação de nota fiscal ou de outro docu-
mento idôneo que comprove a propriedade. Na impossibilidade, poderá proceder a auto de reconhecimento de objeto ou coisa”. Por todo o exposto, é possível
concluir que o processado DPC Romério Moreira de Almeida incorreu nas transgressões previstas no Art. 103, alínea “b”, incisos VII (não tomar as provi-
dências necessárias de sua alçada sobre falta ou irregularidade de que tenha conhecimento, ou, quando não for competente para reprimi-la, deixar de comu-
nicá-la imediatamente à autoridade que o seja) e VIII (protelar injustificadamente expediente que lhe seja encaminhado), da Lei Estadual nº 12.124/1993;
CONSIDERANDO que em consulta ao sistema E-SAJ, no sítio eletrônico do Tribunal de Justiça do Ceará, verifica-se que o processo criminal nº 0026251-
83.2018.8.06.0001, em que o servidor processado DPC Romério Moreira de Almeida figura como réu pelos mesmos fatos apurados neste PAD, encontra-se
ainda em fase de instrução e julgamento; CONSIDERANDO que todos os meios estruturais de se comprovar ou não o envolvimento transgressivo do
processado foram esgotados no transcorrer do presente feito administrativo; CONSIDERANDO que este Órgão Correicional, desde o dia 16 março do ano
de 2020, vem seguindo as diretrizes adotadas pelo Governo do Estado do Ceará e, assim, suspendeu as audiências e sessões de julgamento, além dos prazos
processuais, até o dia 14/08/2020, nos termos da Portaria nº 225/2020, publicada no DOE CE nº 137, de 30/06/2020, o que acarretou atrasos nas conclusões
e no regular seguimento dos atos processuais. Saliente-se que no dia 31 de julho de 2020, fora publicado no D.O.E CE nº 165, o Decreto nº 33.699, de
31/07/2020, onde o Excelentíssimo Senhor Governador do Estado do Ceará determinou a cessação, a partir da data da publicação do aludido Decreto, da
prorrogação do prazo de suspensão da prescrição estabelecida na Lei Complementar nº 216, de 23/04/2020, referentes as infrações disciplinares apuradas
em sindicâncias e processos também em tramitação nesta CGD. Nessa toada este signatário, através da Portaria nº 258/2020, publicada no D.O.E CE nº 169,
de 05/08/2020, determinou a alteração para o dia 31/07/2020, da data final da suspensão dos prazos processuais, audiências e sessões de julgamento deste
Órgão de Controle Disciplinar, anteriormente prevista no Art. 1º da Portaria nº 225/2020, publicada no D.O.E CE nº 137, de 30/03/2020, mencionada outrora.
Assim, conclui-se que os prazos prescricionais permaneceram suspensos por um período de 138 (cento e trinta e oito) dias; CONSIDERANDO que a ficha
funcional (fls. 248/288) demonstra que o DPC Romério Moreira de Almeida ingressou na Polícia Civil do Ceará no dia 14/01/1980, possui 19 (dezenove)
elogios e não apresenta registro ativo de punições disciplinares; CONSIDERANDO que às fls. 643/652, a Comissão Processante emitiu o Relatório Final nº
151/2021, no qual firmou o seguinte posicionamento, in verbis: “(…) Isto posto, em face do conjunto probatório carreado aos autos e das argumentações
expendidas na fundamentação, a 1ª Comissão Civil entende que o DPC Romério Moreira de Almeida, não incorreu na prática das transgressões disciplinares
previstas no Art. 103, alínea “c”, incisos III (procedimento irregular de natureza grave) e inciso XII, da Lei Nº 12.124/93 (cometer crime tipificado em lei,
quando praticado em detrimento de dever inerente ao cargo ou função, ou quando o crime for considerado de natureza grave, a critério da autoridade compe-
tente). Por outro lado, considerando que não obstante toda a repercussão da ocorrência, o inquérito policial não foi instaurado ao seu tempo e nem realizada
qualquer diligência preliminar com o fito de apurar os fatos noticiados, o colegiado entende que o DPC Romério Moreira de Almeida, M.F Nº 014.407-1-3,
à luz do que tudo o quanto se expendeu nos autos e, levando em conta os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, entendemos que a sanção de
SUSPENSÃO é suficiente, adequada, razoável e proporcional como medida de reprovação às condutas do servidor processado, conforme dispõe o art. 106,
inciso II da Lei 12.124/93 (...)”; CONSIDERANDO que por meio do despacho nº 14084/2021, acostado à fl. 697, o orientador da Célula de Sindicância Civil
– CESIC/CGD, ratificou o parecer da Comissão Processante, nos seguintes termos, in verbis: “(...) Vistos e analisados os autos, acolho o relatório às fls.
