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TV Destino

Central Destino de Produção Episódio 3:01

CENTRAL
Sitcom de:
Evana Ribeiro
Escrita por
Escrita por: Evana Ribeiro

Direção
JOSÉ ALVARENGA JR.

Episódio 3:01
FRED, PRISCILA E O CANUDO

Personagens deste episódio

ALFREDO
DOMI
FRED
HERICLÉPITON
LOLITA
NEIDE
PRISCILA

Participações Especiais:
ALUNA
CAROLINA
CERIMONIALISTA
FOTÓGRAFO
HOMEM
INÊS
JOSÉ RODRIGUES
LOCUTOR
OTONIEL
REBECA
TAXISTA
CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 1
CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 2

CENA 01. TEATRO DA UFPE. ESCADARIA. EXTERIOR. DIA.


Um grande grupo de alunos está reunido na escadaria, tirando fotos. Todos
estão usando roupas iguais: calça jeans e uma camiseta preta, com a
inscrição “HISTÓRIA 2008.1”. Entre eles, está Priscila, com cara de sono.

PRISCILA — (baixinho) Só essas fotos pra me fazer acordar às


três da manhã... De que horas isso acaba?

FOTÓGRAFO — (off) Amor, faz uma pose aí! Logo!

Priscila percebe que é com ela e começa a fazer várias caras e bocas.

ATENÇÃO SONOPLASTIA: Começa a tocar a música We are the


champions – Queen.

Corta para mostrar o grupo inteiro, de longe, pronto para uma última foto.

CORTA PARA:

CENA 02. CASA DE DOMI. SALA. INTERIOR. DIA.


Neide está sozinha, olhando um álbum de fotografias, com ar nostálgico.
Domi entra e fica olhando de longe.

DOMI — Ei, tia, essas fotos são da Priscila?

NEIDE — São sim. (pausa) Dominique, eu tô ficando


velha...

DOMI — Tá nada, tia. Tá é jovem!

NEIDE — Não adianta tentar me animar. Eu me olhei no


espelho hoje de manhã e não consegui contar as
minhas rugas. Isso é sinal de que o rugol não
funciona mais...

DOMI — Pra mim isso tem outro nome: produto com prazo
de validade vencido.
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NEIDE — (sem graça) Bom, vamos esquecer esse negócio


dos cremes e pensar na festança de hoje!

FRED — (vindo do quarto) Vai ter comida?

DOMI — Não, Fred. É uma colação de grau. Demora


bilhões de horas e não tem comida.

FRED — Se não tem comida, não interessa pra mim.

NEIDE — Mas o senhor vai assim mesmo! Vai entrar com


Priscila, e botar o anel no dedo dela, tudo com
manda o figurino.

FRED — Vou ter que me fantasiar de pingüim, é?

NEIDE — Vai. Sua roupa já tá lá.

FRED — E como, se eu nem disse que ia? Eu nem tava


sabendo desse negócio!

NEIDE — Pois sabe agora. Vem comigo, vou te mostrar a


roupa.

Neide arrasta Fred para o quarto. Domi pega o álbum e fica folheando.

DOMI — É... Alguém nessa família realmente virou


alguém! (pausa) Ou não, né?

CORTA PARA:

CENA 03. CASA DE DOMI. QUARTO DE FRED. INTERIOR. DIA.


Neide se afasta um pouco para ver melhor. Mostra Fred, usando terno e
gravata, quase elegante (seus cabelos estão totalmente desalinhados). Ele
não parece estar muito satisfeito.

FRED — Tô parecendo um pingüim...


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NEIDE — Tá lindo. Sua mãe vai ter orgulho de você, assim,


vestido que nem gente. (pausa) É só passar um
pouquinho de gel nesse fuá e pronto/

FRED — (corta) Gel não! Tudo, menos gel!

Domi aparece na porta e fica olhando, meio incrédula.

DOMI — Nossa... Se tu saísse assim na rua ia até impor


mais respeito, sabia? Todo mundo ia votar em você.

FRED — Sério?

DOMI — Sério. Fica parecendo que tu é uma pessoa que


trabalha... Pra ficar melhor, só tá faltando aquele
gelzinho!

FRED — Me nego.

DOMI — Tia, segura ele aí que eu vou buscar o gel.

FRED — Eu não vou pra lugar nenhum com clara de ovo


na cabeça!

NEIDE — Pára de chiar, menino! Senão eu quebro mesmo


um ovo na sua cabeça pra ver o que é bom.

Domi volta e já vai enchendo a mão de gel.

DOMI — Prontinho! Não vai doer nada...

Fred tenta escapar, sem sucesso. Está encurralado. Quando Domi está
quase colocando o gel no cabelo dele, a campainha toca.

