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Le) Ue ANO 139 | N° 2.311 | OUTUBRO 2021 INTOLERANCIA FE PERSEGUICOES 0 auto de fé de Barcelona - 160 anos! ENO TANAB (Ose Ola eae aE — Ses ae aoa eee ey VIC IVC U LT Wests) oc cians 7A BOOTY eT Suely Caldas Schubert CHICO XAVIER E EMMANUEL | DORES E GLORIAS CHICO XAVIER Uma leitura do livro ean VENI Ha dois mil anos 7 E-books disponiveis em: [}>GooglePlay {BM} Bookstore amazonkindle www-ebeditora.com.br Ze MW MW ME xPeDIENTE in, Fundada em 21 de jane'ro de 1883 Fundador: Augusto Blas da Siva Reformador Revista de Espiritismo Cristao Ano 130 N* 2311 | Outubro 2021 sou 3309 Propriedae eorienagto ca Federagto Espirta Breil ‘Breton Bro Ney dr Sn ese deer IRedagto: ons Sos Cale Ses, eto Camp Sebi, ont os Cae daa Sieraekarasrures diner de ua “Jomalist Responedvel Cte miso arpa Gro Sans| Coordenare da Etre rane satis Projo grate "sia rae Diagamagdo: inves La hips nuns reverts deg! Revisdes roads sans Brash Espa vjzaPar Cs apa: ies Lira Fol socpnancar/oxene Registro de publcagto 1217 2097310-0F 0 epatarena de Pella Federal ist dua) (Rd A500 82 teseemsns Diego e Redagio Sa Corin Fhe CEP S005 Baia edaconlrraceeberghr saan waveonetorgty Fesetetnstorgar TARA OBES ‘ssnura aa 2$ 15000 ese og 50.00 ara exenion ‘ssnuraanvat-Us$ 10000 contats pare Assinar: Tefean.s3 slbecterecembe ru souetrsptacembr MEMES umirio 4 Editorial Allan Kardec, apdstolo do Espirito de Verdade 05 Capa (0 auto de fé de Barcelona ~ 160 nos! Aadilton Pugliese Em louvor a liberdade ~ vienna de Carvalho (Espirito) 11 Regras nao executaveis ~ atirio Frigéi OEspiritismo ante a Ciéncia e o Amor Jorge Leite de Olivera Esflorando o Evangetho Brithar / Brit ) Agressividade: Origens e consequéncias Waldehir Rezerra de Almeida Lugares assombrados ~ Rogério Miguez Oredesenho do Centro Espirita na atualidade Xerxes Luna Em Dia com a Espiritismo (Que tipo de espirita somos nds? ~ Marta Antunes Moura Homenagem a Allan Kardec ~ Evandro Noleto Bezerra Espirtismo: alicerce de um mundo em regeneragao Aurora Atma A$ 40 Exito - Martha Franco de Azevedo 5 Magnetismo: uma ciéncia a ser desenvolvida Exy Lopes Conselho Federativo Nacional ‘Mta da Reunigo virtual da Comissao Regional Norte ~ 2021 50 Dilemas de Cae de La ~ Luciane Buriasco Isquerdo 55 Uma Breve Biografia de Alphonse Bué Tarcisio Martins Dantas 60 Nao vim trazer a paz, mas a diviséo Allan Kandec Pe HU SY A A TORI AL 578 4 Allan Kardec, apéstolo do Espirito de Verdade .] Estou convosco e meu apostolo vos instrui — O Espino o& Veroane (Paris, 1861) TELLTALE m 3 de outubro de 1804, nascia em Lyon, Franga, Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais tarde notabiliza- do como Allan Kardec, mis- siondrio que trouxe a lume o outro Consolador Prometido por Jesus, Perante a missio de desvelar o Mundo Espirita, uti- lizou-se, de forma exemplar, do bom senso e da prudéncia que Ihe eram peculiares e, no curto espago de quatorze anos, 1855 a 1869, trabalhou arduamente para codificar a Doutrina Espi- rita, um extraordinério legado para a Humanidade, uma cién- cia nova, que veio instruir os homens e realizar 0 que Jesus disse do consolador prometido, tevelando a natureza do ho- ‘mem, donde veio, para onde vai € por que esté na Terra. Allan Kardec, juntamen- te com os imortais, abriu uma era nova em que a fé raciocina- da alicerga a compreensio do Mundo Espirita. Exemplo de te- Reformador | Outubro de 2021 nacidade, bom senso, perseve- ranga, confianga, fé inabalivel, foi sempre coerente com sua consciéncia, sem tergiversar, um momento sequer, durante seu trabalho missiondrio, Apos- tolo do Cristo, de estatura moral to elevada que o credenciou ara a missio de legar 4 Huma- nidade o que fizera Jesus ha dois, mil anos, e relembrar que, aci- ma de todos e de tudo, reina 0 Deus Bom e Misericordioso, Ocupou-se de realizar sua missio com zelo e perseveran ga, sempre assistido pelos E piritos Superiores, por tratar-se de um trabalho de ambos os planos da vida, A caridade foi sua bandeira perante os im- propérios, caluniadores, eriti- cos, contraditores, dissidentes encarnados ¢ desencarnados Enfrentou todos os desafios crendo em Deus e confiando no amparo dos Espiritos Supe- riores que o assistiam. Foi com perseveranga € confianga que venceu os espinhos ¢ as pedras do caminho, legando seu te temunho exemplar aos espi- ritistas para prosseguirem na construgio do edificio sobre a base inabalavel da Codificagio. Neste més de outubro, que assinala o nascimento do Apés- tolo do Cristo, que velo ao mun- do para nos instruir, lowvamos a Deus pela Doutrina Espirita por ele codificada e que resgata a pureza do Evangelho de Jesus e cumpre a promessa do outro Consolador. Louvado sejas, Allan Kardec, nas esferas luminosas em que te encontras! Pois 0 Espiritis- mo tem sido, cada vez mais, compreendido e propagado por toda a Terra, dissipando som- bras, esclarecendo mentes € consolando os coragdes aflitos. REFERENCTA: * KARDEC, Alton O evangetho segundo «0 espiritisme, Trad. Guilton Ribeiro 134, ed. 14. imp. (Edigdo Histérica} Brosili, DF: FEB, 2019, cop. 6, it. 6 ay MC aps O auto de fé de Barcelona — 160 anos! “L..] Podem queimar-se livros, mas nao se queimam ideias; as chamas das fogueiras as superexcitam, em vez de abafar. [. — Auta Karnec! TULL TTL Resumo A partir do momento em que assumin sua misséo de con- cretizar 0 advento da Terceira Revelagio das Leis de Deus, que & 0 Espiritismo, Allan Kardec vivenciou lutas continuas, des- de comentarios desairosos a sua pessoa pela imprensa da época, ataques do clero & sua moral, inch isio de O livro dos espiri tos e de O evangelho segundo 0 espiritismo no Index Librorum Prohibitorum, em maio de 1864, acusagdes de enrique- cimento ilicito e, sobretudo, 0 famoso auto de fé de Barcelona, revivendo malfadados dias da Santa Inquisigao, em pleno século XIX. Palavras-chave Allan Kardec; auto de f& de Barcelona; bispo Dom Palau Adilton Pugliese adilton70.ap@gmaitcom y Térmens; Maurice Lacl periodos do Espiritismo, A preocupagio de Allan Kardec com o futuro do Espiritismo, so- bretudo a partir do sucesso obti- do com a publicagio da primeira edigio de O livro dos espirites, em 18 de abril de 1857, esté exarada nna questo 798 da segunda edigao desse livro, de margo de 1860: Expirtismo se tornard crenga _geral ou continuard sendo profes- sado apenas por algunas pessoas? Naqueles recuados dias da ela- boracio da Codificagioomédium grafa a resposta dos Espiritos: “Certamente ele se tornard renga geral e marcar uma Nova Era na Histéria da Hu- manidade, porque esté na Natureza © chegou o tempo em que ocuparé lugar entre 0s conhecimentos humanos. Entretanto, terd que sustentar grandes lutas, mais contra os interesses do que contra a con- viegio, pois nao se pode dissi- mular a existéncia de pessoas interessadas em combaté-lo, umas por amor-préprio, ou- tras por causas inteiramente materiais. [...]” Realmente, essa resposta dos Espiritos ¢ a confirmagio das adverténcias que 0 professor Hippolyte Léon Denizard Rivail recebera, em 12 de junho de 1856, diretamente do Espirito Verdade, em reunio intima em casa do Sr. C... atuando como médium a Srta. Aline Outubro de 2021 | Reformador 5 59 se0 6 [..] a missio dos reformadores & cheia de escolhos e perigos. Previno-te de que a tua é rude, visto que se trata de abalar transformar 0 mundo inteiro. [..] Suscitaras contra ti ddios terriveis; inimigos obstinados se conjurario para a tua perda; seras alvo da malevoléncia, da calinia ¢ da traigéo mesma dos ‘que te parecerao osmais dedica- os; as tuas melhores instrugdes serio desprezadas e falseadas; por mais de uma vez sucumbi- ras sob o peso da fadiga; numa palavra: tenis de sustentar uma Tuta quase continua, com sa- ctificio do teu repouso, da tua tranquilidade, da tua saiide © até da tua vida, pois, sem isso, viverias muito mais tempo [1 E continua suas orientagdes 20 futuro Codificador: [..] Para tais miss6es, nao bas- ‘ta ainteligéncia. Para agradar a Deus & preciso, antes de tudo, humildade, modéstia e desin- teresse [..] Para lutar contra ‘0s homens, sio indispensiveis coragem, perseveranga ¢ ina- balivel firmeza. ‘Também sio necessérios prudéncia e tato, a fim de conduzir as coisas de modo conveniente [..]