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ALICE A.

BAILEY

O REAPARECIMENTO
DO CRISTO

editado para
LUCIS PUBLlSHING COMPANY
New York

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Copyright © 1948 por Alice A. Bailey
Título do original em inglês:
"The Reappearance of the Christ"
Primeira edição 1948
Segunda edição 1956
Terceira edição 1960
Quarta edição 1962
Primeira edição em português 1974

NOTA·CHAVE

"Sempre que haja um debilitamento da Lei e um crescimento da


ilegalidade por toda parte, então Eu Me manifesto".
"Para a salvação dos justos e a destruição daqueles que
praticam o mal; para o firme estabelecimento da Lei, Eu volto a
nascer, idade após idade".

BHAGAVAD-GITA
Livro IV, versículos 7 e 8.

CONTEÚDO
Capítulo I - A Doutrina Daquele que Vem 04
Capítulo II - Oportunidade Excepcional do Cristo 10
Capítulo III - O Reaparecimento do Cristo 21
Capítulo IV - O Trabalho do Cristo, Hoje e no Futuro 35
Capítulo V - Os Ensinamentos do Cristo 56
Capítulo VI - A Nova Religião Mundial 75
Capítulo VII - Preparação para o Reaparecimento do Cristo 88
Conclusão 103
Mântram de Unificação 105
Invocação ou Prece 106

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CAPÍTULO I
A DOUTRINA DAQUELE QUE VEM
Ensinamento Ocidental

A DOUTRINA DOS AVATARES


Ensinamento Oriental

Em todas as épocas, durante muitos ciclos mundiais, na maioria dos países, e hoje
em todos, houve grandes momentos de tensão, que se caracterizaram por um
sentimento de plena e esperançosa expectativa. Espera-se Alguém e Sua vinda é
pressentida. No passado, foram sempre os instrutores religiosos da época, os que
fomentaram e proclamaram esta expectativa, e o fizeram nos momentos de caos e
dificuldades, ao se aproximar o fim de uma civilização ou cultura, e quando os
recursos das antigas religiões pareciam ser inadequados para solucionar as
dificuldades ou resolver os problemas dos homens. A vinda do Avatar, o advento
d’Aquele que Vem ou, em termos atuais, o reaparecimento do Cristo, constituem a
nota-chave da predominante expectativa. Quando os tempos estão maduros; quando
a invocação das massas é suficientemente intensa e a fé daqueles que sabem é assaz
veemente, então Ele sempre veio, e os tempos atuais não constituirão, por certo, uma
exceção a esta antiga regra ou Lei universal. Durante décadas, o reaparecimento do
Cristo, o Avatar, tem sido previsto pelos fiéis de ambos os hemisférios, não somente
pelos cristãos, como também por aqueles que esperam por Maitreya e pelo
Boddhisattva, assim como pelo Iman Mahdi.
Quando os homens sentem que se esgotaram todos os seus recursos; que
chegaram ao termo de todas as suas possibilidades inatas; e que não podem resolver
nem manejar os problemas nem controlar as condições que enfrentam; então
costumam buscar um divino Intermediário ou Mediador que defenda sua causa
perante Deus e lhes traga a Salvação. Buscam, assim, um Salvador. Esta doutrina de
Mediadores, Messias, Cristos e Avatares, avulta em toda parte como um dourado fio
que atravessa todas as crenças e Escrituras mundiais, relacionando-as com alguma
fonte de emanação, considerando-se, inclusive, a alma humana como um
intermediário entre o homem e Deus. Milhões de seres humanos creem que Cristo
atuará como o divino Mediador entre a humanidade e a divindade.
Todo o sistema de revelação espiritual está baseado (como sempre o foi) nesta
doutrina de interdependência, de vinculação planificada e conscientemente ordenada,
bem assim de transmissão de energia, de um aspecto a outro da manifestação divina -
Desde o Deus que se acha no "Lugar secreto do Altíssimo", até o mais humilde ser
humano, que vive, luta e padece na terra. Em toda parte existe esta transmissão de
energia. "Eu vim para que eles possam ter vida", disse o Cristo, e as Escrituras de todo
o mundo falam, abundantemente, da intervenção de algum Ser, originário de uma

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fonte mais elevada que a estritamente humana. Sempre se encontra o mecanismo
apropriado, através do qual a divindade pode chegar a comunicar-se com a
humanidade, e a doutrina dos Avatares, ou Seres divinos que vêm, tem muito que ver
com esta comunicação e com os Instrumentos de energia divina.
Avatar é aquele Que possui a singular capacidade (além de uma tarefa auto
determinada e um destino predestinado), de transmitir energia ou poder divinos. Isto
constitui, logicamente, um profundo mistério que foi demonstrado, em forma
peculiar, pelo Cristo, e está relacionado com a energia cósmica. Ele, pela primeira vez
na história planetária, até onde temos conhecimento, transmitiu a energia divina do
amor, diretamente ao nosso planeta e, em um sentido muito definido, à humanidade.
Esses Avatares ou Mensageiros divinos sempre estão também vinculados às ideias
emitidas por alguma Ordem subjetiva espiritual, ou Hierarquia de Vidas espirituais,
que se ocupam do crescente bem-estar da humanidade. Tudo o que realmente
sabemos é que, no transcurso das idades, grandes e divinos Representantes de Deus
personificam o propósito divino e afetam, de tal maneira, o mundo inteiro, que Seus
nomes e influência são conhecidos e sentidos milhares de anos depois que deixaram
de caminhar entre os homens. Repetidas vezes têm vindo e mudado o mundo,
deixando alguma religião mundial; também sabemos que a profecia e a fé
prometeram sempre à humanidade Seu regresso, em momentos de necessidade. Estas
informações se referem a fatos historicamente comprovados. Fora disto, conhecemos
muito poucos detalhes.
A palavra sânscrita "Avatar" significa, literalmente, "descendo de muito longe".
Ava (como prefixo de verbos e substantivos verbais) expressa a ideia de "longe,
longínquo, distância" Avataram (comparativo) significa mais distante. A raiz AV parece
transmitir a ideia de proteção vinda do alto, e hoje se usa em palavras compostas, que
se referem à proteção de reis e soberanos. Com relação aos deuses, significa aceitação
favorável, quando se oferece um sacrifício. Pode-se dizer que a raiz da palavra significa:
"Descer, com a aprovação da fonte superior da qual provém, para benefício do lugar ao
qual chega". (Dicionário Sânscrito de Monier Williams).
Entretanto, todos os Avatares ou Salvadores mundiais expressam dois incentivos
básicos: a necessidade de Deus de fazer contato com a humanidade e relacionar-se
com os homens, e a necessidade que tem a humanidade de entrar em contato com a
divindade e ser ajudada e compreendida por ela. Sujeitos a estes incentivos, todos os
verdadeiros Avatares são, portanto, intermediários divinos. Podem atuar desta
maneira, porque já se emanciparam, inteiramente, de toda limitação e sentimento de
egoísmo e separatividade, de vez que já não são - conforme os padrões humanos
comuns - o centro dramático de Suas vidas, como o somos, em maioria. Quando
atingem essa etapa de descentralização espiritual, podem converter-se em
acontecimentos na vida de nosso planeta; todos os olhos podem dirigir suas vistas para
Eles e todos os homens podem ser por Eles influenciados. Por isso, um Avatar ou um
Cristo aparece por duas razões: uma, a Causa incógnita e inescrutável que O impele a
fazê-lo, e a outra, a demanda ou invocação da própria humanidade. Um Avatar é, por
conseguinte, um acontecimento espiritual, que ocorre para produzir grandes mudanças
e restaurações, a fim de inaugurar uma nova civilização ou restabelecer "antigas
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demarcações" e aproximar o homem de Deus. Têm sido Eles descritos como ''homens
extraordinários, que aparecem de vez em quando, para mudar a face do mundo e
inaugurar uma nova era, nos destinos da humanidade". Vêm em momentos de crise;
frequentemente criam crises, a fim de pôr termo ao antigo e indesejável, preparando o
caminho no sentido de que haja formas novas e mais apropriadas para a evolucionante
vida de Deus Imanente na Natureza. Aparecem, unicamente, quando o mal predomina;
ainda que seja somente por esta razão, podemos, na atualidade, esperar um Avatar. O
cenário adequado para o reaparecimento do Cristo está já preparado.
Existem Avatares de muitas graduações e classes; alguns são de grande
importância planetária, porque expressam em Si Mesmos ciclos completos de futuros
acontecimentos e emitem a tônica e o ensinamento que introduzirão uma nova era e
uma nova civilização; personificam grandes verdades que as massas humanas devem
tratar de conhecer, constituindo-se, destarte, no objetivo das mais proeminentes
mentalidades da época, apesar de incompreendidas. Certos Avatares expressam,
também, em Si Mesmos, a totalidade da realização humana e da perfeição racial,
chegando, assim, a ser os "homens ideais" de sua época. Outros, ainda maiores, têm
permissão para ser custódios de alguma qualidade ou princípio divino que requerem
uma nova apresentação e expressão na Terra - e podem sê-lo porque lograram a
perfeição ao alcançar a mais alta iniciação possível. Têm o dom de ser essas qualidades
espirituais personificadas e, porque expressam, por inteiro, tal qualidade e princípio
específicos, podem atuar como canais para transmiti-los, desde o centro de toda a
Vida espiritual. Esta é a base da doutrina dos Avatares ou Mensageiros divinos.
Assim sendo, o Cristo foi duas vezes Avatar, não somente porque deu a chave da
nova era, há mais de dois mil anos, como também porque, em forma misteriosa e
incompreensível, personificou em Si Mesmo o divino Princípio do Amor, sendo o
primeiro que revelou aos homens a verdadeira natureza de Deus. A demanda
invocativa da humanidade (o segundo dos incentivos que produzem uma Aparição
divina), exerce um poderoso efeito, pois as almas dos homens, especialmente quando
atuam em uníssono, possuem algo que é afim com a natureza divina do Avatar. Nós
todos somos Deuses e filhos de um só Pai, como disse o último Avatar que veio - o
Cristo. É este centro divino em cada coração humano que, ao entrar em atividade,
pode evocar resposta desse elevado Lugar, de onde Aquele que vem espera Seu
momento de aparecer. Unicamente a demanda unida da humanidade, ou sua
"intenção maciça", pode, como se disse, precipitar a descida de um Avatar.
Em suma, a doutrina dos Avatares e a doutrina da continuidade da revelação
seguem paralelas. Em todas as épocas e em cada grande crise humana, precisamente
nas horas de necessidade, seja na criação de uma nova raça ou no despertar de uma
humanidade preparada para receber uma nova e mais ampla visão, o Coração de Deus
- impulsionado pela Lei de Compaixão - envia um Instrutor, um Salvador do Mundo,
um Iluminador, um Avatar, um Intermediário Transmissor, um Cristo. Traz a
mensagem que curará, que indicará o próximo passo que a raça humana deverá dar e
que iluminará um obscuro problema mundial, bem assim ministrará ao homem o
conhecimento de um aspecto da divindade até agora não compreendido. A doutrina
dos Avatares, Mensageiros divinos, divinas Aparições e Salvadores, está fundada sobre
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o fato da continuidade da revelação e da sequência desta manifestação progressiva da
Natureza divina. A todos Eles a história dá o seu testemunho inequívoco. A expectativa
mundial em torno do reaparecimento do Cristo se baseia na realidade desta
continuidade e desta sequência de Mensageiros e Avatares, assim como na horrenda
e espantosa necessidade da humanidade, nesta época. O reconhecimento inato destas
realidades produziu o clamor invocador, constantemente elevado pela humanidade,
em toda parte, em busca de alguma intervenção ou alívio divinos; o reconhecimento
destes fatos também inspirou a determinação procedente do "centro de onde a
vontade de Deus é conhecida", para que o Avatar venha novamente; o
reconhecimento destas solicitações induz o Cristo a dar a conhecer a todos os Seus
discípulos do mundo, que Ele reaparecerá quando tenham realizado o trabalho
preparatório necessário.
Os Avatares mais comumente conhecidos são: o Buda, no Oriente, e o Cristo, no
Ocidente. Suas mensagens nos são familiares e os frutos de Suas vidas e palavras
condicionaram o pensamento e a civilização, em ambos os hemisférios. Devido a que
são Avatares humanos e divinos, representam aquilo que a humanidade pode
compreender facilmente; porque são de natureza igual à nossa, "carne de nossa
carne, espírito de nosso espírito", conhecemo-Los e confiamos n’Eles, e Eles significam
para nós alguma coisa mais que outras Aparições divinas. Milhões de seres também
Os conhecem, confiam n’Eles e Os amam. O núcleo de energia espiritual que cada um
d’Eles estabeleceu, está mais além do nosso entendimento; estabelecer um núcleo de
energia constante, espiritualmente positivo, é a incessante tarefa de um Avatar; Ele
enfoca ou introduz uma verdade dinâmica, um potente pensamento-forma ou um
vórtice de energia magnética, no mundo cotidiano. Este ponto focal atua de maneira
crescente como transmissor de energia espiritual; permite à humanidade expressar
alguma ideia divina que, com o tempo, produz uma civilização, com sua consequente
cultura, religião, política, governo e métodos educativos. Assim se faz a história. Afinal
de contas, a história é o registro da reação cíclica da humanidade a alguma energia
divina, que flui através de algum dirigente inspirado ou de um Avatar.
Na atualidade, um Avatar é, em geral, um Representante do segundo aspecto
divino, o de Amor-Sabedoria, o Amor de Deus. Manifestar-se-á como o Salvador, o
Construtor, o Preservador; a humanidade não está ainda suficientemente
desenvolvida, nem adequadamente orientada para a vida do Espírito, de modo a
resistir, facilmente, ao impacto de um Avatar que expresse a dinâmica vontade de
Deus. Para nós (e esta é nossa limitação), por enquanto, um Avatar é Aquele que
preserva, desenvolve, constrói, protege, ampara e socorre os impulsos espirituais,
pelos quais os homens vivem; a necessidade do homem e a solicitação do homem, de
preservação e ajuda, são aquilo que O traz à manifestação. A humanidade necessita
de amor, compreensão e de corretas relações humanas, como expressões de uma
divindade realizada. Foi esta necessidade que trouxe o Cristo antes, como Avatar do
Amor. O Cristo, Aquele grande Mensageiro humano-divino, devido à Sua magna
realização - no sentido da compreensão - transmitiu à humanidade um aspecto e uma
potencialidade da natureza de Deus Mesmo, o princípio Amor·, da Deidade. Luz,
aspiração e reconhecimento de Deus Transcendente, haviam sido a expressão
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vacilante da atitude humana para com Deus, antes do advento do Buda, o Avatar da
Iluminação. Logo veio o Buda e demonstrou em Sua própria vida, a realidade de Deus
Imanente e Deus Transcendente, de Deus no universo e de Deus na humanidade. A
individualidade da Deidade e do Eu, no coração do homem individual, chegou à ser
uma realidade na consciência humana. Foi uma verdade relativamente nova para o
homem.
Todavia, até que Cristo viesse e vivesse uma vida de amor e de serviço, e desse
aos homens o novo mandamento, para se amarem uns aos outros, não se havia
ressaltado Deus em Seu aspecto Amor, em nenhuma das Escrituras mundiais. Depois
que Ele veio como o Avatar de Amor, então chegou a ser conhecido como Amor
Supremo, Amor como meta e objetivo da criação, Amor como princípio fundamental
das relações, e Amor atuando através de toda manifestação que desenvolva um Plano
motivado pelo Amor. Cristo revelou e acentuou esta divina qualidade, modificando,
assim, a vida, as metas e os valores humanos.
Ele ainda não veio novamente porque Seus seguidores não realizaram o trabalho
necessário, em todos os países. Sua vinda depende, em grande parte, como veremos
mais adiante, do estabelecimento de corretas relações humanas. Isto a Igreja impediu,
no transcurso dos séculos, e não ajudou, devido ao seu empenho fanático de fazer
"cristãos" a todos os povos, ao invés de seguidores de Cristo. Acentuou, ademais, a
doutrina teológica e não o amor e a compreensão amorosa, como Cristo o
exemplificou. A Igreja predicou a doutrina do iracundo Saulo de Tarso, e não a do
bondoso carpinteiro da Galiléia. Por isso, Ele permanece esperando. Chegou, porém, a
Sua hora, devido à necessidade de todos os povos e à demanda invocadora das
massas, bem assim ao conselho de Seus discípulos, que professam todos os credos e
religiões do mundo.
Não nos é dado conhecer ainda a data e o momento de Seu reaparecimento. Sua
vinda depende do apelo (tão amiúde silencioso), de todos os que aguardam com
esperançosa intenção; depende, também, de que se estabeleçam melhores relações
humanas e de determinado trabalho, que está sendo realizado, na atualidade, pelos
Membros avançados do Reino de Deus, a Igreja invisível, a Hierarquia espiritual de
nosso planeta; depende, ademais, da constância dos discípulos de Cristo e Seus
colaboradores iniciados, que trabalham nos numerosos grupos religiosos, políticos e
econômicos. A isto deve agregar-se o que aos cristãos apraz chamar "a inescrutável
Vontade de Deus", esse propósito não conhecido do Senhor do Mundo, o Ancião dos
Dias (tal como é chamado no Velho Testamento), o qual "conhece Seu próprio
pensamento, irradia a qualidade mais elevada do amor, e enfoca Sua vontade em Seu
elevado lugar, no centro de onde a vontade de Deus é conhecida".
Quando Cristo, o Avatar de Amor, reaparecer, então "Os filhos dos homens, que são
agora os Filhos de Deus apartarão Seus rostos da Luz resplandecente e irradiarão essa
Luz sobre os filhos dos homens, que ainda não sabem que são os Filhos de Deus". Então
aparecerá Aquele que vem, Seus passos sendo acelerados através do vale das
sombras, pelo Todo-poderoso Que se acha sobre o cume da montanha, exalando
amor eterno, luz suprema e pacífica e silenciosa vontade.
"Então, responderão os filhos dos homens. Então, brilhará uma nova luz, no
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cansado e lúgubre vale da terra. Então, uma nova vida circulará por suas veias, e sua
visão abarcará todos os caminhos do que possa vir.
"Assim, virá, novamente, a paz à terra, porém, uma paz desconhecida até agora.
Então, a vontade para o bem florescerá como compreensão, e esta frutificará como
boa vontade nos homens."

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CAPÍTULO II
OPORTUNIDADE EXCEPCIONAL DO CRISTO
O Mundo de Hoje