DOMI — Eu vou lá atender.

FRED — Valeu, Jesus!

Domi sai.
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CORTA PARA:

CENA 03. CASA DE DOMI. SALA. INTERIOR. DIA.


A campainha toca de novo. Domi vai até a porta.

DOMI — Ô povinho agoniado, viu!

Ela abre a porta e fica sem reação ao ver o grupo formado por Inês,
Carolina, Otoniel, José Rodrigues e Rebeca – todos parentes.

DOMI — Mamãe!

INÊS — Minha filha!

Elas se abraçam, felizes.

INÊS — Cadê sua tia?

DOMI — Tia Neide! Fred! Vem cá!

Eles vão correndo para a sala. Ao ver a mãe, Fred vai correndo até ela.

FRED — Mãe, a Domi tá querendo passar um gel nojento


no meu cabelo!

Inês fica olhando o cabelo de Fred, indignada.

INÊS — Meu filho, que Bom Bril é esse na sua cabeça,


hein? Não tem pente nessa casa não?

DOMI — Tem sim, mãezinha. Olhe como meus cabelos


estão penteados.

FRED — Ô mãe, mal chegou e já vai implicar com o meu


cabelo?

OTONIEL — Esse aí também é meu primo?

FRED — Quem é esse?

INÊS — Otoniel, seu primo de segundo grau. Otoniel,


esses são meus filhos Dominique e Frederico.
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OTONIEL — A da música, né?

DOMI — Que música?

OTONIEL — (canta) Dominique, nique, nique, sempre alegre


esperando alguém que possa amar...

DOMI — Tá bom, pode parar, já entendi...

REBECA — E Priscila?

NEIDE — Tá na casa dela. Daqui a pouco eu vou pra lá pra


ajudar...

REBECA — Ela continua dando...

José Rodrigues, Inês, Neide e Otoniel olham para Rebeca, espantados.

REBECA — ... Muito trabalho por aí?

CORTA PARA

CENA 04. CANDEIAS. VISTA AÉREA. EXTERIOR. DIA.


Vários takes do bairro. ATENÇÃO SONOPLASTIA: tocar Priscila
alma sebosa – Backing Ballcats Barbis Vocals.

CORTA PARA:

CENA 05. AP. DE PRISCILA. QUARTO. INTERIOR. DIA.


Priscila e Hericlépiton estão se agarrando na cama de solteiro dela.

PRISCILA — Finalmente acabou! Acabou! Não preciso mais


estudar, nem olhar pra cara daqueles professores
chatos...

HERICLÉPITON — Isso... Agora vai trabalhar e ganhar muito


dinheiro pra comprar uma caminha maior. (pausa)
Aliás, não quer casar comigo não?

PRISCILA — Pra quê?


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HERICLÉPITON — Porque agora você tem emprego garantido, já


pode até sustentar uma família.

PRISCILA — Mas é vadio, viu... Pro seu governo, a primeira


coisa que eu vou fazer assim que eu pegar aquele
diplominha é me mandar!

HERICLÉPITON — Se mandar pra onde, hein?

PRISCILA — Sei lá, pra qualquer lugar que tenha sombra, água
fresca e uns morenos, altos... Só finesse.

HERICLÉPITON — E se eu não deixar?

PRISCILA — Hericlépiton, não morga.

HERICLÉPITON — Achei que tu fosse minha mulher, pô.

PRISCILA — Mas, assim como meu priminho Fred, eu sou do


povo! Principalmente da parte masculina do povo. E
vai saindo, vai, preciso dormir, daqui a pouco minha
mãe chega e não vai querer ver essa baixaria aqui
não. Mamãe é uma senhora de respeito.

HERICLÉPITON — Onde? Alpatino disse que Domi disse que tua


mãe era a maior vassourinha de Garanhuns!

PRISCILA — Com certeza foi Fred quem começou com isso. E


como Fred é político...

A campainha toca. Priscila dá uma olhada no relógio sobre o criado mudo.

PRISCILA — Opa, é ela.

Priscila levanta de qualquer jeito e vai saindo. Hericlépiton vai atrás dela.

CORTA PARA

CENA 06. AP. DE PRISCILA. SALA. INTERIOR. DIA.


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Priscila vai abrir a porta enquanto Hericlépiton procura sua camisa, cinto,
outros objetos espalhados no cômodo todo bagunçado. Quando Priscila
abre a porta, dá de cara com a mãe e toda a comitiva (menos Inês).

PRISCILA — Mamãe! Quem são essas pessoas?

JOSÉ RODRIGUES — Não tá mais reconhecendo, menina? Sou


eu, seu tio. E sua tia Carolina, Rebeca e Otoniel, seu
primo de segundo grau.

