Certa vez, a bicharada inventou um arraiá e um casamento
matuto no sertão do Ceará. O sapo era o noivo e a dona jia, a noiva. O peru foi o sacristão e o marreco foi o padre e rezou a missa e a louvação. O tiú foi a testemunha do casório naquele dia e o delegado tatu garantiu a alegria. O capote foi o soldado e o calango foi o vigia. Para tocar na festança desse grande casamento, o preá foi o sanfoneiro e afinou seu instrumento. O grilo tocou pandeiro e o zabumbeiro foi o jumento. O louva-deus e a tanajura começaram a dançar. O vagalume e a borboleta resolveram imitar e a muriçoca não parava de tocar. Quando a noiva disse sim, dona pata um berro deu: ___ Que absurdo! Parem o casamento que esse sapo é todo meu! A cigarra foi dizendo que não entendia aquilo: ___ Como pode a dona pata, acabar toda alegria, pondo fim o casamento da jia? Foi aí que o galo gritou: ____ Minha gente, isso é tudo brincadeira! Depois de acalmar a bicharada com seu cocoricó, transformou o susto em alegria. Deu-se uma grande gargalhada e a festa continuou. Foi até o amanhecer e ninguém se cansou. Desse jeito aconteceu, a coruja me contou.