Uma das dificuldades que se apresentam, atualmente, para a aceitação de todo o


ensinamento referente à vinda de Cristo, se deve a que nada sucedeu, apesar de haver
sido divulgada durante séculos. Isto é verdade, e nisto reside grande parte de nossa
dificuldade. A expectativa de Sua vinda não constitui um acontecimento novo, nada
excepcional tampouco, nem diferente. Aqueles que ainda permanecem fiéis a esta
ideia são olhados com complacência, com condescendência, quando não são alvo de
zombaria. Uma análise dos tempos e das épocas; dos significados; da intenção divina
ou da vontade de Deus, e mais a consideração da situação mundial, pode conduzir-
nos, entretanto, a crer que o momento presente é excepcional, em mais de um sentido,
e que o Cristo enfrenta, também, uma oportunidade excepcional, produzida por certas
condições mundiais, que também, são excepcionais. Existem, hoje, determinados
fatores no mundo e tiveram lugar certos acontecimentos no século passado nunca
antes ocorridos, que seria de grande valor considerá-los, a fim de se ter uma melhor
perspectiva. Ele virá a um mundo renovado, conquanto não seja ainda um mundo
melhor; novas ideias ocupam a mente das massas e novos problemas aguardam
solução. Consideremos esta oportunidade com o fim de adquirir algum conhecimento
da situação, na qual o Cristo aparecerá. Abordemos este tema de forma realista,
evitando os pensamentos místicos e vagos. Se é verdade que Ele considera que deva
reaparecer; se é um fato que trará consigo os Seus discípulos - Os Mestres de
Sabedoria - e se esta vinda é iminente, quais são os fatores que, tanto Ele quanto Seus
discípulos devem ter em conta?
Antes de tudo, virá a um mundo que é, essencialmente, uno. Seu
reaparecimento e Seu consequente trabalho não podem estar confinados a uma
pequena localidade, ou território desconhecido para a grande maioria, como sucedeu
em Sua Anterior aparição. O rádio, a imprensa e a difusão de notícias farão com que
Sua vinda seja diferente da de qualquer outro Mensageiro que Lhe precedeu. Os
rápidos sistemas atuais de transporte permitirão que as multidões cheguem a Ele;
pela televisão, Seu rosto chegará a ser familiar a todos e, em verdade, "todos os olhos
O verão". Ainda que não exista um reconhecimento geral de Seu estado espiritual e
de Sua mensagem, deve haver, logicamente, um interesse universal, pois hoje,
mesmo os muitos falsos Cristos e Mensageiros despertam esta curiosidade universal e
não podem ocultar-se. Isto cria uma condição extraordinária para trabalhar, que
nenhum Filho de Deus, salvador e energetizador, jamais tivera que enfrentar.
A reação dos povos do mundo, no sentido do novo ou necessário, é também
muito diversa: o homem reage, hoje, com mais facilidade ao bem e ao mal, e possui
um mecanismo de resposta mais sensível que o que possuía a humanidade em
épocas primitivas. Se quando veio o Mensageiro obteve uma rápida resposta, hoje
sua aceitação ou rejeição serão mais gerais e imediatas. Atualmente, o homem é mais
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analítico, está melhor educado, é mais intuitivo, e espera, como em nenhuma outra
época da história, o excepcional e o inusitado. Sua percepção intelectual é mais
penetrante; seu sentido dos valores, mais agudo; sua capacidade para discriminar e
escolher se desenvolve aceleradamente e penetra, com maior rapidez, no significado
das coisas. Estes fatos condicionarão o reaparecimento do Cristo e tenderão a
propagar, mais rapidamente, a notícia de Sua vinda e o conteúdo de sua mensagem.
Quando de Sua volta, encontrará um mundo excepcionalmente livre do domínio
e das garras dos eclesiásticos. A Palestina, no passado, estava sujeita à férula dos
dirigentes religiosos judeus, e os Fariseus e Saduceus eram para os povos dessa terra
o que os potentados da igreja são para os povos do mundo atual. Houve, porém, na
humanidade, um saudável e útil afastamento das igrejas e das religiões ortodoxas,
durante o século passado, e isto oferecerá uma oportunidade excepcional para a
restauração da verdadeira religião e para a apresentação de um simples retorno aos
caminhos da vida espiritual. Os sacerdotes, Levitas, Fariseus e Saduceus não foram
aqueles que O reconheceram quando Ele veio. Temiam-no, e é muito pouco provável
que os eclesiásticos reacionários O reconheçam hoje. Talvez reapareça sob uma
aparência completamente inesperada. Quem poderá dizer se será político, financista,
líder do povo (surgido do seio deste mesmo povo), cientista ou artista?
É um sofisma crer, como acontece com alguns, que o principal trabalho de Cristo
será realizado por intermédio das igrejas ou das religiões mundiais. Logicamente,
trabalhará por meio delas, se as condições o permitirem e se houver um núcleo
vivente de verdadeira espiritualidade dentro dessas instituições, ou desde que sua
súplica invocadora seja suficientemente poderosa para chegar até Ele. Ele empregará
todo e qualquer canal pelo qual a consciência do homem possa expandir-se e obter a
correta orientação. Todavia, seria mais exato afirmar que atuará como Instrutor
mundial e que as igrejas constituirão somente um dos meios de que lançará mão para
instruir. Tudo o que ilumina a mente dos homens, qualquer propaganda que tenda a
produzir corretas relações humanas, todos os modos de adquirir verdadeiro
conhecimento, os métodos para transmutar o conhecimento em sabedoria e
compreensão, tudo o que expanda a consciência da humanidade e os estados sub-
humanos de percepção e sensibilidade, tudo aquilo que dissipe a miragem vã e a
ilusão, destrua a cristalização e modifique as condições estáticas, ficarão dentro das
verdadeiras atividades da Hierarquia que Ele supervisiona. Cristo estará restrito pela
qualidade e dimensão da demanda invocadora da humanidade, e isto, por sua vez,
estará condicionado pelo grau de evolução alcançado.
Durante a Idade Média e anteriormente, as igrejas e as escolas de filosofia
proporcionaram os principais canais para realizar a Sua atividade subjetiva; porém,
isto não sucederá, quando estiver aqui em forma objetiva e real. Esta circunstância as
igrejas e organizações religiosas fariam bem em recordar. Na atualidade, Seu
interesse e atenção estão voltados para dois novos campos de esforço: primeiro, para
o campo da educação mundial e, segundo, em implementar, inteligentemente, as
atividades que correspondem ao setor governamental, em seus três aspectos:
estadístico, político e legislativo. O homem comum já se dá conta da importância e
responsabilidade que tem o governo; portanto, a Hierarquia compreende que, antes
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de se poder estabelecer a verdadeira democracia (tal como existe, essencialmente, e
que, oportunamente, se manifestará), é imperativo que se ensine às massas num
estadismo cooperativista, na estabilização econômica através da correta participação
e na honesta interação política. A larga separação existente entre política e religião
deve desaparecer; isto pode ser alcançado agora, devido ao alto nível de inteligência
atingido pela massa e, também, ao fato de que a ciência tem aproximado tanto os homens
e de tal modo, que o que acontece em algum lugar da terra se converte em algo de
interesse geral, em poucos minutos. Isto possibilita, de maneira excepcional, Seu trabalho
futuro.
Aquilo de que mais se necessita, na atualidade, como preparação para o seu
reaparecimento, é desenvolver o reconhecimento espiritual, pois ninguém sabe em que
nação aparecerá; pois quem poderá dizer se será inglês, russo, negro, latino, turco, hindu
ou de qualquer outra nacionalidade? Talvez professe a fé cristã, hindu ou budista, ou não
pertença a nenhum credo; não virá restaurar nenhuma das antigas religiões, inclusive a
cristã, senão restabelecer nos homens a fé no Amor do Pai, na realidade da vivência do
Cristo e na íntima relação, subjetiva e inquebrantável, de todos os homens. Estarão à Sua
disposição todos os sistemas mundiais de comunicação e relação, os quais contribuem para
tornar mais excepcional Sua oportunidade, e, para isto, também Ele deve preparar-se.
Outro fator inusitado, que caracterizará Sua vinda, será, não somente a expectativa
geral, como também o fato de que hoje se sabe e ensina muito sobre o Reino de Deus ou
da Hierarquia espiritual do planeta. Em toda parte se contam milhares de pessoas que se
interessam pela existência dessa Hierarquia, creem nos Mestres da Sabedoria - os
discípulos do Cristo, e não lhes surpreenderá o aparecimento deste grupo de filhos de
Deus, em torno do Seu Mentor - o Cristo. Todas as igrejas do mundo têm familiarizado o
público com a frase "o Reino de Deus". Durante o século passado, os esoteristas e ocultistas
deram a conhecer, publicamente, a realidade da existência da Hierarquia; os espíritas
puseram em relevo a sobrevivência daqueles que têm passado ao mundo oculto do ser e
seus guias também testemunharam a existência de um mundo espiritual interno. Estas
forças espirituais e muitas outras, tanto dentro como fora das religiões mundiais e dos
grupos filosóficos e humanitários, estão sendo dirigidas em seu trabalho, estão
estreitamente relacionadas e suas atividades são intimamente sincronizadas. Trabalham
unidas (ainda que não em aparência física), porque na família humana se encontram todas
as etapas de sensibilidade. As forças de regeneração, reconstrução, restauração e
ressurreição estão fazendo sentir sua presença em todos os muitos grupos que tratam de
ajudar à humanidade e elevá-la; de reconstruir o mundo, restaurar a estabilidade e o
sentido de segurança, preparando, assim (consciente ou inconscientemente) o
caminho para a vinda do Cristo.
Um ressurgimento singular dos antigos ensinamentos do Buda também está
penetrando no Ocidente e encontra fervorosos adeptos, em todos os países. Buda é o
símbolo da iluminação; atualmente, se põe singular ênfase, em toda parte, sobre o
aspecto luz. Milhões de seres, no transcurso das épocas, reconheceram Buda como o
Portador da Luz, vinda do alto. Suas Quatro Nobres Verdades apontam para as causas
das dificuldades humanas e indicam o remédio. Ensinou: "Cessem de identificar-se
com as coisas materiais ou com seus desejos; adquiram um exato senso dos valores;
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cessem de considerar as posses e a existência terrestre como de principal
importância; sigam o Nobre Caminho óctuplo - a Senda de corretas relações com
Deus e corretas relações com seus semelhantes - e assim serão felizes". Os degraus
deste Caminho são:
Valores retos Aspiração reta
Palavra reta Conduta reta
Modo de Viver reto Esforço reto
Pensar reto Enlevo, Arrebatamento ou Felicidade retos.
Esta mensagem é excepcionalmente necessária, no mundo de hoje, em que a
maioria destes passos certos para a felicidade têm sido ignorados. Sobre a base deste
ensinamento, o Cristo levantará a superestrutura da fraternidade entre os homens,
porque as corretas relações humanas são uma expressão do amor de Deus; elas
constituirão a principal e a seguinte demonstração da divindade no homem. Hoje, em
meio a este devastado, caótico e desditoso mundo, a humanidade tem uma nova
oportunidade de rechaçar a vida egoísta e materialista, para começar a percorrer o
Caminho Iluminado. No momento em que a humanidade demonstre vontade de
percorrê-lo, o Cristo virá; existem indícios de que os homens, na atualidade, estão
aprendendo esta lição e dando os primeiros e vacilantes passos naquele Caminho
Iluminado das corretas relações.
A época atual é excepcional, porque se caracteriza por um ciclo ou período em
que têm lugar conferências - comunais, nacionais e internacionais - e reuniões.
Formam-se clubes e elaboram-se plataformas, realizam-se conferências, congressos e
comitês, em toda parte, a fim de discutir e estudar o bem-estar e a libertação do
homem; este fenômeno é um dos indícios mais veementes de que o Cristo está em
Seu caminho. Ele personifica a liberdade e é o Mensageiro da Libertação. Estimula o
espírito e a consciência grupais e a Sua energia espiritual é a força atrativa que une os
homens para o bem comum. Seu reaparecimento unirá e vinculará os homens e
mulheres de boa vontade de todo o mundo, sem distinção de religião e
nacionalidade. Sua vinda evocará um mútuo e amplo reconhecimento do bem que
existe em todos. Isto constitui parte do excepcional de Sua vinda, e para isso já nos
estamos preparando. Uma análise das notícias diárias o comprova. Será a demanda
invocadora dos diversos grupos que trabalham em bem da humanidade (consciente
ou inconscientemente), que produzirá Sua vinda. Aqueles que realizam este grande
ato de invocação são os espiritualistas, os estadistas iluminados, os líderes religiosos
e os homens e mulheres cujos corações estão cheios de boa vontade. Conseguirão
evocá-lo se puderem manter-se unidos com intenção conjunta e esperançosa
expectativa. Este trabalho preparatório deve ser focalizado e complementado pelos
intelectuais de todo o mundo e pelos destacados benfeitores da humanidade, pelos
grupos dedicados ao melhoramento humano e pelos representantes altruístas de
todos os povos. O êxito do trabalho que o Cristo e a Hierarquia espiritual planejam
realizar hoje, depende de que a humanidade consiga utilizar, habilmente, a luz que já
possui, a fim de estabelecer corretas relações, em suas famílias, na comunidade, na
nação e no mundo.
Por conseguinte, a excepcional diferença que existe entre a esperada vinda do
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Cristo, agora, e a da época em que veio anteriormente, se deve a que no mundo há
uma infinidade de grupos que trabalham pelo bem-estar humano. Este esforço,
considerado à luz de passados períodos da história humana, é relativamente novo, e
para isso o Cristo deve preparar-se e trabalhar, seguindo essa tendência. O "ciclo de
conferências", que está chegando ao apogeu, constitui parte da excepcional situação
que o Cristo está enfrentando.
Entretanto, antes que Ele possa vir com Seus discípulos, terá que desaparecer
nossa atual civilização. No próximo século, começaremos a compreender o significado
da palavra "ressurreição" e a nova era começará a revelar seus profundos propósitos
e intenções. O primeiro passo será a emergência, da humanidade, da morte de sua
civilização, de suas antigas ideias e modos de viver, do abandono de suas metas
materialistas e de seu detestável egoísmo, do seu progresso em direção à clara luz da
ressurreição. Estas não são palavras simbólicas nem místicas, senão parte do clima
geral que envolverá o período do Reaparecimento do Cristo; é um ciclo tão real como
o ciclo de conferências que, afanosamente, se está realizando agora. Quando o Cristo
veio anteriormente, nos ensinou o verdadeiro significado da Ressurreição ou
Crucificação; desta vez, Sua mensagem versará sobre a vida de ressurreição. O presente
ciclo de conferências prepara os homens para as relações humanas, ainda que
pareçam, hoje, ser de natureza tão divergente; o fator importante, porém, é
constituído do pensamento e interesse humanos em estabelecer a necessidade, os
objetivos implícitos e os meios a serem empregados. O período de ressurreição que o
Cristo inaugurará e que constituirá Seu trabalho singular - dentro do qual estarão
compreendidas todas as Suas atividades - será o resultado da fermentação e
germinação, que já se levam a cabo no mundo, evidenciadas, externamente, em
infinidades de conferências.
As distintas e excepcionais condições que o Cristo enfrentou, durante os anos de
guerra, O forçaram a decidir a aceleração de Sua vinda, tendo em vista a necessidade
humana. O infausto estado do mundo, como resultado da guerra mundial e de séculos
de egoísmo, a sensibilidade excepcional que os homens demonstraram,
generalizadamente (como resultado do processo evolutivo); a inusitada difusão do
conhecimento a respeito da Hierarquia espiritual e o singular desenvolvimento da
consciência grupal, manifestando-se por toda parte, mediante incontáveis
conferências; tudo isto confrontou o Cristo, com Sua oportunidade excepcional,
impondo-se-Lhe uma decisão a que não pôde evitar. Podemos dizer, com reverência,
que nesta "oportunidade" do Cristo estavam envolvidos dois fatores, difíceis de ser
compreendidos pelo homem. Devemos reconhecer o fato da sincronização de Sua
vontade com a do Pai, a qual O conduziu a uma decisão fundamental. Não é fácil para
o cristão comum compreender que o Cristo passa, constantemente, por grandes
experiências e que em Sua divina experiência não existe nada estático nem
permanente - exceto Seu inalterável amor pela humanidade.
Um profundo estudo do Evangelho, sem as limitações das interpretações
ortodoxas, muitas coisas revelaria. As interpretações correntes (se fossem
reconhecidas em seu verdadeiro significado), consistem, simplesmente, no que
alguém compreendeu de uma série de palavras aramaicas, gregas e latinas. O fato de
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que a maioria dos comentaristas aceitos viveram há muitos séculos, tem dado a ditas
palavras um valor totalmente deturpado. As palavras de um comentarista ou
intérprete não têm hoje valor evidente algum, em comparação com os da antiguidade,
não obstante o comentarista moderno ser, provavelmente, mais inteligente e estar
melhor instruído, com a vantagem, também, de que existem muitas traduções aceitas e
uma ciência exata. A teologia sofre as consequências da ignorância do passado; causa
estranheza supor que um comentarista antigo tenha mais autoridade do que um moderno,
mais instruído e inteligente. Se O Novo Testamento é veraz, na apresentação e
representação das palavras do Cristo, afirmando que podemos fazer "maiores coisas" que
as que Ele fez; e se há verdade no que disse: "Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai Celestial
é perfeito", onde está o erro em reconhecer a capacidade de um ser humano para se pôr
em sintonia com a mente do Cristo e conhecer o que Ele quer que saibamos? Também disse
que "se um homem fizer a vontade de Deus, conhecerá"; assim foi como o Próprio Cristo
aprendeu e esse é o método que, conforme Ele nos assegura, proporcionará êxito a cada
um de nós.
Quando o significado da vontade de Deus penetrou na consciência do Cristo, conduziu-
O a certas grandes decisões, obrigando-O a exclamar: "Pai, não minha vontade, senão a Tua
seja feita". Estas palavras indicam, terminantemente, um conflito e não a sincronização de
duas vontades; assinalam a determinação, por parte do Cristo, de não opor Sua vontade à
de Deus. Repentinamente, teve uma visão da emergente intenção divina para a
humanidade e - por intermédio desta - para todo o planeta. Na determinada etapa de
desenvolvimento espiritual que o Cristo havia então alcançado e que O transformou em
Mentor da Hierarquia espiritual, n’Aquele que planejou o surgimento do Reino de Deus e o
impôs como Mestre dos Mestres e Instrutor de anjos e de homens, Sua consciência estava
completamente identificada com o Plano divino. Sua aplicação na Terra e o objetivo de
estabelecer o Reino de Deus e a aparição do quinto reino da natureza, foram simplesmente,
para Ele, o cumprimento da lei, e para isso estava disposto a dedicar, como dedicou, Sua
vida inteira.
O Plano; seu objetivo, técnicas e leis; sua energia (a do amor), e a íntima e crescente
relação entre a Hierarquia espiritual e a humanidade, Ele os conhecia e compreendia,
plenamente. No momento máximo em que obteve pleno conhecimento, e no de Sua total
entrega para realizar o sacrifício necessário de Sua vida, a fim de cumprir este Plano,
produziu-se, subitamente, uma grande expansão de consciência. O significado, a intenção,
o propósito de tudo isso, bem assim a abarcante ideia divina (tal como existia na mente do
Pai) surgiu de Sua alma, não de Sua mente, porque a revelação foi muito mais grandiosa
que isso. Pôde desentranhar, mais profundamente que nunca, o significado da
divindade; o mundo de significados e o mundo dos fenômenos se desvaneceram e -
falando esotericamente - tudo Ele perdeu. Nesse momento, nem a energia da mente
criadora nem a energia do amor lhe tinham sido deixadas. Foi despojado de tudo
aquilo que Lhe fizera a vida suportável e plena de significado. Um novo tipo de energia
fez-se acessível- a energia da vida mesma, impregnada de propósito e ativada pela
intenção. Era, Porém, nova e desconhecida para Ele e, até esse momento,
incompreendida. Pela primeira vez, percebeu, com clareza, a relação que existia entre a
vontade, que até então se havia expressado em Sua vida por meio do amor, e o
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trabalho criador de inaugurar a nova dispensação. Nesse momento, passou pelo
Getsêmaní da Renúncia. E Lhe foi revelado, o que é mais grandioso, mais vasto e mais
inclusivo, perdendo-se de vista, nessa visão maior, tudo aquilo que, até então,
parecera tão vital e importante. Esta vital compreensão de Ser e a identificação com a
divina intenção de Deus Mesmo, o Pai, o Senhor do Mundo, nos níveis de percepção, a
respeito dos quais ainda nada sabemos (por enquanto), constituiu o desenvolvimento
da percepção do Cristo, no Caminho da Evolução Superior. Este Caminho Ele o
percorre na atualidade, e começou a palmilhá-lo há dois mil anos, na Palestina.
Conheceu, em sentido até então desconhecido para Ele, qual era o propósito de Deus,
o significado do destino humano e a parte que Lhe tocaria desempenhar, no
cumprimento desse destino. Durante séculos, a humanidade tem prestado pouca
atenção à reação do Cristo, face a Seu próprio destino, no que afetava ao humano,
assim como à Sua reação ao conhecimento, na medida em que Lhe era revelado. Em
relação ao Seu trabalho e sacrifício, temos sido egoístas, cobiçosos e renitentes.
A palavra "conhecer" (em relação com a consciência iniciática do Cristo e ainda de
iniciados menores), se refere à exatidão do conhecimento que o iniciado obtém, por
meio da experimentação, da experiência e da expressão. Os primeiros tênues indícios
do "destino" monádico e da ampla influência universal que o Filho de Deus pode
exercer, fizeram-se sentir na consciência do Cristo, como na consciência de todos
aqueles que obedecem a Seu mandato e chegam à perfeição que Ele indicou como
possível. A qualidade ou aspecto divino superior já se está fazendo sentir na vida do
progressista Filho de Deus, que conhece o significado da inteligência e compreende o
significado do amor e de sua natureza atrativa. Hoje - devido a estes dois
reconhecimentos - percebem-se o poder da vontade e a realidade do propósito divino
que esta mesma vontade deve forçosamente desenvolver. Esta foi a maior crise do
Cristo.
Descritos no Evangelho (como testemunho deste progressivo desenvolvimento
divino), encontramos quatro momentos em que se comprovou e demonstrou essa
compreensão universal ou monádica. Vejamos, brevemente, cada um deles:
1 - Temos, antes de tudo, a manifestação feita a Seus pais, no templo: "Não
sabeis vós que devo ocupar-me dos assuntos do meu Pai?". Há de observar-se que,
nessa ocasião, tinha Ele doze anos de idade e já havia terminado o trabalho que devia
realizar (como alma); doze é o número do trabalho terminado, como o atestam os
doze trabalhos de Hércules, outro Filho de Deus. O simbolismo de Seus doze anos é
substituído, agora, pelo dos doze apóstolos, símbolo de serviço e sacrifício. Também
esteve no templo de Salomão, símbolo da perfeita vida da alma, assim como o
Tabernáculo, no deserto, simboliza a imperfeita vida efêmera da personalidade
transitória. Cristo falava, portanto, desde o nível da alma, não apenas como homem
espiritual, na Terra. Quando pronunciou essas palavras, também prestava serviço
como Membro ativo da Hierarquia espiritual, pois Seus pais O encontraram ensinando
aos sacerdotes, Fariseus e Saquceus. Tudo isto indica que reconhecia o trabalho que
Lhe correspondia, como um Instrutor Mundial, percebendo, pela primeira vez, em Seu
cérebro físico, o divino propósito ou a divina vontade.
2 - Mais adiante a Seus discípulos: "Devo ir a Jerusalém" e, em seguida, lemos que
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"resolutamente volveu Seu rosto para ir" a essa cidade. Esta foi a indicação de que,
agora, tinha um novo objetivo. O único lugar de completa "paz" (significado do nome
de "Jerusalém") e "o centro de onde a vontade de Deus é conhecida". A Hierarquia
espiritual de nosso planeta (a Igreja invisível do Cristo) não é um centro de paz, senão
um verdadeiro vórtice de atividade amorosa, o lugar onde se reúnem as energias
provenientes do centro da vontade divina, e da humanidade - o centro da inteligência
divina. O Cristo se orientou para esse centro divino, denominado nas antigas
Escrituras "o lugar de serena determinação, de equilibrada e obediente vontade". Esta
afirmação assinalou um ponto crucial e de determinação na vida do Cristo, e
demonstrou Seu progresso no cumprimento da realização divina.
3 - Então, no Horto de Getsêmani, exclamou: "Pai, faça-se a Tua Vontade e não a
minha", indicando com isso, que compreendia o destino divino. O significado destas
palavras não implica (como amiúde o afirmam os teólogos cristãos) aceitar o
sofrimento de um futuro infortunado e a morte. Foi uma exclamação, evocada por Sua
verdadeira conscientização das implicações universais de Sua missão, e pelo intenso
enfoque de Sua vida em um sentido universal. A experiência de Getsêmani era
unicamente possível àqueles Filhos de Deus que alcançaram Seu excepcional ponto de
evolução; não tinha conexão alguma com o episódio da crucificação, como afirmam os
comentaristas ortodoxos.
4 - As últimas palavras de Cristo a Seus apóstolos foram: "Eis aqui, Eu estou
convosco todos os dias, até o fim da idade" ou ciclo: (São Mateus, 28, 20). A palavra
importante é "fim". O vocábulo empregado vem do grego, "sun-teleia" e significa o
fim de um período de tempo com outro que lhe segue imediatamente (o que poder-
se-ia chamar o fim de um ciclo). Em grego, o fim total é outra palavra: "teles". Em São
Mateus 24, 6: "mas ainda não é o fim" se usa a outra palavra telos porque significa
que "o fim do primeiro período não foi ainda alcançado". Então, falava como Mentor
da Hierarquia espiritual, expressando Sua vontade unificada agora, com a vontade de
Deus, para instruir, continuamente, o mundo dos homens, e compenetrá-lo com Sua
suprema consciência. Esta foi uma grandiosa afirmação enviada pela energia de Sua
vontade amadurecida, Seu amor que inclui a tudo e Sua mente inteligente - afirmação
que tornou possíveis todas as coisas.
Cristo também se referiu ao poder magnético da vontade, quando disse: "Eu, se
for elevado, atrairei para mim todos os homens". Isto não se referia à crucificação,
senão ao poder de Sua vontade magnética para atrair a todos os homens que vivem
no mundo de valores materiais, por meio da vida do Cristo imanente, em todos os
corações, e levá-los ao mundo do reconhecimento espiritual. Não se referia à morte e
sim à vida; tampouco referia-se à cruz, mas à ressurreição. No passado, a tônica da
religião cristã foi a morte, simbolizada na morte de Cristo, muito deformada por São
Paulo, em seu esforço por fundir a nova religião, que Cristo estabeleceu, com a antiga
religião do sangue, dos judeus. No ciclo que Cristo inaugurará depois de Seu
reaparecimento, a meta de todo ensino religioso no mundo consistirá em ressuscitar o
espírito na humanidade; dar-se-á importância à vivência da natureza crística em todo
ser humano e ao emprego da vontade para obter esta vital transfiguração, aqui, da
natureza inferior. A prova disso será o Cristo ressuscitado. Este "Caminho de
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Ressurreição" é o Caminho radiante, o iluminado Caminho que conduz o homem de
uma expressão da divindade a outra, é o caminho que expressa a luz da inteligência, a
radiante substância do verdadeiro amor e a vontade inflexível, que não permite
nenhuma derrota ou deserção. Tais são as características que porão em evidência o
Reino de Deus.
A humanidade encontra-se, hoje, em um peculiar e excepcional ponto médio,
entre um passado desventurado e um futuro cheio de promessas, sempre que se
reconheça o reaparecimento do Cristo e se leve a cabo a preparação para a Sua vinda.
O presente está pleno de promessas e também de dificuldades; atualmente, e no
presente imediato, a humanidade tem em suas mãos o destino do mundo ou - se se
pode expressar assim, com toda reverência - a atividade imediata do Cristo. A agonia
da guerra e a angústia de todo o gênero humano, conduziram o Cristo, em 1945, a
tomar uma grande decisão, manifestada em duas importantes declarações. Primeiro,
anunciou à Hierarquia espiritual e a todos os Seus Servidores e discípulos que vivem na
Terra, que havia decidido surgir novamente e estabelecer contato físico com a
humanidade, se se levassem a termo as etapas iniciais para o estabelecimento de
corretas relações humanas; segundo, deu ao mundo, (para o uso do "homem da rua"),
uma das mais antigas preces conhecidas, cujo uso até agora só havia permitido aos
Seres espirituais mais elevados. Ao que se disse, Ele Mesmo a recitou pela primeira vez,
em 1945, durante a Lua cheia de junho, conhecida como a Lua cheia do Cristo, assim
como a Lua cheia de maio é conhecida como a do Buda. Não foi fácil traduzir estas
frases antigas (tão antigas que não têm data certa nem antecedente algum) em
palavras modernas. Mas isso se fez, e a Grande Invocação que, oportunamente, tornar-
se-á prece mundial, foi por Ele pronunciada e transcrita por Seus discípulos. Sua
tradução é a seguinte:

Do ponto de Luz na Mente de Deus,


Flua luz às mentes dos homens;
Desça a Luz à Terra

Do ponto de Amor no Coração de Deus,


Flua amor aos corações dos homens;
Volte Cristo à Terra

Do centro onde a Vontade de Deus é conhecida,


Guie o propósito as pequenas vontades dos homens,
O propósito que os Mestres conhecem e servem.