643/652, em razão do presente procedimento ter sido desenvolvido regularmente, onde foi observado o contraditório e a ampla defesa, bem como os aspectos
formais (…)”; CONSIDERANDO que por meio do despacho à fl. 698, a Coordenadoria de Disciplina Civil – CODIC/CGD, também ratificou o parecer da
Comissão Processante, nos seguintes termos, in verbis: “(...) Analisados os autos, verifica-se que o processo desenvolveu-se respeitando-se o contraditório
e a ampla defesa, além de terem sido cumpridas as formalidades legais (...)”; RESOLVE, diante do exposto: a) Homologar o Relatório Final nº 151/2021 e,
por consequência; b) Punir com 45 (quarenta e cinco) dias de Suspensão, o acusado DPC ROMÉRIO MOREIRA DE ALMEIDA – M.F. nº 014.407-1-3,
de acordo com o Art. 106, inc. II, pelo ato que constitui transgressões disciplinares previstas no Art. 103, alínea “b”, incisos VII (não tomar as providências
necessárias de sua alçada sobre falta ou irregularidade de que tenha conhecimento, ou, quando não for competente para reprimi-la, deixar de comunicá-la
imediatamente à autoridade que o seja) e VIII (protelar injustificadamente expediente que lhe seja encaminhado), da Lei nº 12.124/93, em face do conjunto
probatório carreado aos autos, convertendo-a em multa de 50% (cinquenta por cento) dos vencimentos correspondentes ao período da punição, sendo obrigado
o policial civil a permanecer em serviço, tendo em vista o interesse público e a essencialidade do serviço prestado, na forma do § 2º do Art. 106, do referido
diploma legal; c) Absolver o acusado DPC Romério Moreira de Almeida – M.F. nº 014.407-1-3, em relação às acusações tipificadas no Art. 103, alínea “c”,
inciso III (procedimento irregular de natureza grave) e alínea “d”, inciso IV (exigir solicitar ou receber vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem,
diretamente ou por intermédio de outrem, para si ou para terceiro, em razão das funções, ainda que fora desta), por insuficiência de provas, ressalvando a
possibilidade de reapreciação do feito, caso surjam novos fatos ou evidências posteriormente à conclusão deste procedimento, nos termos do art. 9º, inc. III,
Lei nº 13.441/2004; d) Nos termos do art. 30, caput da Lei Complementar 98, de 13/06/2011, caberá recurso, em face desta decisão no prazo de 10 (dez) dias
corridos, dirigido ao Conselho de Disciplina e Correição (CODISP/CGD), contados a partir do primeiro dia útil após a data da intimação pessoal do acusado
ou de seu defensor, segundo o que preconiza o Enunciado n° 01/2019-CGD, publicado no DOE n° 100 de 29/05/2019; e) Decorrido o prazo recursal ou
julgado o recurso, a decisão será encaminhada à Instituição a que pertença o servidor para o imediato cumprimento de eventual medida imposta; f) Da decisão
proferida pela CGD será expedida comunicação formal determinando o registro na ficha e/ou assentamentos funcionais do servidor. No caso de aplicação
de sanção disciplinar, a autoridade competente determinará o envio imediato a esta Controladoria Geral de Disciplina da documentação comprobatória do
cumprimento da medida imposta, em consonância com o disposto no Art. 34, §7º e §8º, Anexo I do Decreto Estadual nº. 33.447/2020, publicado no D.O.E
CE nº 021, de 30/01/2020, bem como no Provimento Recomendatório nº 04/2018 – CGD (publicado no D.O.E CE nº 013, de 18/01/2018). PUBLIQUE-SE.
