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Solarize Manual Energia Solar Completo Hnse
Solarize Manual Energia Solar Completo Hnse
2. Aproveitamento da energia
1. Introdução
solar
Arranjo fotovoltaico na residência do autor, potência: 4,1 Figura 1: Formas de aproveitar a energia solar
kWp, primeiro SFCR do Rio de Janeiro
Existem, basicamente, duas formas de se
A convite da revista O Setor Elétrico começamos
aproveitar a energia solar (fig. 1): aquecimento
em janeiro de 2019 um manual de energia solar.
solar e energia fotovoltaica. O aquecimento solar
Ele tem como objetivo ensinar as etapas para
aproveita a energia térmica em que se transforma
projetar um sistema fotovoltaico conectado à
a irradiação solar quando atinge um corpo.
rede (SFCR).
O corpo pode ser um coletor solar, onde o calor
Iniciamos com uma introdução, situando este do sol é transferido para a água que percorre o
tipo de sistema dentro das formas de coletor e encaminhada para o reservatório. O uso
aproveitamento da energia solar para, então, final é água quente para tomar banho, para uso
abordar uma visão geral dele. em cozinhas ou em processos industriais.
A estrutura dos capítulos segue aquela que se Aquecimento de ar é outra tecnologia simples e
mostrou eficaz nos cursos ministrados desde empregada em regiões com clima moderado, mas
2012 na nossa empresa Solarize. nunca ganhou grande escala. Resfriamento solar
transforma o calor em frio, usando maquinas de
O detalhamento das matérias segue o espaço gelo. Como é uma tecnologia bem mais complexa
disponível na revista. Se pretender empreender do que a combinação de energia fotovoltaica com
nesta área recomendamos fortemente participar aparelhos de ar condicionado comuns, ela perdeu
de um curso reconhecido que entra em muito viabilidade na medida que os painéis
mais detalhes e oferece treinamento prático. fotovoltaicos caíram de preço.
outro horário, como se fosse uma bateria Na geração distribuída, o sistema solar é
(compensação em net-metering). introduzido em uma unidade de consumo que é
formada por consumidores (iluminação, motores,
Há duas situações distintas onde a combinação
refrigeração etc.), conectados a um quadro de
com baterias em sistemas híbridos pode ser
distribuição, que recebe energia da rede da
interessante: no nobreak solar, a energia
concessionária com medição unidirecional do
armazenada é revertida quando a rede da
consumo.
concessionária falha. Neste caso, a potência e a
autonomia do nobreak devem ser dimensionados O sistema solar é composto por
conforme carga a ser alimentada, similarmente a
• um arranjo fotovoltaico, um conjunto de
sistemas autônomos. módulos fotovoltaicos interligados, que
Já o gerenciamento de energia por baterias é gera a energia em corrente contínua,
usado na Europa e nos Estados Unidos: durante o • e inversor(es) que transformam a energia
gerada para corrente alternada em
dia armazena-se a energia para convertê-la à
sincronismo com a rede.
noite, durante o horário da ponta. No Brasil, esta
opção começa a ficar viável em regiões com O sistema solar é conectado à instalação predial
grande diferença entre as tarifas da ponta e fora em algum quadro de distribuição adequado (fig.
da ponta. 3), não necessariamente o quadro do ponto de
conexão. Após aprovação da instalação, a
Os capítulos que publicaremos ao longo deste concessionária substitui o medidor por um
ano focarão em sistemas de geração distribuída. modelo bidirecional que mede a energia
consumida e a energia injetada, de forma
independente. As duas leituras são usadas para
emitir a conta de energia a cada mês
(abordaremos detalhes em outro capítulo).
FiguraHans
O autor, 6: Inversor com quadrosédesócio-gerente
Rauschmayer, proteção da empresa Solarize Treinamentos
Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação.
Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e
palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais
e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br.
ser estimada por uma simulação que usa os Para se chegar ao retorno financeiro, deve-se
seguintes dados de entrada: simular a conta de energia do cliente a partir do
resultado da etapa anterior, da energia gerada a
• Os dados climáticos do local da
instalação; cada mês. Aqui entram vários parâmetros, como
• O sombreamento a partir de uma faixa de ICMS aplicada na tarifa, taxa mínima e
modelagem 3D do projeto físico, dos contabilidade de créditos entre meses.
obstáculos e da posição do sol ao longo
Do lado do custo, são contabilizados o
do ano;
• A geração de cada módulo e equipamento instalado, a mão de obra, custos
considerando o sombreamento bancários em caso de financiamento e a previsão
individual; de operação e manutenção (O & M).
• A interligação dos módulos com os
devidos efeitos elétricos;
Benefício e custo são organizados em uma tabela resultado com a meta estabelecida e ajustar
de fluxo de caixa (gráfico na fig. 6), de onde os todos os parâmetros para melhorar o resultado.
seguintes indicadores são extraídos:
Aspectos estéticos ou a disposição financeira do
• O prazo de retorno simples, quando os cliente podem também exigir modificações do
benefícios superam os investimentos; projeto.
• O prazo de retorno descontado, que
informa quando o investimento no É comum elaborar o projeto fotovoltaico de
sistema solar chega a render mais do que forma evolutiva: a primeira proposta é emitida
um investimento de comparação (ex. com premissas simplificadas, ainda sem visita no
CDB); local. Na medida que a negociação avança, são
• A Taxa Interna de Retorno (TIR) que definidos os detalhes.
informa os juros que o sistema solar paga
sobre o investimento; Nestas iterações, softwares profissionais
• O custo da energia ao longo da vida do mostram seu valor: a integração com mapas de
projeto, um comparativo com a tarifa satélites permite extrudar uma maquete com
paga à concessionária (LCOE = levelized poucos cliques, inserir módulos e configurar
cost of Energy). inversores (veja fig. 7). Onde o detalhamento do
Empresas eletrointensivas sofrem com oscilações projeto pode ser postergado, são aplicados
nas tarifas e enxergam no sistema solar uma valores padrão. Modificações ocorrem de forma
forma de se proteger contra aumentos da tarifa: pontual e as simulações apresentam os
uma vez instalado, o custo da energia solar é resultados de forma imediata.
conhecido e reduz o risco tarifário.
1. Próximo Capítulo
(8) Revisão
Os próximos capítulos explanarão o projeto
técnico do sistema fotovoltaico, começando com
módulos e inversores. As questões legais ficarão
para o final, quando uma nova revisão normativa
está prevista para ser publicada (acompanhe
notícias no site www.solarize.com.br).
Acesse o manual completo aqui – é grátis!
características acima. Como isso é calculado nuvens), sem poder garantir a potência
aprenderemos no próximo capítulo. suficiente para o funcionamento de
qualquer carga;
2. A injeção de energia na rede desligada
3.2. As Características da Saída em poderia expor ao risco de choque algum
c.a. técnico que esteja fazendo manutenção
A saída em corrente alternada é caracterizada da rede.
pelas seguintes grandezas: O inversor deve operar normalmente na faixa de
80% ... 110% da tensão nominal da rede e desligar
• Potência nominal P nom (igual à potência
quando a tensão sair disso. A faixa permitida da
máxima de entrada) e potência máxima
Pmax frequência vai de 57,5 Hz até 62 Hz, sendo que o
• Corrente máxima Imax inversor deve reduzir a potência gradativamente
• Tensão nominal e faixa de tensão acima de 60,5 Hz conforme gráfico da fig. 3.
