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CURSO DE PREPARAÇÃO DE MOTORES – INJECTION SCHOOL – EDUARDO DEITOS

Motores de Combustão Interna

Tal como o nome indica, os motores de combustão interna funcionam devido à combustão no
seu interior de modo a transformar a energia resultante dessa reação em movimento,
processo que se repete ciclicamente. Este ciclo termodinâmico é denominado por Ciclo de
Otto, nos motores a gasolina, etanol, metanol, gás, biogás, ou seja, todo e qualquer
combustível não oleoso e consiste na idealização do funcionamento de motores de
combustão interna por ignição através de uma faísca. Já nos motores a gasóleo o ciclo é
denominado por Ciclo de Diesel, onde a diferença reside nas maiores taxas de compressão e
no fato de o combustível se incendiar devido às altas temperaturas e pressões dentro do
cilindro.

Para melhor compreender o funcionamento destes motores vamos começar por enumerar os
componentes que os constituem.

· Pistão – é uma peça cilíndrica, normalmente fabricado em ligas de alumínio, que se


movimenta longitudinalmente quando temos combustão dentro do cilindro do bloco. O
cálculo da cilindrada de um motor é feito pelo produto entre o diâmetro do pistão e a
distância percorrida no cilindro.

· Biela – peça que assegura a ligação do pistão ao virabrequim de modo a transformar o


movimento longitudinal alternado do pistão num movimento rotacional constante no
virabrequim.

· Virabrequim – componente para onde é transferida a força da combustão, a qual é


transformada em energia rotacional. Fora do bloco do motor encontra-se o volante do motor,
o qual está ligado ao virabrequim, que permite reduzir as vibrações do mesmo e transmitir a
energia à caixa de velocidades que posteriormente a transfere para as rodas, causando o
movimento do veículo.

· Bloco do motor – é normalmente uma peça fundida de ferro ou alumínio que aloja os
cilindros onde circulam os pistões. Deve ser altamente resistente ao calor e às elevadas
pressões provocadas pela queima do combustível.

· Cilindro – zona onde se dá a combustão e posteriormente a movimentação do pistão. É


importante manter o bloco do motor refrigerado para evitar que os pistões derretam e colem
às superfícies do cilindro, provocando assim danos graves no motor.

· Válvulas – temos válvulas de entrada e de saida: válvulas de admissão, que controlam a


entrada de mistura combustível/ar no cilindro; válvulas de escape, asseguram a saída dos
gases provenientes da combustão para o exterior do cilindro.

· Comando de Valvulas – controla a abertura das válvulas de admissão e escape através da


rotação de um conjunto de peças ovais chamados cames ou excêntricos, já que o fecho das
mesmas é assegurado pelas molas de válvulas.

· Velas de ignição – componente que assegura a faísca necessária à ignição nos motores
ciclo otto. Nos motores a diesel são denominadas velas de incandescência, uma vez que não
produzem faísca, mas sim o aquecimento do ar altamente comprimido queimando assim o
gasóleo.

Agora que conhecemos os componentes mais importantes para o funcionamento do motor,


podemos passar então para a forma como funciona um motor e quais os processos envolvidos.

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OS 4 TEMPOS DO MOTOR -4T

1. Admissão – nesta parte do processo o pistão encontra-se inicialmente no Ponto Morto


Superior (PMS). É então que se abre a válvula de admissão, mantendo a de escape fechada,
para que haja a admissão da mistura de combustível e ar para o interior do cilindro ao mesmo
tempo que o pistão é puxado para baixo para o Ponto Morto Inferior (PMI) devido ao
movimento do virabrequim;

2. Compressão – na sequência da admissão, ambas as válvulas estão agora fechadas e o


cilindro está cheio com a mistura de combustível e ar, sendo agora o pistão impulsionado até
ao PMS pela cambota de modo a que a mistura fique comprimida no topo do cilindro;

