Você está na página 1de 1

O casamento matuto da bicharada

Nélia Ribeiro/ Rudson Duarte

Certa vez, a bicharada inventou um arraiá e um casamento


matuto no sertão do Ceará.
O sapo era o noivo e a dona jia, a noiva. O peru foi o sacristão
e o marreco foi o padre e rezou a missa e a louvação.
O tiú foi a testemunha do casório naquele dia e o delegado
tatu garantiu a alegria. O capote foi o soldado e o calango foi o
vigia.
Para tocar na festança desse grande casamento, o preá foi o
sanfoneiro e afinou seu instrumento. O grilo tocou pandeiro e o
zabumbeiro foi o jumento. O louva-deus e a tanajura começaram a
dançar. O vagalume e a borboleta resolveram imitar e a muriçoca
não parava de tocar.
Quando a noiva disse sim, dona pata um berro deu:
___ Que absurdo! Parem o casamento que esse sapo é todo
meu!
A cigarra foi dizendo que não entendia aquilo:
___ Como pode a dona pata, acabar toda alegria, pondo fim o
casamento da jia?
Foi aí que o galo gritou:
____ Minha gente, isso é tudo brincadeira!
Depois de acalmar a bicharada com seu cocoricó, transformou
o susto em alegria.
Deu-se uma grande gargalhada e a festa continuou. Foi até o
amanhecer e ninguém se cansou. Desse jeito aconteceu, a coruja
me contou.

Você também pode gostar