PRISCILA — Ah, tá... Mas porque vocês vieram pra cá mesmo?

CAROLINA — Pra ver você, meu amor! Tá tão bonita...

NEIDE — Mas o que é que o Hericlépiton tá fazendo aqui?


Ainda mais... Assim?

PRISCILA — Nada, mamãe. Ele já tá indo embora. Né,


Hericlépiton?

HERICLÉPITON — É?

CAROLINA — Ah, Neide, não banca a bobinha não. Até parece


que você nunca foi pega com um homem numa
situação dessas.

NEIDE — Mas a minha filha/

CAROLINA — (corta) Inclusive eu lembro bem que um dia


desses antes da senhora vir pra cá eu lhe peguei com
o Zé Rodrigues aqui.

JOSÉ RODRIGUES — Carolina, não comenta...

CAROLINA — Tá com vergonha de assumir na frente das


crianças, é? Pensasse nisso quando resolveu se
agarrar com a minha irmã.

HERICLÉPITON — Pensando bem, é melhor eu ir embora


mesmo...
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REBECA — Ei, gato, vai não! Meu nome é Carolina, e o teu?

HERICLÉPITON — Hericlépiton.

REBECA — Hmmm... O nome é ridículo, mas o resto até que


se aproveita!

PRISCILA — Tá massa... Quando aparecer um terceiro gêmeo,


eu aviso pra ele te procurar, tá, oferecida?

REBECA — Oferecida? Eu?

PRISCILA — Não, a Sula Miranda!

REBECA — Meu amor, se eu sou oferecida, saiba que isso é


herança genética, tá legal?

Todos começam a discutir, falando ao mesmo tempo. Falta pouco para


começarem as agressões físicas. Hericlépiton vai saindo de fininho.

CORTA PARA

CENA 07. CASA DE LOLITA. QUARTO DE LOLITA. INTERIOR.


DIA.
Lolita tira vários vestidos do seu guarda-roupa e os joga na cama. Domi
está junto e começa a observar um por um. Conversa iniciada.

LOLITA — E a tua mãe foi junto com eles?

DOMI — Foi nada... Ficou lá em casa, dando um jeito no


cabelo do Fred.

LOLITA — Ah, não sabia que tua mãe é cabeleireira...

DOMI — E não é! Mas ela é ligada nesses trecos de


jardinagem, sabe manejar uma tesoura como
ninguém.

LOLITA — (espantada) Ela vai podar o Fred?

DOMI — E vai cauterizar as plantinhas.


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LOLITA — Coitado...

DOMI — Coitado nada! Quem mandou ficar meses sem


pentear aquele Reginaldo Rossi que ele tem na
cabeça? Se bobear, tem até colônia de férias de
piolho instalada naquela peruca.

Ouvem-se batidas na porta.

LOLITA — É Alfredo?

ALFREDO — (off) Sou eu! Tão vestidas, né?

LOLITA — Pode entrar!

Alfredo entra.

ALFREDO — Tava querendo falar com você, Dominique.

DOMI — Sobre?

ALFREDO — Fred. Eu quero marcar logo o dia pra ele tirar as


fotos pros santinhos.

DOMI — E por que não marca com ele?

ALFREDO — Já tentei, já tentei... Mas aquele lá é pior que


mocinha de novela das seis. Parece que tá dividida
entre dois amores...

DOMI — Dou por vista como vai ser se ele ganhar a


eleição...

ALFREDO — Quando é que ele pode tirar essas fotos?

DOMI — Hmmm... Deixa eu ver. (pausa longa, está


pensando) Hoje mesmo!

LOLITA — Mas hoje não é o dia da colação de grau da


Priscila?
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DOMI — Por isso mesmo que hoje é o dia da foto. Quando


é que Fred vai aparecer arrumado pra sair
decentemente numa foto?

LOLITA — E ele vai gostar disso?

DOMI — Não é ele que diz que é “Fred do povo?” Eu sou


eleitora, eu sou o povo e se ele não gostar, que vá se
lascar pra lá. (pausa) Acabaram os vestidos?

LOLITA — É, acabou.

DOMI — Pôxa, só tem roupa curta aqui... Nenhuma faz o


meu estilo.

LOLITA — Bom... Se quiser as roupas da minha mãe ainda


tão guardadinhas. Só não sei se Alpatino vai gostar
de andar com uma namorada cheirando a naftalina,
mas...

DOMI — Tá, esquece. Eu vou ver aqui no meio das suas


mesmo.

Domi volta a olhar os vestidos.

CORTA PARA:

CENA 08. CASA DE DOMI. SALA. INTERIOR. DIA.


