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Painel de poemas: quadro comparativo de escolas literárias brasileiras

Soneto Barroco Soneto Árcade Soneto Romântico


(Gregório de Matos) (Cláudio Manoel da Costa) (Álvares de Azevedo)

Discreta e formosíssima Maria, Torno a ver-vos, ó montes; o destino Já da morte o palor me cobre o rosto,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora Aqui me torna a pôr nestes outeiros, Nos lábios meus o alento desfalece,
Em tuas faces a rosada Aurora, Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Surda agonia o coração fenece,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia: Pelo traje da Corte, rico e fino. E devora meu ser mortal desgosto!

Enquanto com gentil descortesia Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Do leito embalde no macio encosto
O ar, que fresco Adônis te namora, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Tento o sono reter!… já esmorece
Te espalha a rica trança voadora, Vendo correr os míseros vaqueiros O corpo exausto que o repouso esquece…
Quando vem passear-te pela fria: Atrás de seu cansado desatino. Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

Goza, goza da flor da mocidade, Se o bem desta choupana pode tanto, O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Que o tempo trota a toda ligeireza, Que chega a ter mais preço, e mais valia Fazem que insano do viver me prive
E imprime em toda a flor sua pisada. Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto, E tenha os olhos meus na escuridade.

Oh, não aguardes, que a madura idade Aqui descanse a louca fantasia, Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Te converta em flor, essa beleza E o que até agora se tornava em pranto Volve ao amante os olhos por piedade,
Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada. Se converta em afetos de alegria. Olhos por quem viveu quem já não vive!

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