. Exi- ‘gem-se, por fim, devotamento, abnegagio e disposigio a to- dos 0s sacrificios. Como vés, a tua missio esta subordinada a condigbes que dependem de ti Reformador | Outubro de 2021 Allan Kardec, ao escrever na edicio da Revista Espirita, de dezembro de 1863, acerca dos seis periodos da trajetéria do Es- piritismo, destaca 0 period da luta, que seria caracterizado por ‘uma verdadeira cruzada dirigida contra a nova doutrina, iniciada desde 0 seu advento pelos “sar- casmos da incredulidade” e que teriam o seu “batismo de fogo” com 0 auto de fé de 1861 e, des- de entao, os ataques assumiriam ‘um caréter de violéncia inaudita: “[..] sermbes furibundos, pasto- rais, anatemas, excomunhées, perseguigoes individuais, livros, brochuras, artigos de jornais, nada foi poupado, nem mesmo a caliinia’ B adverte: “Estamos, pois, em pleno periodo de luta, mas este no terminou. Vendo ‘@ inutilidade dos ataques a céu aberto, vio ensaiar a guerra sub- terranea’. E conclama: “Espiri- tas, nao vos inquieteis, porque a saida no é duvidosa: a luta é necesséria e o triunfo seré mais retumbante. Disse ¢ repito: vejo © fim, sei como ¢ quando seré alcangado [..)”° Realmente, na data célebre de 9 de outubro de 1861, os opo- sitores tentariam um “golpe de misericérdia” no Espiritismo, in- suflando mentes presas a0 pen- samento medieval a queimarem ‘em praca piiblica, em Barcelona, nna Espanha, cerca de 300 “volu- mes ¢ brochuras sobre o Espirits- mo’ muitos da autoria de Allan Kardec e por ele expedidos aquele pais, ocorrendo,entdo, um auto de {sob os auspicios do bispo Dom ‘Antonio Palau y Térmens (1806— 1862). As cinzas das paginas imortais, contudo, em vez de se liluirem, espalhar-se-iam, benefi- ciando o progresso do Espiritismo nna Espanha, sobretudo por conte- rem ideiaslibertadoras dohomem do jugo do materialismo. © Espi- rito de Verdade, consultado por Allan Kardec, em 21 de setembro de 1861, quando da apreensio dos livros, em reunigo intima em sua residéncia, em Paris, tendo como médium 0 Sr. dA... comenta “[.] As ideias se disseminardo lé com maior rapidez e, pelo fato de te- rem sido queimadas, as. obras ser§o procuradas com maior avider [...|"” As manifestagdes de Allan Kardec acerca do auto de fé de Barcelona A primeira consta do seu re- lato da reunido ocorrida em 21 de setembro de 1861, em sua residéncia, atuando como mé- dium o Sr. dA..., documento so- mente divulgado, publicamente, em 1890, quando do langamen- to do livro Obras péstumas, organizado por Pierre-Gaétan Leymarie (1817-1901), Esse documento traz a narrativa envolvendo o episédio: A pedido do Sr. Lachatre, entio residente em Barcelona, eu The enviara certa quantidade de O livro dos espiritos, de O livro dos miédiuons, das colegbes da Revista Espirita, além de diversas obras ¢ brochuras espiritas [..] mas, antes de os liberarem, houve que ser entregue uma relagio das obras 20 bispo, pois naque- Je pafs a autoridade eclesiéstica tinha forga policial para censu- rar qualquer obra. [..] tomando conhecimento da relagio dos livros, [o bispo] ordenouw que les fossem apreendidos ¢ quei- mados em praga piiblica pela mao do carrasco. A execugio da sentenga foi marcada para 9 de outubro de 1861.? Na mesma reunido Kardec consulta 0 Espirito Verdade acerca de possivel reclamacao judicial (de que poderia tam- bém ser via 0 Ministério das RelagGes Exteriores da Franga). Contudo, 0 orientador espiri- tual conclui que do “|...] auto de {8 resultara maior soma de bem do que o bem que resultaria da leitura de alguns livros (...]""” Obras péstumas transcreve documento escrito por Allan Kardec, em que cle enfatiza que “Essa data ficard assinalada nos anais do Espiritismo pelo auto de f& dos livros espiritas realizado em Barcelona [..” € transcreve um extrato da ata de execugao. No mesmo docu- mento cita e reproduz comuni- cagio de Um Espirito, obtida em Paris em 19 de outubro de 1861, do qual destacamos este trecho: [..] Esse fato brutal, inacreditavel nos tempos atuais, se consumou tendo por fim chamar a atengio dos jornalistas que se mantinham indiferentes diante da agitagio profunda que abalava cidades e doscentros espiritas [.]." Allan Kardec, nesse do- cumento exarado em Obras péstumas, insere uma nota, in- formando que tinha recebido de Barcelona uma aquarela feita no local por um artista, € que conservava numa urna de cris- tal fragmentos ainda legiveis de folhas dos livros queimados [dentre eles um fragmento de O livro dos espiritos, consumi do pela metade)."* Nota do tra- dutor da FEB Editora informa que essa urna foi destruida pe- los nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)."* Em novembro de 1861, a Re- vista Espirita: jornal de estudos psicolégicos, fundada por Allan Kardec em 1 de janeiro de 1858, publica artigo do Codificador sob 0 titulo Resquicios da Idade ‘Média — auto de fé das obrasespi- ritas em Barcelona, descrevendo 6 ritual do episédio ocorrido as 10h30 da manha de 9 de outubro de 1861, na esplanada da cidade de Barcelona, citando comunica- «Ges que os Espfritos escreveram a respeito do acontecimento:"* “O amor da verdade deve sem- pre fazer-se ouvir: ela rompe 0 véu e brilha ao mesmo tempo por toda parte. O Espiritismo tornou-se conhecido de to- dos; logo serd julgado e posto em prética. Quanto mais per~ seguigdes houver, tanto. mais depressa esta sublime doutrina alcangara o apogeu. Seus mais cruéis inimigos, os inimigos do Cristo © do progresso, atuam de maneira que ninguém possa ignorar a permissio de Deus, dada aqueles que deixaram esta Terra de exilio, de voltarem aos que amaram. Ficai certos: as fogueiras apagar-se-do por si mesmas: € se 05 livros sto langados ao fogo, 0 pensamento imortal Ihes sobrevive’ © tempo, contudo, “[..] é a sucesso das coisas. Esté ligado & eternidade, do mesmo modo que as coisas estdo ligadas ao infinito [J afitma Allan Kardec,” & 0 tempo avanga, enquanto o ins- pirado e décil instrumento dos Espiritos codificadores dé pros- seguimento & sua exemplar mis- sao, programando, inclusive, suas famosas viagens espiritas para o ano de 1862, enquanto as Leis de Deus regem os destinos dos seres vivos, das coisas inanimadas e do Universo como um todo. Entio, em meados de 1862, Allan Kardec recebe carta da Espanha, informando-o que Outubro de 2021 | Reformador 7 sel 582 8 © bispo de Barcelona, Dom Antonio Palau y Térmens, nasci- do em 1806, havia morrido em 9 de agosto daquele ano de 1862.0 remetente sugere a Allan Kardec evocé-lo em uma das reunides de intercimbio. Contudo, o bispo apresenta-se espontaneamente, de forma imprevista, e 0 Codifi- cador reproduz na Revista Espi- rita as suas palavras, proferidas durante a comunicagio:* “Auxiliado por vosso chef es- pititual pude vir ensinar-vos com 0 meu exemplo ¢ vos di- zer: Nao repilais nenhuma das ideias anunciadas, porque um dia, um dia que duraré e pesaré como um século, essas ideias amontoadas clamario como a ‘vor do Anjo: Caim, que fizestes de teu irmao? Que fizestes de nosso poder, que devia conso- lar e elevar a Humanidade? O homem que voluntariamente vive cego e surdo de espirito, como outros 0 sio do corpo, sofreré, expiari e renascerd para recomegar 0 labor inte- lectual, que a sua preguica e 0 seu orgulho o levaram a evitars © essa vor terrivel the disse: Queimaste as ideias e as ideias te queimario!. Orai por mim. Orai, porque & agradavel a Deus a prece que Ihe 6 dirigida pelo perseguido em beneficio do perseguidor. Aquele que foi bispo e que nao passa de um penitente’ Reformador | Outubro de 2021 Comentando a inesperada comunicagao, Allan Kardec de- clara que nao podemos censurar © depoente, pelo motivo de que [.] 