Do centro a que chamamos raça dos homens,


Cumpra-se o Plano de Amor e de Luz
E mure-se a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano na Terra.

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Seu extraordinário poder pode-se constatar no fato de que centenas de milhares
de pessoas já a estão usando diariamente e também várias vezes ao dia. Em 1947, já
havia sido traduzida em dezoito idiomas e dialetos; nas selvas da África a empregam
grupos de nativos e pode-se vê-la nas mesas de escritórios de destacadas
personalidades, em nossas principais cidades; difundida pelo rádio, na Europa e
América e não existe país ou ilha onde não seja usada. Tudo isto levou dezoito meses.
Se esta nova Invocação for amplamente divulgada, poderá ser para a nova
religião mundial o que o Pai Nosso foi para a cristandade e o Salmo 23 para o judeu
espiritual. Existem três maneiras de se fazer contato com esta grande Prece ou
Invocação:
1 - A do público em geral;
2 - A dos esoteristas, ou dos aspirantes e discípulos do mundo;
3 - A dos Membros da Hierarquia.
Primeiro, o público em geral a considerará como uma prece a Deus
Transcendente. Estes ainda não O reconhecem como Imanente em Sua criação; elevá-
la-ão em aras de esperança - esperança de luz, amor e de paz, a que todos anelam,
incessantemente. Também a considerarão como prece que ilumina os governantes e
dirigentes de todos os grupos que manipulam os assuntos mundiais; como rogativa
para que flua amor e compreensão entre os homens, para que possam viver em paz
entre si; como busca, para que se cumpra a vontade de Deus - a respeito da qual o
público nada sabe, considerando-a tão inescrutável e oniabarcante que se resigna a
esperar e crer, sem discutir; como oração para fortalecer o senso de responsabilidade
humana, a fim de que os males atuais - que tanto afligem e confundem a humanidade
- possam ser eliminados, tendo em vista refrear essa indefinida fonte do mal.
Finalmente, será considerada como uma oração para que se restabeleça uma
condição primordial, também indefinida, de beatífica felicidade, e desapareça da Terra
todo sofrimento e dor. Tudo isto é útil para a massa, sendo a única coisa que se pode
fazer, de imediato.
Segundo, os esoteristas, os aspirantes e aqueles que estiverem espiritualmente
orientados, alcançarão uma aproximação mais profunda e compreensiva, do seu
sentido. Reconhecerão o mundo das causas e Aqueles que, subjetivamente, se acham
por detrás dos assuntos mundiais - os Dirigentes espirituais de nossa vida. Eles estão
preparados para dar àqueles que possuem verdadeira visão e indicar não somente a
razão dos acontecimentos suscitados nos diversos setores da vida humana, senão
também revelar-lhes aquilo que permitirá à humanidade passar da obscuridade à luz.
Se se adotar esta atitude fundamental, será evidente a necessidade de difundir,
amplamente, os fatos subjacentes, iniciando-se uma era de divulgação espiritual,
arquitetada pelos discípulos e levadas a efeito pelos esoteristas. Esta era começou em
1875, quando se proclamou a realidade da existência dos Mestres de Sabedoria, a qual
permaneceu, apesar do escárnio, da negação e das errôneas interpretações dessa
realidade. Tem sido de grande utilidade e reconhecimento da natureza substancial do
que pôde ser corroborado, bem como a resposta intuitiva dos estudantes esotéricos e
de muitos intelectuais de todo o mundo.
Um novo tipo de místico está surgindo. Difere dos místicos do passado, porque se
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interessa, de forma prática, pelos acontecimentos mundiais, e não somente pelas
questões religiosas da igreja. Caracteriza-se pela falta de interesse dirigido para o seu
desenvolvimento pessoal, pela sua capacidade de ver o Deus Imanente em toda
crença, e não apenas em seu próprio e determinado credo religioso, bem assim pela
aptidão de viver sua vida na luz da divina Presença. Todos os místicos têm podido fazê-
lo em maior ou menor grau, porém o místico moderno difere dos do passado porque, é
capaz de indicar aos demais, com toda clareza, as técnicas a seguir, na Senda; combina
mente e coração, inteligência e sentimento, além de uma percepção intuitiva, de que
carecia até agora. Não somente a luz de sua própria alma, senão também a clara luz da
Hierarquia espiritual iluminam, agora, o caminho do místico moderno, em ritmo
crescente.
Terceiro, ambos os grupos - o público em geral e os aspirantes mundiais, em seus
diversos graus - têm, em seu seio, aqueles que se destacam do estofo comum, porque
possuem uma profunda visão e compreensão; ocupam a "terra de ninguém", entre a
massa e os esoteristas, de um lado, e entre estes e os Membros da Hierarquia, do
outro lado, os quais também empregam a Grande Invocação, pois não passa um dia
sequer sem que o Cristo Mesmo a recite.
Sua beleza e potência residem em sua singeleza e no fato de expressar certas
verdades essenciais, que todos os homens aceitam, inata e naturalmente: a verdade da
existência de uma Inteligência fundamental, a Quem, vagamente, denominamos Deus;
a verdade de que, por detrás de todas as aparências externas, o amor é o poder
motivado do universo; a verdade de que vem à Terra uma grande Individualidade,
chamada Cristo pelos cristãos, O qual encarnou esse amor, para que dele
adquiríssemos compreensão; a verdade segundo a qual o amor e a inteligência são
consequência da vontade de Deus; e, finalmente, a verdade evidente de que o Plano
Divino só pode desenvolver-se através da humanidade.
Este Plano exorta o gênero humano a expressar o Amor e insta com os homens
para que "deixem brilhar sua luz". Logo vem a solene e final rogativa para que este
Plano de Amor e de Luz, desenvolvendo-se através da humanidade, possa "murar a
porta onde mora o mal". A última linha contém a ideia de restauração, dando a tônica
para o futuro, e indicando que a ideia original de Deus, e Sua intenção inicial já não
serão frustradas pelo mal e pelo livre-arbítrio do homem - materialismo e egoísmo
puros; então, cumprir-se-á o propósito divino, graças às mudanças produzidas nos
objetivos e sentimentos da humanidade.
Este é o significado óbvio e simples, que se ajusta à aspiração espiritual de todos
os homens do mundo.
O emprego desta Invocação ou Prece, mais a crescente expectativa da vinda do
Cristo, oferecem, hoje, a máxima esperança para a humanidade. Se assim não fosse,
então a oração seria inútil, constituindo-se somente em uma alucinação, e as Escrituras
do mundo, com suas profecias comprovadas, são também inúteis e enganosas. As
épocas atestam o contrário. A Prece sempre receberá e tem recebido resposta;
egrégios Filhos de Deus sempre têm vindo em resposta à súplica da humanidade, e
sempre virão, e Aquele a quem todos os homens esperam está em caminho.

20
CAPÍTULO III
O REAPARECIMENTO DO CRISTO
A Expectativa Mundial

Deus Transcendente, mais grandioso, mais vasto e mais incluente que o mundo
de Sua criação, tem sido universalmente reconhecido e, geralmente, enfatizado; todos
os credos podem afirmar com Shri Krishna (quando fala como Deus, o Criador) que,
"havendo interpenetrado o universo inteiro com um fragmento de Mim Mesmo, Eu
permaneço". Este Deus Transcendente tem dominado o pensamento religioso de
milhões de pessoas simples e espirituais, no decurso dos séculos, desde que a
humanidade iniciou seu caminho para a divindade.
Lentamente, vai despertando a incipiente consciência da humanidade para a
grande verdade paralela de Deus Imanente - divinamente "interpenetrando" todas as
formas, internamente condicionando todos os reinos da natureza, expressando a
divindade ingênita através dos seres humanos e, faz dois mil anos, tendo
personificado a natureza dessa divina Imanência, na pessoa do Cristo. Hoje, como
consequência desta Presença divina em manifestação, um novo conceito está
penetrando na mente dos homens de toda parte: o do "Cristo em nós, a esperança de
glória" (Col. 1,27). Existe uma crescente e progressiva crença de que Cristo está em
nós, como esteve no Mestre Jesus, crença que alterará os assuntos do mundo e a
atitude do gênero humano, em relação à vida.
A maravilhosa vida que viveu há dois mil anos, permanece ainda conosco e não
perdeu nada de sua louçania; é uma aspiração, esperança, estímulo e exemplo
eternos. O amor que Ele demonstrou, ainda influencia o mundo de pensamentos, se
bem que relativamente poucos tenham intentado demonstrar a mesma qualidade de
Seu amor - amor que leva, infalivelmente, ao serviço mundial, ao completo olvido de si
mesmo e a uma vida radiante e magnética. As palavras que Ele pronunciara foram
breves e simples, e todos os homens as podem compreender, porém seu significado
se perdeu nas tortuosas legitimações e discussões de S. Paulo e nas extensas disputas
dos comentaristas teológicos, desde que o Cristo viveu e nos deixou - ou o fez
aparentemente.
Não obstante, o Cristo está hoje mais próximo da humanidade que em qualquer
outro período da história humana; está mais próximo do que suspeita o anelante e
esperançoso discípulo, e pode estar ainda mais, se o que aqui está escrito for
compreendido e levado à atenção de todos os homens. Pois o Cristo pertence à
humanidade, ao mundo dos homens, e não apenas à igreja e às crenças religiosas de
todo o mundo.
Ao Seu redor - nesse Elevado Lugar da Terra onde tem sua morada - se acham
hoje reunidos Seus grandes discípulos, os Mestres de Sabedoria, e todos Aqueles
emancipados Filhos de Deus, que no transcurso das épocas têm passado da
obscuridade à Luz, do irreal ao Real e da morte à Imortalidade. Estão dispostos a