• Quantidade de fases
Após um desligamento por falhas na rede, o
• Frequência nominal e faixa permitida
inversor volta a operar automaticamente sem
A maioria dos inversores de baixa potência (até
intervenção manual, da mesma forma que ele
cerca de 5 kW) é oferecida com a saída em 220 V
“acorda” toda manhã com a primeira claridade. O
monofásica. Estes inversores são conectados
tempo de religamento é definido pela
entre fase e neutro ou entre fase e fase,
concessionária local e publicada na norma dela e
dependendo da tensão da rede local. Há poucos
varia de 30 a 300 segundos.
produtos com saída em 127 V.
Somente inversores com bateria conseguem
Verifique com os fabricantes quais inversores se
trabalhar de forma ilhada – veja capítulo a seguir.
adaptam a redes menos comuns no Brasil, com
tensão em 115 V, 120 V, 208 V, 230 V e 254 V.
3.4. A Eficiência do inversor
Os inversores maiores apresentam saída trifásica
com tensões variadas. Detalharemos este
assunto no capítulo sobre a conexão elétrica.
entre inversores da mesma instalação, entre A segunda opção atende a um nicho de mercado
diferentes sistemas na mesma região (cuidado crescente, já que segurança energética apresenta
com microclima!), ou com sensores de um valor alto para empresas e um conforto
irradiância. importante para residências. Os projetos
misturam cálculos de sistemas autônomos (“off-
grid”) e sistemas conectados à rede e requerem
6. Inversores Híbridos com uma intervenção na instalação elétrica do cliente
Baterias para criar uma rede emergencial. Em caso de
Inversores com baterias carregam e descarregam ilhamento, o sistema precisa garantir a
baterias em paralelo à injeção na rede ou à desconexão do gerador da rede.
alimentação de cargas. Eles podem servir a dois O tema excede o conteúdo previsto para os
propósitos: capítulos desta série.
1. Gerenciar energia: parte da energia
gerada ao longo do dia é injetada no 7. Próximo Capítulo
horário da ponta. Este modelo é
interessante quando a tarifa da ponta é O próximo capítulo será dedicado ao cálculo da
muito superior à fora da ponta, ou conexão entre módulos e inversor para
quando a legislação restringe a energia determinar o layout elétrico do arranjo
injetada. fotovoltaico.
2. Nobreak solar: as baterias servem para
alimentar cargas no caso de falhas na Acesse o manual completo aqui – é grátis!
rede.
As condições no Brasil ainda não viabilizam a
primeira opção – há expectativas que isso seja
alcançado ao longo dos próximos anos, quando a
frota de veículos elétricos levar à redução do
preço das baterias.
2. Visão Geral
dependendo da ventilação dos módulos e condições STC, sob 25°C (veja capítulo 3). A
da ocorrência de vento no local. seguinte fórmula aplica o coeficiente da variação
• A temperatura mínima da célula em da tensão e a diferença da temperatura:
operação Tcélula,mín determina a tensão
VPMP,máx. É a temperatura que o módulo Os valores derivados são:
alcança com um pouco de irradiação.
• Tensão máxima e circuito aberto
• A terceira condição climática a ser
Vmód,OC,máx
considerada é a temperatura mínima do
• Tensão mínima e máxima em operação
local da instalação Tambiente,mín. Ela causa
Vmód,PMP,mín e Vmód,MP,máx (obs.: usando a
a tensão máxima que o módulo produz,
fórmula chegamos a um valor
VOC,máx.
aproximado para Vmód,PMP, já que o valor
O INPE oferece a busca por dados climáticos, mas exato pode ser determinado somente
geralmente prevalece o bom senso e a com um software de simulação).
experiência na definição do trio das
temperaturas. A tabela 1 lista valores que podem 5. Dados Características do
servir como referência.
Inversor
Tabela 1: Valores referenciais para a escolha das temperaturas
características Na ficha técnica do inversor escolhido buscamos
os seguintes dados:
Fonte Tcélula,máx Tcélula,mín Tambiente,mín
Alemanha 70°C 15°C -10°C
• Potência nominal Pinv,nom;
• Potência máxima Pinv,máx;
Sistema Solarize 75°C 25°C +10°C • Corrente máxima Iinv,máx;
(Rio de Janeiro – RJ)
• Tensão máxima Vinv,máx;
• Faixa de tensão de operação Vinv,PMP,mín e
Vinv,PMP,máx.