3. Explosão – quando o pistão atinge finalmente o PMS, é libertada uma faísca pela vela de
ignição, o que vai provocar uma explosão na mistura. Isto faz com que a pressão na cabeça do
pistão aumente e este seja empurrado de novo para o PMI;

4. Escape – após chegar ao PMI o cilindro encontra-se cheio de gases resultantes da


explosão da mistura, pelo que é necessário que sejam extraídos, para tal a válvula de escape é
então aberta e, devido ao impulsionamento do pistão para o PMS, os gases são forçados a sair
do cilindro. A válvula de escape é então fechada quando o pistão chega novamente ao PMS e o
ciclo é repetido.

Construção de um motor de combustão interna.

Existe ainda outro tipo de motor de combustão interna que é utilizado nos automóveis
de produção, o qual é denominado por motor do tipo Wankel ou motor rotativo, o qual foi
desenhado por um engenheiro Alemão chamado Felix Wankel em 1929, tendo o seu primeiro
protótipo operacional sido concluído em 1957.

Este tipo de motor difere dos anteriormente apresentados na medida em que tem um
desenho rotativo para converter a rotação em movimento linear. Em vez de pistões, os
motores Wankel fazem uso de uma única peça com forma triangular, que é denominado rotor.
O rotor movimenta-se dentro de um bloco com forma quase oval, de forma a retirar a energia
da queima do combustível que ocorre dentro de câmaras no bloco. Assim, era possível obter
um desempenho suave a altas rotações, compactando o tamanho do motor. Atualmente,
apenas a Mazda faz uso deste tipo de motores num dos seus veículos.

Nos motores rotativos, o ciclo de Otto ocorre nos espaços entre o rotor e o interior do
bloco à medida que este vai rodando. Por cada rotação que o rotor cumpre, os 4 estados do
ciclo de Otto são percorridos. Para que o movimento do rotor seja transmitido à caixa de
velocidades, existe no centro do rotor um eixo de transmissão, chamado o eixo excêntrico, o
qual é suportado no bloco pelos mancais. Ao mesmo tempo que o rotor se move, um conjunto
de engrenagens de sincronização que obrigam o rotor a descrever um movimento de rotações
orbitais à volta do eixo. Este conjunto de engrenagens assegura-se que o rotor percorre
apenas 1/3 de volta por cada volta do eixo.

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Enquanto que nos motores a quatro tempos existe 1 combustão por cilindro a cada 2
rotações do virabrequim, nos motores rotativos existem 3 combustões por cada rotação do
rotor, fazendo com a potencia produzida por um motor rotativo seja maior do que a potencia
produzida por um motor a quatro tempo com uma cilindrada equivalente.

As vantagens deste tipo de motores é sem dúvida a sua simplicidade, o menor número
de peças, o que reduz significativamente o seu peso e o desgaste pois o número de peças
rotativas é bem menos que aquele encontrado num motor a quatro tempos, tornando-o mais
fiável. O fato de o tempo de um ciclo ser cerca de 50% maior do que um motor normal é outro
ponto a seu favor, pois desta forma há mais tempo para que se realize uma melhor queima do
combustível.

Contudo, estes motores não são conhecidos por serem eficientes. Isto é devido ao seu
isolamento entre passos do ciclo de Otto, isto é, enquanto que num motor com pistões é
necessário garantir que não existem fugas entre o pistão e o cilindro, são colocadas anéis entre
si de forma a reduzir as fugas de gases, permitindo ao mesmo tempo uma expansão térmica
do material. Nos motores rotativos este isolamento é mais difícil de conseguir e não é tão
essencial pois se existirem fugas, estas ocorrem entre câmaras, podendo ou não ser
reaproveitadas. Este fato faz com que o Mazda RX-8, o qual utiliza um motor Wankel, consuma
mais combustível que um veículo de peso semelhante equipado com um motor de 8 cilindros
dispostos em V.

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