Fred se olha no espelho, agora com o cabelo bem cortado. Passa a mão pela
cabeça, penalizado.

FRED — Ô, mãe! Meu cabelo tava tão bonito...

INÊS — Bonito... Daqui a pouco iam te confundir com o


Reginaldo Rossi, menino!

FRED — Pelo menos eu tinha garantido os votos da galera


do brega, né?

INÊS — Votos?
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FRED — É, mãe. Não te contaram que agora eu sou


candidato a vereador?

INÊS — Sim, mas eu não achei que isso fosse sério.

FRED — Pois é muito sério.

INÊS — Ainda bem que não é pra prefeito... Imagine uma


cidade inteira pra você mandar!

Domi entra, carregando uma sacola.

DOMI — Agora sim, tá parecendo meu irmão! Ah, Fred,


hoje você vai tirar as fotinhas pros santinhos da
campanha, viu?

FRED — Hoje? Como é que eu vou fazer isso se vou lá


praquela morgação de formatura?

DOMI — Já pensei em tudo, meu querido. Lolita vai tirar as


fotos lá mesmo na festa, aproveitando que o senhor
estará vestido de político sério.

INÊS — Menina, não força... “Político” e “sério” são duas


palavras que não se combinam lá muito bem.

Carolina, José Rodrigues, Otoniel e Rebeca chegam, discutindo.

INÊS — E essa bagunça toda? Cadê Neide?

CAROLINA — Ficou pra lá, com Priscila.

JOSÉ RODRIGUES — Ainda bem que ela não veio junto, senão
ia rolar morte no meio do caminho.

INÊS — Credo!

CAROLINA — E ia mesmo! Só não matei Neide no cacete antes


porque ela veio correndo pra cá, mas agora ela não
me escapa! Ou tá achando que vai ficar ciscando
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com o marido da própria irmã e não vai acontecer


nada?

DOMI — Ai, tia... Releva! Pra tia Neide, nem foi coisa
séria!

CAROLINA — Mas pra mim foi! E de hoje não passa. Hoje a


gente vai botar os pingos nos ‘is’.

FRED — Aí, Domi, mais uma missão pra Central.

OTONIEL — Central? Central de quê?

DOMI — Central de Atendimento aos Desesperados, nosso


super empreendimento assistencialista e telefônico.
Um sucesso!

OTONIEL — Sucesso, é? Então por que vocês ainda moram


nessa casa de pobre?

FRED — Porque a gente precisa ficar dando explicação pra


manés assim que nem você!

OTONIEL — Olha aí, tio Zé! Ele me chamou de mané!

DOMI — Ai, ai... Tô vendo que o dia vai ser longo! Vou lá
dentro, com licença.

Domi vai para o quarto e deixa o resto do grupo discutindo.

CORTA PARA:

CENA 09. VIDEOCLIPE. EXTERIOR. DIA.


Tomada das casas de Domi, Lolita e Priscila. Transição dia-noite.
ATENÇÃO SONOPLASTIA: tocar Barrados no baile – Eduardo Dusek.

CORTA PARA:

CENA 10. CASA DE LOLITA. SALA. INTERIOR. NOITE.


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Lolita entra, já com seu vestido de festa e testando sua câmera digital.
Alfredo se surpreende ao vê-la pronta para sair.

ALFREDO — Vai pra onde?

LOLITA — Vou tirar as fotos do Fred na festa, esqueceu?

ALFREDO — Ah, sim. Antes tira uma foto minha aqui.

LOLITA — Vai, faz uma pose aí.

Alfredo se prepara para a foto. Faz uma pose ridícula. Lolita bate a foto e
começa a rir.

ALFREDO — O que foi, menina? Tá rindo do quê?

LOLITA — Da sua cara! Olha, não leva a mal, mas essa pose
de estátua de praça ficou podre!

ALFREDO — Ah, é? Então vai tirar outra. Vai tirar muitas!

Lolita suspira e começa a fazer uma seqüência de fotos de Alfredo, que faz
uma pose pior que a outra.

ATENÇÃO SONOPLASTIA: tocar Chris Michaels – The Fiery Furnaces.

CORTA PARA

CENA 11. TÁXI. INTERIOR. NOITE.


Lolita e Domi estão se encaminhando para a festa. Lolita olha o visor da
câmera, preocupada.

LOLITA — Tô vendo que essa pilha não vai durar muito...

DOMI — E por que não comprou pilha nova?

LOLITA — Porque a gente tá atrasada, né?

DOMI — É verdade. Mas essas coisas sempre atrasam...


Daí que os formandos entrem, e recebam lá o
canudo, vai tanto tempo... Eu só penso é nesses
pobres. Se ferram pra entrar, se ferram pra sair...
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CORTA PARA:

CENA 12. TEATRO DA UFPE. HALL DE ENTRADA. INTERIOR.