REGISTRE-SE E CUMPRA-SE. CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA – CGD, em Fortaleza, 18 de janeiro de 2022.
Rodrigo Bona Carneiro
CONTROLADOR GERAL DE DISCIPLINA DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E SISTEMA PENITENCIÁRIO
NISTRATIVA para apuração em toda sua extensão no âmbito disciplinar; RESOLVE: I) INSTAURAR SINDICÂNCIA ADMINISTRATIVA e baixar
a presente portaria em desfavor do militar: ST PM FRANCISCO CÂNDIDO JACOME – MF: 091.213-1-5; II) Ficam cientificados o(s) acusado(s) e/
ou Defensor(es) que as decisões da CGD, serão publicadas no Diário Oficial do Estado, em conformidade com o artigo 4º, § 2º, do Decreto nº 30.716, de
21 de outubro de 2011, publicado no DOE de 24 de outubro de 2011, alterado pelo Decreto nº 30.824, de 03 de fevereiro de 2012, publicado no DOE de
07.02.2012. PUBLIQUE-SE e REGISTRE-SE. CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E SISTEMA
PENITENCIÁRIO, em Fortaleza, 17 de janeiro de 2022.
Elzinete Barbosa de Araújo
SINDICANTE
PORTARIA DE INSTAURAÇÃO Nº30/2022 - O SINDICANTE, DIONNIS DA SILVA DE SOUZA, CAPITÃO QOBM, DA CÉLULA DE SINDI-
CÂNCIA MILITAR – CESIM, por delegação do EXMº CONTROLADOR GERAL DE DISCIPLINA DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E
SISTEMA PENITENCIÁRIO, nos termos da Portaria nº351/2021 – CGD, publicada no D.O.E de 27 de julho de 2021; CONSIDERANDO os fatos narrados
no processo SISPROC Nº 2103625379 em que o 1º SGT PM RR VALDENOU PEREIRA DE LIMA, MF: 028.743-1-8 é acusado de haver negligenciado
na guarda de sua arma de fogo (pistola, calibre.40, marca taurus, nº de série SAM84961, com carregador e 11 (onze) munições), permitindo, ainda que de
forma tácita, que o policial civil Hausseman Nogueira de Almeida dela se apossasse e saísse para local ignorado, tendo este, posteriormente, informado ao
militar que teria perdido a citada pistola. Fato ocorrido no dia 27.06.2020, por volta das14h, quando os dois estavam bebendo em bares do Conjunto Nova
Metrópole. O fato foi registrado pelo policial militar na Delegacia Metropolitana de Caucaia/CE, dando origem ao Inquérito Policial nº 201-422/2020;
CONSIDERANDO ainda que o referido militar, encontrava-se, em tese, dirigindo veículo automotor, após, ingerir bebida alcoólica, de acordo com o seu
depoimento constado nos autos CONSIDERANDO que a conduta objeto de apuração não preenche, a priori, os pressupostos legais contida na Lei Estadual
nº 16.039, de 28 de junho de 2016, em seu art. 3º e incisos e art. 4º que dispõe sobre a criação do Núcleo de Soluções Consensuais; CONSIDERANDO que
tais atitudes, em tese, ferem os valores fundamentais determinantes da moral militar estadual insculpidos no art. 7º, incisos IV, V e XII, e violam os deveres
consubstanciados no Art. 8º, incisos II, VIII, XV, XVIII, caracterizando transgressões disciplinares, de acordo com o Art. 12, § 1º, incisos I e II, c/c o Art.