0 verdadeiro espirita a rninguém condena, nao guarda rancor, esquece as ofensas ¢, a exemplo do Cristo, perdoa aos seus inimigos [.]. E condlui, em comovedor apelo: Espiritas, perdoemos-lhe o mal que nos quis fazer, como que- rerfamos que as nossas ofensas ros fossem perdoadas e oremos por ele no aniversirio do auto de fé de 9 de outubro de 1861 REFERENCIAS: KARDEC, AULan, Revista Espirit or nal de estudos psicolégicos. ano, n. 1L1,nov. 1861, Resquicios da Tdade Mé~ dia. Tead. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 1. imp. Brasitio, DF: FEB, 2019. 2 GataLago dos Livras proibidos pata Tgreja Cotética {eriado no Canctio de Trento de 1559), suprimido em 1966. Deionéri encicLopédico Koogan Larousse sologies, 1978. 2 KARDEC, ALLan. 0 Livro dos espirites. ‘rod, Evandre Nolato Bezerra 4,09 imp. Brosli, OF: FEB, 2020. Infludneia oEspiritismo no progresso, ‘ Obras péstumas. Trad Evondro Noteto Bezerr, 2.4 imp. Brasilia, DF FEB, 2019 2" pt, cp. Ee trates, in exteno, do Livro Provsies relatives oo expritiona, ik: Minho miss [12 de juno de 1856) . Revista Espirte jorna. de ce- tus pscobigios. ano 6 n 12, dex. 1863. Perfodo de uta. Trad. Evandro Noleto Bezerra 4d 1.imp, Basi, DF FEB, 2019. ‘ Obras péstumos. Trad. Evandro Noleto Bezerra, 2. ed. 4 imp. Brasitia, DF: FEB, 2019. 2 pt, cap. Extratos, in ‘extense, do Livro Previsées reLativos ao espirtisme, it. Auto de fé de Barcelona > it. Auto de f6 do Barcelana. Apreeneio dos Livros. Sobre 1 Auto de f8 de Barcelona vide também Allan Kardec:0 ucador ecodificador do aus Wantuil e Francisco Thieeen. 3 pt, cap. 2 ~ Intolerdnca e persepuigdes, it (O Auto de fé de Barcelona, FEB Editora. * Maurice Lachatre, escritor e editor, nascido em Issoudun, no Fronga, em 1814 edesencarnado em Paris em 1900, condenado pelo ragime de Napotedo II, estava refugiado no Espanta, *KARDEC, AtLon. Obras péstumas. Trad Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 4. im. Brasilia, DF: FEB, 2018. 2p, cap. Ex- tratas, in extenso, do livre Previsées relatives ao espiritiemo, it. Auto de 8 de Borcelone. Apreensie dos Livro. 8 it. Auto de fé de Barcelona ® evista Espiite:jornal. de estudos psicolégicos. ano 4, 9.11, nov. 41861. Resquicios da Idade Média. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 1. imp. Brositia, DF: FEB, 2019. ® Obras péstumas. Trad, Evandro Nolete Bezerra. 2. ed. 4, im. BrasiLio, DF: FEB, 2019. 2 pt, cop. Ex- tratos, in extenso, do Livre Previsdes relatives ao espiritismo, it. Auto de f6 de Barcelona, Note 38 * Revista Esprite Jornal de estudos psicoLigicos. ano 4, 14, ov. 1861. Trd. Evandro Noleto Bezerre. td. 1. imp. Brasil, DF: FEB, 2019, * A génese. Trad. Guillon Ribeiro. 6. od. 9. imp. (Edigao Histri- ca). BresLio, OF: FEB, 2020-cap.6,it.2 ” Revista Espirit: jornol de estudos psicaldgices. ano 4, n. 8, ogo 1862. NecroLagie, it. Morte do bispo de Bareelona. Trad. Evandro Noleto Bezorra. 4. ed. 1. imp. Brasilia, DF: FEB, 2019, Em louvor a liberdade FELTTAL ELATED natural processo de evo- lugdo do Espirito cul nara quando, dominando as latentes faculdades de que se encontre investido, logre li- berar-se dos atavismos da lar- ga jornada dos renascimentos carnais a0 longo dos milénios. Corpiisculo de luz que mer- gulhou na névoa material para esplender como uma estrela de primeira grandeza, possui as incomparaveis qualidades divinas que desenvolveré no curso dos renascimentos na atmosfera terrestre. Essa liberdade de pensar e de agir tem sido a ansia de con- quista do ser humano através dos tempos. Imaturoesemacapacidadede saber usé-la, criou 0 pensamento filoséfico para poder melhor ex- pressar-se, ndo conseguindo 0 Vianna de Carvalho (Espirito) tentameem razio do primarismo queainda Ihe é peculiar. A busca da liberdade tem sido © impulso vigoroso pre- sente nas escolas de pensamen- to, sempre comprometidas com as necessidades e limites dos seus criadores. Em seu nome, indagou a célebre Madame Roland, na Revolugao Francesa, antes de ser guilhotinada, “Liberdade! Liberdade! Quantos crimes se praticam em teu nome!” © direito de vivenciar a li berdade deflui do reto cumpri mento dos deveres que organiza © grupo social. Enquanto predomina no in- dividuo o jugo das energias ma- teriais o seu anseio de liberdade no passa de uma transferéncia de conflito pessoal por anelar favores a que nao faz. jus. Essa conquista resultaré da perfeita consciéncia de discer- nimento dos valores que orga- nizaa sociedade sob a inevitavel ética de respeito e consideragio 208 direitos dos outros. Durante aexperiéncia da reen- camagao a liberdade encontra-se sujeita aos limites do organismo na sua multface, assim como na constituigdo legal e moral vigente. Ninguém que propugne pela liberdade poder impé-la, pois que a0 fazé-lo violenta o direito do outro, tanto de pensar como de agir consoante o seu estigio de desenvolvimento moral A liberdade, portanto, & um conceito muito pessoal, sujeita a0 espago cultural em que se transita. Quando se impée, esta- belecendo comportamentos esdriixulos, faz-se libertina- gem com grandes riscos de Outubro de 2021 | Reformador 9 963 584 10 consumpgao dos valores éticos vigentes. Certamente, 0s propugna- dores da liberdade dos cidadaos geram conflitos entre os con- ceitos anteriores ¢ os porvin- douros, que provocam receios, especialmente aqueles que se apresentam dominadores. Quase sempre esses oposi- tores do progresso da liberdade de qualquer opressio ou sub- missao, so ainda poderosos pela forga bruta que os domina ena qual se comprazem. Na Histéria da Civilizagao ergueram-se impérios fantésti- cos sobre as ruinas de povos que foram vencidos, por sua vez, ¢s magadlos por titeres ainda mais perversos, que igualmente su- cumbiram ao horror de outras armas mais destrutivas. Na Antiguidade, homens ¢ mulheres violentos levanta- ram-se contra as circunstancias brutais que viviam e fizeram-se conquistadores que se apoia- ram na perversidade para te- midos e vingativos atingirem as suas metas sanguinérias. Amaram fildsofos temeré- rios e se glorificaram por algum tempo, sendo derrubados por outros nao menos odientos. Desde Ciro, 0 Grande, pai de Cambises II, que construiu 0 im- pério mais glorioso da Histéria, a Alexandre Magno, da Macedénia, afiilio César, a Cipiio,o Africano, a Anibal, o Cartaginés, para citar Reformador | Outubro de 2021 apenas poucos déspotas ¢ guer- reiros que passaram como edifi- cadores, porém, sobre cadiveres © amontoados de lixo. A quase invencivel Cartago foi arruinada e no ficou pedra sobre pedra, que no haja sido derrubada... As poderosas culturas ¢ ci- dades aparentemente invenci- veis dormem hoje sob os areais escaldantes dos desertos ou sob as aguas submarinas, ou colu- nas e pedras abandonadas que Parecem fantasmas corroidas pelos ventos calcinantes. ‘Veio, entao, Jesus, para paci- ficar 0 mundo com a sua Men- sagem de Amor e padeceu a ignorincia dominante, sendo 0s seus figis discipulos, & sua se- melhanga, dizimados de forma inumana, compativel com os déspotas de entio... Logo apés, a partir de 410 com a destruigio de Roma por Alarico, os bérbaros com Atila, © terror de Deus, 0 proprio Alarico, Genghis Khan, que construiu o terrivel império ¢ ‘outros ndo menos perversos, também foram devorados pelo tempo inclemente. Sucederam-se os periodos de trevas por quase mil anos ¢ © ser humano sempre sonhan- do com a liberdade, vem-se algando no rumo do infini- to e sofrendo o guante dos poderosos de um dia. ‘As guerras inclementes nao cessaram, tornando-se_ mais ccruéis e destrutivas, mas, apesar de todas as terriveis dores, 0 ser humano permanece na sua luta pela conquista da liberdade. Com a Revelagio do Espiri- tismo, compreende que a legiti- ma liberdade é a do amor que permanece e sobrevive a todas funestas e incessantes batalhas do mal ¢ da desgraga coleti- va, culminando na imortali- dade em triunfo apés todas as injungdes enganosas. Todos somos livres para pen- sar e, 8s vezes, agit, conforme os regimes politicos, mas sempre nnossas ages impSem-nos a li- berdade de cultivar 0 bem, de evocar 0 Mértir da Cruz, que aparentemente foi vencido, po- rém retornou em gléria sobera- 1a, exultante na ressurreigdo em liberdade absoluta. O seu exemplo & a ligao mais grandiosa da luta pela indepen- déncia do amor para vencer as misérias resistentes, represen tativas dos perfodos primédrios do mecanismo da evolucio. A liberdade reside, portan- to, na consciéncia do amor sob todos os aspectos considerados, em conclamagio_ permanente pelo trabalho de dignificagao da vida em toda asua plenitude. MA (Pagina psicagrofado pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessio me~ ditrica da noite de 16 de outubro de 2019, no Centra Espirito Caminho da Redengao, em Salvador, BA) Regras nao executaveis TILT TLL Resumo Muitas vezes vocé cria re- gras comportamentais que se transformam em camisas de forga para si mesmo. Nao é errado querer que as coisas acontegam a seu gosto. Mas a constincia nesse procedimen- to e a rigidex consciente ou inconsciente em sua execugio podem levé-lo a um estado de estresse altamente nocivo sua satide. Palavras-chave Rigidez _comportamental; decep¢io; nervosismo; estresse. Mario Frigeri mariofrigeri@uol.com br © que & uma regra nao exe- cutavel? £, em geral, uma regra criada por vocé mesmo e sobre a qual nao tem nenhum controle. Essas regras sio muito prejudi- caise podem levé-loaumestado de estresse altamente nocivo & prdpria existéncia, Este texto foi condensado e reelaborado por nds a partir do livro O poder do perddo, escrito por Fred Luskin, doutor em aconselhamento cli- nico ¢ psicologia da satide pela Universidade de Stanford, e publicado pela Editora Novo Paradigma. Vamos, portanto, a trés exemplos para entendermos melhor essa questo sobre as regras nao executivels. Primeiro caso Joananaoeraumaboaaluna ¢, por causa disso, sua mae ndo tinha paciéncia com ela. Seus irmaos eram bons alunos, mas Joana teve dificuldade com os estudos desde a primeira série, Sua mae berrava com ela ¢ ela sempre se lembrava disso e se sentia tensa e abatida. Na séti- ma série os professores desco- briram que Joana apresentava um distirbio relative & difi- culdade de aprendizado, mas sua mie continuava achando que ela era preguigosa e estipi- da, Felizmente para Joana, sew professor de educagio especial conseguiu convencer sua mie Outubro de 2021 | Reformador 965 586 de que o problema poderia ser corrigido, Porém, dai em dian- te, Joana passou a odiar a mée. Ela achava que sua mie nao po- deria ser perdoada pelo fato de ter sido tdo cruel e insensivel com ela em sua infancia Trés décadas depois, Joana ainda pensava do mesmo modo, embora jé fizesse dez anos que sua mie havia mor- rido, Com regularidade, Joana sentia-se transtornada_lem- brando da _ insensibilidade materna, A regra criada por Joana dizia que uma mie deve ser compreensiva e sensivel. Geralmente, esse & um dese- jo louvavel, mas infelizmente nao & uma boa regra. Tanto em sua infancia quanto agora, na idade adulta, Joana nao era capaz de transformar sua mae numa pessoa sensivel. Ela po- deria tentar mudar o pasado até morrer € ndo 0 consegui- ria, Sempre que tentasse mu- dar © passado, ela se sentiria perturbada. Sempre que se sentisse perturbada, culparia a mae, acentuando ainda mais sua sensagdo de impoténcia. O passado de nenhuma pessoa, por pior que tenha sido, tem de ser obrigatoriamente uma sentenga de prisio. O fato de querer uma boa mae é um de- sejo legitimo. Infelizmente, tei- ‘mar em teruma boa mae éuma receita para 0 infortinio, uma regra nao executavel Reformador | Outubro de 2021 Segundo caso Sara era casada com John. Toda vez que John se atrasava, Sara se perturbava. Perturba- varse porque ele estava fora be- bendo, e nao se importava com © fato de Sara ficar sozinha em casa. Ela estabelecera hordrio para le voltar. Achava que John deveria estar sempre em casa & noite e nao nos botecos beben- do, Sara se irritava porque John no the obedecia. Achava tam- bém que John deveria amé-la. ‘Mas John nio fazia 0 que ela ‘queria. Sara criou muitas regras que John violava com frequén- cia. Sara tentava inutilmente impor regras nao executives. E sofria intensamente por isso. A tentativa de impor regras nao executaveis leva a pessoa a sentir-se desamparada, irri- tada e sem poder. Sara criara muitas regras ndo executdveis ‘em sta mente e uma delas eraa seguinte: seu marido nao devia beber. Mas se John nao devia beber, por que bebia? Ele devia ter uma regra diferente daque- la imaginada por Sara. A regra de John era: néo hé problema nenhum em beber. Terceiro caso Jilio tem um filho de 18 anos que Ihe dé muitas dores de cabeca. Hoje seu filho vai a uma festinha com os amigos e pediu- -lhe © carro emprestado. filio determinon ao filho que devol- ‘vesse 0 carro até as onze horas da noite. Isto langou lio numa armadilha e o tornou um sério candidato a frustracdo. Pelas caracteristicas do fillho, quem iria decidir em ultima instan- cia a hora de voltar para casa & ele ¢ nfo o pai. Ele poderia se atrasar por varios motivos: por causa do transito, porque deci- div ira outra festa, porque nao se lembrou do hordrio ou por- que nao liga para 0 que o pai determina. Mas enquanto ele se diverte além do horitio, falio nio dorme e fica andando na casa, de um lado para 0 outro, esmurrando as paredes, muito irritado. A exigéncia para que 0 filho voltasse as onze horas & uma regra ndo executdvel. Julio pode controlar um filho de 2 anos, mas nao pode controlar um filho de 18. A diferenga & que o filho de 18 tem a escolha de obedecer a ele ou nao. Como acabamos de ver, nos trés casos citados, Joana, Sara € Jilio vivem uma fase infeliz de suas vidas, esto destruin- do progressivamente seu siste- ma nervoso e prejudicando a propria satide porque criaram regras nao executaveis, que geram raiva. A raiva é sim- plesmente a maneira de nos fazer lembrar que temos um problema que precisa de aten- gio. Contudo, com muita fre- quéncia, ficamos zangados em vez de adotarmos uma atitude construtiva, ou nos zangamos porque nao sabemos o que fa- zer além disso. A raiva mantida por um longo perfodo de tem- po é profundamente danosa. Ela levaa frustragao, & desespe- ranga, a relacionamentos arrui- nados e a problemas de satide. O que diz o Consolador Vocé entendeu bem o que uma regra nao executivel? Va- mos reforgar a definigéo para que fique bem gravada em nos- sa mente: regra nio executével Eaquela em que vocé nao temo poder de fazer as coisas aconte- cerem do modo que deseja. Ao tentar impor uma das suas re- gras nao executaveis e perceber que nao consegue, vocé fica ir- ritado, amargurado, desanima- do e impotente. Tentar impor algo que vocé nao pode contro- lar 6 um exercicio de pura frus- tragdo. Porcar alguém a amé-lo, forgar um sécio a ser honesto, forcar 0 esposo ou a esposa a ser fiel, forcar os pais a tratarem cada filho com imparcialidade, missdo impossivel. Quanto maior 0 niimero de regras nao executaveis que vocé criar, maior a probabilida- de de que vocé se sinta pertur- bado desapontado. Quanto