NOITE.
Formandos de História e Geografia estão reunidos, acompanhado por
parentes, amigos, formando uma certa balbúrdia. Em segundo plano: algum
formando tirando fotos.

FRED — Tô com calor! De que horas começa essa


bagaceira?

OTONIEL — Eu tô com fome!

FRED — Ah, pela primeira vez a gente concorda em


alguma coisa! Mãe, não dava pra trazer algo pra
gente comer, não?

INÊS — E essa Domi que não chega...

FRED — Mãe! Eu aqui morrendo de fome e a senhora


preocupada com a Domi?

INÊS — E se aconteceu algum acidente na estrada? E se


elas chegarem muito tarde e não conseguirem
chegar?

REBECA — (olhando o vestido de Priscila, com inveja)


Bonitinha a tua roupa.

PRISCILA — Obrigada, fofa.

REBECA — E cadê aquele seu namorado, o... O... Como é o


nome dele mesmo?

PRISCILA — Hericlépiton. E ele não é meu namorado, não.

REBECA — Não? Então me empresta ele um pouquinho?

PRISCILA — Não!

PRISCILA — Não mesmo!


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CAROLINA — Isso mesmo, Priscila. E a senhora, dona Rebeca,


não faça igual a sua tia Neide aqui, que fica
roubando o homem alheio.

NEIDE — Opa, olha a difamação! Eu não roubei nada de


ninguém!

CAROLINA — Ah, não? Então o que foi aquela ceninha que eu


vi, hein?

JOSÉ RODRIGUES — Não foi nada...

CAROLINA — E você cala a boca, Zé Rodrigues!

JOSÉ RODRIGUES — Mas eu já vivo sem falar nada!

CAROLINA — Porque não fala nem faz nada que preste.

NEIDE — Tá vendo? Por isso que teu marido pula a cerca.


Foi casar com uma égua batizada que nem tu, deu
nisso!

CAROLINA — Inês, olha ela!

INÊS — Já cansei dessa briguinha de vocês! Vou dar uma


volta e ver se consigo falar com Dominique.

Inês sai.

PRISCILA — E eu também já me enchi! Vem, Fred, vamos dar


uma volta.

FRED — Isso! Aproveito pra ver se tem algo de comer aqui


perto.

OTONIEL — Vou com vocês.

O trio vai saindo.

NEIDE — Priscila, você não pode ir, você é formanda!


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PRISCILA — Mas daqui que essa formatura comece...


Voltamos num instante!

Eles saem.

CORTA PARA:

CENA 13. UFPE. ESTACIONAMENTO DO CAMPUS. EXTERIOR.


NOITE.
Um táxi pára perto do Teatro.

CORTA PARA

CENA 14. TÁXI. INTERIOR. NOITE.


Domi paga a corrida. Ela e Lolita vão descendo do carro, mas Lolita pára
quando já está com as pernas para fora do veículo.

DOMI — O que foi?

LOLITA — Acho que é melhor a gente ir comprar outra


pilha...

DOMI — Agora que tu me diz isso? Agora que a gente já tá


aqui, que estamos atrasadas e tudo, tu me diz que é
melhor ir comprar outra pilha?

LOLITA — É que é melhor não arriscar, sabe? E se eu não


conseguir tirar nenhuma fotinha?

DOMI — Ah, também não precisa desesperar tanto, né?

LOLITA — Ah, é. É sim. É muito! Se eu não conseguir tirar


fotos boas do Fred, Alfredo me mata. E depois o
pessoal do partido mata ele...

DOMI — Por isso que eu não gosto de política. É um


matando o outro...

LOLITA — Tá, mas deixando a matança um pouco de lado,


vai comigo comprar a pilha?
CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 18

DOMI — Tá bom...

Elas entram de novo no carro.

DOMI — Moço, onde é que a gente pode achar um


supermercado aberto?

TAXISTA — Olhe, moça, a essa hora fica meio difícil... Mas


vamos ver aí.

DOMI — Essa corrida fica por conta dela, agora. (indica


Lolita)

LOLITA — Minha conta não! Alfredo que pague, é despesa


da campanha dele e não tenho nada a ver com isso.

CORTA PARA:

CENA 15. UFPE. ESTACIONAMENTO. EXTERIOR. NOITE.


O táxi vai saindo.

CORTA PARA:

CENA 16. TEATRO DA UFPE. HALL. INTERIOR. NOITE.


Todos os formandos estão organizados em fila, já entrando no teatro.
Movimentação de fotógrafos e cerimonialista. Ouve-se de forma não muito
clara que os nomes dos formandos estão sendo chamados.

