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MARIA EMMIR O. NOGUEIRA
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A MULHER QUE MUITO AMOU
cia?!? Ai, meu Deus! Ele sabia! Ele perdoava!!! Meus muitos pe-
cados... Ele os conhecia!!! E, em vez de afastar-se, Ele perdoa-
va! Ele perdoava! Ele me perdoava, a mim… a mim… pecadora!
Perdoada!
Ah, a dor de ser perdoada assim, sem mais nem menos, sem
nem mesmo pedir perdão! Sem mesmo ir ao Templo e cumprir
as prescrições da Lei! Quando tinha sido, mesmo, que eu tinha
muito amado? O alabastro! O perfume! O frasco de perfume
guardado para quando eu tomasse jeito! Teria sido isso? Teria
sido isso o meu amar? Mas, não, não! Ele me olhara primeiro!
Aquele olhar me fizera pegar o frasco! Meu Deus! Ele, que me
fizera pegar o perfume, dizia que eu muito havia amado? Então,
um frasco de perfume é amor? Então, um pouco de bálsamo
perfumado é arrependimento? Ou seria o contrário? O perdão
dos meus muitos pecados em troca de um vidro de alabastro
de óleo perfumado?!? Ou em troca de nada?3
Talvez, as lágrimas! Sim! Podia ver suas marcas claras em seus
pés sujos da poeira. Eram tantas que iam lavando tudo. A poeira
em seus pés, a lama em meu coração. Seriam as lágrimas o amor?
Não! Não era isso! Ele queria me guardar! Queria me elevar!
Ele conseguia ver o que eu não via, o que ninguém via! Ele se via
em mim e dizia que era eu quem muito amava! Ele tomava o
meu lugar! Ele tomava o meu lugar! Meu Deus, ele era louco!
Não entendia mais nada. Era dor demais, era amor demais,
eu não tinha forças, não conseguia pensar, não conseguia falar!
Quis morrer, quis rolar pelo chão do pátio, e berrei, e chorei, feri-
da pela deliciosa dor do amor. Não sei o que pensaram de mim e
não me interessava mais. Sei que me agarrei a ele. Aos seus pés,
aos seus olhos, às suas mãos que me seguravam o rosto, ao seu
amor, a ele todo.
3 “O líquido que a mulher carregava no vaso de alabastro era o nardo puro (Marcos 14,3). O nardo
era um perfume raro feito de raízes de uma planta nativa do Himalaia. Nos tempos bíblicos, ele era
importado justamente em frascos selados de alabastro. Esses pequenos vasos de alabastros eram
abertos apenas em ocasiões muito especiais.” CONEGERO, D. O Que é o Vaso de Alabastro? Dis-
ponível em: <https://estiloadoracao.com/o-que-e-vaso-de-alabastro> Acesso em 2 de jun. 2020.
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MARIA EMMIR O. NOGUEIRA
4 Cf. Ct 1,15-17.
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