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Ana Suy é misteriosa sobre si mesma como pede a função de psicanalista. Sabemos que a
autora nasceu em Curitiba e deve ter sido nos anos 1980. É mãe de dois filhos e casada. Já
sobre a vida acadêmica temos mais informações. Formada em Psicologia, atua com
especialização em psicanálise, e é também mestre em Psicologia pela UFPR (2014) e doutora
em Pesquisa e Clínica em Psicanálise pela UERJ (2021); estes títulos a levam a uma vasta
publicação acadêmica.
Esta questão da escrita acadêmica pode ser um indício da sua literatura não ser tão literária
como se esperava. É um desafio enorme conseguir passear entre os tipos de texto, mesmo
para quem é especializado em editorial, o que não é o caso dela, o que não é uma cobrança ou
exigência. Achei importante ressaltar que poucos autores têm uma atuação com engajamento
do público passeando nos estilos.
A autora americana Joan Didion, para mim, tem um bom tom neste aspecto, mas tem quem a
prefira na não-ficção; ela publicava muitos ensaios na imprensa em geral e os livros que a
levaram ao reconhecimento nacional foram nesse estilo, mais jornalístico. Um exemplo para
mostrar que não se agrada a gregos e troianos sempre.
Ana é autora de diversos livros e ao me perguntar como ela tem tanto tempo para tamanha
dedicação, lembrei mais uma vez da academia. No livro que lemos, A gente mira no amor e
acerta na solidão, ela afirma ser uma escrita com base numa outra publicação acadêmica.
Deve acontecer muitas interseções nas palavras.
Publicações dela:
Foi publicado em 2022, no Brasil, pela editora Planeta e está atuando na lista dos mais
vendidos de não ficção no site da Amazon. É um bom sinal para as autoras brasileiras. Me
parece que estamos em um momento aquecido e há um aumento de consumo de produções
femininas. As vendas ainda são maioria masculinas, assim como o investimento, mas há luz.
É um livro escrito por uma psicanalista e isso precisa estar no nosso radar na leitura. Exige
um coração aberto. A psicanálise em si é uma técnica da psicologia que costuma agir de
forma mais subliminar, ou seja, deixa pontas em aberto para o paciente ir se conectando aos
poucos. Não é que seja solto ou aleatório, mas não tem a linearidade de roteiro que estamos
acostumados.
Na leitura, pode soar como se tudo estivesse solto, mas não está. Ela entrega o amor a nós
como que numa análise. Você vai colhendo as informações, sentindo alguns incômodos,
querendo largar ou grudar nas páginas, pegando as palavras. O risco é que se não houver
conversa como a nossa, pode passar muita coisa despercebida. Uma reflexão profunda ajuda
também, mas como o próprio livro sugere, precisamos do "outro" para nos encontrar. Somos
sociais e não necessariamente conjugais, lembremos.
Apesar do amor acertar na solidão, o livro fala muito sobre a não solidão, o encontro, o afeito
partilhado. Para amar, precisamos primeiro amar a nós mesmos? Na fala dela, aprendemos a
amar com quem nos ama em primeiro momento, para a maioria será os pais. Conclusão,
haverá sempre uma simbiose entre estar só e estar junto na jornada do amor.
Destaco o fato dela falar em amor de amigo, coisa rara na literatura e tão abundante na nossa
vida. Parece que é dos mais difíceis de explicar e dos mais fáceis de sentir.
"Nossos desejos de que as coisas nunca terminem só existem porque sabemos que elas
terminam."
Conteúdos complementares
Leituras:
Amores idealizados -
https://www.youtube.com/watch?v=9hZ2YpmMDx0 (41min)
Podcasts:
A gente vai se falando, destaco os episódios Solteiro aos 40+ e Mas eu me mordo de
ciúme-
https://open.spotify.com/show/3mSWucSmnV2XRE2mr1s8Zw
Daria um livro episódio Carla Madeira (autora dos livros Tudo é rio e Véspera) -
https://open.spotify.com/episode/4Rbl9kATZaOplsc7aq4rdt?si=0e0d8fb8e47c4180