13, § 1º, LI, e § 2º, incisos XX e XXI todos do Código Disciplinar PM/BM (Lei nº 13.407/2003). RESOLVE: I) Instaurar Sindicância Administrativa
para apurar a conduta atribuída ao Policial Militar: 1º SGT PM RR VALDENOU PEREIRA DE LIMA – MF: 028.743-1-8 II) Ficam cientificados os
sindicados e/ou Defensor(es) de que as decisões da CGD, serão publicadas no Diário Oficial do Estado, em conformidade com o art. 4º, § 1º, do Decreto nº
30.716, de 21 de outubro de 2011, publicado no DOE de 24 de outubro de 2011, alterado pelo Decreto nº 30.824, de 03 de fevereiro de 2012, publicado no
DOE de 07.02.2012. PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE e CUMPRA-SE. CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA
PÚBLICA E SISTEMA PENITENCIÁRIO, em Fortaleza, 19 de janeiro de 2022.
Dionnis da Silva de Souza
CAP. QOBM SINDICANTE
RANDO que, de acordo ainda com o Inquérito policial, em epígrafe, Fabrício Hernuzzio da Silva Viana não apresentou o documento de registro da referida
arma aos policiais militares e teria dito que esta não lhe pertencia; CONSIDERANDO ainda que Fabrício Hernuzzio da Silva Viana teria informado aos
Policiais Militares que pretendia deixar a pistola com uma pessoa na Comunidade Verdes Mares, no entanto não declinou o nome dela; CONSIDERANDO
que Fabrício Hernuzzio da Silva Viana, na ocasião, não esclareceu a origem da referida arma, motivo pelo qual foi dada voz prisão a Fabrício Hernuzzio,
sendo este conduzido a presença da autoridade policial, ocasião em este foi autuado em flagrante; CONSIDERANDO que a conduta objeto de apuração não
preenche, a priori, os pressupostos legais para aplicação de mecanismos tais como ajustamento de conduta, mediação e suspensão do processo disciplinar,
previstos nos arts. 3º e 4º da Lei nº 16.039, de 28/06/2016, que dispõe sobre a criação do Núcleo de Soluções Consensuais, que estabelece que a solução
consensual no âmbito das atividades desenvolvidas por esta CGD poderá ser atendida quando inexistir: enriquecimento ilícito; efetiva lesividade ao erário,
ao serviço ou aos princípios que regem a Administração Pública; dolo ou má-fé na conduta do servidor infrator; crime tipificado em lei quando praticado em
detrimento do dever inerente ao cargo ou função, ou quando o crime for considerando de natureza grave, nos termos da legislação pertinente, notadamente,
os definidos como crimes hediondos e assemelhados; e conduta atentatória aos direitos humanos fundamentais e de natureza desonrosa, e que não tenha sido
condenado por outra infração disciplinar nos últimos 5 (cinco) anos;” CONSIDERANDO que a conduta do Policial Penal Fabrício Hernuzzio da Silva Viana
viola, em tese, o dever previsto no artigo 6º, inciso III, bem como incidiu, em tese, nas práticas dos incisos V e X, do artigo 10, todos da Lei Complementar
nº 258/2021; RESOLVE: I) Instaurar Processo Administrativo Disciplinar para apurar a conduta do Policial Penal FABRÍCIO HERNUZZIO DA
SILVA VIANA M.F. nº 472.485-1-5, em toda a sua extensão administrativa, ficando cientificados o acusado e/ou defensores que as decisões da CGD serão
publicadas no Diário Oficial do Estado, em conformidade com o art. 4.º, § 2.º, do anexo único do decreto n.º 30.716, de 21 de outubro de 2011, publicado
no D.O.E. de 24 de outubro de 2011, alterado pelo Decreto n.º 30.824, de 03 de fevereiro de 2012, publicado no D.O.E. de 07/02/2012; II) Designar a 1.ª
Comissão Civil Permanente de Processo Administrativo Disciplinar, formada pelos Delegados de Polícia Civil Bianca de Oliveira Araújo, M.F. n.º 133.807-
1-6 (Presidente), Renato Almeida Pedrosa, M.F. 126.888-1-4 (Membro) e pelo Escrivão de Polícia Antônio Marcos Dantas dos Santos, M.F. 198.256-1-2
(Secretário), para processamento do feito. PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE e CUMPRA-SE. GABINETE DO CONTROLADOR-GERAL DE DISCIPLINA,
em Fortaleza-CE, 20 de janeiro de 2022.