mais intensamente vocé tentar impor algo que nao pode con- trolar, pior vai se sentir. Se vocé se apegar a uma regra nao exe- cutivel, ficard sujeito a sofrer toda vez que ela for quebrada. Quando vocé diz que ama al- guém € que essa pessoa deve retribuir seu amor, esti crian- do uma regra nao executavel S6 porque vocé ama aquela pessoa, vocé acha que ela tem a obrigagio de amé-lo? Ao d zer a seus amigos que eles nao devem mentir para vocé, esti criando uma regra nao execu- tavel. S6 porque seus relacio- namentos seriam mais ficeis se houvesse um didlogo franco, nao significa que suas amiza- des tém de tornar os relaciona- mentos mais ficeis para voce. Ao dizer que sua familia de- veria ser mais sensivel quando voc® passa por um sofrimento, vocé esta criando uma regra ndo executavel. $6 porque vocé quer atengao, nao significa que sua familia terd de the dar aten- 80 quando voce quiser. Nas suas férias, quando deseja as melhores condigies meteorolégicas possiveis, esté criando uma regra no execu- tavel. $6 porque voce trabalhou duro o ano inteiro e agora acha que merece ir & praia e encon- trar um Sol brilhante, nao sig- nifica que isto vai acontecer. Ao dizer que seu chefe deve ser paciente com voeé, esta crian- do uma regra nao executavel S6 porque vocé quer um che- fe atencioso, nao significa que isto se tornard prioridade para ele. Quando vocé tenta im- por algo sobre o qual ndo tem controle, vocé cria um pro- blema para si mesmo, Temos tanta chance de impor regras nao executdveis quanto de ti- rar leite de pedra. Vocé jé ten- tou forgar uma pessoa a fazer algo que ela nao quer fazer, € teve éxito? Ja tentou conseguir © que precisa de uma pessoa que no quer colaborar, e teve éxito? Vocé jé ficou furioso a0 cometer um erro, ¢ isso 0 aju- dou? Jé pediu a seu patrao que o tratasse melhor, ¢ isso mudou © comportamento dele? Todas essas vontades ab- solutamente normais —sio exemplos de tentar impor uma regra nao executdvel. Tentar mudar ou influenciar aqueles que nao querem ser mudados ou influenciados redundaré em fracasso, ¢ causard esgotamen- to emocional em vocé. O fun- do do pogo surge quando nos sentimos impotentes, irados ou perturbados. Isto sinaliza que estamos tentando impor uma regra nao executavel. O desejo de termos uma vida melhor, amigos, familiares e compa- nheiros amorosos é importante para a nossa felicidade. O pro- blema surge quando exigimos que nossa vida, nossos amigos, familiares e companheiros se- jam do jeito que queremos. E preciso ser realista e aceitar © fato de que as pessoas e as Outubro de 2021 | Reformador 13 S67 coisas nio sto manipuliveis a bel-prazer. Agindo com mais consciéncia de cada ato que praticamos, nos _magoa- ‘mos menos, sofremos menos € desculpamos mais. Quem muda a si muda o mundo. © substituto para as regras nao executiveis sio a compreensio, a tolerancia e 0 didlogo, exatamente como ensi- naa doutrina do Consolador pe- las vozes de Dona Laura, Aulus, nos: Matilde e Calderaro, de acordo com os livros de André Luiz, di- tados ao médium Chico Xavier e publicados pela FEB Editora: 1. “LJ Uesus] Aconsethava- nos, igualmente, a nos ali- mentarmos uns aos outros, no campo da fraternidade e 588 14 Reformador | Outubro de 2021 da simpatia. © homem encar- nado saberé, mais tarde, que a conversagio amiga, o gesto afe- tuoso, a bondade reciproca, a confianga miitua, a luz da com- Preensio, 0 interesse fraternal ~ patriménios que se derivam naturalmente do amor profun- do ~ constituem s6lidos ali- mentos para a vida em si. [..]” (Dona Laura, Nosso lar, cap. 18 ~ Amor, alimento das almas). 2. “La] Trabalho digno, bon- dade, compreensio frater- nna, servigo aos semelhantes, respeito & Natureza € oragio constituem os meios mais pu- ros de assimilar os principios superiores da vida, porque damos ¢ recebemos, em espi- rito, no plano das ideias, se- gundo leis universais que nio conseguiremos iludir. (Aulus, Nos dominios da mediunidade, cap. 15 ~ Forgas viciadas) 3. “Ajuda, antes de procura- res auxilio. Compreende, sem exigir compreensio imedia- ta. Desculpa os outros, sem desculpar a ti mesma, Am- para, sem a intengio de ser amparada. D4, sem 0 pro- pésito de receber” (Matilde, Libertagdo, cap. 19 ~ Precioso entendimento). 4. “Lod poca viré, em que 0 amor, a fraternidade ¢ a com- preensio, definindo estados do espirito, serdo to importantes para a mente encarnada quanto pao, adgua,o remédio; éques- tao de tempo. [..]” (Calderaro, ‘No mundo miaior, cap. 4 ~ Est dando o cérebro). i O Espiritismo ante a Ciéncia e o Amor TUTTLE LTT Resumo © ressurgimento do Espi- ritismo na Europa e sua ex- pansao pelo mundo resulta da atuagao dos Espiritos e espiri- tas brasileiros nesse processo. Tudo o que vem ocorrendo jé estd previsto na obra do Es- pirito Humberto de Campos, psicografada por Chico Xavier e intitulada Brasil, coragdo do mundo, pdtria do evangelho, além de outras revelagdes. Esse processo permanente de conscientizagio sobre a primazia da vivéncia dos pos- tulados cristicos, & luz do Es- Piritismo, nao é obra do acaso. Gabriel Delanne, em sua obra Jorge Leite de Oliveira jojorgeleite@gmail.com intitulada O espiritismo pe- rante a ciéncia, esclarece-nos quanto a verdade indiscutivel dos fatos observados sobre as teorias imaginadas. Para 0 Brasil, 0 “coragdo do mundo’, foi transplantado o Evange- Iho do Cristo, ¢ 0 Espiritismo veio restaurar a sua Boa-Nova, incentivando-nos ao conheci- mento de todas as coisas, mas sobretudo a pratica do amor. Palavras-chave Espiritismo; Ciéncia; Evan- gelho; missao do Brasil; pritica do amor. A nova expansio do Espi- ritismo no mundo atual resul- ta do planejamento de Jesus Cristo, cujo objetivo é dar pros- seguimento & sua promessa re~ gistrada por Jodo, nos capitulos 14 16 do seu Evangelho. Nesse sentido, os espiritas brasileiros, em especial os médiuns como Zilda Gama, Yvonne Pereira, Chico Xavier, Divaldo Franco ¢ Raul Teixeira, apenas para destacar os mais conhecidos, fazem parte da nova falange dos emissdrios que reencarna- ram no Brasil para continuar a obra de evangelizagao crista do mundo na formagio da civili- zagio do terceiro milénio, Outubro de 2021 | Reformador 15 569 500 16 © Espirito Humberto de Campos, antevendo 0 que estamos vivenciando atual- mente, em 1938, revela-nos as seguintes palavras de Jesus a um dos seus mensageiros, renascido em Portugal com 0 nome de Henrique de Sagres, cujo nome e destaque na na- vegagao esté consagrado na Historia: LJ A regio do Cruzeiro, ‘onde se realizara a epopeia do meu Evangelho, estaré, antes de tudo, ligada eternamente a0 meu coragao, [...] Sobre a sua volumosa extensio paira- 4 constantemente o signo da minha assisténcia compassi- va ea mao prestigiosa e po- tentissima de Deus pousard sobre a terra de minha cruz, com infinita Misericérdia, As poténcias imperialistas da ‘Terra esbarrario sempre nas suas claridades divinas e nas suas ciclépicas realizacdes. Antes de o estar a0 dos ho- mens, & ao meu coragio que ela se encontra ligada para sempre. (XAVIER, 2021, cap. 2-A patria do Evangelho). Esse trabalho grandioso € referendado pela atuacio de dedicados ¢ esforgados pesquisadores atuais, forma- dos nas mais variadas areas do conhecimento, tais como a Psiquiatria, a Psicologia, a Reformador | Outubro de 2021 Medicina, a Literatura e a Pe- dagogia entre outras. Embora © extraordinario avango dos meios de comunicagio pro- porcionados pela internet, ha obras centendrias, como a in- titulada O espiritismo perante a ciéncia, de Gabriel Delanne, \cansavel divulgador da obra dos Espiritos codificada por Allan Kardec, que muito con- tribuem com nossos conhe- cimentos sobre as revelagdes espirituais. Delanne foi autor de outros clissicos