Recital – Ana Paula Jones

Uma volta ao retorno

Em minha mente , em minha imaginação , estou aqui

Na selva
Colocando pedras em um círculo
Os velhos maestros me ensinaram como é esse círculo ;
E como fazê-lo.
Mas eu que decido , onde colocar essas pedras.
E o tamanho dos círculos.
Eu decido como será meu próprio círculo.
Logo começará minha jornada;
A busca de uma visão ,
Aqui na selva ...

Em minha mente , em minha imaginação , também estou em uma viagem.

Uma viagem que começa em um avião ,
Em Tarmac , Cleveland , Ohio . 1997.
Espero para voltar para casa ,
Ao Rio de Janeiro , Ao Brasil.
Estive trabalhando como atriz em Cleveland
E durante esse período , surgiu uma questão ,
Se plantou uma semente ,
Como uma pedra em meu sapato;
Dói , cada vez que piso.

A pergunta é : Quem és ? De onde vens ? Que significa ser brasileira ?

Ok . Essas são três perguntas , mas para mim , apenas uma.
Somente uma grandiosa pergunta. Repetindo em minha mente.
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Uma vez em Griot , um mestre ancestral da África do Leste , Sotigui Kouyate , me disse
‘’ Se não sabe de onde vens ,
Então não sabe onde estás
E logo não pode saber para onde vai . ‘’
E algumas vezes
‘’ Se esqueces onde iria ,
deves voltar de onde começou ‘’
E é por isso que sigo aqui , neste circulo agora , buscando minha visão ;
Por isso , estou nessa viagem de descobrimento;
E por isso estou diante de vocês;
Para contar a minha história;

E este , é o meu Recital !!

Carta aos Ancestrais e as futuras gerações;

Declaro ser livre para pulsar o dom da vida.

Morro para renascer um ser livre e mais feliz.
Feliz por aceitar quem sou
e honrar meu sofrimento como mestre do meu prazer.
Que na alegria dos cantos sagrados e guardiões
Que nada dança dos ventos e das águas de minha mãe
Kayaya , Janaína , Yemanjá ,
Oxum , Dandalunda , Kicimbi ,
Yansã , Matamba
As vidas frutifiquem e pulsem ;
Dentro de mim .
Fora de mim ,
Como sempre há de ser
Respeitando e honrando a mãe Terra;