CORTA PARA

CENA 17. TEATRO DA UFPE. TEATRO. INTERIOR. NOITE.


Na platéia, a família de Domi assiste à entrada dos formandos.

JOSÉ RODRIGUES — Ô Neide, esses aí são de Geografia ou


História?

CAROLINA — Mas é enxerido, né não?´

NEIDE — É Geografia.
CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 19

CAROLINA — Pára de dar em cima do meu marido, Neide!


Senão eu esqueço que hoje é formatura da Priscila,
esqueço que tu é minha irmã e te encho de bolacha
aqui mesmo!

NEIDE — Vem, vem mesmo! Quero ver se tu é mulher pra


me bater.

Carolina se levanta e já vai avançando pra bater em Neide, que se prepara


para fazer o mesmo. As pessoas próximas já estão alvoroçadas, prestando
atenção ao princípio de briga.

INÊS — (bem alto) Olha, essas moças aqui não são


minhas irmãs não, tá? Tudo desconhecida...

Neide e Carolina começam a se bater.

REBECA — Olha a pena voando...

INÊS — Vocês duas, querem parar com essa baixaria?


Neide, olha a compostura, daqui a pouco Priscila
entra aí.

NEIDE — Eita, eu tinha esquecido! Minha filhinha... Sai pra


lá, Carolina.

CAROLINA — Tá... Mas eu te pego lá fora, tá sabendo?

Tudo fica quieto. A parte da platéia que estava prestando atenção à


confusão reage, decepcionada.

INÊS — E a culpa é sua!

JOSÉ RODRIGUES — Minha... Deus me fez bonito assim e


depois a culpa é minha!

NEIDE — (se esticando para ver melhor) Cadê essa menina


que eu não tô vendo?

INÊS — Na fila, né? Daqui a pouco ela aparece aí.


CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 20

CORTA PARA:

CENA 18. TEATRO DA UFPE. HALL. INTERIOR. NOITE.


Os formandos vão entrando em fila, à medida em que vão sendo chamados.
Priscila, Fred e Otoniel chegam correndo e tentam furar fila.

PRISCILA — Ei, peraí, eu tenho que entrar!

CERIMONIALISTA — Desculpe, moça, mas por aqui só passa


quem é formando.

PRISCILA — Meu filho, não tá vendo que eu tô usando uma


droga de roupa de formatura? Deixa eu passar!

CERIMONIALISTA — Vá para o fim da fila.

FRED — Fim da fila uma conversa, colega.

CERIMONIALISTA — Fim da fila, por favor...

FRED — Meu querido, você sabe com quem está falando?

OTONIEL — Com um mane!

FRED — E você cala a boca, pirralho malcriado. Olha aqui,


meu filho. Eu sou representante do cenário político
jovem da/

OTONIEL — Mas ele ainda nem ganhou/

Fred tampa a boca de Otoniel antes que ele conclua a frase.

FRED — Ligue não, ele é meio doentinho e esqueceu de


tomar o remédio controlado... A mãe dele tá aí
dentro, posso levar ele lá dentro?

CERIMONIALISTA — Não.

PRISCILA — Por favor! Olha, tão chamando o meu nome!

CERIMONIALISTA — Senhorita, pro fim da fila...


CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 21

Priscila olha pro cerimonialista, faz uma careta e vai para o fim da fila.

OTONIEL — Mas tu desiste fácil, né, Priscila?

PRISCILA — Desistir? Quem desistiu do que aqui?

OTONIEL — Tu desistiu de entrar lá.

PRISCILA — Desisti nada, meu filho. Eu tenho um plano...


Vocês vão ver.

Close em Priscila, com ar maquiavélico.

CORTA PARA:

CENA 19. TEATRO DA UFPE. TEATRO. INTERIOR. NOITE.


A solenidade de formatura já começou. A família de Domi está
preocupadíssima com a ausência de Priscila.

NEIDE — Ah, meu Deus! O que aconteceu com essa


menina que não entrou?^

INÊS — Só pode ter se perdido com Fred e Otoniel. Eles


não deviam ter saído...

CAROLINA — Mas só podia ser filha de quem é!

NEIDE — Vai começar, é? Vai começar?

CAROLINA — Eu não começo nada! Foi você quem começou


quando deu em cima do meu marido, sua
vassourinha!

Neide avança furiosa para bater em Carolina. José Rodrigues se levanta,


irritado.

JOSÉ RODRIGUES — Ah, cansei de vocês! Eu vou embora.

José Rodrigues sai. Confusão geral.

LOCUTOR — Pessoal da esquerda, por favor, por favor, se


acalmem.
CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 22

CAROLINA — Olha aí, com você.