Rodrigo Bona Carneiro
CONTROLADOR GERAL DE DISCIPLINADOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E SISTEMA PENITENCIÁRIO
PODER LEGISLATIVO
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
será realizado por meio do sistema do Comprasnet, no endereço eletrônico www.comprasnet.gov.br, pela pregoeira Poliana Vanucia de Paula Albuquerque,
telefone (85) 3277.2832. Outras informações poderão ser obtidas por e-mail: licita@al.ce.gov.br. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO
CEARÁ, em Fortaleza, 25 de janeiro de 2022.
Poliana Vanucia de Paula Albuquerque
PREGOEIRA
Ana Maria Ferreira Sales e Souza
MEMBRO DA EQUIPE DE APOIO
Carlos Mauricio Lopes Aguiar
MEMBRO DA EQUIPE DE APOIO
Ingrid Tavares Barros
MEMBRO DA EQUIPE DE APOIO
Lorena de Souza Tavares
MEMBRO DA EQUIPE DE APOIO
Obs: A relação completa da classificação está disponível no site: www.licitacoes-e.com.br - Nº da licitação: 914075. Fortaleza, 25 de janeiro de 2022.
Antônio Wellington Ferreira
PREGOEIRO, EM SUBSTITUIÇÃO
114 DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO | SÉRIE 3 | ANO XIV Nº019 | FORTALEZA, 26 DE JANEIRO DE 2022
OUTROS
ESTADO DO CEARÁ - PREFEITURA MUNICIPAL DE BATURITÉ - EXTRATO DE REGISTRO DE PREÇOS ESPECIE: Ata de Registro de
Preços n° 2408.01/2021/SRP - PE, firmado entre a Prefeitura Municipal de Baturité, através da SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO, FINANÇAS E
PLANEJAMENTO, juntamente com as empresas: C M DIAS DE SOUSA EIRELI, inscrita no CNPJ nº 30.894.103/0001-03, com o VALOR TOTAL
REGISTRADO NO LOTE I: R$ 576.382,46 (quinhentos e setenta e seis mil trezentos e oitenta e dois reais e quarenta e seis centavos); KILIMPA
COMÉRCIA E INDÚSTRIA DE PRODUTOS DE LIMPEZA LTDA ME, inscrita no CNPJ nº 13.150.780/0001-06, com o VALORES TOTAIS
REGISTRADOS NOS LOTE II: R$ 69.999,34 (sessenta e nove mil novecentos e noventa e nove reais e trinta e quatro centavos); LOTE III: R$
135.739,22 (cento e trinta e cinco mil setecentos e trinta e nove reais e vinte e dois centavos); LOTE IV: R$ 480.792,36 (quatrocentos e oitenta
mil setecentos e noventa e dois reais e trinta e seis centavos); LOTE V: R$ 123.322,60 (cento e vinte e três mil trezentos e vinte e dois reais e
sessenta centavos) e LOTE VII: R$ 299.997,92 (duzentos e noventa e nove mil novecentos e noventa e sete reais e noventa e dois centavos); T
SOARES RODRIGUES COMERCIO VAREJISTA, inscrita no CNPJ nº 30.946.397/0001-03, com o VALOR TOTAL REGISTRADO NO LOTE
VI: R$ 283.978,12 (duzentos e oitenta e três mil novecentos e setenta e oito reais e doze centavos). MODALIDADE: PREGÃO ELETRÔNICO Nº
2408.01/2021/SRP - PE: OBJETO: SELEÇÃO DE MELHOR PROPOSTA PARA REGISTRO DE PREÇOS VISANDO FUTURA E EVENTUAL
AQUISIÇÃO DE MATERIAL DE LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO, PARA ATENDER AS DEMANDAS DAS DIVERSAS SECRETARIAS DO
MUNICÍPIO DE BATURITÉ/CE. FUNDAMENTO LEGAL: Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002, Decretos nº 3.555, de 08/08/2000 e 7.892, de
23/01/2013 alterado pelo Decreto 9.488, de 30/08/2018 e a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e suas alterações. DATA DE ASSINATURA: 19/10/2021.