espiritas, resultantes de seus estudos e pesquisas. Exemplo disso sio as obras: A alma é imortal; O fendmeno espirita; A evolugao animica; € ‘A reencarnagao, traduzidas em portugués e publicadas pela FEB Editora. ‘Ao comentar sobre a ex- pansio da ciéncia positivista que, j no século XVIII, fazia adeptos, expandiu-se em sua época e deu origem a teorias que se contrapunham as reli- gides, pregavam o ateismo ¢ 0 culto 4 matéria, Delanne disse © seguinte: Se nao somos, com efeito, se- ndo uma associagéo de molé- culas, sem cessar renovadas; Se as nossas faculdades sio apenas a tradugio exata do desenvolvimento que 0 acaso daria a certas partes do cére- bro, com que direito poderia © homem prevalecer-se de suas qualidades e por que se condenaria um malfeitor, desde que sua inclinagio para o crime dependeria de certa disposigio orginica que ele ndo pode modifi- car? (DELANNE, 2010, 1* pt, cap. 1 ~ Temos alma’, it Outras objerdes). Deduzimos do exposto que essa é uma das consequéncias das ideias niilistas da atuali- dade, que tentam inverter os valores, justificar a crueldade, 08 vicios e a desonestidade no mundo. Entretanto, os Espiri- tos continuam afirmando, por médiuns diversos, que tudo 30 esta perto do seu fim. O leitor curioso talvez ainda pergunte: — Que nos leva a crer no fim dessas nogdes equivoca- das, que confundem proprie- dades da matéria com as da alma humana? E 0 préprio Delanne, em sua obra magistral, nos responde: “Temos provas seguras da exis- téncia da alma apés a morte; podemos estabelecer irre- fatavelmente que estamos com a verdade, ¢ isto, com 0 auxilio de experiéncias sim- ples, priticas, ao alcance de todos, ¢ para cuja explicagio ndo se faz mister um génio transcendente. © ignorante pode, come o sibio, ter uma convicgio, ¢ esse resultado é devido a uma ciéncia nova: 0 Espiritismo. Quando se pensa na gravida- de ligada & solugao do proble- ma da sobrevivéncia do eu e rnas consequéncias que daf re- sultam, nao se poderia achar demasiado insistir nos fend- menos que nos mostram, de forma probante, a existéncia da alma depois da morte. A vida social ¢ as leis que a di- rigem sao baseadas num ideal moral que s6 se pode apoiar nna crenga em Deus € numa vida futura. [1 Os cristios da Idade Média faziam mesquinha ideia de nosso. mundo, que s6 co- nheciam em parte, Consi- deravam-no como a base do Universo; nao viam no céu sendo a morada de Deus nas estrelas mais que pontos luminosos. Tinham, assim, estabelecido uma hierarquia grosseira, colocando 0 In- ferno no centro da Terra e 0 Paraiso acima do Sol, de sor- te que éramos 0 eixo de toda a Criagio, ¢ fora do nosso mundiculo nada existia. (es) © Universo inteiro ostentou diante de nés os esplendo- res de sua harmonia eterna, a simetria inalterdvel de suas transformagées, sua imu- tabilidade, sua imensidade! Diante de tao novos espe- taculos, reconheceram os homens a inanidade de suas crengas primitivas, queima- ram 0 que haviam adorado, «, levando 0 desdém do pas- sado aos tiltimos limites, re- peliram a nogio de Deus ea da alma, como de entidades vetustas, sem nenhum valor objetivo, Assim se estabele- ceu a corrente materialista, nascida no século XVIII, da Iuta contra os abusos, © homem de nossa época nao quer mais crer, descon- fia mesmo da razio e se re- fugia na experiéncia sensivel como a tinica que Ihe pode trazer a verdade; eis por que exige ele provas. positivas dos fendmenos que eram, até entdo, do dominio da Filosofia [...]_ (DELANNE, 2010, 3* pt. cap. 1 - Provas da imortatidade da alma pela experiéncia). Surgiu 0 momento pro- picio para a restauracio do Evangelho de Jesus Cristo, em cumprimento a sua pro- messa. As provas exigidas es- tao ao alcance de todos. Pois, em 18 de abril de 1857, Allan Kardec apresentava a0 mundo a obra basilar do Espiritismo, que seria complementada por outras quatro obras. O cora- g40 de todas elas, representa- do pelo O evangelho segundo 0 espiritismo, no qual, em qua- tro mensagens profundas, que encerram seu capitulo 6, inti- tulado O Cristo Consolador, 0 Espirito de Verdade expressa © pensamento do Cristo con- clamando toda a Humanidade 8 pritica do devotamento ao préximo e da abnegagio. Para isso, apenas duas con- dices nos sao exigidas: oamor, que se expande na pritica da caridade; ¢ 0 conhecimento, que nos livra da fé cega e fana- tica, que tantos danos causou & Humanidade. Por isso mesmo, nunca seré demais lembrar a frase do Espirito de Verdade contida no item § do capitulo 6 de O evangelho segundo o es- piritismo, que se aplica a todos 08 nossos itmaos da Humani- dade, independentemente de crengas: “Espfritas! amai-vos, este © primeiro ensinamento; instruf-vos, este 0 segundo [...]” (KARDEC, 2020). REFERENCIAS: DELANNE,Gobriel.Cespiitism peran- toa ciénca.Trad.Cartos Imbassaby.5. 2 imp, Brsiio, DF: FE, 2010. KARDEC, AULon. 0 evangetho segundo © espiritismo. Trad. Evandro Noteto Bezerra. 2. ed. 10. imp. Brasilia, DF: FEB, 2020. XAVIER, Francisco C. Brasit, coragio ‘do mundo, pétria do evangelho. Peto Espirito Humberto de Campos. 34. ed. 16. imp. Brasiti, OF: FEB, 2021, Outubro de 2021 | Reformador v7 so Gy MY MM sf LORANDO O EVANGELHO Pelo Espirito Emmanuel Brilthar “Assim resplandega a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquer 0 vosso Pai que est nos Céus” ~ Jesus (Mateus, 5:6) TTETELATAT AAT ddmitem muitos aprendizes que brilhar seré ad- géncia, no campo da fé. Realmente, excluir a cultura espiritual, em seus diversos angulos, da posigdo luminosa a que todos devemos aspirar, seria rematada insensatez. ‘Aprender sempre para melhor conhecer e ser- vir & a destinagéo de quem se consagre fielmente a0 Mestre Divino. Urge, no entanto, compreender, no imediatis- ‘mo da experiéncia humana, que, se 0 Salvador re- comendou aos discipulos brilhassem, & frente dos homens, no se esqueceu de acrescentar que essa claridade deveria resplandecer, de tal maneira, que eles nos vejam as boas obras, rendendo gragas a0 ai, em forma de alegria com a nossa presenca. Ninguém se iluda com os fogos-fituos do intelectualismo artificioso, Ensinemos © caminho da redengio, tracemos programas salvadores onde estivermos; brilhe a uz do Evangelho em nossa boca ou em nossa frase escrita, mas permanegamos convencidos de que se esses clardes nfo descortinam as nossas boas obras, seremos invariavelmente recebidos no ouvido alheio e no alheio entendimento, entre a expecta- go e a desconfianga, porque somente em fundi- do pensamento, verbo e acto, no ensinamento do Cristo Jesus, haveré em torno de nés glorificagio construtiva ao Nosso Pai que esté nos Céus. AL Brili “Tiel same via \umo lumu antaii hornoj, por ke ili vidu viajn bonajn farojn, kaj gloru vian Patron, kiu estas en la Cielo,” - Jesuo (Mateo, 516) FUELLED ultaj novicoj Konsentas, ke brili estas akiri kampo de kredo. Efektive, forstreki spiritan kulturon, lai ties di- versaj anguloj, el la luma rango, kiun ni ¢iuj devas aspiri, estus kompleta sensencajo. Lernadi senéese por pli bone koni kaj servi estas la destino de homo fidele sindedi¢a al la Dia Majstro. ‘Urgas tamen kompreni, ée la tujalcelismo de la hhoma ekzistado, ke, rekomendinte al la diseiploj bri- li antat: homoj, la Savanto ne forgesis aldoni, ke tia heleco devus brilegi en tia maniero, ke ili vidu niajn bonajn farojn kun danko al a Patro en formo de gojo pro nia éeesto. ‘Neniu lasu sin iluzii per la vaglumoj de la artifika intelektismo. Ni konigu la vojon al sinelaéeto, proponu savpro- ‘gramojn kie ajn ni trovigas, la lumo de I’ Evangelio brilu en nia buéo ai en nia skribo, sed ni restu ée la konvinko, ke se tu brlegoj ne vdigasniajn bongja farojn, ni estos sensange akceptitajen aliulaj orelo kaj kompreno inter streéa atendo kaj malkonfido , éar nur en fandigo de penso, vorto kaj ago, lat la instrua- do de la Kristo Jesuo, regos éirkaii ni edifa glorado al Nia Patro, kiu estas en la Cielo. Fonte: YAVIER Francisco C. Vinho de Luz Pela Espirito Emmanuel. 