21
cumprir Seu mandato e obedecer ao Mestre dos Mestres e ao Instrutor de anjos e de
homens. Os Expoentes e Representantes de todos os credos do mundo aguardam que
se lhes permita revelar àqueles que, sob Sua orientação, lutam no caos dos assuntos
mundiais e tratam de resolver a crise mundial - que não estão sós. Deus Transcendente
está trabalhando por meio do Cristo e da Hierarquia Espiritual para ajudar ao gênero
humano; Deus Imanente em todos os homens está a ponto de ser plenamente
reconhecido.
A grande Sucessão Apostólica de Conhecedores de Deus está hoje preparada para
iniciar uma atividade renovada - a sucessão daqueles que têm vivido na Terra, têm
aceito a realidade do Deus Transcendente, descoberto a realidade de Deus Imanente,
reproduzido em Suas próprias vidas as características divinas da vida crística (porque
têm vivido na Terra como Ele o fez e faz), e "penetraram por nós detrás do véu,
dando-nos um exemplo para que também nós sigamos Seus passos" e os d’Eles.
Oportunamente, também nós pertenceremos a essa grande sucessão.
O Buda Mesmo se acha também detrás do Cristo, no humilde reconhecimento da
tarefa divina que Ele está a ponto de consumar, devido ao iminente dessa realização
espiritual. Não somente são conhecedores de Seus planos Aqueles que atuam,
conscientemente, no Reino de Deus, senão que esses grandes seres espirituais, que
vivem e moram na "Casa do Pai" e no "centro onde a vontade de Deus é conhecida",
também estão mobilizados e organizados para ajudar em Seu trabalho. A linha
espiritual da sucessão, desde o trono do Ancião dos Dias até o mais humilde discípulo
(reunidos aos pés do Cristo), está empenhada, presentemente, na tarefa de ajudar à
humanidade.
É quase chegado o grande momento pelo qual tão pacientemente Ele tem
esperado. O fim "da era", a que se referiu quando falava a Seu pequeno grupo de
discípulos, já chegou ("Eis aí! Eu estou convosco até o fim da era"). Na atualidade,
permanece e espera, sabendo que chegou o momento em que "verá o trabalho de
Sua alma e será satisfeito". (Isaías 53, 11).
Em toda a sucessão espiritual de Filhos de Deus só se vê e sente expectativa e
preparação. "A Hierarquia espera". Fez tudo o que era possível quanto ao que se
refere à presente oportunidade. O Cristo aguarda em paciente silêncio, atento ao
esforço que materializará Seu trabalho na Terra e Lhe permitirá continuar a tarefa
que iniciou há dois mil anos, na Palestina. O Buda, também, aguarda, a fim de
desempenhar Sua parte, se a humanidade Lhe oferecer a oportunidade. Tudo
depende da correta ação das pessoas de boa vontade.
Da Casa do Pai - "o centro onde a vontade de Deus é conhecida" ou Shamballa
dos esoteristas - surgiu o fiat: a hora é chegada. Do Reino de Deus, onde o Cristo
reina, a resposta surgiu: "Pai, faça-se Tua vontade". No desditado, perplexo e
esforçado mundo dos homens se eleva, incessantemente, o clamor: "Que Cristo
retorne à Terra". Para os três grandes centros espirituais: a Casa do Pai, o Reino de
Deus e a Humanidade que está despertando, existe um só propósito, uma só ideia e
uma conjunta expectativa.
É essencial que exista hoje um maior conhecimento a respeito do "centro onde a
vontade de Deus é conhecida". O público deveria possuir certo conhecimento sobre
22
este elevado centro espiritual, ao qual - segundo o Evangelho - o Cristo Mesmo
esteve sempre atento. Frequentemente, lemos no Novo Testamento que "o Pai Lhe
falou" ou que "Ele ouviu uma Voz" inaudível para outros, ou que se ouviram as
palavras: "Este é Meu Filho Amado". Repetidas vezes lemos que Lhe foi outorgado o
selo da aprovação (como é denominado espiritualmente). Só o Pai, o Logos
Planetário, "Aquele em quem vive. mos, nos movemos e temos nosso ser" (Atos 17,
28), o Senhor do Mundo, o Ancião dos Dias (Daniel 7, 9) pode pronunciar esta palavra
final de aprovação. Como bem sabemos, o Mestre Jesus passou por cinco crises ou
iniciações - O Nascimento em Belém, o Batismo, a Transfiguração, a Crucificação e a
Ressurreição - porém, por trás deste evidente e prático ensinamento, subsiste uma
corrente subterrânea ou pensamento sobre algo muito mais elevado e de maior
importância: a Voz de aprovação do Pai, reconhecendo o que o Cristo realizou.
Quando o Cristo completar, nos próximos dois mil anos, o trabalho iniciado,
igualmente há dois mil anos, com certeza essa Voz será ouvida novamente e Lhe será
outorgado o reconhecimento divino de Seu advento. Então o Cristo receberá aquela
magna Iniciação, sobre a qual nada sabemos, exceto que dois aspectos divinos se
unirão e fundirão n’Ele (amor-sabedoria em plena manifestação, motivados pela
vontade ou poder divinos). Então o Buda e o Cristo comparecerão diante do Pai, o
Senhor do Mundo; verão juntos a glória do Senhor e, eventualmente, prestarão um
serviço mais elevado, cuja natureza e qualidade nos são desconhecidos.
Não escrevo com espírito fanático ou adventista, nem falo como um teólogo
especulativo ou expoente de um aspecto do expectante pensamento religioso. Falo
porque muitos sabem que o momento é oportuno e que o clamor dos corações
simples e cheios de fé chegou às mais elevadas esferas espirituais e pôs em
movimento energias e forças que já não podem ser detidas. A demanda invocadora
da angustiada humanidade é hoje tão grande e tão sólida que - conjuntamente com a
sabedoria e o conhecimento da Hierarquia espiritual - deram impulso a certas
atividades na Morada do Pai. Estas redundarão na glória de Deus, na transformação
da divina vontade para o bem, na boa vontade humana e na resultante paz na Terra.
Está por se escrever um novo capítulo no grande livro da vida espiritual; uma
nova expansão de consciência é um acontecimento iminente; a humanidade pode
reconhecer, já, a preocupação pela divindade; a acentuada expectativa comprovará a
exatidão da afirmativa bíblica: "E todo olho O verá" (Rev. 1,7). A vivência religiosa, ou
história espiritual da humanidade, pode ser resumida em uma série de
reconhecimentos - o reconhecimento Daqueles Que, no transcurso das épocas, têm
constituído a Sucessão Apostólica, culminando com o aparecimento dos grandes
guias religiosos que têm vindo desde o ano de 700 a. C. e fundaram os grandes credos
modernos e - sobretudo - no próprio Cristo, que personificou a perfeição do Deus
Imanente, mais a conscientização de Deus Transcendente; o reconhecimento destes
conceitos espirituais superiores de amor, vida e relação, que sempre pairaram no
fundo do pensamento humano, que estão, agora, a ponto de ser expressos
corretamente; o reconhecimento da verdadeira fraternidade entre os homens,
baseada na divina Vida Una, que atua através da alma una e se expressa através
da humanidade una; portanto, o reconhecimento da relação que existe entre a vida
23
divina, em todo o mundo, e a própria humanidade. O desenvolvimento dessa atitude
espiritual conduzirá às corretas relações humanas e à eventual paz mundial.
Possivelmente, agora se produza outro reconhecimento - o do iminente retorno
do Cristo (se se pode aplicar esta frase a Quem nunca nos abandonou) e das novas
oportunidades espirituais que este acontecimento oferecerá.
A base para esse reconhecimento reside na profunda convicção, inata na
consciência humana, que algum Instrutor, Salvador, Revelador, Legislador ou
Representante divino deve aparecer, proveniente do mundo das realidades
espirituais, devido à necessidade e apelo humanos. No transcurso dos séculos, nos
momentos mais prementes da humanidade e em resposta à sua demanda, tem
aparecido, sob diferentes nomes, um divino Filho de Deus. Então veio o Cristo e,
aparentemente, nos abandonou, sem haver levado a termo Sua tarefa, e sem
consumar o que havia visualizado para a humanidade. Pelo espaço de dois mil anos,
parecera que todo Seu trabalho fora obstruído, frustrado e inútil, porque a
proliferação de igrejas, no transcurso dos séculos, não constituiu uma garantia do
triunfo espiritual que Ele anelava. Era necessário algo mais que as interpretações
teológicas e o crescimento numérico das religiões mundiais (incluindo o cristianismo
e o budismo) para comprovar que Sua missão no mundo havia sido levada a cabo
triunfalmente. Tudo parecia impossível de realizar e exigia três condições, pelas quais
poder-se-ia intentar pôr à prova Seu trabalho, condições que, atualmente, são fatos
comprovados. Primeiro, como já vimos, existe uma condição geral planetária, a qual,
desgradaçamente, se demonstrou ser tão catastrófica (devido ao egoísmo do
homem) que a humanidade se viu obrigada a reconhecer a causa e a origem do
desastre; segundo, um despertar espiritual originado nas raízes mais profundas da
consciência humana como resultado da Guerra Mundial (1914-1945); terceiro, o
crescente clamor invocativo (oração ou súplica) que se eleva até fontes espirituais
superiores, não importando com que nomes possam a ser designadas.
Na atualidade, imperam estas três condições e a humanidade faz frente a uma
nova oportunidade. O desastre que atingiu a humanidade é de proporções universais;
ninguém pôde escapar e todas estão, em uma ou outra forma, implicados nele - física,
econômica ou socialmente. O despertar espiritual dos homens (crentes ou não, porém em
maior escala os não crentes) é geral e pleno, podendo observar-se, em toda parte, um
retorno para Deus. Finalmente, estas duas causas produziram na humanidade - como nunca
ocorrera antes - um apelo invocativo mais claro, mais puro e mais altruísta - jamais
verificado em qualquer outra época da história humana - porque está baseado em
pensamentos mais nítidos e na angústia comum. A verdadeira religião está aflorando,
novamente, nos corações do homem; o reconhecimento de uma esperança e âmbito
divinos, possivelmente fará com que os povos voltem à igreja e pratiquem as religiões
mundiais, porém, com maior segurança, levá-los-á de volta para Deus.
Inegavelmente, religião é o nome que damos ao apelo da humanidade que conduz a
uma resposta evocadora do Espírito de Deus. Este Espírito atua em todos os corações
humanos e em todos os grupos. Ele trabalha também por intermédio da Hierarquia
Espiritual do planeta. Impele o Cristo, Guia da Hierarquia, a atuar, e a atividade que
desenvolve, permitir-lhe-á que volte com Seus discípulos.
24
A ideia do retorno do Cristo é muito familiar e o conceito de que o Filho de Deus
regressa em resposta às necessidades humanas, se inclui nos ensinamentos da maioria dos
credos mundiais. Desde que aparentemente nos abandonou, e se dirigiu para o nível em
que O colocaram os crentes, pequenos grupos destes chegaram a crer que, em
determinada ocasião, regressaria, porém suas profecias e esperanças se viram sempre
frustradas. Não retornou. Estas pessoas têm sido alvo de zombaria, por parte da multidão e
censuradas pelos inteligentes. Seus olhos jamais O viram nem tiveram um indício tangível
de Sua presença. Na atualidade, milhares de pessoas sabem que Ele virá, e que já se
iniciaram os planos para Seu reaparecimento, porém não se fixou data nem hora. Apenas
dois ou três conhecem o momento, "porém, no momento em que não pensardes, Ele virá"
(Mat. 24, 44).
Uma verdade que se faz difícil ao pensador ortodoxo aceitar é o fato de que Cristo
não pode voltar porque sempre tem estado na Terra, vigiando o destino espiritual da
humanidade; Ele nunca nos deixou, ao invés, fisicamente e bem protegido (posto que não
oculto), tem guiado os assuntos da Hierarquia Espiritual e de Seus discípulos e
colaboradores, os quais, conjuntamente, se têm comprometido com Ele a servir na Terra.
A única coisa que Ele pode fazer é reaparecer. Constitui uma verdade espiritual que,
aqueles que passaram da tumba para a plenitude da vida de ressurreição, podem ser
visíveis e ao mesmo tempo se tornar invisíveis para o crente. Ver e reconhecer são
duas coisas inteiramente distintas, e um dos grandes reconhecimentos, por parte da
humanidade, em um futuro próximo, é que Ele sempre esteve conosco, compartindo
os valores familiares, as características de nossa civilização e as inumeráveis dádivas
que tem concedido ao homem.
Os primeiros indícios de que se aproxima com Seus discípulos já podem ser
percebidos por aqueles que observam e interpretam, corretamente, os sinais dos
tempos, podendo notar nestes, a união espiritual daqueles que amam seus
semelhantes. Constitui em realidade a organização do exército externo do Senhor, que
só tem como arma o amor, a palavra reta e as corretas relações humanas. O
estabelecimento desta organização desconhecida tem continuado com extraordinária
velocidade, durante o após-guerra, porque a humanidade já está cansada de ódios e
controvérsias.
Os colaboradores de Cristo já se acham ativos no Novo Grupo de Servidores do
Mundo, constituindo o grupo de precursores mais poderoso que jamais houve,
precedendo a entrada de um grande Personagem mundial no campo da vida humana.
Seu trabalho e influência hoje se veem e sentem em toda parte, e nada pode destruir o
já realizado. Desde 1935, tratou-se de aproveitar o efeito espiritual e organizador
produzido pela Invocação, através de sua recitação e expressão, dirigindo a energia da
demanda invocadora da humanidade para esses canais que vão desde a Terra até o
Altíssimo lugar onde mora o Cristo. Dali, ela tem sido transmitida a esses níveis ainda
mais elevados, de onde a atenção do Senhor do Mundo, o Ancião dos Dias, o Pai de
todos nós, além das Energias criadoras e dos Seres Viventes que moram n’Ele, pode ser
dirigida à humanidade, a fim de dar os passos necessários que levarão a objetivar mais
rapidamente os propósitos de Deus.
Pela primeira vez na história da humanidade, o apelo dos povos da Terra é tão
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poderoso, e se acha tão de acordo com a orientação divina, em tempo e espaço, que
inevitavelmente, se cumprirá. O esperado Representante espiritual há de vir; porém,
desta vez não virá só, senão acompanhado por Aqueles Cujas vidas e palavras evocarão
o reconhecimento de todos os setores do pensamento humano. As profecias
simbólicas, encontradas em todas as Escrituras mundiais, relacionadas com este
iminente acontecimento, demonstrarão sua veracidade, muito embora seja necessário
reinterpretar seu simbolismo; as circunstâncias e os acontecimentos não serão como
as Escrituras parecem indicar. Ele virá, por exemplo, nas "nuvens do céu" (Mat. 26,
64), como o dizem as Escrituras cristãs, porém, que tem isto de sobrenatural, quando
milhões de pessoas viajam pelo espaço a toda hora do dia e da noite? Menciono isto
como uma das profecias mais destacadas e conhecidas; contudo, tem muito pouco
significado para nossa civilização moderna. O importante é que Ele virá.
O Festival de Wesak vem-se celebrando durante séculos, no conhecido vale dos
Himalaias (creia-se ou não), com o fim de:
1) - Confirmar que Cristo existe fisicamente entre nós, desde Sua suposta
partida;
2) - Comprovar, no plano físico, a real similitude que existe quanto ao processo
de aproximação a Deus adotado pelo Oriente e pelo Ocidente. Tanto Cristo como
Buda estão presentes;
3) - Estabelecer um lugar de reunião para Aqueles que, anualmente - em forma
sintética e simbólica - se vinculam e representam a Casa do Pai, o Reino de Deus e a
Humanidade;
4) - Demonstrar a natureza do trabalho que o Cristo há de realizar, como o
grande Intermediário eleito, permanecendo como Representante da Hierarquia
Espiritual e Guia do Novo Grupo de Servidores do Mundo. Por Seu intermédio
proclamar-se-á o reconhecimento da existência do Reino de Deus aqui e agora.
Uma das mensagens principais para nós, que lemos estas palavras, talvez seja a
grande verdade e realidade da Presença física do Cristo, nesta época, na Terra, de Seu
grupo de discípulos e colaboradores, de Sua representativa atividade, em bem da
humanidade, e da estreita relação que existe entre eles. Esta relação é percebida em
certos grandes festivais espirituais e inclui não só o Reino de Deus, senão também o
Pai e a Morada do Pai. Temos o Festival da Páscoa, o Festival do Buda, cuja presença
física representa a solidariedade espiritual de nosso planeta, e o Festival de Junho,
denominado, peculiarmente, o Festival do Cristo, em que - como Guia do Novo Grupo
de Servidores do Mundo - recita a Grande Invocação em bem de todas as pessoas de
boa vontade, reunindo, ao mesmo tempo, as súplicas incipientes e inexpressadas
daqueles que buscam um novo e melhor modo de viver. Eles aspiram ao amor em sua
vida diária, corretas relações humanas e compreensão do Plano subjacente.
Estes são os acontecimentos físicos de importância, não as vagas esperanças e
promessas dos dogmas teológicos. É a Presença física em nosso planeta dos
conhecidos Personagens espirituais, como o Senhor do Mundo, o Ancião dos Dias; os
sete Espíritos ante o trono de Deus; o Buda, Guia espiritual do Oriente, e o Cristo, Guia
espiritual do Ocidente - todos os quais absorvem nossa atenção, nestes momentos
decisivos. A crença incerta sobre Sua existência; as vagas especulações acerca de Seu
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trabalho e do Seu interesse no bem-estar humano e o ainda não convencido, posto
que esperançoso e fervente anelo dos crentes (assim também dos não crentes), serão
de pronto substituídos por certo conhecimento, pela identificação visual, por alguns
indícios de ação executiva e pela reorganização (por homens de inusitado poder) da
vida política, religiosa, econômica e social da humanidade.
Isto não virá como consequência de alguma proclamação, ou de um maravilhoso
acontecimento planetário que fará os seres humanos exclamarem: "Louvado seja, Ele
está aqui. Eis aqui os sinais de Sua divindade!" porque só provocaria antagonismo e
zombaria, incredulidade ou credulidade fanática.
Virá, porque foi reconhecida Sua capacidade de liderança, através das mudanças
dinâmicas, porém lógicas, efetuadas nos assuntos mundiais, e à ação empreendida
pelas massas, desde o mais recôndito de suas consciências.
Faz muitos anos manifestei que o Cristo poderia vir de três maneiras distintas, ou
melhor, que a realidade de Sua presença também poderia comprovar-se em três fases
distintas.
Nessa oportunidade, assinalou-se que a primeira coisa que o Cristo faria seria
estimular a consciência espiritual do homem, evocar, em grande escala, os apelos
espirituais da humanidade e fomentar - numa escala mundial - a consciência crística
no coração humano. Isto já se tem feito com resultados bastante efetivos. As súplicas
clamorosas dos homens de boa vontade, dos colaboradores no campo da beneficência
e daqueles que se comprometeram a colaborar, internacionalmente, para aliviar os
sofrimentos do mundo e estabelecer corretas relações humanas, expressam,
inegavelmente, a natureza real deste processo. Aquela fase do trabalho preparatório
que assinala Seu advento, chegou já a uma etapa em que nada pode deter seu
progresso ou diminuir seu ímpeto. Apesar das aparências, este surgimento da
consciência crística triunfou, e o que possa parecer uma atividade contrária, não tem
importância ao longo do tempo, por ser de natureza transitória.
O passo seguinte da Hierarquia, indicado, seria plasmar nas mentes dos homens
iluminados de todo o mundo, as ideias espirituais que encerram novas verdades, a
"descida" (se assim posso denominá-lo) dos novos conceitos que regerão a vida
humana e a influência que exercerá o Cristo sobre os discípulos mundiais e sobre o
Novo Grupo de Servidores do Mundo. Este movimento planificado pela Hierarquia,
progride; homens e mulheres de toda parte e de todos os setores enunciam as novas
verdades que hão de guiar a vida humana, no futuro; fundam novas organizações,
movimentos e grupos - grandes e pequenos - que darão a conhecer às massas a
realidade da necessidade e o modo de enfrentá-la. Fazem isto impulsionados pelo
fervor de seus corações e pela amorosa resposta à angústia humana, e ainda que sem
formulá-lo, assim, para si próprios, trabalhando para exteriorizar o Reino de Deus na
Terra. Ante a evidente multiplicidade de organizações, livros e conferências, etc.,
resulta impossível negar estes fatos.
Em terceiro termo, o Cristo, segundo se disse, poderia vir em pessoa, e caminhar
entre os homens, como o fez anteriormente. Na atualidade isto não ocorreu ainda,
porém já se estão fazendo os planos necessários que Lhe permitirão fazê-lo. Tais
planos não incluem o nascimento de algum formoso menino em um bom lar da Terra;
27
nem haverá proclamas extravagantes; tampouco existirá o crédulo reconhecimento
dos bem intencionados e dos ignorantes, como sucede hoje tão frequentemente, nem
ninguém dirá: "Este é o Cristo. Ele está aqui ou ali". Não obstante, quisera destacar
que a ampla difusão de tais enunciados e relatos, ainda que indesejáveis, enganosos e
errôneos, demonstra, entretanto, a expectativa humana por Seu iminente advento. A
crença em Sua chegada é algo fundamental na consciência humana. Como e de que
maneira virá, ainda não foi estabelecido. O momento exato também não foi
determinado ainda, nem tampouco como reaparecerá. A natureza real dos dois
primeiros passos preparatórios, dados já pela Hierarquia sob Sua direção, são a
garantia de que Ele virá, e de que, ao fazê-lo, a humanidade estará preparada.
Resumiremos certos aspectos da obra que Ele iniciou há dois mil anos, porque
eles nos darão a chave de Seu trabalho futuro. Parte deste trabalho é bem conhecida,
pois tem sido destacada por todos os credos e, em particular, pelos instrutores da fé
cristã. Porém, todos têm apresentado Sua tarefa de maneira muito difícil de ser
compreendida pelo homem; a ênfase indevida posta sobre Sua divindade (algo que
jamais fez ressaltar) induz a crer que Ele e só Ele pode realizar essa obra. Os teólogos
têm olvidado que Cristo afirmara: "maiores coisas que estas vós o fareis, porque Eu
vou ao Pai" (João, 14,12). Com isto quis significar que a entrada na Morada de Deus
traria como resultado tal afluência de poder espiritual, visão e realização criadora para
o homem, que as façanhas deste deveriam superar as suas obras; devido à
deformação do Seu ensinamento e seu distanciamento do homem, ainda não temos
feito essas "coisas maiores". Com segurança, algum dia as faremos, posto que em
certos aspectos já foram feitas. Permita-se-me expor algumas das coisas que Ele fez e
que nós também podemos fazer com Sua ajuda.
1 - Pela primeira vez, na história da humanidade, o amor de Deus encarnou em
um homem e o Cristo inaugurou a era do amor. Esta expressão do amor divino ainda
se acha em sua etapa preparatória; no mundo não existe verdadeiro amor e muito
poucos compreendem o real significado desta palavra. Falando simbolicamente,
porém, quando as Nações Unidas tiverem adquirido um verdadeiro e efetivo poder,
então ter-se-á assegurado o bem-estar no mundo. Que significa este bem-estar, senão
amor em ação? Que é a colaboração internacional senão amor em escala mundial?
Estas são as coisas que o amor de Deus expressou no Cristo, e para as quais estamos
trabalhando, a fim de trazê-las à existência. Estamos tentando fazê-lo em vastas
proporções, apesar da oposição - uma oposição que só pode triunfar
temporariamente, devido ao poder do espírito que despertou no homem. Estas são as
coisas que a Hierarquia, com Seus métodos já eficazes, ajuda a realizar e continuará
ajudando.
2 - O Cristo anunciou que o Reino de Deus se acha na Terra e também nos disse
que buscássemos primeiro esse Reino e que considerássemos tudo o mais como
secundário. Esse Reino, formado por Aqueles que, no transcurso das épocas,
perseguiram fins espirituais, se libertaram das limitações do corpo físico, e não são
controlados por suas emoções nem impedidos por uma mente negativa, esteve
sempre conosco. São cidadãos deste Reino aqueles que (desconhecidos para a
maioria) vivem hoje em corpos físicos, trabalham para o bem-estar da humanidade,
28
aplicam a técnica geral do amor, ao invés da emoção, e constituem esse grande grupo
de "Mentes iluminadas" que guia os destinos do mundo. O Reino de Deus não é algo
que descerá à Terra quando o homem seja suficientemente bom! É algo que já está
em marcha e exige reconhecimento. É um grupo organizado que está sendo
reconhecido por todos aqueles que realmente buscam primeiro o Reino de Deus e
descobrem com isso que tal Reino se acha aqui. Muitos sabem que o Cristo e Seus
discípulos estão presentes fisicamente na Terra e que o Reino que Eles regem e que tem
suas próprias leis e atividades, é muito conhecido e sempre o foi, através dos séculos.
Cristo é o Curador e Salvador do mundo. Trabalha porque constitui a alma encarnada
de toda Realidade. Trabalha hoje, como o fez na Palestina, há dois mil anos, por intermédio
de grupos. Ali trabalhou por meio de Seus três discípulos amados, dos doze apóstolos, dos
setenta eleitos e dos quinhentos interessados. Agora, trabalha por intermédio dos Mestres
e Seus grupos, intensificando, assim, grandemente, Seu esforço. Pode trabalhar, e o fará,
por intermédio de todos os grupos, na medida em que estes se adaptem ao serviço
planejado para difundir o amor e logrem alinhar-se, conscientemente, com o grande poder
dos grupos internos.
Os grupos que sempre proclamaram a Presença física do Cristo tergiversaram de tal
maneira o ensinamento, com observações dogmáticas sobre detalhes sem importância e
enunciados ridículos, que obscureceram a verdade subjacente e não apresentaram um
reino atrativo. Esse reino existe, porém não é um lugar de disciplina nem de harpas
douradas, habitado por fanáticos ignorantes, mas um campo para servir e um lugar onde
cada homem tem plena liberdade para exercer sua divindade ao serviço da humanidade.
3 - Na Transfiguração, o Cristo revelou a glória ingênita em todos os homens. A tríplice
natureza inferior - física, emocional e mental - jaz ali prostrada ante a glória revelada. Nesse
preciso momento em que o Cristo Imanente havia encarnado e a humanidade estava
representada pelos três apóstolos, surgiu uma voz vinda da Morada do Pai reconhecendo a
divindade revelada e a Progenitura do Cristo Transfigurado. Sobre essa divindade ingênita e
a reconhecida Primogenitura se funda a fraternidade dos homens - uma vida, uma glória
que será revelada e um parentesco divino. Hoje, em grande escala (ainda que não se tenha
em conta o que implica a divindade), a glória do homem e suas relações fundamentais são
já um fato na consciência humana. Acompanhando aquelas características ainda tão
deploráveis que pareceriam negar toda divindade, temos as maravilhosas realizações do
homem e seu triunfo sobre a natureza. A glória das descobertas científicas e a magnífica
evidência da arte criadora - tanto moderna como antiga - não deixam lugar a dúvidas
quanto à divindade do homem. Eis aqui, então, as "coisas mais grandiosas" de que
falara Cristo, e eis aqui, também, o triunfo do Cristo dentro do coração humano.
A razão pela qual o triunfo da consciência crística deve mencionar-se sempre em
termos de religião, de comparecimento aos templos e de crenças ortodoxas, deve-se
a um dos incríveis triunfos das forças do mal. Sentir-se um cidadão do Reino de Deus
não significa ser, necessariamente, membro de alguma das igrejas ortodoxas. O
divino Cristo no coração humano pode expressar-se nos diferentes setores da vida
humana: na política, arte, economia, na verdadeira vida social, na ciência e na
religião. Poderíamos recordar que a única vez que o Cristo - como adulto - visitou o
templo dos judeus, provocou um distúrbio! A humanidade está passando de urna
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glória a outra, glória que pode ser observada, claramente, no extenso panorama
histórico e em todos os setores da atividade humana; portanto, a Transfiguração
daqueles que se acham no cume da civilização está muito ao seu alcance.
4 - Finalmente, com o triunfo da Crucificação ou grande Renúncia (como se
denomina, com mais exatidão, no Oriente), o Cristo introduz, pela primeira vez na
Terra, um tênue fio da Vontade divina, à medida que surgia da Morada do Pai
(Shamballa), o qual foi entregue à compreensiva custódia do Reino de Deus e, por
intermédio do Cristo, apresentado à humanidade. Mediante a colaboração de certos
grandes Filhos de Deus, os três aspectos divinos ou características da divina Trindade
- vontade, amor e inteligência - se converteram em parte dos pensamentos e
aspirações humanos. Os cristãos são propensos a esquecer que a agonia das últimas
horas do Cristo não foi passada sobre a cruz, senão no Horto de Getsêmani. Então -
em agonia e quase desespero - Sua vontade foi absorvida pela do Pai, exclamando:
"Pai, contudo, não se faça a minha vontade senão a Tua" (Lucas, 22,42).
Algo novo, contudo, ideado desde as profundezas do tempo, ocorreu, então,
naquele tranquilo horto: Cristo, representando a humanidade, estabeleceu a Vontade
do Pai na Terra e tornou possível à humanidade inteligente cumpri-la. Até então, essa
vontade só havia sido conhecida na Morada do Pai, reconhecida e adaptada às
necessidades do mundo pela Hierarquia espiritual, que trabalha dirigida por Cristo,
configurando-se, assim, o Plano divino. Hoje, graças ao que fez o Cristo, séculos atrás,
em Seu momento de crise, a humanidade pode ajudar com seus esforços a
desenvolver esse Plano. A vontade para o bem, da Morada do Pai, pode converter-se
em boa vontade no Reino de Deus e pode ser transformada em corretas relações
humanas pela humanidade inteligente. Desta maneira, a linha direta ou fio da
Vontade de Deus se estende, hoje, desde o lugar mais elevado ao mais baixo e, a seu
devido tempo, pode converter-se em um cabo pelo qual poderão ascender os filhos
dos homens e descer o amoroso e vivente espírito de Deus.
Olvidemos distâncias, longitudes e antiguidades, e conscientizemos que estamos
falando de acontecimentos exatos e reais de nosso planeta. Tratamos com
reconhecimentos, fatos e acontecimentos autênticos, que são do conhecimento
consciente da maioria - O Cristo histórico e o Cristo no coração humano são
realidades planetárias.
Que significará para o Cristo, reaparecer entre os homens e desempenhar as
atividades diárias e externas, é um aspecto de Seu retorno que nunca foi mencionado
nem referido. Que sentirá quando chegar o momento de aparecer?
Em O Novo Testamento se menciona uma grande "iniciação" a que
denominamos de Ascensão, da qual nada sabemos. Só umas poucas informações nos
chegam do Evangelho: o acontecimento no cume da montanha, os observadores e as
palavras do Cristo assegurando-lhes que não os abandonaria. "Logo uma nuvem O
ocultou à sua vista" (Atos, 1,9). Nenhum dos presentes pôde ir mais além com Ele.
Suas consciências não podiam penetrar até o lugar aonde Ele havia decidido ir,
porque, inclusive, haviam entendido mal Suas palavras; somente em um sentido vago
e místico a humanidade compreendeu Seu desaparecimento, ou o significado de Sua
perdurável porém invisível presença. Aos observadores se lhes assegurou, por
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intermédio dos Conhecedores de Deus, que se achavam também presentes, que Ele
voltaria em forma semelhante. Ascendeu. A nuvem O recebeu. As nuvens que hoje
cobrem nosso planeta esperam revelá-Lo.
Agora, Ele aguarda o momento de descer. A descida a este desgraçado mundo
dos homens não Lhe oferece nenhum quadro tentador. Desse tranquilo retiro na
montanha, de onde esperou, guiou e treinou Seus discípulos iniciados e o Novo
Grupo de Servidores do Mundo, há de vir para ocupar Seu lugar proeminente, no
cenário mundial, e desempenhar Sua parte no grande drama que ali se está
desenrolando. Desta vez não desempenhará Sua parte na obscuridade, como o fez
antes, senão à vista de todo o mundo. Devido ao reduzido tamanho do nosso
planeta; ao predomínio do rádio, da televisão e à rapidez das comunicações, Sua
atuação será observada por todos; seguramente, a perspectiva de apresentar
algumas provas e exigir grandes reajustes, há de Lhe produzir certa consternação,
ademais de uma experiência penosa inevitável. Não virá como o Deus Onipotente da
ignorante criação do homem, senão como o Cristo, o Fundador do Reino de Deus na
Terra, para terminar o trabalho começado, e demonstrar, novamente, a divindade,
em circunstâncias muito mais difíceis.
Todavia, o Cristo sofre muito mais pelos que Lhe são chegados que pelos
estranhos. O aspirante avançado dificulta mais Seu trabalho que o pensador
inteligente. Não foi a crueldade do mundo externo dos homens o que causou a
profunda dor ao Cristo, senão Seus próprios discípulos, além do sofrimento coletivo
da humanidade - padecido durante seu ciclo de vida, incluindo o passado, o presente
e o futuro.
Virá corrigir os erros e as más interpretações daqueles que se atreveram a
interpretar Suas simples palavras de acordo com a sua própria ignorância, e a
reconhecer àqueles cujo fiel serviço fez possível Seu retorno. Também Ele está
enfrentando uma grande prova, como preparação para receber uma grande iniciação,
e quando houver passado a prova e cumprido Sua tarefa, ocupará na Morada do Pai
um lugar mais excelso, ou irá prestar serviço em um lugar distante, aonde só poderão
segui-Lo os mais elevados seres; Seu cargo atual será, então, desempenhado por
Aquele que Ele preparou e treinou.
Antes que isto suceda, porém, terá que entrar novamente no diálogo,
desempenhar Sua parte nos acontecimentos mundiais e demonstrar o alcance de Sua
missão. Reunirá, fisicamente, em torno de Si os Seus associados e conselheiros
escolhidos; não serão os que reuniu em dias primitivos, senão esses membros da
família humana que hoje O reconhecem e estão-se preparando para trabalhar com
Ele, até onde lhes for possível. O mundo ao qual projeta retornar é muito diferente e
isso se deve, em grande parte, ao desenvolvimento intelectual das massas. Isto
apresenta enormes dificuldades, porque para cumprir, inteligentemente, a Vontade
de Deus na Terra, precisará chegar ao intelecto dos homens e não apenas a seus
corações, como nos dias primitivos. Seu trabalho principal consiste certamente em
estabelecer corretas relações humanas, em todos os aspectos da vida humana. Peço-
lhes que empreguem a imaginação e tratem de pensar na magnitude da tarefa que
Lhe espera; reflitam sobre as dificuldades que, inevitavelmente, enfrentará -
31
sobretudo a errônea ênfase intelectual.
Pediu-se ao Representante do Amor de Deus que, novamente, atue no diálogo
mundial onde sua primeira mensagem foi rechaçada, esquecida e mal interpretada
durante dois mil anos e onde o ódio e a separatividade têm caracterizado os homens
do mundo inteiro. Isto O fará submergir em uma atmosfera estranha e O levará a
uma situação em que deverá provar, ao máximo, todos os Seus recursos divinos. A
ideia geralmente aceita de que regressará como um guerreiro triunfante, onipotente
e irresistível, não tem nenhum fundamento. O fato real, de sólido fundamento, é que,
finalmente, conduzirá o Seu povo, a humanidade, à Jerusalém, porém não à cidade
judia chamada Jerusalém, mas ao "lugar de paz" (que é o que Jerusalém significa).
Uma consideração cuidadosa da situação mundial atual e o constante uso da
imaginação, revelarão ao pensador sincero quão aterradora é a obra que Ele
empreendeu. "Ele, porém, dirigiu, novamente, Seu rosto para ir a Jerusalém" (Lucas,
11, 15). Reaparecerá e levará a humanidade a uma civilização e a um estado de
consciência em que as corretas relações humanas e a colaboação mundial, em bem
de todos, constituirão a tônica universal. Por intermédio do Novo Grupo de
Servidores do Mundo e dos homens de boa vontade, completará a fusão de Sua
vontade com a de Deus (os assuntos de Seu Pai), de tal forma que a eterna vontade
para o bem será traduzida pela humanidade por boa vontade e corretas relações.
Então, Sua tarefa se terá cumprido; ficará livre para deixar-nos de novo, porém desta
vez não voltará, senão que deixará o mundo dos homens em mãos desse Grande
Servidor espiritual que será o novo Guia da Hierarquia, da Igreja invisível.
A pergunta que agora se nos apresenta é: De que forma poderemos ser úteis?
Como poderemos ajudar, durante esta etapa preparatória?
Certamente, muito estão fazendo os membros da Hierarquia Espiritual; aqueles
discípulos se acham em contato consciente com os Mestres de Sabedoria - ou, se se
prefere o termo, com os discípulos avançados do Cristo - estão trabalhando dia e
noite, a fim de estabelecer essa confiança, corretas atitudes e a compreensão do
"empuxo" espiritual divino, ou empresa, a fim de aplainar Seu caminho. Eles e seus
grupos de discípulos, aspirantes e estudantes, o apoiam, em forma unida e permitem
que realize Seu propósito. Sua maior realização consiste em provocar uma crise cíclica
na vida espiritual do nosso planeta; ela foi antecipada na Morada do Pai (Shamballa),
há milhares de anos. Registrou-se o fato, pela primeira vez na história humana, de
que os três centros espirituais ou grupos, por meio dos quais Deus atua, estão
enfocados no mesmo objetivo. Shamballa, a Hierarquia Espiritual e a Humanidade (a
Morada do Pai, o Reino de Deus e o Mundo dos Homens) se acham todos
empenhados em um vasto movimento para intensificar a Luz do Mundo. Esta Luz
iluminará (em forma desconhecida até agora) não só a Morada do Pai, fonte de nossa
luz planetária, senão também o centro espiritual de onde têm emanado os
Instrutores e os Salvadores mundiais que apareceram diante dos homens,
exclamando, como Hermes, Buda e o Cristo, "Eu Sou a Luz do Mundo". Esta luz
inundará o mundo, iluminando as mentes dos homens e trazendo luz aos lugares
escuros da vida humana.
O Cristo trará luz e - acima de tudo - "vida mais abundante", porém não sabemos
32
o que isto significa até que tal se produza; não podemos dar-nos conta do que
implicará esta revelação nem as novas perspectivas que se abrirão diante de nós. Mas
por Seu intermédio, a Luz e a Vida estão em vias de serem interpretadas e aplicadas
em termos de boa vontade e de corretas relações humanas. Para este fim se está
preparando a Hierarquia Espiritual. Desta vez o Cristo não virá só; fa-lo-á com Seus
colaboradores. Sua experiência e a d’Eles serão diferentes da anterior, pois todos os
olhos O verão, todos os ouvidos O ouvirão e todas as mentes O julgarão.
Podemos ajudar livremente no trabalho de reconstrução que o Cristo se propõe
realizar, se nos familiarizarmos com os fatos que se expõem a seguir, divulgando-os
entre todos aqueles com quem entrarmos em contato.
1 - Que o reaparecimento do Cristo é iminente.
2 - Que o Cristo, imanente em todo coração humano, pode ser evocado em
reconhecimento à Sua aparição.
3 - Que as circunstâncias de Seu retorno estão relacionadas em forma simbólica
nas Escrituras de todo o mundo, o qual pode produzir uma mudança vital nas ideias
preconcebidas da humanidade.
4 - Que a principal condição exigível é um mundo em paz; paz que deve estar
fundada na boa vontade, a qual, cultivada, conduzirá, inevitavelmente, às corretas
relações humanas e, portanto, ao estabelecimento (falando em sentido figurado) de
linhas de luz entre uma nação e outra, uma religião e outra, um grupo e outro, entre
um homem e outro.
Se conseguirmos fazer que se reconheçam em todo o mundo estas quatro ideias,
contrapondo-se às críticas inteligentes de que tudo o que se disse é demasiado vago,
profético e visionário, muito teremos realizado. É muito possível que aquele velho
axioma: "a mente é o matador do real", possa ser fundamentalmente certo, no que
tange às massas, e que a abordagem puramente intelectual (que rejeita a visão e
recusa aceitar o incomprovável) seja mais falha que o pressentimento dos
Conhecedores de Deus e da multidão expectante.
A Hierarquia Espiritual está investida de inteligência divina e é composta, na
atualidade, por Aqueles que reuniram em Si o intelecto e a intuição, o prático e o
aparentemente imprático, a realidade da vida e a maneira de ser do homem que tem
uma visão. Também existem pessoas, nos lugares comuns da vida diária; estas
pessoas são as que precisam ser treinadas para que reconheçam a divindade nos
sinais que são essencialmente respostas do plano físico às novas expansões da
consciência. O Cristo que retornará não será igual ao Cristo que (aparentemente)
partiu. Não será um "varão de dores"; tampouco uma figura silenciosa e pensativa;
será o enunciador de verdades espirituais que dispensarão interpretações, ou
tergiversações, porque Ele estará presente para explicar o verdadeiro significado.
Durante dois mil anos, foi o Guia supremo da Igreja invisível, a Hierarquia
Espiritual, composta de discípulos de todos os credos. Reconhece e ama àqueles que,
não sendo cristãos, mantêm sua lealdade aos Fundadores de suas respectivas
religiões - Buda, Mahomé e outros. Não Lhe interessa qual seja seu credo, sempre
que o objetivo seja o amor a Deus e à humanidade. Se os homens buscam o Cristo,
que deixou Seus discípulos faz séculos, fracassarão em reconhecer o Cristo que está a
33
ponto de retornar. O Cristo não tem barreiras religiosas em Sua consciência, nem se
importa com a religião que qualquer um professe.
O Filho de Deus está a caminho e não vem só. Sua guarda-avançada já se
aproxima, e o Plano que há de seguir já está traçado. Que o reconhecimento seja o
objetivo!