VIGÊNCIA: de 19/10/2021 à 19/10/2022. SIGNATÁRIO: Hébert Fernandes Félix - ORDENADOR DE DESPESAS DA UNIDADE GESTORA DA
SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO, FINANÇAS E PLANEJAMENTO - Gerenciador do Registro de Preços e pelas empresas: C M DIAS DE SOUSA
EIRELI, o Sr. Cícero Marcio Dias de Sousa (Sócio Administrador); KILIMPA COMÉRCIA E INDÚSTRIA DE PRODUTOS DE LIMPEZA LTDA
ME, o Sr. José Juarez Soares Filho (Sócio Administrador) e T SOARES RODRIGUES COMERCIO VAREJISTA, o Sr. Thiago Soares Rodrigues (Sócio
Administrador).
Estado do Ceará - Prefeitura Municipal de Morada Nova – Aviso de Julgamento Final da Fase de Habilitação e Abertura das Propostas Comerciais
das Empresas Habilitadas - Modalidade: Tomada de Preços Nº TP-009/2021-SEINFRA. Objeto: contratação de obras e serviços de engenharia para
a revitalização do canal da Rua Raimundo Ferreira Cosme, localizada no Bairro Padre Assis Monteiro, de responsabilidade da Secretaria de Infraestrutura,
conforme caderno de encargos, planilhas de orçamento, cronograma físico financeiro, memorial de cálculo, composição de B.D.I, composição de preços
unitários, composição de encargos sociais, memorial descritivo, especificações técnicas, relatório fotográfico, projetos (peças gráficas) e Anotação de
Responsabilidade Técnica - ART, em anexo. A Comissão de Licitação comunica aos interessados que negou provimento aos recursos interpelados pelas
empresas: MV2 Serviços de Engenharia LTDA - CNPJ Nº 38.284.700/0001-28; Arcos Construtora & Incorporadora LTDA – CNPJ Nº 15.345.816/0001-70
E Real Serviços EIRELI - CNPJ Nº 37.452.665/0001-46, e, que, a abertura das propostas das empresas habilitadas dar-se-à no dia 1º de fevereiro de 2022
às 08:00 horas. A decisão final do julgamento encontra-se no site: www.tce.ce.gov.br. À Comissão.