A variação da corrente com a temperatura é
O objetivo é calcular a combinação entre os
desprezível e não costuma ser levada em
módulos e o inversor, portanto devemos buscar
consideração.
os valores da entrada do inversor, em c.c.. No
entanto, a potência nominal pode ser informada
4. Dados Características do na seção c.c. ou c.a., dependendo do fabricante.
Módulo
Para efetuar o cálculo, buscamos os seguintes 6. O Cálculo do Arranjo
dados na ficha técnica do módulo: Fotovoltaico
• Potência nominal Pmód,nom;
• Corrente de curto circuito Imód,SC;
• Tensão PMP nominal Vmód,PMP;
• Tensão em circuito aberto Vmód,OC;
• Coeficiente da variação da tensão com a
temperatura CoefV, comumente
informado em % / °C ou % / K
(observação: 1 K = 1 °C).
Em seguida calculamos as tensões derivadas das Figura 3: O layout do arranjo fotovoltaico é determinado respeitando os
temperaturas no local da instalação. As tensões limites do inversor
informadas na ficha técnica foram medidas nas Depois de colher as informações básicas
podemos agora mapear as características
elétricas dos módulos com as do inversor
liga/desliga. Eles são modelados como horizonte retrata apenas certos instantes. O cálculo do
(figura 5). percentual das horas com sombra ao longo do
ano (figura 7) é uma informação mais rica e ajuda
Um meio simples para analisar o horizonte é o
ao projetista tomar decisões sobre a colocação
aplicativo Sun Surveyor para smartfones que
dos módulos:
projeta a curva solar na imagem captada pela
câmera. Publicamos um manual de uso do • Neste exemplo, percebemos um alto
aplicativo no site. percentual próximo à antena, indicando
que deveríamos afastar os módulos dela
(ou então remover a antena para outro
1.3. Sombreamento próximo lugar).
• Pela sombra da árvore há outros valores
elevados. Estes seriam os primeiros
módulos a serem retirados se uma
potência reduzida fosse suficiente para o
cliente.
Além disso, é deve-se escolher um inversor com 2.3. Inversores com Otimizadores
otimização de sombreamento. Esta função
de Potência
percorre a curva característica (figura 2) de
tempos em tempos com objetivo de identificar o
maior ponto PMP existente (ex. Fronius Dynamic
Peak Manager).
Geralmente, fusíveis são necessários em arranjos string, melhor será a proteção – o mercado
com três ou mais strings em paralelo. Para oferece tensões de 600 V, 1000 V e 1500 V).
entender isso, vamos ver um exemplo ilustrativo,
usando valores comuns de módulos de 60 células. 2.5. Dispositivo Interruptor-
Considere a seguinte situação: Seccionador
• Corrente de curto circuito do módulo, O dispositivo interruptor-seccionador deve ser
conforme ficha técnica do módulo Imód,SC = 9 A; capaz de abrir o circuito sob plena carga na
• Corrente reversa máxima do módulo máxima corrente de falta (manobra de
Imód reversa max = 15 A; interrupção) e manter o circuito aberto de forma
• Três strings conectados em paralelo; segura (seccionamento).
• No caso de curto circuito em um dos strings, a Ele precisa ser aprovado pelo fabricante para
corrente gerada nos outros dois strings é igual operar em corrente contínua – jamais use
a I = 2 x 9 A = 18 A. Esta corrente é superior à componentes de corrente alternada! Verifique
corrente reversa permitida de 15 A, o que especificações adicionais na proposta da norma
indica a necessidade dos fusíveis. NBR 16690.
Diodos de bloqueio e disjuntores, que poderiam
ser meios alternativos de proteção, não se 2.6. Cabo do Arranjo Fotovoltaico
mostraram confiáveis na prática.
