ANA CAROLINA OURIQUES DA SILVA

VICTÓRIA RODRIGUES VANZELLOTTI DINIZ

YASMIM DA SILVA

Atividade: Relatório: Proposta de Intervenção Sustentável

Atividade para a M1 na Universidade do

Vale do Itajaí, Escola Politécnica, no
curso de Design de Moda - Balneário
Camboriú.

Professor: Ricardo Antonio B. Sacavem

Balneário Camboriú
2024
 OBJETIVO DA ATIVIDADE

O objetivo deste relatório é realizar uma análise das práticas de produção da

Extreme UV com o intuito de identificar oportunidades de melhoria e propor medidas
concretas para tornar a marca mais sustentável. Através da visita às instalações da
empresa e da avaliação de sua produção, pretendemos entender os impactos ambientais
e sociais de suas operações, bem como identificar áreas onde mudanças podem ser
implementadas para reduzir esses impactos. O foco será em desenvolver recomendações
práticas e viáveis que promovam a sustentabilidade em todas as etapas do processo de
produção, desde a seleção de materiais até a distribuição dos produtos acabados. Espera-
se que este relatório forneça à Extreme UV insights valiosos e acionáveis para avançar
em direção a práticas de negócios mais sustentáveis e responsáveis.

OBSERVAÇÕES
A Extreme UV é uma empresa especializada na fabricação de roupas com
tecidos tecnológicos que possuem Proteção Solar Permanente (UVA e UVB), Proteção
com Repelentes de Insetos e também para os dias frios os tecidos Térmicos. Com
experiência no segmento de Proteção Solar em Roupas desde 2013, a Extreme UV
produz seus produtos de vestuário em sua própria fábrica em Santa Catarina. A venda
de seus produtos de fabricação própria, é no canal direto ao consumidor final, através de
seu e-commerce.
O processo de fabricação das roupas na loja envolve diversas etapas.
Inicialmente, a malha é adquirida de fornecedores externos, sendo o fio geralmente
proveniente da China. Esse fio é beneficiado no Brasil, transformado em malha, tingido
e, em seguida, é infestado e processado internamente na empresa. Todo o processo de
produção e customização das peças é realizado internamente na empresa, o que é
incomum para a indústria de confecção. As peças defeituosas são identificadas e
corrigidas durante o processo de fabricação. Em casos extremos, podem ser vendidas
como peças de segunda qualidade, doadas ou descartadas.
Todavia, os materiais utilizados não são provenientes de fontes sustentáveis.
Embora a empresa já tenha adotado peças com tecidos recicláveis, a qualidade desses
materiais é inferior e apresenta desafios quanto ao conforto térmico e odor, o que
acabou se tornando negativo para a marca, que abandonaram essa tentativa de materiais
de fontes renováveis e voltaram para os materiais de matéria prima virgem, o que
garante qualidade a roupa, porém piora o impacto ambiental, porém ecologicamente
melhor do que o algodão, pois é um material que envolve menos água no processo de produção.

Para minimizar o desperdício de materiais durante o processo de produção, a

empresa utiliza software para encaixe e aproveitamento do tecido. Devido ao alto valor
das malhas, o desperdício é considerado duas vezes mais oneroso, justificando o
investimento em tecnologias para otimização. Esse software tem uma licença de alto
custo por mês e que melhora, mas a economia gerada por esse corte preciso, paga por
essa licença, e ainda gera lucro. Além disso, com relação ao consumo de água e energia,
o consumo é reduzido na fábrica, uma vez que as máquinas são todas com motores
direct drive: não ficam ligados permanentemente, só ligam quando a costureira apertar o
acelerador, o que representa cerca de 10% do que uma máquina convencional utilizaria
de energia. Quanto ao uso de água, não há consumo de água durante o processo de
fabricação na marca, exceto para fins de higiene e alimentação.
Os produtos são embalados em papel para manter a apresentação e em
polipropileno cristal para proteção, sendo esta última reciclável. A empresa adota
práticas de embalagem que visam otimizar o espaço e reduzir o peso, minimizando
assim o impacto ambiental do transporte. No entanto, o plástico também é utilizado, por
ser uma embalagem versátil e é extremamente leve, não envolve custos de aumento de
frete ou gastar mais espaço, porém é extremamente prejudicial ao meio ambiente.
As condições de trabalho na empresa são consideradas satisfatórias, com salários
acima da média para os trabalhadores internos e respeito aos direitos trabalhistas.
Quanto à gestão de resíduos sólidos, a empresa destina seus resíduos de malha para
aterros, sendo que uma parte desses resíduos possui tecnologia para decomposição
acelerada. Apesar disso, a empresa não realiza auditorias formais de sustentabilidade,
mas reconhece a importância de avaliar essas práticas no futuro.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Em resposta à necessidade crescente de práticas sustentáveis na indústria da