ESTADO DO CEARÁ – PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA RUSSAS – AVISO DE LICITAÇÃO – TOMADA DE PREÇOS Nº SMA-
TP001/2022 – O Município de Nova Russas-CE torna público que no próximo dia 14 de Fevereiro de 2022, às 09h, estará abrindo Licitação na Modalidade
Tomada de Preços Nº SMA-TP001/2022, cujo Objeto versa sobre Contratação de empresa especializada na prestação de serviços de assessoria
ambiental, organização da equipe, acompanhamento de reuniões do Conselho de Meio Ambiente - COMDEMA, atualização e ampliação da
Legislação Ambiental, implementação do Comitê Gestor de Resíduos Sólidos, Elaboração de Planos de Educação Ambiental, Coleta Seletiva e
Arborização Urbana. O Edital completo poderá ser adquirido no Setor de Licitações, nos dias úteis após esta publicação, no horário de atendimento ao
público das 08h às 14h e ainda nos seguintes Sítios Eletrônicos: https://www.novarussas.ce.gov.br/licitacao.php e https://licitacoes.tce.ce.gov.br/. Nova
Russas-CE, 25 de Janeiro de 2022. Ívina Guedes Bernardo de Aragão Martins – Presidente da CPL.
Estado do Ceará - Prefeitura Municipal de Cruz - Secretaria de Administração e Finanças - Aviso de Pregão Eletrônico N° 02/2022-SEGAF. A
Pregoeira da Prefeitura Municipal de Cruz comunica aos interessados que estará recebendo do dia 27 de Janeiro a 08 de Fevereiro de 2022 até às 08h00min,
pelo sistema BBMNET – www.bbmnetlicitacoes.com.br, proposta de preços e documentação de habilitação para o Pregão Eletrônico nº 01/2022 – SEGAF –
aquisição de material de higiene, limpeza e utensílios destinados a atender as necessidades das Secretarias durante o exercício de 2022. A Abertura e exame
das propostas e o início da disputa por lances ocorrerá às 08h30min do dia 08 de Fevereiro de 2022. O edital poderá ser obtido junto a pregoeira, na sede da
Comissão de Licitação, à Praça dos Três Poderes s/nº - Bairro Aningas e nos sites: www.cruz.ce.gov.br, www.bbmnetlicitacoes.com.br e www.tce.ce.gov.br.
Cruz-CE, 25 de Janeiro de 2022. Erochania Acacio Pinho Lopes – Pregoeira.
Estado do Ceará - Prefeitura Municipal de Brejo Santo – Secretaria da Educação Básica - Aviso de Chamada Pública. Processo: Chamada Pública
nº. CHP-01.25.1/2022-SEDUC. A Secretaria da Educação Básica deste Município, torna público o Edital de Chamada Pública da Agricultura Familiar, para
credenciamento de grupos formais de agricultores familiares e empreendedores familiares rurais ou suas organizações ou grupos informais de agricultores
familiares ou fornecedores individuais da agricultora familiar interessadas em fornecer gêneros alimentícios destinados ao atendimento da clientela
beneficiária do Programa Nacional de Alimentação Escolar, com fundamento no caput. do art. 24 da Lei Federal nº. 8.666/1993; no art. 14 da Lei Federal nº.
11.947/2009; na Resolução/CD/FNDE nº. 26/2013, alterada pela Resolução/CD/FNDE nº. 004/2015 e demais normas que regem a matéria. O período para
entrega dos envelopes inicia em 26/01/2022 até 15/02/2022, das 08h:00m às 12h:00m, na sede da Secretaria, localizada na Rua Neco Jacinto, nº. 55, São
Francisco, Brejo Santo, Ceará. A abertura dos envelopes e o resultado da Chamada Pública serão proferidos em sessão pública realizada no dia 16/02/2022
a partir das 08h:00m. Maiores informações ou aquisição do edital no endereço acima e/ou através do fone (88) 3531-1042, das 08h:00m às 12h:00m ou
ainda pelo endereço eletrônico: www.tce.ce.gov.br. Francisco Jucélio dos Santos – Secretário da Educação Básica do Município de Brejo Santo-Ce.