34
CAPÍTULO IV
O TRABALHO DO CRISTO, HOJE E NO FUTURO

Já vimos que a doutrina referente às grande Aparições e à Vinda dos Avatares,


Instrutores ou Salvadores mundiais fundamenta todas as religiões. Por intermédio
d’Eles, é possível manter a continuidade da revelação, e a humanidade pode, em cada
época, dar o passo seguinte no Caminho da Evolução que a aproximará de Deus e
desse Centro onde é conhecida, enfocada e dirigida a vontade d’Aquele "em Quem
vivemos, nos movemos e temos nosso ser" (como expressa São Paulo, em Atos
17,28). Explicamos algo sobre a missão de dois destes Avatares, o Buda, Mensageiro
de Luz no Oriente, e o Cristo, Mensageiro de Amor no Ocidente, e o seu trabalho pelo
mundo inteiro; consideramos, também, a excepcional oportunidade que o Cristo hoje
enfrenta e Sua resposta, em 1945, quando manifestou a intenção de reaparecer e nos
deu a Grande Invocação para ajudar no trabalho preparatório que devemos realizar,
imediatamente. A esta altura da exposição, seria conveniente considerar a natureza
do trabalho que Ele realizará e também o ensinamento que, provavelmente,
ministrará. O simples fato da continuidade da revelação, e o ensinamento transmitido
no transcurso das épocas, permite-nos considerar, inteligentemente, a provável
orientação de Seu trabalho, e sobre ele especular espiritualmente.
Durante anos, muito se transmitiu através de inumeráveis fontes, escolas de
pensamento e igrejas, a respeito do Cristo, da situação que enfrenta e das
possibilidades de seu reaparecimento. Discípulos, aspirantes e homens de boa
vontade têm trabalhado intensamente, a fim de preparar o mundo para Seu retorno.
Na atualidade, Oriente e Ocidente estão na expectativa. Ao encarar a questão do
trabalho que Ele deve realizar, é essencial recordar que o Mestre do Oriente
encarnou em Si mesmo a Sabedoria de Deus, da qual a inteligência humana (o
terceiro aspecto da divindade) é uma expressão; que por intermédio de Cristo, o
segundo aspecto divino foi revelado em toda sua perfeição; e que n’Ele, portanto,
dois aspectos, Luz e Amor, foram manifestados, em toda sua plenitude. Agora, deve
ser personificado o aspecto divino mais elevado, a Vontade de Deus, e para isto o
Cristo se está preparando. A continuidade da revelação não pode cessar e inútil é
conjecturar sobre a possibilidade de outras expressões da natureza divina serem
reveladas mais tarde.
A singularidade da próxima missão do Cristo, e Sua oportunidade, consiste em
que Ele é capaz - em Si mesmo - de dar expressão a duas energias divinas: a energia
do amor e a energia da vontade, o poder magnético do amor e a efetividade dinâmica
da vontade divina. Nunca, antes, em toda a longa história da humanidade, fora
possível tal revelação.
Será muito difícil a cristandade aceitar o ensinamento do Cristo, embora o
Oriente o assimilará com mais facilidade. Entretanto, para despertar a cristandade,
necessário se torna assestar-lhe um forte golpe ou apresentar a verdade por meio do

35
sofrimento, se quisermos que os povos cristãos reconheçam seu lugar dentro de uma
ampla e divina revelação mundial e considerem o Cristo como Representante de
todos os credos, concedendo-Lhe o lugar que por direito Lhe corresponde, como
Instrutor mundial. Ele é o Instrutor Mundial e não um Instrutor cristão. Ele próprio
disse, que tinha outros rebanhos, para os quais Ele representa o mesmo que para o
cristão ortodoxo. Provavelmente, em vez de chamá-LO Cristo, O chamem por outro
nome, mas O sigam tão fielmente como seus irmãos ocidentais.
Consideremos, por um momento, as errôneas interpretações que se têm feito do
Evangelho. Seu simbolismo - um antigo relato levado a efeito no transcurso dos
séculos, antes da vinda de Cristo à Palestina - foi tergiversado pelos teólogos, a ponto
de que a prístina pureza dos primeiros ensinamentos, e a singular simplicidade de
Cristo, desapareceram detrás de um emaranhado de erros e uma mistura de rituais,
dinheiro e ambições humanas. Cristo é apresentado como tendo nascido de forma
antinatural; como tendo ensinado e pregado durante três anos; crucificado e
ressuscitado, abandonando a humanidade, para sentar-se à direita de Deus", em
meio de uma pompa austera e inconcebível. De forma análoga, o cristão ortodoxo
considera errôneas todas as abordagens a Deus efetuadas por outros povos, em
qualquer época e país, praticadas por aqueles que se supõem ateus e que necessitam
da intervenção cristã. Fez-se todo o esforço possível para impor a cristandade
ortodoxa àqueles que aceitam a inspiração e o ensinamento do Buda, ou outros que
têm sido responsáveis de preservar a divina continuidade da revelação. A ênfase tem
sido posta, como bem se sabe, no "sacrifício do sangue do Cristo" na cruz, e na
salvação que depende do reconhecimento e da aceitação desse sacrifício. A
unificação vicária tem sido substituída pela confiança que o mesmo Cristo nos
encomendou que tivéssemos de nossa própria divindade; a igreja do Cristo se fez
famosa e inútil (segundo demonstrou a guerra mundial), devido a seu estreito credo,
sua errônea ênfase, sua pompa clerical, sua autoridade espúria, suas riquezas
materiais e a apresentação do corpo morto de Cristo. A igreja aceitou Sua
ressurreição, porém insiste, principalmente, no fato de Sua morte.
Cristo foi, durante dois mil anos, essa Figura silenciosa, passiva, oculta detrás de
inumeráveis palavras escritas por um sem número de homens (comentaristas e
predicadores). A igreja apresenta Cristo moribundo na cruz, e não o Cristo vivo,
trabalhando ativamente, e que tem estado conosco em Presença física (conforme a
Sua promessa) durante vinte séculos.
Portanto, procuremos ter um quadro mais real da atividade e da vida de Cristo e,
em consequência, de nossa futura esperança. Tratemos de ver a Pessoa divina
sempre presente, traçando Seus planos para ajudar à humanidade, no futuro,
determinando Seus recursos, influenciando Seus discípulos e preparando os detalhes
de Seu reaparecimento. É necessário despertar a fé na real natureza da revelação
divina e induzir a igreja cristã a que retorne a Ele e à Sua obra. É necessário pensar no
Cristo vivo e ativo, recordando sempre que O Evangelho é eternamente verídico, e
que só deve ser reinterpretado à luz do lugar que lhe corresponde, na larga sucessão
de revelações divinas. Sua missão na Terra, desde há dois mil anos, constitui parte
dessa continuidade, não sendo um relato extraordinário sem relação com o passado,
36
que só dá importância a um período de 33 anos, sem apresentar uma definida
esperança para o futuro.
Qual é a esperança que oferecem hoje os teólogos e ortodoxos irreflexivos? Que
em data remota, só conhecida pela insondável Vontade de Deus, o Pai, Cristo
abandonará Seu lugar à direita de Deus e (seguido de Seus anjos e da Igreja invisível)
descerá sobre as nuvens do Céu, ao som de uma trombeta, e aparecerá em
Jerusalém. A batalha que estará travando nesse momento, chegará a seu fim e Ele
entrará na cidade de Jerusalém para governar durante mil anos. Durante esse milênio,
Satanás ou princípio do mal, será aprisionado, e haverá um novo céu e uma nova
terra. Fora disso nada mais dizem; a humanidade anela algo mais, pois o quadro
apresentado não lhe satisfaz.
Detrás desta descrição, se for corretamente interpretada, se acha a humana,
amorável e divina Presença do Cristo, encarnando o amor divino e manejando o poder
divino, dirigindo Sua Igreja, e estabelecendo o Reino de Deus na Terra. Em que
consiste a Igreja de Cristo? Está constituída pela soma total daqueles que possuem
vida ou consciência crística, ou estão em processo de manifestá-la, e por todos os que
amam seu semelhante - amar o semelhante é possuir essa faculdade divina que nos
faz membros da comunidade de Cristo. A aceitação de um fato histórico ou credo
teológico não nos põe em comunhão com Cristo. Cidadãos do Reino de Deus são
aqueles que buscam, deliberadamente, a luz e intentam (por meio de uma disciplina
auto-imposta) apresentar-se ante o Iniciador único; este vasto grupo mundial (tenha
corpo físico ou não) aceita o ensinamento de que "os filhos dos homens são uno";
sabem que a revelação divina é constante e sempre nova, e que o Plano divino está
desenvolvendo na Terra.
Na atualidade, existem aqueles que sabem que o Reino de Deus virá à existência
por meio da colaboração, da inspiração e da instrução desses filhos dos homens que
forjaram sua divindade no crisol do diário viver humano; estes Conhecedores
trabalham hoje, ativamente, sob a influência direta do Cristo, a fim de conduzir a
humanidade da obscuridade à luz e da morte à imortalidade.
Estas grandes verdades subjacentes, únicas verdades importantes, caracterizam
Cristo, Buda e a Igreja de Deus, tal como se expressam no Oriente e no Ocidente. No
futuro, os olhos da humanidade estarão postos sobre Cristo e não sobre instituições
criadas pelos homens, como a igreja e seus dignitários; Cristo será visto tal como é na
realidade, trabalhando por meio de Seus discípulos, dos Mestres de Sabedoria e de
Seus seguidores (raras vezes reconhecidos), os quais labutam, anonimamente, por trás
dos assuntos mundiais. Seu campo de atividade será o coração humano e os lugares
populosos do mundo, e não algum templo de pedra, nem a pompa e cerimônia de
uma sede eclesiástica.
O estudo do futuro trabalho que Cristo há de realizar, logicamente se
fundamentará sobre três suposições:
1 - Que o reaparecimento do Cristo é inevitável e seguro.
2 - Que Ele está e tem estado trabalhando, ativamente, para o bem-estar da
humanidade, por intermédio da Hierarquia espiritual de nosso planeta, da qual é o
Mentor.
37
3 - Que certos ensinamentos serão difundidos e certas energias liberadas por Ele,
na rotina de Seu trabalho e retorno. Em geral, as pessoas esquecem que o Cristo
necessita de um período de preparação intensa, antes de reaparecer. Ele também
atua de acordo com a lei e está submetido ao controle exercido por distintas fontes,
assim como o estão os seres humanos, porém em menor grau.
O reaparecimento do Cristo é determinado e condicionado pela reação da
humanidade e deve sujeitar-se a essa reação. Sua tarefa, ademais, está sujeita a certas
efemérides espirituais e cíclicas e a impressões provenientes de fontes que se
encontram em níveis superiores aos que Ele normalmente atua. Assim como os
assuntos humanos afetam Suas atividades, também O afetam as grandes
"determinações" e "profundas decisões da Vontade de Deus". O aspecto, ou natureza
humana do Cristo, perfeita e sensível, responde à invocação e à demanda dos
homens; o aspecto ou natureza divina responde, similarmente, aos impactos das
energias provenientes do "Centro onde a Vontade de Deus é conhecida". Tem que
coordenar os dois aspectos, efetuando-o no momento exato. Não resulta fácil extrair
o bem do mal humano. A visão do Cristo é tão ampla e Sua compreensão da Lei de
Causa e Efeito, de Ação e Reação, é de tal magnitude, que não é muito simples decidir
sobre a atividade e o momento oportunos. Os seres humanos tendem a considerar
tudo o que sucede ou poderia suceder, desde o ponto de vista estritamente humano e
imediato. Não compreendem, realmente, os problemas, decisões e implicações que
Cristo hoje deve enfrentar, dos quais participam Seus discípulos. Sua tarefa consiste
em desenvolver "a mente que está em Cristo", e ao fazê-lo assim, ajudarão a
desimpedir o caminho para "a chegada de Seus pés", como o diz a Bíblia (em Hebreus
7,13). Observar a vida e os acontecimentos à luz dos valores espirituais, como o fez
Ele, facilitará a promulgação dos novos ensinamentos e proverá a estrutura da nova
religião mundial, dando-nos, assim, um novo ponto de vista da intenção divina e uma
percepção viva das mentes d’Aqueles que cumprem a vontade divina e dirigem o
futuro da humanidade. Portanto, teremos de compreender não somente a
oportunidade que Cristo tem para ajudar-nos (como se diz comumente), senão
também as crises e problemas que tem de enfrentar, ao deparar-se com o trabalho
que deve realizar.