4. O Padrão de Entrada
O padrão de entrada é definido pela
concessionária local, que publica também uma
norma para conexão de sistemas de geração
distribuída à rede dela com base na
Regulamentação Normativa da Aneel 482/2012 e
na Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST.
A concessionária não pode exigir uma atualização
do padrão de entrada por causa da solicitação de
conexão do sistema solar, a não ser que o padrão
existente esteja fora dos padrões da época da
conexão original da unidade ou que não seja
possível substituir o medidor atual pelo modelo Figura 5: Densidade de raios nas regiões do Brasil,
bidirecional. Este item merece avaliação comparado com a Alemanha
6. Previsão
5. Proteção contra Raios e Continuaremos a sequência de capítulos no
Surtos próximo mês com a descrição do suporte dos
Um estudo de uma seguradora alemã aponta que módulos, que serve para fixá-los à cobertura.
28% dos danos em plantas solares são causadas Acesse o manual completo com o material
por raios ou surtos. Considerando que a adicional aqui – é grátis!
incidência de raios no Brasil supera a da
Alemanha em grande parte do seu território
(figura 7), podemos constatar que o tema
extremamente relevante.
Nosso sistema deve ser protegido tanto por raios
e surtos entrando pelo arranjo fotovoltaico
quanto pela rede da concessionária. A
especificação depende da existência ou não de
4. Laje
Figura 6: Base para laje com dormentes de concreto como lastro. mesmo que a sombra causa perdas nos meses do
Fonte: Solar Group inverno.
A instalação em laje requer uma base elevada. É essencial usar um software que permita
Como não é aconselhável perfurar a laje, usa-se
experimentar de forma rápida alternativas,
lastro como ancoragem contra a força do vento
variando equipamento, conexão elétrica e
(figura 5).
configuração da montagem elevada (inclinação,
Até poucos anos atrás, a inclinação e a orientação orientação, altura, afastamento).
eram determinadas otimizando a geração de
energia por cada módulo. Este conceito mudou
na decorrência da redução do preço dos módulos. 4.2. Base Leste-Oeste
Hoje, a inclinação costuma variar entre 10° e 15°,
minimizando assim a carga de vento sem abrir
mão da autolimpeza.
Seguindo o mesmo princípio, atualmente as
fileiras são alinhadas com a laje, simplificando
projeto e instalação e aproveitando melhor o
espaço disponível.
Em espaços apertados e quando o objetivo do No nosso país, próximo ao equador, esta base
cliente for gerar o máximo de energia, então será pode ser instalada em qualquer orientação. Use o
necessário aumentar o número das fileiras, software para simular o rendimento anual.
6. Outras Estruturas
número de módulos na fileira e será visível a olho A força oposta ocorre durante ventanias,
nu. A correção posterior causa um esforço chamada de carga de vento. Esta é mínima em
enorme de retrabalho. instalações paralelas ao telhado, mas
considerável em montagens elevadas.
Em corrente contínua, o arco fica estável até que menos módulos do que o outro
os polos sejam afastados o suficiente para conectado em paralelo;
interromper a corrente ou ao acionar um 5. Falha de isolamento em algum ponto do
circuito (incluindo curto circuito em DPS
dispositivo construído para este fim, como um
defeituoso).
disjuntor de corrente contínua.
O desligamento correto do sistema solar começa
O arco danifica os contatos de ambos os lados, com o disjuntor em c.a., o que leva o inversor a
coloca em risco a saúde e a vida dos técnicos e abrir o circuito primário. O dispositivo
pode causar um incêndio no local onde ocorre. interruptor-seccionador isola o inversor do
Disponibilizamos no site o link para um vídeo que circuito c.c., mas não abre a conexão paralela
demonstra o efeito. Não deixe de apresentá-lo a entre strings: a carga nas situações 2 a 5 acima
todos os técnicos envolvidos na instalação ou somente desaparecem ao cair da noite!