ESTADO DO CEARÁ - PREFEITURA MUNICIPAL DE BATURITÉ - AVISO DE LICITAÇÃO - CONCORRÊNCIA Nº 1901.02/2022 -A Comissão
Permanente de Licitação da Prefeitura do Município de Baturité/CE - torna público, para conhecimento dos interessados, que no próximo dia 15 de março de
2022 às 9h, na Sede da Prefeitura localizada à Travessa 14 de Abril, S/N, Centro, Baturité/CE, estará realizando licitação, na modalidade CONCORRÊNCIA,
critério de julgamento técnica e preço, tombado sob o nº 1901.02/2022, com o seguinte objeto: CONTRATAÇÃO DE EMPRESA ESPECIALIZADA
PARA A EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS DE MELHORIA DA REDE DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE BATURITE/CE, DE
ACORDO COM OS MAPP’S 463 E 468 DOS PROGRAMAS DA REQUALIFICAÇÃO URBANA E MATRIZ ENERGÉTICA DO ESTADO DO
CEARÁ, CONFORME PROJETO E ORÇAMENTO EM ANEXO, o qual se encontra na íntegra na Sede da Comissão Permanente de Licitação, no
horário de 8h às 12h e no site do Tribunal de Contas do Estado https://licitacoes.tce.ce.gov.br/. Nylmara Gleice Moreira de Oliveira – Presidente da
Comissão Permanente de Licitação.
Prefeitura Municipal de Senador Pompeu. O Presidente da Comissão de Licitação torna público que no próximo dia 11/02/2022 às 09h, estará abrindo
licitação de Tomada de Preços Nº SE-TP002/2022, cujo objeto: Contratação de empresa especializada para construção do espaço educativo rural com 06
salas de aula, localizada no Distrito de São Joaquim no município, através da Secretaria de Educação, Cultura e Desporto, deste município, conforme Projeto
Básico, parte integrante deste processo. O edital poderá ser adquirido na sala de licitações, nos dias úteis após esta publicação, no horário de atendimento
ao público das 08h às 12h ou pelos sites TCE-CE: https://licitacoes.tce.ce.gov.br/, e site do município: https://www.senadorpompeu.ce.gov.br/. José Higo
dos Reis Rocha.
Estado do Ceará - Prefeitura Municipal de Mulungu - Leilão Público Online Nº 01/2022. A Prefeitura Municipal de Mulungu, torna público para
conhecimento dos interessados, que fará realizar LEILÃO PÚBLICO ONLINE, para a venda de bens inservíveis e antieconômicos, pertencentes a seu
patrimônio, a partir das 11:00 horas do dia 11 de fevereiro de 2022, no site www.gracamedeirosleiloes.com.br, através da Leiloeira Pública Oficial, Sra.
FRANCISCA GRAÇAS DE OLIVEIRA MEDEIROS, com escritório na Rua Nunes Valente nº 2.115, C/45, Dionísio Torres, em Fortaleza/CE. TEL. (85)
3246.2207 Editais explicativos e demais informações poderão ser obtidos via e-mail gracaleilao@gmail.com ou WhatsApp: (85) 9.9969-2311. Prefeitura
Municipal de Mulungu - CE, 25 de janeiro de 2022. Robert Viana Leitão - Prefeito Municipal.
Estado do Ceará - Prefeitura Municipal de Jucás - Extrato do Termo Aditivo. A Secretaria Municipal de Educação do Município de Jucás, torna público
o Extrato do Segundo Aditivo ao Contrato decorrente do processo licitatório na modalidade Pregão Eletrônico Nº 033/2021-SME, cujo objeto é a contratação
da prestação dos serviços de locação de veículos destinados ao transporte escolar universitário, conforme termo de referência, de responsabilidade da
Secretaria Municipal de Educação. Contratante: Secretaria Municipal de Educação. Contratada: Diego Pereira de Araújo – ME. Prazo de Duração: 12 (doze)
meses, a partir da data de assinatura do presente aditivo. Assina pela Contratada: Diego Pereira de Araújo. Assina pela Contratante: José Marques Aurélio de
Souza. Jucás - CE, 28 de Dezembro de 2021. José Willian Pereira da Silva - Presidente da Comissão de Licitação.