I. As Crises de Cristo
Na vida de todo discípulo, particularmente na daqueles que devem deparar com
certas grandes expansões de consciência, sobrevirá uma crise. Nessas crises se
adotam decisões, voluntária ou involuntariamente; havendo-as adotado, o discípulo
se encontra, então, em um ponto de tensão, premido pela decisão, e percebe e vê,
mentalmente, com maior clareza, o passo que haverá de dar, influenciando sua
atitude, em relação ao futuro. Quando o trabalho é realizado durante o período de
tensão, então, sobrevém o que poderia denominar-se o ponto de emergência, o qual
significa sair de um campo de experiência para entrar em outro.
Nem o próprio Cristo pode eximir-se desta tríplice experiência e, a fim de poder
melhor compreender isto, apliquemos as três frases (inapropriadas, por certo) às
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ações e reações do Cristo.
As crises não existem para Ele no mesmo sentido que para nós: não há esforço
em Seu ponto de tensão. Entretanto, a analogia é apropriada, como para incutir o
que aconteceu nesse estado de consciência que caracteriza a Hierarquia espiritual; a
cujo estado de consciência podemos aplicar o nome de "percepção espiritual", em
oposição à percepção mental, que constitui a contraparte humana. Há de se recordar
que o ponto de crise que produz o ponto de tensão, a que o Cristo se submeteu
voluntariamente, é uma questão ou acontecimento hierárquico, porque toda a
Hierarquia está implicada na crise. A razão é simples: Cristo e Seus colaboradores
conhecem, unicamente, a experiência da consciência grupal. Desconhecem a
participação unilateral e a atitude separatista, porque Seu estado de consciência é
incluente e não excluente.
Portanto, utilizando a terminologia humana, a fim de interpretar as reações
divinas de Cristo e Seus discípulos, há de se compreender que o ponto de crise,
responsável pela tensão hierárquica e pela oportuna aparição ou surgimento de
Cristo, foi por Ele superado e pertence ao passado. O seguinte ponto de tensão dirige,
hoje os assuntos da Hierarquia espiritual e seus numerosos grupos de colaboradores.
O "ponto de decisão" como é denominado nos círculos hierárquicos, foi alcançado no
período compreendido entre a Lua cheia de junho de 1936 e a Lua cheia de junho de
1945. O ponto de decisão abarcou, portanto, nove anos - um lapso relativamente
breve - e teve como resultado que Cristo decidisse reaparecer, visivelmente, na Terra
tão logo quanto fosse possível, muito antes do que fora planejado.
Esta decisão, logicamente, foi adotada consultando previamente o Senhor do
Mundo, o "Ancião dos Dias", mencionado em O Antigo Testamento e "Aquele em
Quem vivemos, nos movemos e temos nosso ser", mencionado em O Novo
Testamento, custódio da vontade de Deus, e com o pleno conhecimento dos Mestres
e dos iniciados avançados. Isto foi inevitável porque Sua participação e ajuda eram
imperativas. Também era necessário que colaborassem mentalmente com Ele e O
acompanhassem, porque Seu reaparecimento significa uma grande abordagem
hierárquica à humanidade e um grande acontecimento espiritual.
Todavia, a decisão foi tomada por Cristo e não indicou, apenas, um ponto de crise
em Sua experiência, senão também um ponto culminante em Sua expressão divina.
Com toda reverência, dentro dos limites da compreensão humana, deve-se lembrar
que nada existe de estático em todo o processo evolutivo de nosso planeta e do
cosmo; só existem processo e progresso, avanço, acrescentada aquisição e elevada
realização. Cristo mesmo está sujeito a esta grande lei universal. Novamente, com
toda reverência, dizemos aqui que Ele, também, tem progredido em Sua experiência
divina e se acha mais próximo que nunca (se assim se pode dizer) do Pai e da Vida
Universal Una. Sua compreensão e captação da Vontade de Deus é mais profunda, e o
cumprimento dessa Vontade está mais de acordo com o Propósito divino, que quando
esteve na Palestina, há dois mil anos. Logicamente, por parte do Cristo, houve uma
crescente percepção, relativamente à intenção da Mente divina, tal como se acha
personificada nessa Entidade a que denominamos Deus.
Cristo já não dirá como em Sua agonia: "Pai, não minha vontade, senão a Tua seja
39
feita"; hoje não tem vontade própria; só O anima a Vontade de Seu Pai e a capacidade
de tomar decisões que constituem a plena expressão dessa Vontade divina. Resulta
difícil descrever Sua obra com outras palavras. Os comentaristas tratam de explicar e
justificar a experiência do Cristo no Getsêmani atribuindo-a à natureza humana do
Cristo, o que parece ser uma debilidade e, em consequência, à inibição temporária de
Sua natureza divina. Viram-se obrigados a adotar esta posição devido ao
pronunciamento teológico imperante sobre a divina perfeição do Cristo, uma
perfeição absoluta, soberana e ultérrima, que jamais reclamou para Si. Hoje se acha
mais próximo que nunca da perfeição. Este desenvolvimento divino fez-se possível,
nos anos de decisão anteriores a junho de 1945, uma correta escolha, não só para Ele
senão para a Hierarquia espiritual.
De acordo com a Vontade divina, devia reaparecer, fisicamente, na Terra, para
presidir a materialização do Reino de Deus na Terra e restabelecer os Mistérios da
Iniciação, de tal forma que servissem de base para a nova religião mundial. Por sobre
todas as coisas devia revelar a natureza da Vontade de Deus. Dita vontade se
considera amiúde como o poder pelo qual se fazem as coisas, se produzem as
situações, se iniciam atividades e se levam a cabo os planos, que em regra se
executam despiedadamente. Esta definição é a que mais facilmente formulam os
homens, porque a julgam em termos de sua própria vontade, a vontade de melhorar
individualmente. Este tipo de vontade é egoísta e mal entendida a princípio, porém
tende, finalmente, ao altruísmo, à medida que a evolução cumpre sua beneficiosa
tarefa. Logo a vontade é interpretada em termos de plano hierárquico, e o esforço do
indivíduo se inclina-a negar sua própria vontade, tratando de fundi-la com a do grupo,
sendo o grupo mesmo um aspecto do esforço hierárquico. Este é um grande passo
dado na correta orientação, que conduzirá, finalmente, a uma mudança de
consciência.
A maioria dos aspirantes se encontra, hoje, nesta etapa, não obstante a vontade
ser, em realidade, algo muito diferente do que manifesta a consciência humana,
quando os homens tratam de interpretar a Vontade divina em termos de seu atual
grau de evolução. A chave para compreender isto se encontra nas palavras "eliminar
toda forma". Quando se vence o atrativo que exerce a substância e desaparece o
desejo, então predomina o poder de atração da alma, e a ênfase (posta durante tanto
tempo sobre a forma, a atividade e a vida individuais) é substituída pela forma e
propósito grupais. Logo, o poder de atração exercido pela Hierarquia e os discípulos
dos Mestres é substituído pela atração e interesse postos sobre as coisas superiores.
Quando estas assumirem o lugar que lhes corresponde na consciência, então se fará
sentir a atração dinâmica do aspecto Vontade da divindade, que não tem relação
alguma com a forma ou formas, com o grupo ou grupos.
A luz da Vontade de Deus, Cristo tomou certas decisões fundamentais e se propôs
levá-las a cabo em um futuro relativamente imediato, sendo a data exata de Sua vinda
só conhecida por Ele e por alguns de Seus mais antigos colaboradores; não obstante
tais acontecimentos futuros se ocultarem detrás de certa decisão fundamental da
humanidade mesma, a qual se está levando a termo devido a certas novas tendências
no pensar humano, e como resultado de uma reação humana subjetiva à decisão
40
adotada por Cristo e pela Hierarquia espiritual, a Igreja invisível.
Já se tem dito e aceito a motivação do seu reaparecimento, sendo percebida por Ele
com toda clareza. Deve terminar o trabalho iniciado há dois mil anos e inaugurar a nova
religião mundial; não se pode ignorar as necessidades de uma humanidade que implora e
invoca; devem-se dar os passos que precedem a uma magna iniciação hierárquica em que o
Cristo é o participante principal; os acontecimentos sintomáticos do "momento final" não
podem ser postergados.
Se é possível falar em termos reverentes e simbólicos, a recompensa deferida ao
Cristo ao anunciar Sua decisão, como final e irrevogável, foi o consentimento, ou melhor, o
direito - que nunca havia sido outorgado - de utilizar certa grande Invocação, procedendo
de duas maneiras:
1 - Como Invocação hierárquica, dirigida ao "centro onde a Vontade de Deus é
conhecida".
2 - Como prece mundial, expressa em palavras que toda a humanidade possa utilizar
inteligentemente.
Jamais se concedeu facilmente o direito de empregar certas Palavras de Poder ou
"Estrofes Orientadoras". A autorização do Senhor do Mundo, o Ancião dos Dias, foi
outorgada devido à decisão do Cristo de aparecer, novamente, entre os homens, trazendo
Consigo Seus discípulos.
Depois do momento culminante de crise espiritual e sua consequente decisão, se
alcançou um ponto de tensão, e neste estado de tensão espiritual está trabalhando e
planejando a Igreja invisível, levando os discípulos do Cristo, ativos na Terra, a uma
condição similar de tensão espiritual. O êxito do reaparecimento do Cristo, em presença
física, assim como de outros fatores (vinculados ao Seu reaparecimento) depende dos
acontecimentos e contatos que tenham lugar, agora, durante o período de tensão. Em todo
ponto de tensão, seja qual for o tempo, gera-se energia para o futuro, sendo enfocada de
tal forma ou condição, que sua força pode ser dirigida para onde e quando seja
necessitada. Isto é uma consideração difícil de se compreender. Um ponto de tensão é,
simbolicamente, um manancial de poder. As energias que, na atualidade, caracterizarão o
Reino de Deus estão adquirindo impulso, sendo dirigidas pelos Mestres de Sabedoria, em
colaboração com a Vontade do Cristo.
Enquanto esta energia foi-se acumulando ou aumentando sua potência, desde a
Lua Cheia de junho de 1945, três acontecimentos de grande importância tiveram
lugar na vital experiência do Cristo (portanto da Hierarquia), e seus efeitos estão em
vias de se definirem. Só posso referir-me a eles brevemente, pois não é possível
comprovar a realidade do que aqui se expõe; unicamente a possibilidade, a
probabilidade e a Lei de Analogia indicarão a veracidade destes acontecimentos. Seus
efeitos serão observados, especialmente, depois que hajam sucedido. Estes três
acontecimentos podem ser descritos da maneira seguinte:
1 - O Espírito de Paz desceu sobre o Cristo. O Novo Testamento atesta um
acontecimento semelhante, quando se refere ao Batismo: "e viu o Espírito de Deus
que desceu como pomba e vinha sobre ele" (Mateus 3,16). Este Espírito é um Ser que
possui um imenso poder cósmico e está influenciando hoje ao Cristo, similarmente
como fez o Cristo (há dois mil anos) com o Mestre Jesus. O Espírito de Paz não
41
significa uma calma emocional e estática que põe fim à agitação mundial e estabelece
uma era de paz. Constitui, misteriosamente, o Espírito de Equilíbrio, atua de acordo
com a Lei de Ação e Reação e se reconhecerá Sua atuação inevitável. Sua obra se
manifestará de duas maneiras: plenamente, quando o Cristo reaparecer entre os
homens e, lenta e gradualmente, até que:
a. O caos, a desordem, as perturbações emocionais e o desequilíbrio mental que
existem, atualmente, no mundo, adquirirem equilíbrio de acordo com esta lei,
mediante um equivalente ciclo de calma, quietude emocional e equilíbrio mental,
emancipando a humanidade para entrar em uma nova etapa e experiência de
liberdade. A paz assim obtida será proporcional ao mal-estar experimentado.
b. O ódio, que tanto predomina hoje no mundo, será equilibrado pela boa
vontade, expressa por meio da vida do Espírito de Paz, que atua através do Cristo, a
personificação do Amor de Deus. A aparição dessa boa vontade está garantida pela
expressão desmedida do ódio, que foi crescendo com lentidão nas mentes dos
homens, desde os começos do século XIX e está alcançando a máxima intensidade
nestes momentos. Uma medida proporcional da energia amorosa se manifestará
mais tarde, como resultado da atividade do Espírito de Paz, atuando através do
Príncipe da Paz, como às vezes o Cristo é chamado (Isaias 9,6).
Este Ser espiritual não descerá do alto lugar de onde atua e dirige Sua energia,
senão que será o Cristo Quem atuará e servirá de canal para a potência dirigida do dito
Ser. A afluência de Sua divina energia (energia que provém de fora do planeta) está
destinada a trazer, oportunamente, paz à Terra por meio da boa vontade, a qual
estabelecerá corretas relações humanas. A humanidade registrou (desde logo,
inconscientemente) o primeiro impacto desta energia, em maio de 1936 e também em
junho de 1945.
2 - A força evolutiva, a que damos o nome de "consciência crística" (termos muito
empregados por todos os metafísicos do mundo) se achou na Pessoa do Cristo, em
forma até agora desconhecida - esse poder latente que existe em todo coração
humano, descrito por São Paulo como "Cristo em nós, esperança é de glória" (Col. 1,27)
e de acordo com a lei evolutiva conduz, finalmente, o homem ao Reino de Deus e "à
medida da idade da plenitude de Cristo" (Ef. 4,13). Ele foi sempre o símbolo deste
poder e glória. No presente período de tensão hierárquica, e como resultado de Sua
decisão de reaparecer, o Cristo se transformou na personificação desta energia,
entrando, assim, em uma relação mais íntima com a humanidade. Outros diletos Filhos
de Deus são canais desta energia para os reinos sub-humanos, porém o Cristo ocupa
um lugar excepcional em relação com a humanidade. Expressando esta ideia
simbolicamente, diríamos que dita energia cria uma ponte vivente entre o reino
humano e o Reino de Deus, entre o quarto reino da natureza e o quinto. Cristo é o
custódio desta energia, porém só momentaneamente, durante o período da atual crise
humana. Portanto, devido a isso, pode estimular o fator resposta existente nos
corações dos homens, permitindo-lhes reconhecer e saber quem é e que é Ele, quando
reapareça. Esta canalização de energia começou ao finalizar a guerra mundial e ainda
continua; é responsável pela tendência a melhorar que já se percebe em toda parte; do
acrescentamento do princípio de participação, e da inegável bondade e sensatez do
42
pensar humano - a sensatez das massas (quando estão bem informadas), que é muito
maior que a dos líderes.
3 - Como bem se sabe, a história da humanidade tem sido, essencialmente, a
história dos grandes Mensageiros espirituais - Os Quais, de tempos em tempos, nos
momentos de crise humana - surgem do lugar secreto do Altíssimo para ajudar,
inspirar, revelar, conduzir e orientar. É a história da apresentação das ideias trazidas à
consideração da humanidade e gradualmente convertidas em civilizações e culturas. É
tal a urgência da necessidade humana nestes momentos e tão oportuna a ocasião, que
um desses Filhos de Deus - durante este ciclo de tensão - trata de colaborar com o
Cristo. Como resultado da decisão do Cristo e de Sua "fusão espiritual" com a Vontade
de Deus, o Avatar de Síntese converteu-se, temporariamente, em Seu íntimo
colaborador. Este é um acontecimento de importância suprema e planetária. Sua
relação e plano de ajuda datam do pronunciamento da Grande Invocação, e de seu uso
pelos homens, no mundo inteiro. Devido à magna tarefa, com a qual o Cristo se está
defrontando, será fortalecido e apoiado pelo Avatar de Síntese; este "Silencioso
Avatar" (falando simbolicamente) "manterá Seu olho sobre Ele, Sua mão debaixo d’Ele
e Seu coração palpitará ao uníssono com o Seu".
Este Ser está estreitamente relacionado com o aspecto Vontade da divindade e
Sua colaboração foi possível devido à própria realização do Cristo no aspecto mais
elevado da vontade espiritual. Atua de acordo com a grande Lei de Síntese, produzindo
unidade, unificação e fusão. Sua função (uníssona com a energia do Cristo) consiste em
gerar vontade espiritual na humanidade, a vontade para o bem; Seu poder atua em
três campos de atividade nestes momentos:
a. Na Hierarquia espiritual, revelando a natureza divina da vontade para o bem,
que deve expressar o Reino de Deus e também a natureza do Propósito divino.
b. Na Assembleia das Nações Unidas, porém não no Conselho de Segurança;
gerando ali uma lenta mas crescente vontade para a unidade.
c. Nas massas de homens de todo o mundo, estimulando um impulso para lograr
um melhoramento geral.
Sua atividade constitui, forçosamente, a atividade das massas, porque Ele só pode
canalizar Suas energias através da consciência das massas ou por meio de uma
entidade que possua consciência do grupo, tal como a Hierarquia, as Nações Unidas ou
a Humanidade. O ponto central de Seu esforço e o Agente por meio do qual se pode
efetuar a distribuição de Sua energia é o Novo Grupo de Servidores do Mundo; este
Grupo está relacionado em forma excepcional com este Avatar de Síntese. O objetivo
principal do Novo Grupo de Servidores do Mundo é, e tem sido sempre, reunir todos os
agentes de boa vontade, que respondem à energia da divina vontade para o bem. Seu
trabalho pode ser intensificado, construtiva e criadoramente, mediante a associação do
Avatar de Síntese e o Cristo. Sua tarefa consiste em introduzir a Nova Era, na qual
começarão a funcionar, como um todo criador, os cinco reinos da natureza. Seu
trabalho pode ser classificado por setores, funções ou atividades:
a. Chegar a uma síntese ou união humana, que conduzirá a um reconhecimento
universal da humanidade una como resultado de corretas relações.
b. Estabelecer corretas relações com os reinos sub-humanos da natureza, que
43
conduzam ao reconhecimento de que só existe Um Mundo.
c. Ancorar o Reino de Deus, a Hierarquia espiritual de nosso planeta, abertamente
sobre a Terra, o que conduzirá ao reconhecimento universal de que os filhos dos
homens são uno.
Estes objetivos serão apoiados e ajudados pelo Avatar de Síntese, e com este
propósito se uniu ao Cristo, trabalhando através da Hierarquia, recebendo instruções
do "centro onde a vontade de Deus é conhecida". Estes três acontecimentos, pontos de
distribuição de energia, estão relacionados e entraram em atividade durante o período
de tensão que atravessam, na atualidade, o Cristo e a Hierarquia. Servem para
reorientar a energia e enfocá-la sobre a humanidade, pois são o resultado da decisão
tomada pelo Cristo, depois de Seu momento de crise, e estão vinculados com a
preparação hierárquica para o reaparecimento do Cristo.

lI. Cristo como o Precursor da Era de Aquário


Existe a tendência a passar por alto o fato de que, apesar de haver reconhecido
Sua função como Instrutor e Guia espiritual da humanidade, durante a era que está
rapidamente chegando a seu fim, o Cristo também reconheceu o trabalho que deveria
realizar, quando finalizasse esta era, e o novo ciclo astronômico viesse à existência.
O cristão comum ignora as épocas e ciclos pelos quais nosso planeta passa,
influenciado pela progressão solar. A atual duvidosa ciência da astrologia desviou o
legítimo interesse da humanidade pelos estudos astronômicos e a interpretação
espiritual da passagem do sol através dos signos do zodíaco. Entretanto, O Novo
Testamento revela com toda clareza este reconhecimento, matizando a apresentação
de todo o Evangelho, também o expressando O Antigo Testamento. O pecado dos
filhos de Israel no deserto, não foi mais que uma reversão da antiga adoração mitraica
que caracterizava a época em que o sol estava "no signo de Touro", o touro, como é
denominado tecnicamente. Prostraram-se diante do bezerro de ouro e o adoraram,
olvidando o novo ensinamento da Era de Áries, o carneiro, na qual estavam entrando, o
ensinamento da vítima propiciatória, que matiza a história judia.
Esqueceu-se do fato de que o Cristo foi o Instrutor do novo período em que o sol
estava entrando, o período de Peixes, porém Ele está claramente evidenciado no
símbolo dos peixes que aparecem constantemente nos quatro Evangelhos. O peixe é o
símbolo astrológico do signo de Peixes, e o foi desde épocas imemoriais. Cristo
também previu o trabalho que devia realizar na Era de Aquário (o signo seguinte em
que entraria o sol). Antes de Sua "desaparição", referiu-se ao símbolo da Era de
Aquário e à tarefa que deveria levar a efeito. Com Seus doze discípulos interpretou um
dramático episódio, síntese do trabalho que empreenderia mais tarde, quando
houvessem transcorrido os dois mil anos da Era de Peixes, Disse Ele a Seus discípulos
que entrassem na cidade, onde encontrariam um homem levando um cântaro de água
e que o seguissem até o aposento superior e preparassem ali a festa da Comunhão,
que Ele e eles compartilhariam (Lucas 22,10). Assim fizeram eles e teve lugar a última
Ceia. O antigo símbolo correspondente ao signo de Aquário (em que está entrando
agora o nosso Sol) é o Portador de água, um homem com um cântaro de água. A
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passagem do Sol pelo signo de Aquário é um fato astronômico que pode ser
comprovado escrevendo-se a qualquer observatório - não é um prognóstico
astrológico. A grande realização espiritual e acontecimento evolutivo de dita era será
a comunhão e o estabelecimento das relações humanas entre todos os povos,
permitindo aos homens de todo o mundo reunirem-se ante a Presença de Cristo e
compartirem o pão e o vinho (símbolos do alimento). Os preparativos para esta festa
(falando simbolicamente) estão em vias de execução, e são realizados pelos homens
mesmos, à medida que lutam, se esforçam e legislam para a manutenção de suas
nações e o problema da manutenção ocupa a atenção dos legisladores de todo o
mundo. Esta participação, iniciada no plano físico, também se aplicará nas relações
humanas, constituindo a grande dádiva da Era de Aquário para a humanidade. A Igreja
ignorou isto e os eclesiásticos não podem explicar o fato de que os judeus
manifestaram sua predileção pelo touro, adorando o bezerro de ouro; que a
dispensação judia empregara o símbolo da vítima propiciatória na era de Áries, o
carneiro, e que os cristãos fizeram finca-pé sobre os peixes na era de Piscis, a era
cristã.
Cristo veio para pôr fim à dispensação judia, que devia haver culminado e
desaparecido como religião quando o sol passou de Áries a Piscis. Apresentou-se ante
eles como seu Messias, nascendo na raça judia. Com a recusa de Cristo como Messias,
a raça judia permaneceu, simbólica e praticamente, no signo de Áries, a Vítima
propiciatória; deve passar - falando de novo simbolicamente - ao signo de Piseis, os
peixes, e reconhecer seu Messias, quando retorne ao signo de Aquário. Do contrário,
voltarão a cometer seu antigo pecado, por não responder ao processo evolutivo. No
deserto, repeliram os judeus aquilo que era novo e espiritual; o mesmo fizeram na
Palestina, há dois mil anos. Voltarão a fazê-lo se lhes apresentar a oportunidade? A
dificuldade reside em que os judeus estão satisfeitos com uma religião que remonta a
cinco mil anos, e têm muito pouco interesse em mudá-la.
Cristo previu a chegada da Era de Aquário e o expressou, graficamente, fazendo
perdurar, através dos séculos, um fato profético que só agora, em nossa época, é
possível interpretar. Astronomicamente, não estamos plenamente influenciados por
Aquário; estamos, presentemente, saindo da influência de Piscis, e ainda não temos
sentido todo o impacto das energias que Aquário liberará. Entretanto, cada ano nos
acercamos mais ao centro de poder, cujo efeito principal será induzir a que se
reconheçam a unidade essencial do homem, os processos de participação e
colaboração e o nascimento da nova religião mundial, que terá como nota chave a
universalidade e a iniciação. Se a palavra "iniciação" significa o processo de "entrar
em", então é verdade que a humanidade está passando por uma verdadeira iniciação,
ao entrar na nova era de Aquário; então estará submetida a essas energias e forças
que derrubarão as barreiras da separação e fundirão e mesclarão a consciência de
todos os homens, a fim de formar essa unidade que caracteriza a consciência crística.
Em junho de 1945, no momento da Lua cheia (dia significativo na experiência
espiritual de Cristo), Ele se encarregou, definida e conscientemente, de Seus deveres
e responsabilidades como Instrutor e Guia, durante o ciclo solar de Aquário. É o
primeiro dos grande Instrutores do mundo que abarca dois ciclos zodiacais - o de
45
Piscis e o de Aquário. Isto é muito fácil dizer e escrever, porém implica três métodos
ou técnicas que devem ser empregados para Sua aparição, aos quais já me referi. A
vitalidade e o amor espirituais que irradia (aumentados pelas energias do Espírito de
Paz, o Avatar de Síntese e o Buda), foram reenfocados, canalizados em uma grande
corrente e expressados (se pode ser formulado em forma tão inadequada) nas
palavras da Invocação: "Flua amor aos corações dos homens. ... Que a Luz, o Amor e o
Poder restabeleçam o Plano na Terra."
Estas três palavras, luz, amor e poder, descrevem as energias de Seus três
Associados (o grande Triângulo de Força que, com seu poder, O apoia); a energia de
Buda: Luz, a luz sempre vem do Leste; a energia do Espírito de Paz: Amor que
estabelece corretas relações humanas; a energia do Avatar de Síntese: Poder,
complementando a luz e o amor. Cristo ocupou Seu lugar no centro deste Triângulo;
desse ponto começou Seu trabalho aquariano e continuará fazendo durante dois mil
e quinhentos anos. Assim inaugurou a nova era, e nos planos espirituais internos a
nova religião mundial começou a tomar forma. A palavra "religião" concerne às
relações, começando, assim, a era de corretas relações humanas e corretas relações
com o Reino de Deus. Esta é uma afirmação fácil de fazer, porém suas implicações
são enormes e de grande alcance.
Nessa oportunidade, Cristo assumiu duas novas funções: uma está vinculada ao
segundo método de aparição física e a outra ao método que empregará para exercer
Sua influência. Constantemente, a Luz, o Amor e o Poder se derramam sobre as
massas, estimulando o acrescentamento da consciência crística. Mediante Sua
presença física, converter-se-á no "Dispensador da Água da Vida"; pela influência que
exerce, agora, sobre os que são sensíveis à Sua impressão e à Sua enfocada Mente,
converter-se-á no que se conhece tecnicamente como o "Susteniador dos pequenos".
Como Dispensador da Água da Vida e Sustentador dos pequenos, assume os Seus
deveres na era aquariana, enquanto que como centro do Triângulo mencionado
acima, influi, ilumina e produz corretas relações entre as multidões. Daqui, que na
próxima era será reconhecido como:
1 - O Ponto dentro do Triângulo.
2 - O Dispensador da Água da Vida.
3 - O Sustentador dos pequenos.
Isto descreve seus três deveres para com a humanidade, e também o trabalho
que caracterizará Seu serviço mundial, durante a era aquariana.
Consideremos estes aspectos de Sua obra e tratemos de compreender o
significado da responsabilidade que Ele assumiu. É necessária certa compreensão
para que o Novo Grupo de Servidores do Mundo e os discípulos ativos no mundo
preparem, adequadamente, a humanidade para Seu reaparecimento. Muito se pode
fazer se os homens se esmeram em compreender e desenvolver a consequente e
necessária atividade.
Primeiro, como Ponto dentro do Triângulo, Cristo chegará a despertar os
corações dos homens e instituirá corretas relações humanas, permanecendo
incomovível onde se encontra e sendo, simplesmente, o que Ele é. Isto o fará
transmitindo à humanidade a energia, desde os três vértices do Triângulo que O
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circunda. Dita energia conjunta e impessoal, de natureza tríplice, esparzir-se-á
universalmente, produzindo um progresso evolutivo, atraindo, magneticamente, os
povos e nações entre si e causando, automaticamente, o desenvolvimento do sentido
de síntese, de uma provável unidade e de uma fusão desejável. Assim como na era de
Piscis se desenvolveu na humanidade uma resposta em massa ao conhecimento e ao
princípio inteligência, assim na era de Aquário se evocará resposta, em massa, às
corretas relações, e a boa vontade (como sua expressão) caracterizará a consciência
das massas. Talvez seja difícil compreender e apreciar esta possibilidade; porém, difícil
foi, também, para as multidões dos primeiros séculos da era cristã ou pisciana,
compreender o futuro progresso dos sistemas educativos do mundo e a difusão desse
conhecimento, que constitui a característica de nossa presente civilização e cultura. As
aquisições do passado são sempre uma garantia de futuras possibilidades.
Como Dispensador da Água da Vida, Sua tarefa é sumamente misteriosa e difícil
de compreender. Há dois mil anos, disse publicamente: "Eu vim para que tenham vida
e para que a tenham em abundância" (João 10,10). O aspecto Vida, desde o ponto de
vista de Cristo, se expressa em três formas:
1 - Como vida física, nutre as células do corpo. Esta vida se encontra dentro de
cada átomo de substância, como ponto central de luz vivente.
2 - Como vivência, expressa amor e luz dentro do coração.
Quando esta vivência se acha presente e se manifesta, o átomo humano se
converte em parte da Hierarquia espiritual.
3 - Como Vida mais abundante, pode-se perceber como luz, amor e poder, dentro
e sobre a cabeça do discípulo de Cristo. Esta vida mais abundante o capacita para
colaborar, não só com a humanidade e com a Hierarquia espiritual, senão também
com Shamballa - centro de vida em sua mais pura essência.
Se dizemos que a vida é vivência que capacita, as palavras carecem de sentido.
Entretanto, se a vivência é vinculada com a vida no plano físico, com a vida espiritual
do discípulo e com o vivente desígnio de Deus, então se pode obter uma leve ideia
acerca da maravilha do trabalho empreendido por Cristo, durante o passado, previsto
por Ele como Sua futura responsabilidade. Cristo pode utilizar as energias que se
definem com a frase "vida mais abundante", porque liberarão (na era de Aquário) em
forma nova e dinâmica, as novas energias necessárias, a fim de produzirem a
restauração e a ressurreição. Esta nova Energia é a "força complementar da
universalidade", e concerne ao futuro. A fluência de energia aquariana é um dos
fatores que permitirão a Cristo completar Sua tarefa como Salvador e Instrutor do
mundo. Em junho de 1945, decidiu cumprir com Seus deveres de Distribuidor,
Sustentador e Dispensador, e assumiu Suas responsabilidade como Precursor e
Instrutor da Era de Aquário.
Ao dizer sustentador dos pequenos, referimo-nos a um aspecto do trabalho do
Cristo, que envolve o estímulo das consciências de Seus discípulos, à medida que se
preparam para a iniciação ou para penetrar em esferas mais profundas de
conhecimento espiritual. O trabalho que realiza no Triângulo, com as multidões, terá
por resultado a apresentação da primeira iniciação - o Nascimento do Cristo na
caverna do coração - como cerimônia fundamental da nova religião mundial. Por meio
47
desta cerimônia, as multidões de todos os países estarão em condições de poder
perceber, conscientemente, o "nascimento do Cristo" no coração, e o "renascimento"
a que Ele mesmo se referiu (João 3,3), quando esteve na Terra. A este renascimento se
referem os esoteristas quando falam da primeira iniciação. No futuro, para o fim da
era de Aquário, não constituirá a experiência de um discípulo isolado, mas a
experiência coletiva de incontáveis seres. Muitos aspirantes submergir-se-ão nas águas
purificadoras da Iniciação do Batismo - a segunda iniciação - e estas duas iniciações
(preparatórias para o verdadeiro serviço e para a terceira Iniciação da Transfiguração)
porão o selo de aprovação na missão do Cristo, como Agente do grande Triângulo
espiritual que Ele representa.
Todavia, o trabalho mais importante de Cristo, no que concerne aos discípulos e
às pessoas espiritualmente orientadas do mundo, além dos milhares de seres
humanos mais avançados, consiste em "nutrir" de tal forma sua consciência e vida
espirituais, que lhes permitirá receber a terceira e quarta iniciações - a Transfiguração
e a Renúncia (ou Crucificação).
Como bem sabem os esoteristas, o termo "os pequenos" se refere a esses
discípulos que são os "meninos em Cristo" (como são denominados em O Novo
Testamento) que já tenham recebido as duas primeiras iniciações, o Nascimento e o
Batismo. São conscientes da aspiração espiritual, índice da vida crística residente em
seus corações, e se submeteram aos processos de purificação que culminam nas
águas batismais. Cristo deve preparar estes aspirantes para as iniciações superiores,
nutrindo-os e ajudando-os, para que possam apresentar-se diante do único Iniciador
e chegar a ser pilares do Templo de Deus, ou seja, Agentes da Hierarquia espiritual e,
portanto, discípulos ativos e trabalhadores.
Quando esteve na Palestina disse: "Ninguém vem ao Pai, senão por mim" (João
14,6). Isto foi um vaticínio do trabalho que Ele teria de realizar na era de Aquário. Nas
primeiras iniciações, administradas por Cristo, os aspirantes (treinados pelos
discípulos avançados) encontram seu caminho para Ele, porém Suas palavras se
referem a etapas ainda superiores de desenvolvimento. Por meio das primeiras
iniciações o discípulo se converte em agente do amor de Deus; as iniciações
superiores o capacitam para converter-se, etapa após etapa, em agente da vontade
de Deus. Os do primeiro grupo conhecem e compreendem a segunda estrofe da
Invocação "Do ponto de amor no coração de Deus, flua amor aos corações dos
homens"; o grupo que na era aquariana Cristo mesmo há de "nutrir" e preparar,
conhecerá o significado da terceira estrofe: "Do centro onde a Vontade de Deus é
conhecida, guie o propósito as pequenas vontades dos homens".
Durante a era de Piscis, a tarefa do Cristo teve por finalidade relacionar a
humanidade com a Hierarquia do planeta; na era de Aquário, Seu trabalho consistirá
em relacionar este grupo que se acresce constantemente, com esse centro superior
onde se faz contato com o Pai, se reconhece a filiação e pode-se conhecer o
propósito divino. Os três aspectos divinos, reconhecidos por todas as religiões do
mundo (incluindo a religião cristã) - Inteligência ou Mente Universal, Amor e Vontade
- desenvolver-se-ão, conscientemente, na humanidade por meio do trabalho futuro de
Cristo; a humanidade, a Hierarquia Espiritual e o "centro onde a Vontade de Deus é
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conhecida" estão relacionados em forma mais ampla e geral.
A abordagem mística ao Reino de Deus desaparecerá, gradualmente, à medida
que a raça acrescente sua inteligência, e então se propugnará por uma abordagem
mais científica; os requisitos para ser admitido neste Reino serão de caráter objetivo;
as leis que governam o centro superior da vontade divina também serão reveladas
aos membros do Reino de Deus, e tudo isso se efetuará sob a supervisão do Cristo,
depois de Seu reaparecimento entre os homens. A tônica de Sua missão será, então,
evocar na humanidade uma resposta à influência espiritual e um desenvolvimento em
grande escala da percepção intuitiva - faculdade muito rara e pouco comum, na atualidade.
Quando veio anteriormente, evocou na humanidade uma gradual resposta à verdade e
uma compreensão mental. Esta é a razão pela qual, ao término do ciclo que Ele inaugurou
há dois mil anos, se têm formulado diversas doutrinas e se tem alcançado um amplo
desenvolvimento mental e intelectual.