NEIDE — Como assim, comigo? É você que tá na esquerda!

REBECA — Ai, vai começar de novo... Vou embora também.

Rebeca também sai.

CORTA PARA:

CENA 20. TEATRO DA UFPE. HALL. INTERIOR. NOITE.


Priscila e Fred estão procurando um jeito de entrar sem serem notados,
enquanto Otoniel fica sentado numa escadinha, só observando tudo. José
Rodrigues e Rebeca os surpreendem.

JOSÉ RODRIGUES — O que vocês tão fazendo aqui que não


tão lá dentro?

PRISCILA — Bem, tio... O cerimonialista brutamontes não me


deixou entrar.

FRED — Só porque a gente se atrasou um pouquinho...

PRISCILA — Mas eu vou entrar aí de qualquer jeito!

REBECA — E tudo isso só pra pegar um canudo besta! Eu


hein...

PRISCILA — Não é um canudo besta, meu bem. É o canudo da


liberdade! Vocês me ajudam a entrar aí sem nenhum
segurança ver?

JOSÉ RODRIGUES — Vou ver aí...

Domi e Lolita chegam correndo, cansadíssimas.

DOMI — O que foi? A paradinha ainda não começou?

FRED — Começou... Só que a gente foi barrado.

LOLITA — Barrada na própria festa?


CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 23

PRISCILA — Pra você ver...

FRED — E por que vocês chegaram só agora?

DOMI — Porque a Lolita me fez rodar meia Recife


procurando pilha pra câmera pra tirar a tua foto!

LOLITA — Mas consegui!

DOMI — Depois de ir quase bater no fim do mundo. Mas


pelo menos conseguiu, né?

LOLITA — Isso. Agora, Fred, te ajeita, faz uma pose que não
pareça estátua de praça que eu vou bater a foto.

Fred faz uma pose tipo ‘estátua de praça’.

LOLITA — A gente diz as coisas e é o mesmo que nada.

PRISCILA — Peraí, gente! Tive uma idéia. (pausa) Fred,


começa a fazer teu discurso aí, Lolita vai tirando
foto... O povo vai se distrair e eu entro.

LOLITA — Olha, eu não sei se isso vai prestar não...

JOSÉ RODRIGUES — Pra distrair era melhor chamar Neide e


Carolina, elas se pegavam aqui, todo mundo ficava
assistindo, vocês entravam lá na cerimônia e tudo
ficava como se nada tivesse acontecido...

OTONIEL — Isso! Aí eu aproveitava pra fazer uma graninha.


Tô precisando...

PRISCILA — Ah, não! Eu não quero que a minha mãezinha


morra. Do jeito que tia Carolina é...

JOSÉ RODRIGUES — Eu vivo com ela há vinte anos e nunca


me aconteceu nada, digo logo...
CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 24

FRED — Meu povo, minha gente! Eu quero aproveitar essa


oportunidade ímpar para fazer um protesto... Um
protesto... Sobre o que é o protesto mesmo?

DOMI — O político aqui é você...

LOLITA — Vamos protestar contra o excesso de motivos


para protestar! Vamos protestar contra a poluição!
Contra o desmatamento! Contra os animaizinhos
abandonados! Contra...

FRED — Contra as últimas capas da Playboy, que tão um


horror! É uma coisa muito...

LOLITA — Cala a boca, Fred!

FRED — Não era pra protestar? A capa da Playboy é um


item fundamental para a sobrevivência de qualquer
um!

LOLITA — Não ouçam! Votem em mim, porque eu sou uma


candidata séria, que pensa no futuro das criancinhas.

HOMEM — Pense no futuro das crianças que eu quero fazer


contigo, gostosa!

Lolita quase dá um fora no homem, mas pára, respira fundo e tira um


papelzinho do bolso, com sua foto e número.

LOLITA — Toma... Dia 3 de Outubro você digita esse


numerozinho lá na urna eletrônica, tá?

CORTA PARA:

CENA 21. TEATRO DA UFPE. COXIA. INTERIOR. NOITE.


Otoniel, José Rodrigues, Rebeca e Priscila estão atrás da cortina
observando o desenrolar da cerimônia.
CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 25

REBECA — O que você vai fazer? Ficar aí só olhando?

PRISCILA — Vocês é que vão ficar só olhando. (pausa) Quer


dizer, vocês menos o Otoniel. Fecha o olho aí,
menino.

OTONIEL — Por quê?

PRISCILA — Porque eu não quero ser processada. Vai, fecha


logo esse olho!

Otoniel cobre os olhos com as mãos, inconformado. Priscila tira o vestido e


fica só de lingerie, salto alto e o chapeuzinho de formando.