manutenção! Em sistemas fotovoltaicos, É imprescindível verificar a ausência da corrente
trabalhamos com tensões superiores à do vídeo, antes de abrir qualquer conexão em corrente
chegando até 1.000 V em instalações pequenas e contínua, seja conector MC4, conexão por
1.500 V em usinas. parafuso em algum dispositivo ou remoção de
um dispositivo (fusível, DPS)! Na dúvida,
2.2. Carga em c.c. e sua interrupção aguarde a noite!
A carga no circuito em c.c. ocorre em diferentes
Como seria um procedimento seguro para a
situações:
instalação do sistema solar? Durante a instalação
1. Funcionamento normal: o inversor devemos prevenir as situações de falha, e
recebe a energia em c.c. e a injeta no durante a manutenção precisamos detectá-las a
circuito em c.a.; fim de evitar acidentes.
2. Conexão errada: um dos strings está com
polaridade invertida;
3. Diferença de potencial por defeito: um
módulo está com defeito, da forma que o
string ao qual pertence produz uma
tensão inferior aos outros strings;
4. Diferença de potencial por erro de
projeto ou execução: um string contém
Figura 5: Durante a montagem dos módulos, o circuito do string é conectado, deixando apenas o último
conector aberto
Figura 6: O circuito da caixa de junção (string box) é montado em paralelo com o do string
Preenche ou veri fi que os ca mpos em a zul Medição em operação Medido Calculado Diferença Observação
Ca mpos ci nza s mos tra m res ul tados i ntermedi á ri os I MPP [A] 5,8 5,6 4,1% ok
Ca mpos verdes a pres entam res ul tados pri nci pa i s V MPP [V] 160 170,2 -6,0% diferença acima de 5%!
Geração Geração
total otimizada
3.2. Cálculo da fatura
Consumo médio mensal [kWh] 733 733
Tabela 1: Cálculo de fatura e crédito com aplicação do Custo de
Disponibilidade em três meses exemplares Custo de disponibilidade [kWh] 100 100
Energia injetada 120 kWh 150 kWh 240 kWh Geração típica no local da instalação 120 120
[kWh / kWp]
Consumo bruto da rede 320 kWh 180 kWh 200 kWh
Potência do sistema solar [kWp] 6,1 5,3
Consumo líquido da rede 200 kWh 30 kWh -40 kWh
Fatura 200 kWh 100 kWh 100 kWh A tarefa do projetista consiste em dimensionar o
Prejuízo 0 kWh 70 kWh 100 kWh sistema solar de forma adequada para cada
Crédito 0 kWh 0 kWh 40 kWh
cliente.
Ponto de partida é a conta do cliente, devido aos
A tabela 1 apresenta exemplos de três meses que
princípios da REN 482/2012 explicados acima.
ajudam a compreender melhor o cálculo do
Usamos o histórico de consumo ao longo dos
faturamento (presume-se que a unidade seja
últimos 12 meses, impresso na conta como base
trifásica).
de cálculo, e formamos a média destes valores.
Explicação:
A média mensal deve ser corrigida pela
• O mês A apresenta o mês com o mesmo expectativa de aumento do consumo: é
fluxo da figura 2 e consta na tabela para frequente que o cliente seja mais generoso no
fins de comparação;
consumo a partir da instalação do sistema solar.
• No mês B, o consumo líquido da rede
Mas ele pode também prever mudanças de
ficou abaixo do custo de disponibilidade,
e este é faturado pela concessionária. O hábito que reduzam o consumo de energia.
proprietário da unidade ficou com um Recomendável é aproveitar o momento para
prejuízo de 70 kWh, energia que ele
efetuar medidas de eficiência energética, antes
gerou e entregou à concessionária sem
receber por ela; do dimensionamento do sistema solar.