III. Cristo como o Liberador de Energia


Nos primeiros três meses do período de crise por que passou o Cristo e também a
Hierarquia, e que terminou com Sua anunciada decisão, grandes energias ou correntes
fundamentais de força foram postar à disposição do Cristo e Seus discípulos. Hoje, o fato
de que a energia constitua a substância básica do universo, que todas as formas de vida
sejam formas de energia, e que todas elas, grandes ou pequenas, utilizem energia e atuem
como distribuidoras dessa mesma energia, é algo muito conhecido e geralmente aceito
pelas pessoas inteligentes e eruditas. Toda palavra falada ou escrita e toda atividade
justificada são expressões de energia que conduzem à sua distribuição e ao desempenho de
atividades. Os governos, as igrejas, as organizações e os grupos, são distribuidores e
depósitos de energia. A própria humanidade é um grande centro de energia que afeta a
todos os reinos sub-humanos e forma, analogamente, dentro de si mesma, um grande
sistema de energias inter-relacionadas. O mesmo ocorre com o indivíduo; por meio de seus
atos e palavras emprega energia, produz resultados que são efeitos dessa energia e atua
como seu distribuidor. O indivíduo subdesenvolvido não compreende nada disto e a
energia que manipula é de ínfima importância. A medida que a evolução prossegue, e as
pessoas adquirem poder e expressão, o uso que fazem da energia é, com frequência, de
grande importância; convertem-se em centros dinâmicos de distribuição de energia, e suas
palavras, orais ou escritas, ademais de suas atividades, produzem grandes efeitos e
importantes resultados. A Hierarquia é um grande centro de energia que chega à
humanidade através do Cristo; este é o significado de Suas palavras: "Eu vim para que
tenham vida." Vida e energia são sinônimos.
Durante a guerra, 1914-1945, Cristo e a Hierarquia observaram um mundo agonizante;
homens e formas morriam em toda parte; velhos ideais, organizações e grupos
desapareciam; o espectro da morte rondava por toda parte. A destruição não só
caracterizava o mundo fenomênico, senão também os mundos mais sutis do
sentimento e do pensamento; a vida foi extraída, dando por resultado a morte. O
problema perante Cristo e Seus discípulos, consistia em não permitir que revivessem o
velho e o indesejável. Sua tarefa não consistiu em ressuscitar o morto e o inútil; Sua
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oportunidade e responsabilidade situavam-se em promover a afluência de vida que
traz aparelhada a capacidade de reconstruir, e em dirigir a energia que poderia
produzir um novo mundo e uma nova civilização.
As forças reacionárias, políticas e religiosas, desejavam a ressurreição das formas
velhas e caducas, puseram seu peso e influência (que só é outro nome dado à energia)
em contrário a tudo o que era novo. Isto ainda seguem fazendo. As forças
progressistas lutam, unicamente, pelo novo e não tratam de conservar nenhuma das
velhas formas, ainda que possam servir a algum propósito útil. Sua enérgica repulsa a
tudo o que pertença ao passado e a energia destrutora que dirige contra tudo o que
pertença ao velho regime, dificultam por igualas esforços da Hierarquia. A esperança
reside nestas forças progressistas, porém lhes falta, lamentavelmente, a habilidade
para a ação, pois amam demasiado a destruição. O Novo Grupo de Servidores do
Mundo se mantém firme no "Nobre Caminho do Meio" (como Buda o denominou) e
trata de fazer desaparecer, sem violência, as formas caducas; de complementar o
novo, e de restaurar o que demonstrou ser útil e proveitoso no passado, e que poderia
constituir o germem vivo da nova criação.
No momento da Lua Cheia de abril de 1945, durante a Páscoa desse ano e por um
período aproximado de cinco semanas, as Forças de Restauração começaram seu
trabalho, surgindo, primeiro, nos planos sutis da experiência humana. Este tipo de
energia é, peculiarmente, criador, e leva consigo a "vida que produz o nascimento das
formas". Afluiu à Hierarquia por intermédio de determinados Mestres e Seus
discípulos, sendo imediatamente transmitida por Eles à humanidade. Esta é uma
energia de massa e está, assim, relacionada com o estímulo da inteligência da massa;
não é a energia que havemos considerado anteriormente, quando tratamos da
consciência crística no homem, senão a que faz que o homem pense, planeje e atue;
não produz resultados maus nem bons, senão que simplesmente desperta as mentes
dos homens para que atuem inteligentemente. Esta atuação depende, por coerência,
do homem, cujo tipo de mente responde às forças de restauração e está condicionada
por seu grau de evolução, raça, nação, tradição e de acordo com as reações de sua
civilização e religião. Estas forças se acham ativas, atualmente, em todos os países e
com frequência produzem, de início, grandes dificuldades, conduzindo, finalmente, a
uma reorganização da vida nacional ou planetária. Os efeitos serão, principalmente,
físicos; trarão um novo mundo do qual haverá desaparecido todo indício de guerra;
melhorarão a saúde física dos homens e dos animais, e serão reconstruídas as cidades
e os povos. Seu objetivo é produzir uma nova Terra e tudo aquilo que evidencie a
afluência de uma nova vida.
Depois disto, durante a Lua Cheia de Buda, em maio de 1945, as energias de
iluminação entraram em atividade e a luz começou a afluir às mentes dos homens.
Estas energias, em realidade, iniciam a nova educação mundial. Os primeiros a serem
afetados serão os grandes movimentos educativos, os foros do povo em todos os
países e os valores que se estão desenvolvendo agora, por meio do rádio e da
indústria cinematográfica; também o serão a imprensa, os editores, locutores,
escritores, comentaristas radiofônicos, periodistas e os trabalhadores no campo social.
Estes efeitos talvez não se evidenciem ainda, devido ao breve tempo transcorrido,
50
porém, esses movimentos e essas pessoas são os receptores das energias de
iluminação, se estiverem preparados para reconhecerem as novas ideias que emergem
e também os custódios e agentes distribuidores que as canalizarão e dirigirão para
que influam nas massas de toda parte. Eclesiásticos, progressistas e liberais de todas
as religiões também respondem a elas, porém sua utilidade se acha grandemente
obstruída pela natureza reacionária do ambiente ou campo de atividade em que
devem trabalhar, pois têm diante de si uma tarefa quase impossível de realizar. Além
do mais, chegam à humanidade por meio do Novo Grupo de Servidores do Mundo,
que é muito susceptível ao seu impacto, estando em condições de distribuí-las,
porque trabalha em todos os campos de atividade mencionados anteriormente.
As forças restauradoras emanam da mente de Deus e estão relacionadas e
vinculadas com o princípio inteligente da natureza divina, sendo o intelecto o aspecto
da divindade que distingue o homem de todas as outras formas da natureza. As forças
de iluminação provêm do coração de Deus, e estão relacionadas com a compreensão
divina e podem, portanto, chegar a fortalecer a todos aqueles que amam e servem a
seus semelhantes, estando, ademais, vinculadas com o segundo aspecto ou princípio
da divindade, amor-sabedoria, do qual o Buda e o Cristo constituem as expressões
divinas mais proeminentes. Principalmente através d’Eles e de Seus discípulos, os
Mestres expressam a mesma linha de divindade, pela qual chegam as energias à
humanidade, canalizadas pelo Novo Grupo de Servidores do Mundo.
Cristo e Buda, em Sua perfeição conjunta, constituem o campo da Mente e do
Coração e se destacaram de Seus semelhantes devido a Suas realizações.
Influenciaram hemisférios e séculos, enquanto que outros Filhos menores de Deus
tiveram influência sobre os países, em períodos de tempo mais breves. Ainda Lhes
falta realizar a consumação do trabalho, ainda que este não tenha muito que ver com
as formas que personificam Seus divinos princípios enunciados, Luz e Amor, senão
com as Almas que tenham evolucionado aplicando ditos princípios.
Em junho de 1945, Cristo pôs em movimento as forças de reconstrução
vinculadas ao aspecto Vontade da divindade, sendo as menos poderosas das três
correntes de energia liberadas, durante os três Festivais da Lua Cheia de 1945. Estas
forças de reconstrução são eficazes, principalmente em relação com essas entidades
a que chamamos nações. A Hierarquia está tratando nestes momentos de canalizá-las
para a Assembleia das Nações Unidas; o emprego que se faça destas energias
impessoais, depende da qualidade e natureza da nação receptora, de sua verdadeira
iluminação e do seu grau de evolução. As nações expressam, na atualidade, a auto-
centralização em massa de um povo e seu instinto de autoconservação. Portanto, estas
energias podem acrescentar esse aspecto de sua vida e também a potência do
objetivo que as Nações Unidas expõem, teoricamente, ante os povos. O objetivo
principal da Hierarquia é distribuir ditas energias construtivas e sintetizadoras, em
forma tal que a teoria da unidade se converta, lentamente, em realidade, e a palavra
"Unidade" possa adquirir seu verdadeiro significado e sentido. O Avatar de Síntese
está particularmente vinculado a este tipo de energia, o qual transmitirá à
humanidade, com a ajuda do Cristo, algo que ainda é inominado. Não é nem amor,
nem vontade, como geralmente se entende. Só uma frase composta de várias
51
palavras pode revelar-nos algo de seu sentido. Dita frase é: "o princípio do Propósito
dirigido", o qual envolve três coisas:
1 - Compreensão do Plano - intuitiva e especialmente instintiva, porém
inteligentemente interpretada - tal como pode ser levado a cabo, em um futuro
imediato por Cristo e Seus discípulos.
2 - Intenção enfocada, baseada no ante dito e acentuando um aspecto da
vontade, ainda não desenvolvido no homem.
3 - Capacidade para dirigir a energia, por meio da compreensão e intenção, para
um fim conhecido e desejado, vencendo todos os impedimentos e destruindo tudo o
que obstrui. Isto não significa destruição de formas pela violência, tal como se tem
presenciado no mundo, senão a destruição produzida pela vida grandemente
fortalecida dentro da forma.
O significado destes princípios divinos não tem muito sentido na atualidade,
porque constituem grandes mistérios. Seguirá sendo um mistério, enquanto existam
ignorância e incredulidade. Não existe mistério onde existem conhecimento e fé. Tudo
que sabemos, por hora, é que o Cristo reunirá e fundirá em Si mesmo três princípios
da divindade; quando Ele aparecer, "a luz, que sempre existiu, será vista; o amor que
nunca cessa, será conhecido, e o esplendor profundamente oculto, virá ao Ser". Então
teremos um novo mundo - mundo que expressará a luz, o amor e o conhecimento de
Deus por uma revelação progressiva.
Será evidente para todos a beleza desta síntese que o Cristo manifestará, e a
maravilha da oportunidade que se oferece. Grandes Forças, sob uma vigorosa direção
espiritual, estão logicamente dispostas a precipitar-se neste mundo de caos, confusão,
aspiração, esperança e perplexidade. Ditos grupos de energia estão preparados para
ser enfocados e distribuídos pela Hierarquia, e essa Hierarquia, sob o Seu grande Guia,
o Cristo, se acha mais próxima que nunca da humanidade. Em todos os países, o Novo
Grupo de Servidores do Mundo também está atento a essa direção, unido em
idealismo, objetivos humanitários, sensibilidade à impressão espiritual, propósitos
subjetivos, amor a seus semelhantes e dedicado ao serviço altruísta. Todas as pessoas
de boa vontade estão dispostas a ser guiadas para uma atividade construtiva e a ser
agentes que, gradualmente, serão educados e treinados para estabelecer aquilo que,
verdadeiramente, nunca existiu: corretas relações humanas.
Desde o Ser espiritual mais elevado do nosso planeta, passando por graduados
grupos espirituais de homens iluminados e perfeitos, que trabalham no aspecto
interno da vida, até o mundo externo do viver diário, em que servem homens e
mulheres que pensam e amam, flui a onda da nova vida. O Plano está preparado para
sua imediata aplicação e desenvolvimento inteligente; os trabalhadores já existem e a
capacidade de trabalho é adequada à necessidade. Sobre todas as coisas, a Hierarquia
permanece e o Cristo está preparado para reaparecer e demonstrar a realidade.

IV. Cristo como Unificador do Oriente e Ocidente


Resultará difícil para o eclesiástico ortodoxo cristão e de critério estreito aceitar
estas palavras, pois significam, em primeiro lugar, que o Cristo trabalhará em íntima
52
colaboração com o Buda, até que tenham ocorrido a fusão e a reconstrução. Buda
está intimamente vinculado ao Cristo, no processo do reaparecimento d’Este, ainda
que não estará envolvido nele nem estará ativo durante todo o período que abarque
o futuro trabalho de Cristo na Terra. Como bem se sabe, tampouco Ele deixou de
manter contato e relação com a humanidade, posto que haja abandonado Seu corpo
físico há séculos. Fez isto a fim de cumprir certa tarefa que se Lhe havia determinado
e que incluía (além de outras coisas desconhecidas para a humanidade) algumas
atividades relacionadas com a tarefa do Cristo, com a iminência de Sua vinda e certos
planos para a futura civilização da era de Aquário. Como milhões de pessoas sabem,
cada ano (no momento do Festival de Wesak, durante a Lua cheia de maio), Buda se
comunica com a humanidade por intermédio do Cristo e da Hierarquia. Atua, desta
maneira, como agente que estabelece uma relação entre o "centro donde a Vontade
de Deus é conhecida" e o "centro a que chamamos a raça dos homens". Empregam-
se, premeditadamente, estas duas frases, porque todo o trabalho que estão fazendo
estes dois Grandes Filhos de Deus se relaciona com a distribuição de energias - as
energias da luz e do amor. Por intermédio do Triângulo mencionado anteriormente, a
energia da vontade será distribuída, sendo o Buda um dos Distribuidores divinos.
Atualmente, o trabalho do Buda para a humanidade está quase terminado, e Sua
larga associação com a espécie humana está chegando prestes a seu fim. No
momento em que o reaparecimento do Cristo seja um fato consumado, e quando
sejam corretas relações humanas e comece a condicionar-se, definitivamente, o viver
humano, o Buda passará a ocupar-se da tarefa que O espera. Um dos discípulos mais
avançados do Cristo, que se Lhe aproxima em hierarquia, ocupará Seu lugar e
continuará o trabalho relacionado com a humanidade.
Quando este Mestre assumir Sua tarefa, o princípio inteligente ou sabedoria,
característica sobressalente da humanidade, haverá sido, em grande parte,
transmutado em sabedoria pelos intelectuais do mundo, e não pelas multidões.
Sabedoria é a característica predominante do Buda, e o impulso desta energia,
engendrada pela sabedoria, será, oportunamente, tão poderosa, que não necessitará
de ser distribuída ou controlada pelo Buda. Então, Ele poderá ocupar-se de esferas de
atividade mais elevadas, onde reside sua verdadeira tarefa, e começará a trabalhar
com esse aspecto da sabedoria, do qual nada sabemos, porém que Cristo e Buda têm
estado expressar, por intermédio do conhecimento e da sabedoria; posteriormente,
mediante a colaboração do Avatar de Síntese, c Cristo poderá fundir em Si mesmo
estas duas grandes energias divinas e chegar a ser a expressão pura do amor e da
sabedoria, das corretas relações e da compreensão intuitiva.
A fim de que isto seja possível, e para poder aliviar a Seu Irmão espiritual da
árdua tarefa de relacionar a humanidade com Shamballa, o "centro onde a Vontade
de Deus é conhecida", o Cristo se está submetendo, agora, a um processo
excepcional de preparação. Os trinta anos que trabalhou na oficina de carpintaria, na
Palestina, constituem, agora, o símbolo ainda não reconhecido, de dita preparação. A
palavra "carpinteiro" significa edificação, construção e, por derivação, aquele que é
um artífice da madeira ou um construtor de casas de madeira. Este é o verdadeiro
significado do relato bíblico, acerca da crucificação do Cristo sobre a cruz de madeira
53
ou sobre a árvore. Em realidade, está relacionado com a Sua decisão, adotada no
Horto de Getsêmani, de encarregar-se do trabalho de construção ou reconstrução em
Aquário, completando, assim, a tarefa que havia intentado levar a efeito na era de
Piscis. Cristo, Seus discípulos e o Novo Grupo de Servidores do Mundo são os
construtores responsáveis da nova civilização, a "nova casa da humanidade". O
trabalho preparatório que Ele está fazendo agora O capacita para demonstrar pela
sabedoria (não só pelo amor) a natureza dos planos hierárquicos, as sábias medidas
construtivas, a sábia eleição de construtores e os métodos corretos de construir.
Portanto, é evidente que o mais grandioso dos Filhos de Deus, o Cristo,
Representante da humanidade e do segundo aspecto divino, demonstrará dentro de
Si mesmo, durante a era de Aquário e depois de Seu reaparecimento, certas grandes
dualidades fundidas e unificadas. Será útil estudá-las e conhecê-las também:
1 - A fusão do segundo aspecto divino de amor e o primeiro aspecto divino da
Vontade - a Vontade para o bem.
2 - A fusão do amor e da sabedoria, capacitando-O para ser o construtor da nova
era e da nova civilização.
3 - A fusão da energia de Piscis, gerada durante os últimos dois mil anos de
atividade espiritual do Cristo, com as energias de Aquário que têm de ser geradas e
estarão ativas na Terra, durante os próximos dois mil ou dois mil e quinhentos anos.
É para este processo de fusão, com tudo o que isso implica, que o Cristo se está
submetendo a um processo de preparação que, uma vez completado, chegará a ser,
em um sentido até agora desconhecido para Ele, o ponto focal e o Agente
transmissor das seguintes cinco energias divinas:
1 - A energia do Amor.
2 - A energia da Vontade.
3 - A energia da Sabedoria.
4 - A energia de Piscis, gerada durante a era cristã.
S - A energia de Aquário, que já se está gerando nas esferas internas do
pensamento e do sentimento, e a que será gerada nos séculos futuros.
Os métodos empregados em Sua preparação só são conhecidos pelo Cristo, pelo
Buda e pelo Avatar de Síntese. Todo treinamento esotérico ou espiritual deve ser
auto-aplicado, e isto é tão certo para Ele, como para o mais humilde aspirante. Não
nos é possível conhecer os processos do pensamento, das reações e dos planos do
Cristo.
Na Palestina, Sua aspiração foi profética e Sua tarefa consistiu, principalmente,
em colocar os alicerces para as atividades que seguirão ao Seu reaparecimento,
ademais de esparzir as sementes cujos frutos serão recolhidos na nova era. A tragédia
de Sua aparição, há dois mil anos, coloriu a apresentação da verdade por parte dos
teólogos e os conduziu a expor uma lamentável história, gerando um mundo
miserável e desdita do . Esta tragédia teve lugar devido:
1 - Ao descobrimento de que a humanidade não estava preparada e que,
durante séculos, necessitar-se-ia de muita experiência, ensinamentos, provas e
ensaios, antes de que Seu verdadeiro trabalho pudesse começar.
2 - Ao reconhecimento de que era necessária uma mais estreita relação entre Ele
54
e esse centro, ao qual sempre se referia como "Casa do Pai"; foi esta compreensão que
O fez dizer que Seus discípulos poderiam e fariam "coisas mais grandiosas" que as
que Ele havia feito, e que deveria voltar a Seu Pai.
3 - A que havia chegado à conclusão que devia ter mais trabalhadores e agentes
preparados e dedicados do que fora possível obter, desde então. Daí, a formação e a
preparação do Novo Grupo de Servidores do Mundo. Quando haja suficiente número
destes servidores e trabalhadores iluminados, Ele virá, e nada pode deter Sua
aproximação.
4 - À constatação de que os homens não estavam tão desesperados em "tomar o
Reino dos Céus pela violência". Só no desespero e quando chega ao limite das forças,
o discípulo encontra seu caminho para esse Reino e está disposto a abandonar suas
velhas modalidades. O que é verdade para o indivíduo também deve sê-lo para a
humanidade, em escala mais ampla.
Cristo vem para todo o mundo, não unicamente para o mundo cristão. Vem para
o Oriente e para o Ocidente, e previu o "momento do fim" com sua catástrofe
planetária, desastres fenomênicos, desespero e invocação - tendo lugar tanto no
Oriente como no Ocidente. Sabia que em momentos de crises e tensões culminantes
a própria humanidade provocaria Seu reaparecimento. O Novo Testamento é verídico
e exato; apenas as interpretações feitas pelos homens têm desviado a humanidade.
No Oriente existe uma velha lenda que pode ser aplicada hoje, e contém a chave
da relação que existe entre o Cristo e o Buda. Refere-se a um serviço que, segundo
diz a lenda, o Buda prestará ao Cristo. Em forma simbólica, a lenda conta que quando
Buda alcançou a iluminação e já nada mais podia aprender de Sua experiência na
Terra, visualizou o futuro até o momento em que Seu irmão, o Cristo, estivesse ativo
prestando um grande Serviço - como se diz comumente. Portanto, a fim de ajudar o
Cristo deixou (para que as usasse) o que misteriosamente são denominadas "Suas
vestiduras". Logo, deixou em um lugar seguro o summum de Sua natureza emocional-
intutitiva, denominada por alguns como corpo astral, e todo Seu conhecimento e
pensamentos, Sua mente ou corpo mental. Segundo diz a lenda, estas vestiduras
serão usadas por Aquele que vem, que Lhe serão de utilidade para complementar as
próprias faculdades emocionais e mentais do Cristo e proporcionar-Lhe o de que
necessita como Instrutor do Oriente e do Ocidente. Então poderá contemplar
triunfalmente, Seu futuro trabalho e eleger Seus colaboradores. O mandato que se
deu em O NOVO TESTAMENTO contém uma ideia algo similar: "Há, pois, em vós este
sentir que houve, também, em Cristo" (Fil. 2,5).
Desta maneira, Cristo, com as energias de amor e sabedoria fundidas; com a
ajuda do Avatar de Síntese e do Buda; e influenciado pelo Espírito de Paz e Equilíbrio,
poderá complementar e dirigir as energias que produzirão a nova civilização futura.
Aparecerá ante Seus olhos a verdadeira ressurreição e a emancipação da humanidade
da pressão do materialismo. Assim Ele "verá o trabalho de Sua alma e será saciado"
(Isaías 53,11).