JOSÉ RODRIGUES — Menina, tua mãe vai ver isso!

REBECA — Ô pai, foi tia Neide que criou ela assim, tem jeito
não!

PRISCILA — Agora sim, tô prontinha pra receber meu canudo


e fazer história nessa universidade! Sacaram? Fazer
história!

Começa a tocar Priscila alma sebosa, enquanto Priscila vai para o


palco, rindo. Corta para a platéia, que reage
espantada. Mostra o cerimonialista, desesperado.

CERIMONIALISTA — E essa doida? Segurança, tirem essa


mulher do palco!

LOCUTOR — Atenção, segurança. Tirem a invasora do palco.

PRISCILA — Calma, galera! Eu sou formanda também! Né,


pessoal?

Os colegas de Priscila confirmam. Os rapazes estão completamente


embasbacados.

ALUNA — Parece que nunca viram! Eu, hein...

NEIDE — (grita) Priscila, sai daí! Ai, que vergonha...


CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 26

CAROLINA — Isso é uma criatura perturbada! Também, né... Foi


criada pela Neide, tinha que virar uma depravadinha
mesmo!

NEIDE — Olha o respeito, Carolina!

INÊS — Vocês querem parar com essa baixaria? Tá todo


mundo olhando!

CAROLINA — Foi ela que começou!

NEIDE — Foi ela que começou!

CAROLINA — Foi você quem se agarrou com o Zé Rodrigues!

NEIDE — Foi ele quem me agarrou!

E outra vez elas começam a discutir, enquanto um segurança tenta tirar


Priscila do palco e ela sai correndo dele.

CORTA PARA:

CENA 22. TEATRO DA UFPE. HALL. INTERIOR. NOITE.


Fred e Lolita agora estão discutindo aos gritos, protestando contra tudo e
todos. Domi fica fotografando, animada, enquanto todos os outros
presentes acompanham a discussão, sem entender nada. De repente, um
homem chega correndo e vai para o meio da pequena multidão.

HOMEM — Ei, tem uma mina pelada no palco!

Na mesma hora todos saem correndo. Um outro rapaz toma a câmera


fotográfica das mãos de Domi e sai correndo. Domi corre, tenta alcançá-lo.

DOMI — Ei, volta aqui, esse negócio não é meu não...


Devolve, pô! (pausa) Bando de farofeiro!

LOLITA — O que foi?

DOMI — Levaram a câmera.


CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 27

LOLITA — Droga! A câmera do partido! Alfredo vai me


matar...

FRED — E tudo isso pra ver a Priscila pelada?

DOMI — E como tu sabe que é ela se a gente nem entrou


pra ver?

FRED — Domi, minha irmã. Tem certas coisas na vida que


são obviamente muito óbvias, só isso.

LOLITA — Será que a câmera do partido volta inteira?

DOMI — Esquenta não, Lô! Do jeito que esse povo desvia


dinheiro, vão comprar outra rapidinho...

CORTA PARA:

CENA 23. VIDEOCLIPE.


Tomada da casa de Domi. Letreiro: “dias depois...”

CORTA PARA:

CENA 24. CASA DE DOMI. SALA. INTERIOR. DIA.


Domi e Neide estão arrumando a casa.

DOMI — Ainda bem que tia Carolina e o povo lá não ficou


muito tempo! Eu já tava vendo a hora de ficar sem
casa.

NEIDE — Por mim o Zé Rodrigues podia até ficar. Ele


gosta de mim, eu sinto isso!

DOMI — E Alfredo, onde fica nessa história?

NEIDE — Depois da eleição a gente se acerta.

A campainha começa a tocar desesperadamente.

DOMI — Quando vê isso, é outro bando de eleitores


desesperados. Esse povo descobriu o endereço de
CENTRAL EP. 3.01 Pag.: 28

casa, aí lascou tudo. Eu era tão mais feliz de


telefonista!

Domi abre a porta e encontra Alfredo, com cara de desesperado.

DOMI — Oi, Alfredo! A gente tava justamente falando de


você.

ALFREDO — O que foi? Vocês também tão sabendo do


escândalo?

NEIDE — O que foi que a Priscila aprontou dessa vez?

ALFREDO — Priscila? Quem falou de Priscila?

NEIDE — Você disse escândalo, e depois daquele episódio


da formatura...

ALFREDO — O escândalo é esse!

Alfredo mostra uma página de jornal com o título em letras garrafais:


“CANDIDATOS DO POP NA ILEGALIDADE.”

ALFREDO — E pelo que eu li aqui, seu Frederico tem muito a


ver com essa história! Chama ele aí agora!

Neide e Domi se entreolham, desconfiadas.

DOMI — Agora vai!

FIM DO EPISÓDIO

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