• No mês C, a geração superou o consumo Em unidades novas, sem histórico deve-se
bruto e gerou crédito de 40 kWh. Neste estimar o futuro consumo a partir de unidades
caso também há prejuízo pela cobrança
similares ou outros métodos da engenharia
do custo de disponibilidade.
elétrica.
• O crédito será abatido em meses
subsequentes que apresentam consumo
líquido superior ao custo de 4.2. Estipular a meta de geração
disponibilidade, e até o limite deste
Quanta energia deve ser gerada pelo futuro
custo. Após 60 meses, o crédito é
perdido. sistema solar? A abordagem simples toma como
meta de geração a média mensal de consumo,
corrigido pela expectativa de sua variação.
Se quisermos evitar o prejuízo induzido pelo o sistema projetado com todos os detalhes de
custo de disponibilidade, então devemos reduzir sombreamento e das perdas envolvidas. Ele traz
a média mensal pelo custo de disponibilidade a estimativa da futura geração (figura 3).
para chegar à meta da geração, representado
pela coluna “Geração otimizada” na tabela 2.
Os dois cálculos representam o limite inferior e
superior de um sistema bem adaptado ao cliente.
4.3. Aplicar a geração típica Figura 3: Comparação da conta de energia atual (azul) e posterior à
No último passo dividimos a meta de geração pela instalação do sistema solar (amarelo) no software PV*SOL.
geração típica para chegar à potência do futuro Aplicando a tarifa, chega-se à futura conta de
sistema solar. energia que o cliente pagará. A figura 3 mostra o
A geração típica é obtida mediante simulação de resultado para um sistema projetado conforme a
um sistema de 1kWp em softwares ou aplicativos regra “geração total” na tabela 2, com potência
e representa a quantidade de energia gerada por de 5,9 kWp. A curva azul representa a conta atual,
este sistema na região da futura instalação. e a amarela, após a instalação do sistema solar.
Como nós efetuaremos o cálculo inverso em Na curva amarela fica evidente que o cliente
seguida, podemos usar neste passo um valor pagará o custo de disponibilidade em todos os
aproximado. Com isso, é possível executar todo meses do ano. Neste caso, o software estima um
o cálculo acima rapidamente na cabeça. prejuízo acumulado de 8%, aproximadamente um
mês de geração solar.
4.4. Projetar o sistema solar
O cálculo anterior usou premissas simplificadas
para chegar a uma faixa de potência interessante.
Agora chegou a hora de projetar o sistema real,
ocupando parte da cobertura ou do terreno do
cliente, como abordado nos capítulos anteriores. Figura 4: Comparação entre conta atual e com energia solar, para
um sistema projetado para geração otimizada
É possível que a área disponível não seja
suficiente para o sistema ideal e nos força a A aplicação das regras para a geração otimizada
restringir a potência ou a procurar soluções de (compare tabela 2) resulta em um sistema de 4,8
geração remota. kWp, cujas contas de energia são apresentadas
na figura 5. Neste caso, o prejuízo com custo de
disponibilidade ocorre em apenas quatro meses e
4.5. Verificar o dimensionamento
cai para 2,7% da geração. Consequentemente há
melhora no retorno de investimento.
Repare que a potência dos dois sistemas
simulados ficou abaixo dos valores inicialmente
estipulados na tabela 2. A razão disso é que a
Figura 5: Consumo (barras cinzas) e geração simulada (barras média mensal usada no cálculo inicial não
amarelas) a cada mês. Diagrama do software PV*SOL.
representa perfeitamente o comportamento do
O cálculo inverso vai mostrar se a potência cálculo mês a mês.
projetada realmente é adequada. Quem traz a
resposta é um software de simulação, que calcula
8. Modelos de Negócio
A construção e a operação da planta solar não
precisam, necessariamente, serem executadas
pelo cliente em propriedades dele. Além da
venda do equipamento há modalidades de
locação do equipamento, do local da instalação e
de locação virtual de partes de uma usina maior.