moda, propomos uma série de intervenções para impulsionar a sustentabilidade na
Extreme UV. Nossa análise detalhada das práticas de produção atuais e dos desafios
específicos enfrentados pela marca nos levou a identificar medidas para intervenção.
Primeiramente, sugerimos a implementação de um sistema de reciclagem de
peças, criando um ponto de coleta em que os clientes possam levar as roupas usadas,
para assim serem encaminhadas para instalações de reciclagem. Dependendo do estado
das peças, elas podem ser recicladas para produzir novos materiais têxteis, como fibras
ou tecidos, ou reutilizadas de outras maneiras criativas. Para incentivar essa prática nos
clientes, a marca pode oferecer um desconto na próxima compra realizada. Em um
cenário em que mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados
nos últimos anos, que contribui para o aumento significativo da poluição, a prática da
reciclagem se torna fundamental dentro das marcas (Global Fashion Agenda, 2022).
Outra medida essencial que a marca pode aderir, é buscar prolongar o tempo de
vida útil das peças, através de costuras reforçadas, painéis de tecido adicionais em áreas
de alto desgaste e um corte que minimize o estresse nos pontos críticos da peça. Assim
como fornecer instruções claras de cuidado para os consumidores, destacando a melhor
forma de lavar, secar e armazenar as peças para prolongar sua vida útil. Essa prática
ajuda a moderar o ritmo de demanda, produção e consumo de novos produtos com uso
intensivo de recursos, retardando o ciclo de recursos e os impactos negativos (Bocken e
Curto, 2016).
 Além disso, a pesquisa e implementação de embalagens eco-friendly feitas de
materiais reciclados ou biodegradáveis também trata-se de uma opção viável,
priorizando embalagens feitas de fibras naturais, como juta, algodão orgânico ou
cânhamo, também feitas de papéis e papelões reciclados, ou até mesmo de tecidos
reutilizavéis, como bolsas de pano, sacolas reutilizáveis e saquinhos de tecido, que
podem ser usadas pelo cliente mais vezes. Ao optar por embalagens sustentáveis, a
Extreme UV poderá reduzir o impacto negativo no meio ambiente, minimizando o
descarte de materiais que demoram milhares de anos para se decompor, gerando a
poluição, e contribuindo para a preservação dos ecossistemas.
Mais uma proposta sustentável que a empresa pode adotar é a implementação de
processos de tingimento eco-friendly. Isso envolve a substituição de corantes químicos
por corantes naturais e orgânicos, bem como a utilização de métodos de tingimento que
minimizem o consumo de água e energia. Ademais, o tingimento eco-friendly pode
incluir a reciclagem de água e a utilização de técnicas de tingimento a frio que reduzem
a pegada de carbono. Ao adotar essas práticas, a empresa pode reduzir
significativamente o impacto ambiental de suas operações de tingimento, garantindo a
produção de roupas mais sustentáveis e eco-friendly.
Por último, outra medida fundamental para promover a sustentabilidade nas
operações da empresa é a realização de avaliações periódicas do impacto ambiental e
social de suas atividades. Essas avaliações fornecem uma visão abrangente dos efeitos
das operações da empresa sobre o meio ambiente, bem como sobre as comunidades
locais e a sociedade em geral. Ao conduzir essas avaliações regularmente, a empresa
pode identificar áreas de melhoria e implementar medidas corretivas para minimizar seu
impacto negativo. Ao adotar uma abordagem proativa para avaliar e mitigar seu impacto
ambiental e social, a empresa pode até fortalecer sua reputação, já que 66% dos
consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços de empresas
comprometidas com práticas sustentáveis e responsáveis (Nielsen, 2015).
Em conclusão, ao adotar medidas sustentáveis e realizar avaliações periódicas
do impacto ambiental e social de suas operações, a Extreme UV não apenas responde às
demandas crescentes por responsabilidade ambiental, mas também fortalece sua posição
como uma marca comprometida com um futuro mais sustentável na indústria da moda.
Essas ações não apenas beneficiam o meio ambiente, mas também promovem uma
imagem positiva da empresa, destacando seu compromisso com a sustentabilidade e o
bem-estar da comunidade.
Referências Bibliográficas

BOCKEN, NM, Short, SW (2016). Rumo a um modelo de negócios orientado para a

suficiência: experiências e oportunidades
[https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2210422415300137?via%3Dihub]. Meio
Ambiente. Inovar. Soc. Transito. 18, 41–61.
GLOBAL FASHION AGENDA, 2022. Moda sustentável e consumo consciente
[https://notthesamo.com/moda-sustentavel-e-consumo-consciente/]
NIELSEN MEDIA RESEARCH, 2015. Explore as Principais Tendências de Experiência do
Cliente em 2024 [https://blog.math.group/principais-tendencias-experiencia-do-
cliente#:~:text=De%20acordo%20com%20dados%20divulgados,Customer%20Experience
%20para%20este%20ano]