1. ed. 15. imp. BrasiLia: FEB, 2020. cap. 159, 592 18 Reformador | Outubro de 2021 Agressividade Origens e consequéncias TUTTLE LTT Resumo O presente artigo conceitua a agressividade e oferece indica- ges de suas origens, do ponto de vista cientifico, educacional ¢ spiritual. Caracteriza o agres- sor e enumera os males por ele causados. Informa que a agres- sividade tem raizes divers ‘mas que, na sua grande maioria, reside na influéncia de Espiritos perturbados ou obsessores. Palavras-chave Agressividade; agressors falta de educagio; instintos basicos; obsessao simples, Waldehir Bezerra de Almeida waldehir alr laggmail Desde que o homem se ins- talou no planeta, a agressivida- deo acompanha nos seus atos mais corriqueitos. De inicio 0 procedimento se coadunava com sua condigio humano- -espiritual, fazendo-se, muitas veres, necessdria & sua sobre- vivéncia. Saindo das cavernas ¢ pasando a viver em comu- nidades ditas civilizadas, seus vos ja ndo mais se faziam indispensaveis, mas gestos agres assim se manteve, assumindo débitos incalculdveis na con- tabilidade divina, dificultan- do sua jornada evolutiva, pois as sequelas da agressividade sdo as mais comprometedoras possiveis. Ela tem se manifes- tado em nés numa diversida- de espantosa: na exploragio do homem pelo homem, na submissio das mulheres ¢ das minorias, nas guerras religio- sas, nas batalhas pela con- quista de espago territorial, nas guerras religiosas, na in- tolerancia com os diferentes € no genocidio, pela negagio de bens necessérios & sobrevi- véncia. O Espirito Joanna de Angelis nos revela as causas da agressividade: [..] a violéncia encontra- -se embutida nos instintos basicos do ser, ainda nado Outubro de 2021 | Reformador w 598 sod 20 superados, ¢ além das suas manifestagées patolégicas, @ falta de educagdo, ou 0 exemplo dos vicios com os quais convive, com a ausén- cia absoluta do sentido ético, da dignidade moral, ficam insculpidas nos seus tecidos emocionais as condutas agres- sivas € violentas de que se nutrem [...].! (Grifo nosso). A Psicandlise ensina que agressividade € um conjun- to de tendéncias presente em todos os individuos e que se manifesta. em comportamen- tos reais ou fantasiosos, obje- tivando prejudicar, destruir ou humilhar 0 outro. E também considerada uma _psicopato- logia, ow seja, uma enfermi- dade psiquica, por ser uma forma de desequilibrio que se caracteriza por uma constante hostilidade diante do outro A criatura agressiva no lar, no ambiente de trabalho, no meio social € no templo re- ligioso se caracteriza _pelas abordagens diretas, fugindo da gentileza ¢ sendo contun- dente com o outro; esforga-se por fazer valer os seus direitos, seus pontos de vista, ignoran- do completamente seus de- veres, nao levando em conta que 0 outro, seu semelhante, € sempre a referéncia para sua evolugio moral e espiritual. © agressivo & sempre irénico, Reformador | Outubro de 2021 fala em voz alta, de forma as- pera, contundente, acusatéria, Tem dificuldade para dialo- gar quando percebe que esté perdendo o lance. Alguns estudiosos da edu- cao afirmam que a agres- sividade & uma resposta aprendida durante a infincia com base na aprovagio ou desaprovagao dada pelos pais, aos atos de agressio pratica- dos pelas criangas. E parece que estio com a razdo. Mais uma vez a veneranda Joanna de Angelis vem em nosso so- corro € nos lembra que “A agressividade reponta desde os primeiros dias da vida in- fantil e deve ser disciplinada pela educacao, na sua nobre finalidade de corrigir e criar hébitos salutares”* Oral sen- do a crianga um Espirito ve- Iho que se apresenta para uma nova experiéncia na vida ma- terial, alimenta a esperanga de que seus pais ndo somente a eduquem, mas, antes de tudo, a reeduquem espiritualmente. ‘As manifestagoes de agre sividades se expressam em diferentes formas, compreen- dendo as emogées, os pensa- mentos, as palavras ¢ os atos. Somos agressivos_ mental- mente quando alimentamos mégoa, édio, ressentimento de alguém pela ofensa recebi- da e passamos a emitir ener- gias negativas, dialogando intimamente e desejando que nosso agressor seja castigado de qualquer maneira. Quan- to A agressdo com as pala- vras, adverte-nos 0 Espirito André Luiz [..] Precisamos, assim, de muita cautela com a palavra, nos momentos de tensio alta do nosso mundo emotivo, a fim de que a nossa vor nao se desmande em gritos selvagens ‘ou em consideragdes. cruéis que nao passam de choques mortiferos que infligimos aos outros, semeando espinheiros de antipatia e revolta que nos prejudicarao a prépria tarefa.” A ciéncia espirita nos ofe- rece uma segura contribuigao, ampliando 0 entendimen- to das origens e extensdo da agressividade, promovendo desavengas conjugais, di- vércios, violéncia sexual, feminicidio, infanticidio, aci- dentes de transito e outros incidentes que tém origem na obsessao simples ou sutil. O Espirito Manoel Philomeno de Miranda, por intermédio do médium Divaldo Pereira Franco, na obra Nas fronteiras da loucura, faz uma profundae extensa andlise das obsessées, atendendo a classificagao pro- posta pelo Codificador. Aqui nos interessa 0 que ele ressal- ta sobre os efeitos da obsessdo simples, como uma das causas da agressividade. Diz 0 Es pirito: “A obsessio simples & parasitose comum em qua- se todas as criaturas, em se considerando 0 natural in- tercurso psiquico vigente em as partes do Universo”. Em continuagdo, assevera que ha muito mais obsessio grassan- do na Terra do que se imagina ese cré. Espirito André Luiz, ana- lisando as influéncias es iri- tuais sobre nés, encarnados, nas mais corriqueiras. situa- soe que a obsessao sutil, aquela em , chegou & concluséo de que 0 influenciado nao se sen- te envolvido, admitindo estar agindo por sua propria decisio e da mesma forma os circuns- tantes, promove mais desastres & Humanidade do que as obses ses que sdo identificadas por todos, em razio de suas per- ceptiveis manifestagées. Diz ele: Nio se sabe o que tem causado maior dano a. Humanidade: se as obsessies espetaculares, in- dividuais e coletivas, que todos percebem eajudam a desfazer ou isolar, ou se essas meio-obsessées de quase-obsidiados, despercebi- das, contudo bem mais frequentes, que minam asenergias de uma s6 criatura incauta, mas influencian- do 0 rotero de legides de outras? Grifo nosso), > | Reformador al 595 506 22 ‘Vem em nosso socorro, mais uma vez, o nobre Espirito Joanna de Angelis: (0 agressor deve ser examina- do como alguém perturbado ‘em si mesmo, em lamentével processo de agravamento, Nio obstante merece tratamento a agressividade que procede do espirito, cujos germes 0 con- taminam, em decorréncia da predomindncia dos instintos materiais que 0 governam e dominam. Problema sério que exige cui- dados especiais, a agressivida- de vem dominando cada vez maior nimero de vitimas que The caem inermes nas malhas constritoras Sem diivida, fatores externos contribuem para distonias nervosas, promotoras de rea- ‘gbes perturbantes, que geram, no raro, agressividade naque- les que, potencialmente, sio violentos. Acostumado & “lei da selva’, © espirito atribulado retor- nna a carne galvanizado pelas paixdes que o laceram e de que nao se deseja libertar, favorecendo facilmente que a0 consciente e se reincor- orem & personalidade atual, degenerando nas tragicas manifestagdes da barbérie que ora aterram todas as criaturas.