Todos os modelos exigem muita atenção para a
correta contratação em consideração à legislação
fora do setor elétrico, evitando conflitos com o
monopólio da distribuidora local. Oferecemos um
curso que apresenta diversos modelos de
negócios com suas particularidades. Acesse nossa
agenda de cursos para saber mais.
Figura 4: Exemplo de uma instalação comercial, onde o projetista definiu a configuração dos módulos de forma semi-
automática (PV*SOL premium)
fornecidas na resolução horária, mas por médias por cima do arranjo. A cada momento, a sombra
mensais. atinge outras partes dos módulos.
Como não foi adaptado às regras do Brasil, o O projetista, em seguida, tem toda liberdade para
software exige planilhas financeiras à parte. detalhar e modificar o projeto. O software
permite controle total sobre a configuração dos
módulos com os inversores e a sequências da
conexão em strings.
Os diagramas elétricos permitem desenhar um
diagrama unifilar, satisfatório para a legalização
na concessionária. Para ir além disso, recomenda-
se o uso de um software CAD.
A planta da cobertura também é produzida pelo
software e pode ser importada no CAD.
A simulação é baseada em dados climáticos
horários, permitindo também a geração de dados
em minutos. Diversos coeficientes de perdas
autoconsumo;
5. Tendências do Mercado • Controle de gerador: um gerador externo
é ativado dependendo da demanda atual
5.1. Inversores Híbridos e da carga das baterias;
• Devolução à rede: a injeção de energia à
Inversores híbridos oferecem funções para
rede pode ser desligada, evitando assim a
sistemas conectados à rede (on-grid), e
necessidade da legalização na
autônomos (off-grid). Eles carregam e distribuidora.
descarregam baterias. Diversos parâmetros permitem balancear os
A faixa de aplicações é bastante ampla: objetivos de segurança energética, economia e
gerenciamento de energia.
• No-break: o inversor alimenta uma sub-
rede emergencial em caso de falha da Inversores híbridos devem aumentar sua
rede da concessionária. As baterias são participação no mercado com a queda de preço
carregadas pelo sol, durante o dia, e pela das baterias. A taxação proposta pela ANEEL, se
rede, quando esta está disponível;
realmente for aprovada, será mais um incentivo
• Off-grid com backup pela rede: o inversor
para usar baterias e reduzir a parcela da energia
alimenta uma sub-rede a partir do sol e
das baterias. Quando a tensão das injetada.
baterias cai abaixo de um limite Os projetos que usam inversores híbridos são
configurável entra a rede para alimentar
mais exigentes do que aqueles sem baterias, por
a carga;
causa dos cálculos em torno de potência,
• Peak-shaving: as baterias são carregadas
em horário de baixo consumo e corrente e carga, e por causa das modificações na
descarregados em horário de alto rede predial existente.
consumo com objetivo de limitar a
potência da carga;
• Gerenciamento de energia: as baterias
são carregadas quando há energia solar
sobressaliente e descarregadas à noite,
5.2. Drones como Ferramenta de interesse e tirar fotos com uma sobreposição
Trabalho definida.
As fotos, depois, são tratadas em softwares
específicos e geram dois produtos:
• Mapas ortomosáicos, similares a imagens
de satélite, só que com uma definição e
precisão muito superior;
• Modelos em 3D para levantamento
integral de coberturas: a figura 4 mostra
uma laje típica, repleta de obstáculos,
entre os quais foram encaixados os
módulos, respeitando o sombreamento.
Um voo de drone de 10 minutos substitui
várias horas gastas para levantamento da
planta da cobertura e substitui acesso
pessoal.
Figura 4: Exemplo de uma laje, onde o levantamento por O aproveitamento completo destas técnicas se
drone economiza o trabalho faz com um software de modelagem que importa
Drones surgiram como equipamento de diversão. tanto o mapa ortomosáico quanto o modelo 3D.
Logo em seguida foram usados para filmar festas PV*SOL premium é um exemplo disso (leia mais
e eventos. no capítulo 11).