® Reformador | Outubro de 2021 Quando Jesus, no Getsémani, foi surpreendido pelos solda- dos romanos que o aprisiona- ram, 0 Apéstolo Pedro sacou de sua espada para agredi-los; mas Jesus, imediatamente, 0 preveniu: Embainha a ‘tua espada, porque quem com ferro fere, com ferro sera feri do” (Mateus, 26:52). E é exa- tamente o que tem acontecido conosco: agredimos ¢ somos agredidos. Portanto, devemos exercitar a mansidio, domar nosso instinto de agressivida- de, que pulsa insistentemente em nosso inconsciente pro- fando, fazendo-nos refém do nosso ego. Concluamos dando a palavra ao inclito Codificador: [..] Jesus faz da brandura, da moderagio, da_mansuetude, da afabilidade © da docura, uma lei, Condena, por conse- guinte, a violencia, a célera até toda expressio. descortés de que alguém possa usar para com seus semelhantes. [..] Vai mesmo mais longe, pois que ameaga com o fogo do inferno aquele que disser a seu irméo: “Es louco’, B evidente que aqui, como em todas as circunstancias, a in- tengo agrava ou atenuaa falta; mas em que pode uma simples alavra revestir-se de tanta gra- vidade que merega tao severa reprovagao? E que toda palavra ofensiva exprime um sentimen- to contrério & Lei de Amor de Caridade que deve presidir 4s relagdes entre os homens € manter entre eles a concérdia € @ unio; & que constitui um atentado & benevoléncia reci- proca e a fraternidade; & que entretém 0 6dio e a animosi- dade; é, enfim, que, depois da humildade para com Deus, a caridade para com o préximoé a primeira lei de todo cristao” (Grifo nosso), REFERENCIAS. "FRANCO, Divoldo P. 0 despertor do exprita, Polo Espirito. Joanna de Angelis. 1. ed. Salvador, BA: LEAL, 2000, Problemos psicoligices contemporénes it ViaLéei rbane 2 Leis morais do vido. Peto Espirito Joanna de Angelis. 1. ed Salvador, BA: LEAL, 1976. 6 pt. cop. 28 - Agressividode. XAVIER, Francisco ©. Entre o Terra @ © cu. Polo Espirito André Luiz 27.0 41. imp. Brasite, DF: FEB. 2020. cop.22 = Irmé Clore, “ FRANOD, Divaldo P. Nes frontel- ras do Loveura. Plo Espirito Manoel fe Mirando. Salvador, BA: * XAVIER, Francisco C; VIEIRA Waldo. Estude e viva. Polos Espiri- tos Emmanuel © André Luiz. 16. ed. 5. imp. Brasilia, OF: FEB, 2015. cap. 36 ~ Influoneiages espirituais sutis (andré Lua). ‘FRANCO, Divaldo P. Leis morais da vida. Pelo Espirito Joanna de Angelis. 4. ed, Salvador, BA: LEAL, 1976.6 pt, ap. 28~ Agressividade. * KARDEC, Atlan. 0 evangetho segundo © espiritisma. Trad. Evandro Noleto Bezerre. 2. of. 10. imp. Brositia, DF FEB, 2020 cap. 9, it. Lugares assombrados TUTTLE LTT Resumo HA cento e sessenta anos ‘uma obra singular foi publica- da abordando a temética sobre médiuns e mediunidades - 0 li- -vro dos médiuns. Em um de seus capitulos explora com extrema lucidez e objetividade a ques- to dos lugares assombrados, explicando: quem assombra os locais ditos amaldigoados, por quais razées e, principalmente, qual a melhor atitude a seguir diante de tio singular situagao. Buscou-se sintetizar respostas a estas perguntas, facilitando 0 melhor entendimento do leitor sobre tais narrativas, que nos acompanham ao longo de nossa Rogério Miguez rogmigSS~gmailcam historia, descrevendo estes es- tranhos e atemorizantes sitios. Palavras-chave Lugares assombrados; fan- tasma; alma penada; O livro dos ‘médiuns; Allan Kardec; oragao. HA vinte anos estreava nas telas cinematogréficas 0 intri- gante e bem dirigido filme de suspense intitulado Os outros. De clima sombrio ¢ contan- do com o desempenho sempre marcante da principal perso- nagem, a atriz estadunidense Nicole Kidman, agradou a cri tica e aos cinéfilos das peliculas 20 estilo do génio do cinema Alfred Hitchcock. Ambientada ao final da Segunda Guerra Mundial, a trama desenvolve-se em um antigo casarao na ilha de Jersey, situada no Canal da Mancha, quando Nicole interpreta a mae de dois filhos com graves problemas de satide, aguardan- do, ansiosa, o retorno de seu marido, um soldado inglés que havia partido para se engajar nos combates de entao. Considerando esta sucinta descrigao, seria mais uma tris- te histéria, entre incontaveis outras narrativas, ocorridas Outubro de 2021 | Reformador 23 S07 S08 26 durante a guerra, ndo fosse 0 fato da familia, constituida de mie e dois filhos, haver morri- do fazia bom tempo e que, sem perceberem esta realidade, con- tinuavam a habitar a casa que outrora lhes pertencera, assom- brando 0 local e apavorando os possiveis compradores. ‘As crengas populares reco- nhecem haver lugares amaldi- soados, perturbados por almas penadas, moradias de fantas- mas ou seres sobrenaturais, ou seja, Espiritos de pessoas fale- cidas, que se manifestam sob varias formas, tais como: vul- tos, sombras, luzes, gritos, cho- 108, vozes ou mesmo suspiros € sussurros. Em muitos casos, so antigos habitantes dessas localidades. Ainda segundo as lendas, por terem interrompido subitamente compromissos na Ultima existéncia terrena, re- gressam as suas antigas mora- das, 4s vezes solicitando socorro e oragdes dos familiares e ami- gos que ficaram. Permanecem na Terra até que sejam atendi- dos, até que tenham satisfeitas as suas vontades, para s6 entio se desligarem destas habitagbes, sejam elas quais forem: castelos, choupanas, palicios, casebres, apartamentos variados, imé- veis comerciais, comunican- do pavor aos ocupantes destes higubres sitios. Esta incompreensio ainda ocorre, mesmo no século XXI, Reformador | Outubro de 2021 ‘em fungio de nao se ter a Hu- manidade dado conta de que hi cento e sessenta anos foi pu- blicada uma especial literatura espiritualista, particularmente espirita, contemplando expli- cages claras e légicas sobre as assim “amaldigoadas” resi- déncias, orientando inclusive quanto & melhor forma de se lidar com estes temporarios inquilinos do Além. A obra em questio € 0 sur- preendente O livro dos médiuns ‘ou Guia dos médiuns e dos evo- cadores, de autoria de um fa- mosissimo pedagogo francés do século XIX: Hippolyte Léon Denizard Rivail, popularmente conhecido por allan Kardec, 0 Codificador da Doutrina dos Espiritos. © autor aborda porme- norizadamente a questdo dos médiuns e suas muitas mediuni- dades, discorrendo sobre varios aspectos relativos ao intercam- bio que ocorre, desde priscas eras, entre os mundos material €o invisivel. De forma objetiva, como sé um verdadeiro pro- fessor & capaz de fazer, Allan Kardec nos guia pelos arcanos desta sublime faculdade, posta & nossa disposicao pela Providén- cia Divina para nos auxiliar em nossa jornada evolutiva. Como estas atemorizantes histérias sempre nos acompa- nharam, o sibio lionés no se fartou a investigar estas lendas, situando-as em seus devidos Iu- gares como fatos naturais pro- vocados por Espiritos imortais, que somos todos nés, muitos dos quais, ao perderem 0 corpo, ainda continuam a ignorar estes principios basilares divinos. Na segunda parte deste ex- traordinario compéndio 0 no- bre lionés comenta a questio ora em anélise, respondendo a varias questées que surge naturalmente sobre estes fatos insédlitos, que ainda nao en- contraram explicagées convin- centes & luz do ceticismo e do materialismo, nem muito me- nos por parte de religides dog- miticas ¢ sem fundamentagao racional, tio apreciadas nestes tempos modernos.! A primeira questao aborda- da, no que tange a este assunto, prende-se & razdo do assédio destes Espiritos jé desencarna~ dos a essas localidades. Allan Kardec informa que sdo sempre Espiritos inferiores na escala evolutiva, os quais, desinfor- mados, ignorantes, aturdidos com 0 fenémeno da morte, e também por conta de suas exis- téncias essencialmente mate- rialistas, se apegam a objetos, bens, pessoas e locais, como se deles ainda pudessem servir-se, ‘ou insistem em habitar uma residéncia que hoje nao Ihes pertence mais. Esclarece 0 Codificador que esta inferioridade nao implica

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