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CAPÍTULO V
OS ENSINAMENTOS DO CRISTO
O Estabelecimento de Corretas Relações Humanas
A Lei do Renascimento
A Revelação do Mistério da Iniciação
A dissipação da Fascinação

Talvez seja útil fazer algumas observações preliminares sobre o ensinamento


difundido (no transcurso das épocas) pelos filhos de Deus que apareceram nas horas
de mais necessidade para a humanidade, a fim de exporem, ante a consciência dos
homens de Sua época, certas ideias e conceitos acerca da Verdade. Quando Eles
aparecem, seu objetivo é satisfazer as necessidades imediatas, de maneira que as
ideias apresentadas possam converter-se em ideais, aos quais se adaptará,
oportunamente, a vida da humanidade, trazendo como consequência uma civilização
melhorada. Tem havido uma grande continuidade através dos séculos.
Não haveria tempo para escrever nem para ler uma análise ou descrição
completa sobre a revelação progressiva de ideias transmitidas à humanidade pelas
grandes e iluminadas mentes autorizadas pela Hierarquia espiritual do planeta. Todos
os instrutores cíclicos (para diferenciá-los de inumeráveis Instrutores de menor
importância) têm dominado Suas vidas - nas três esferas da evolução humana - física,
emocional e mental - logrando controlar o nível físico da consciência, Sua natureza
emocional ou sentimental e alcançar compreensão mental e, finalmente, iluminação.
O problema da Hierarquia tem consistido - e ainda consiste - em conhecer a
capacidade de captação da humanidade acerca da verdade, e até que ponto pode ser
apresentada às mentes incipientes a verdade absoluta; também tem consistido em
determinar qual o aspecto da verdade universal que permitirá ao homem resolver
suas dificuldades e avançar no Caminho do Retorno a Deus; necessita saber, ademais,
em que ponto da escala evolutiva se encontra a humanidade, em um período dado.
Isto em si constitui para Ela um campo de investigação.
O método até agora seguido tem consistido em determinar qual é o principal
fator de que carece o homem para perceber a realidade - em um dado momento - e
qual é a verdade divina que contém a semente de uma atividade vital para uma
humanidade que se acha em determinadas condições e necessita de um certo tipo de
ajuda. Também têm que decidir qual o melhor modo de prestar essa ajuda, de
maneira que seus resultados sejam duradouros, educativos e eficazes. Até agora, os
conceitos expostos tem sido formulados pelos Instrutores mundiais da época, e
difundidos tão somente a uns poucos eleitos, cuja tarefa tem sido tomar a ideia
recém apresentada, disseminando-a entre os homens que possuam a suficiente
iluminação para que seja aceita, divulgada, vivida e popularizada. Isto já tem sido
realizado durante épocas, com maior ou menor êxito.

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Torna-se impossível expor aqui as poucas verdades que serviram para orientar o
desenvolvimento da humanidade na antiga Atlântida, posto que constituam uma
base sólida de todo o ensinamento posterior. Podemos estudar (como fundamento
do ensino que Cristo difundirá depois de Seu reaparecimento) vários conceitos de
menor importância que estão contidos, hoje, nos ensinamentos de todas as religiões
mundiais, os quais deveriam ser apresentados ao público pelos modernos instrutores
religiosos.
O primeiro desses Instrutores pertence a uma época tão remota que não se pode
dizer com exatidão a data em que viveu. Seu nome, inclusive, foi modernizado e
atribuído a um antigo herói e instrutor, chamado Hércules. Apresentou ao mundo,
através de um histórico drama mundial (de natureza simbólica), o conceito de uma
grandiosa finalidade, alcançável tão somente por meio de lutas e dificuldades. Traçou
uma meta que os homens deveriam alcançar, sem levar em conta os obstáculos.
Estes foram representados nos "Doze Trabalhos de Hércules", os quais eram mitos e
não acontecimentos reais. Desta forma representou, para os que tinham olhos para
ver e coração para compreender, a natureza do problema que teriam de resolver, no
Caminho de Retorno a Deus. Descreveu o regresso do Filho Pródigo ao Lar do Pai, e as
provas e esforços que têm de enfrentar todos os aspirantes, discípulos e iniciados,
igualmente enfrentados por todos os que hoje formam a hierarquia espiritual. Ao
considerar essa assertiva, deve-se também incluir o Cristo, por haver sido "tentado em
tudo", segundo nossa semelhança (Hebreus 4,15), não obstante haver triunfado nas
provas e obstáculos.
Em data também desconhecida, veio Hermes. Segundo se disse, foi o primeiro em
proclamar-se a "Luz do Mundo". Mais tarde, apareceu o grande Instrutor Vyasa.
Trouxe uma mensagem singela e necessária, no sentido de que a morte não é o fim.
Desde essa época, a humanidade começou a pensar sobre a possível imortalidade da
alma. Instintiva e debilmente o homem havia nutrido a esperança e pressentido que o
abandono do veículo físico não constituiria o fim de toda a luta, do amor e aspiração
humanos; naquelas épocas primitivas, somente predominavam o sentimento e o
instinto; as massas não possuíam a capacidade de pensar, como na atualidade. No
período culminante em que vivemos, o trabalho de todo o movimento espiritualista
constitui, em realidade, a emergência daquela corrente de energia mental e da ideia
que Vyasa implantou na consciência humana, há milhares de anos. O esforço que
realizam os intelectuais para demonstrar a possibilidade científica da imortalidade,
também faz parte desta grande corrente, levada a níveis intelectuais, salvando, assim,
o trabalho realizado por Vyasa, das brumas, da fascinação e da imoralidade psíquica,
que hoje o envolve. A realidade da imortalidade está a ponto de ser provada
cientificamente. Já foi comprovada a sobrevivência de determinado fator, se bem que
o demonstrado como sobrevivente, não é em si, intrinsecamente imortal. A natureza
real da alma e sua sobrevivência, frente à eterna vivência, são uma só e mesma coisa
e não foram ainda comprovadas cientificamente. Entretanto, são verdades conhecidas
e aceitas hoje por milhões de homens e por inumeráveis intelectuais, os quais - a
menos que constitua um histerismo e engano coletivo - têm pressentido sua
existência.
57
Buda é o Instrutor ao qual nos referiremos a seguir, apesar de haverem existido
outros, entre Sua época e a de Vyasa. Durante esses séculos, cuja história é
relativamente obscura e vaga, a inteligência dos homens se desenvolvia rapidamente,
e a percepção investigadora do gênero humano se apresentava cada vez mais ativa. As
indagações - para as quais não existe uma aparente nem mesmo fácil resposta - foram
formuladas por um grupo de pensadores da Índia, representando os pensadores de
todos os países de então. Propuseram repetidas perguntas sobre por que existem a
dor e a miséria em todos os recantos da Terra e em cada vida; qual seria a causa disto
e que se deveria fazer para melhorar as condições de vida; queriam saber,
igualmente, qual era o princípio integrante do homem; se era a alma e se existia um
eu. O Buda veio para dar a resposta a todas essas indagações e firmar as bases de um
enfoque mais iluminado à vida, difundindo os ensinamentos que preparariam o
caminho para o trabalho do Cristo, que, Ele sabia, haveria de seguir Seus passos.
É interessante relembrar que, quando veio o Buda, aproximadamente
quinhentos anos antes de Cristo (pois a data exata do nascimento de Cristo ainda se
discute), podiam sentir-se as primeiras tênues influências da Era Pisciana fazendo
impacto sobre a poderosa qualidade da era de Áries, a vítima propiciatória ou o
carneiro. Foi a influência dessa era - persistindo através da dispensação judaica - que
conduziu, finalmente, à deformação dos simples ensinamentos de Cristo, quando Ele
veio. Foi apresentado, erroneamente, ao mundo como a vivente vítima propiciatória
que carregou com os pecados da humanidade, originando, assim, a doutrina da
expiação vicária. São Paulo foi o responsável por isso. Um exemplo análogo de
distorção, também teve origem judaica, aparecendo nas primeiras etapas do ciclo de
Áries, o carneiro. Afirmou-se que os Filhos de Israel se prosternaram ante o bezerro
de ouro, o símbolo de Taurus, o touro, e o adoraram; este foi o ciclo astronômico
precedente, cujos períodos são ciclos astronômicos e não signos astrológicos. Nas
primeiras etapas de Áries, o ensinamento retrocedeu ao de Taurus, e nas primeiras
etapas de Piscis retrogradou ao de Áries, e assim se iniciou a regressão do
ensinamento que agora domina a tantos cristãos ortodoxos.
Buda respondeu às interrogações de Sua época, difundindo as Quatro Nobres
Verdades, que esclarecem, satisfatoriamente, o eterno porquê do homem. Estas
verdades podem ser sintetizadas da seguinte maneira: Buda ensinou que a miséria e
o sofrimento eram produzidos pelo próprio homem, e que a tendência do ser
humano para o indesejável, efêmero e material, é a causa de todo desespero, ódio e
competição, e a razão pela qual o homem vive no reino da morte - o reino da vida
material, que é a verdadeira morte do espírito. Buda fez uma excepcional abordagem
dos ensinamentos disseminados por Hércules e Vyasa, e coadjuvou na estruturação
da verdade que Entre estes dois grandes Instrutores, Buda e Cristo, apareceram
instrutores menores, a fim de ampliar as verdades fundamentais já dadas. Entre
estes, Sankaracharya foi um dos mais importantes, porque deu profundas instruções
sobre a natureza do Eu. Também deve ser citado Shri Krisna, o Instrutor que figura no
Bhagavad-Gita, e que muitos creem ter sido uma encarnação anterior do Cristo.
Desta maneira, as verdades fundamentais sobre as quais se baseia a relação com
Deus (e, portanto, com nossos semelhantes), são sempre difundidas pelo Filho de
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Deus que, em um determinado período mundial, é o Guia instrutor da Hierarquia
espiritual.
A seu devido tempo, o Cristo veio e deu ao mundo (sobretudo por intermédio de
Seus discípulos) duas verdades principais: a realidade da existência da alma humana
e, em segundo lugar, o sistema do serviço como meio (emprego esta frase
deliberadamente) para estabelecer corretas relações - com Deus e com os nossos
semelhantes. Disse aos homens que todos eram filhos de Deus, no mesmo sentido
que Ele; apresentou de muitas maneiras simbólicas o que era e quem era Ele,
assegurando-lhes que podiam fazer coisas ainda mais grandiosas, porque eram tão
divinos como Ele. Estas coisas mais grandiosas, a humanidade já as fez, no plano
físico. Também controlou sua natureza, como Cristo sabia que os homens o fariam,
porque conhecia a atuação da Lei de Evolução. Ensinou que o serviço constituía a
chave da libertação. Também lhes ensinou, por meio de Sua própria vida, a técnica de
servir, fazendo o bem, curando enfermos, predicando e instruindo sobre as coisas do
Reino de Deus e dando de comer, física e espiritualmente, aos famintos. Fez da vida
cotidiana um âmbito divino de vivência espiritual, acentuando, assim, o ensinamento
de Buda, de não desejar nada para o eu separado. Assim Cristo ensinou, amou e
viveu, levando adiante a magna continuidade da revelação e do ensinamento
hierárquico; entrou, então, no arcano, deixando-nos Seu exemplo para que
pudéssemos seguir Seus passos (Pedro 2,21), imitando-o em Sua fé na divindade, em
Seu serviço e em Sua capacidade para penetrar nessa esfera de consciência e nesse
campo de atividade, a que chamamos a verdadeira igreja de Cristo, a Hierarquia
espiritual - atualmente invisível - de nosso planeta, o verdadeiro Reino de Deus. O véu
que oculta a verdadeira igreja está por desaparecer e o Cristo está a ponto de
reaparecer.
A luz do passado e das atuais necessidades da humanidade, às quais o Cristo e a
Hierarquia devem satisfazer, que ensinamento será difundido desta vez? Tal é a
pergunta formulada agora por Seus discípulos. Provavelmente, Sua instrução versará
sobre quatro pontos. Faríamos bem em considerarmos cada um em separado, e nos
empenharemos em compreender e preparar a mente humana para receber aquilo
que Ele há de dar.

I. O Estabelecimento de Corretas Relações Humanas


A frase "corretas relações humanas" é hoje muito discutida; cada vez se
compreende mais que constitui uma imperiosa necessidade humana e a única
esperança de paz e segurança. As errôneas relações humanas atingiram uma etapa
difícil, que todos os aspectos da vida humana se acham em estado caótico; todos os
setores da vida diária estão envolvidos - familiar, comunal, relações comerciais,
contatos políticos e religiosos, a atividade governamental e a vida comum dos povos,
inclusive as relações internacionais. Em toda parte existe ódio, competição,
desarmonia, luta de partidos, murmúrios e escândalos vis, profunda desconfiança entre
os homens e as nações, entre o capital e o trabalho, e entre as inumeráveis seitas,
igrejas e religiões. Entre seita e igreja a diferença é, no fundo, somente uma questão de
59
grau, de princípio histórico; é uma diferença de interpretação, de lealdade fanática a
uma verdade favorita, e sempre - exclusivismo, que é contrária ao ensinamento cristão.
Em nenhuma parte existem paz e compreensão; só uma pequena minoria, em
comparação com os habitantes da Terra, luta para estabelecer essas condições que
conduzirão a pacíficas e felizes relações.
A força desta minoria combatente, que luta pela paz e por corretas relações,
reside em que o trabalho que trata de realizar está de acordo com a intenção e com o
propósito divinos. O Cristo planeja reaparecer em meio a este caos de interesses em
conflito, competitivos e em luta. Pedir-lhes-ia que contemplassem a horrível realidade
que Ele deve enfrentar, e a necessidade de que haja certa ordem no mundo, para que
possam ser enunciados certos princípios fundamentais e, parcialmente pelo menos,
aceitos, antes que Ele possa trabalhar com êxito entre os homens. Se aparecesse agora,
Sua voz não poderia ser ouvida, porque a algazarra das discussões humanas é
demasiado estridente; se procurasse chamar a atenção da humanidade, ainda que o
fizesse por meio do profético som da trombeta (Mateus 24,31), simplesmente se diria
que se anuncia a Si mesmo; se predicasse e ensinasse, atrairia, primeiramente, aqueles
que simpatizam com Sua mensagem, ou ver-se-ia rodeado pelos ingênuos e os
crédulos, como ocorre sempre com todo novo Instrutor, seja qual for seu ensinamento.
A maioria dos seres humanos está demasiada faminta, esgotada psiquicamente,
perplexa e angustiada, bem como insegura de seu futuro, sua liberdade, sua segurança,
para estar em condições de escutá-Lo.
Pode-se assegurar que não virá como um herói vitorioso, como têm feito crer as
interpretações dos instrutores de teologia, porque dessa maneira não seria
identificado, senão simplesmente classificado como um militar a mais, dentre os que já
temos bastante; não virá como o Messias dos judeus, para salvar nesta qualidade a
chamada Terra Santa e a cidade de Jerusalém, pois Ele pertence a todo o mundo e nem
os judeus nem qualquer outro povo têm direitos ou privilégios especiais para reclamá-
Lo como próprio; tampouco virá para converter os "pagãos" pois aos olhos de Cristo e
de Seus discípulos tal mundo não existe, sendo de notar que os denominados pagãos
têm demonstrado, historicamente, menos perversidade e antagonismo que o mundo
cristão militante. A história das nações cristãs e da igreja cristã tem sido de uma
militância agressiva - o que jamais desejou o Cristo, quando tratou de estabelecer a
Igreja na Terra.
Quando de sua vinda anterior, disse (e Suas palavras têm sido, lamentavelmente,
mal interpretadas): "Não vim para trazer paz senão espada" (Mateus 10,34). Isto será
verdade especialmente durante os primeiros dias de Seu advento. A espada que Ele
empunha é a espada do Espírito; é a que separa a verdadeira espiritualidade do
materialismo. O principal efeito de Sua aparição será demonstrar, seguramente, em
toda parte, o que produz um espírito de inclusividade canalizado ou expresso através
d’Ele. Todos os que tratam de estabelecer corretas relações humanas se unirão,
automaticamente a Ele, pertençam ou não a alguma das grandes religiões mundiais;
todos aqueles que não fazem distinção fundamental, nem real entre uma religião e
outra, um homem e outro homem e uma nação e outra nação, reunir-se-ão ao Seu
redor; aqueles que personificam um espírito de exclusivismo e separatividade, ficarão
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análoga e automaticamente, a descoberto e serão conhecidos pelo que são. A divisora
espada do Espírito trará sem ferir a revelação e indicará o primeiro passo a dar para a
regeneração humana.
Permanecendo como o ponto focal do Triângulo interno formado pelo Buda, pelo
Espírito de Paz e pelo Avatar de Síntese, a força que emanará de Cristo será tão
poderosa, que a diferença entre amor e ódio, agressão e liberdade, cobiça e
generosidade, por-se-á em evidência ante os olhos e a mente de todos os homens,
esclarecendo, portanto, a distinção existente entre o bem e o mal. A prece invocativa:
"Do ponto de Amor no Coração de Deus, flua amor aos corações dos homens",
cumprir-se-á. Cristo liberará sobre o mundo dos homens, a potência e a energia
características do amor intuitivo. Os resultados obtidos da distribuição desta energia
serão dois:
1 - Um número incontável de homens e mulheres se agruparão em todos os
países para promover a boa vontade e corretas relações humanas. Este número será
tão grande que, de uma minoria relativamente pequena e de pouca importância, se
converterá na maior e mais influente força do mundo. Por seu intermédio, o Novo
Grupo de Servidores do Mundo poderá trabalhar com êxito.
2 - Esta energia ativa de compreensão amorosa iniciará uma enorme reação
contra o poder do ódio. Odiar, isolar-se e ser exclusivista, será considerado como o
único pecado, porque se reconhecerá que todos os pecados, considerados
atualmente como tais, provêm do ódio e do seu produto, a consciência anti-social. O
ódio e suas consequências constituem o verdadeiro pecado contra o Espírito Santo, a
respeito de que tanto têm debatido os comentaristas, passando por alto (em sua
necessidade) a simplicidade e propriedade da correta definição do mesmo pecado:
O poder do impacto hierárquico espiritual, através do Cristo e Seus discípulos
ativos, será tão grande, que a utilidade, a praticabilidade e a naturalidade das
corretas relações humanas chegarão a ser evidentes, que os assuntos mundiais serão
prontamente reajustados, inaugurando-se uma nova era de boa vontade e paz sobre
a Terra. A nova cultura e a nova civilização serão, então, possíveis.
Isto não é a descrição otimista de um acontecimento místico e impossível. Não se
baseia em um anelo ou em uma cega esperança. Os discípulos do Cristo predicam, já,
a doutrina das corretas relações humanas. Homens e mulheres de boa vontade estão
se esforçando em demonstrar que somente através disto poderá reinar a paz, no
campo das relações internacionais. Ao apresentar a verdadeira "vivência" que o
Cristo demonstrará ao mundo dos pensadores, logicamente não terão cabimento
nem o exclusivismo nem o separatismo, porque a "vida mais abundante" (que Ele
trata de canalizar para todos nós) é uma corrente que flui livremente, arrasando os
obstáculos e barreiras, fazendo circular em forma ininterrupta a verdade e a vida
mesma - sendo o amor a qualidade essencial de ambas.
Todas as religiões mundiais têm proclamado o fato de que Deus é,
essencialmente, Amor e Vida, como também Inteligência. Essa vida contém em si
mesma a qualidade essencial da Vontade de Deus, como também Seu amor. Ambos
são igualmente importantes, porque essa vontade está qualificada pelo amor. Até
agora, os homens nada conheciam da natureza real da vivência energizada pelo amor
61
e pela vontade, exceto através de um vago conceito teórico. O reaparecimento do
Cristo estabelecerá a realidade desta vivência divina; a obra que Ele efetuará -
ajudado por Seus discípulos - manifestará o amor e o propósito divinos que se
ocultam por trás de toda experiência fenomênica.
O estabelecimento de corretas relações humanas é um aspecto da vontade
divina que a humanidade deve cumprir, e a fase seguinte da expressão divina que se
há de manifestar nos assuntos humanos - individuais, comunais e internacionais.
Nada impedirá que se manifeste esta expressão divina, exceto o fator tempo, e este é
determinado pela humanidade, sendo uma exteriorização do livre-arbítrio divino. A
intenção e expressão divinas podem manifestar-se lenta ou rapidamente, segundo o
decida o homem; até agora, escolheu a manifestação lenta - muito lenta. É aqui que
se porá em relevo o livre-arbítrio da vontade humana. Devido a que a divindade é
imanente ou está presente em todas as formas, e portanto, em todos os seres
humanos, aquela Vontade divina deve ser cumprida, oportunamente; devido ao
intenso materialismo de todas as formas, na atualidade, (falando esotericamente),
sua expressão tem sido retardada; a vontade do homem não tem consistido em
estabelecer corretas relações humanas. Daí, a disciplina imposta pela guerra, a
tortura das formas e o sofrimento do humano viver atual.
Ditos fatores estão produzindo uma transformação ampla e geral; um indício
disto pode ser facilmente observado pelas pessoas espiritualmente orientadas. Tais
pessoas estão continuamente exclamando (como Cristo no Horto de Getsêmani),
"Que se cumpra a Vontade de Deus" (Mateus 26,39). Repetem-no, ignorantemente, e
às vezes sem esperanças, evidenciando, porém, um processo geral de reorientação
espiritual, submissão e conformidade. O Cristo demonstrou esta submissão quando
disse: "Porque desci do céu, não para fazer minha vontade, mas a vontade Daquele
que me enviou" (João 6,38). Deu provas de Sua conformidade quando exclamou:
"Pai, faça-se Tua vontade e não a minha". A submissão contém em si os
elementos do triunfo, impostos pela força das circunstâncias, e a aceitação quase
cega, submetendo-se àquilo que se lhe impõe. A conformidade leva em si, como
elemento, uma inteligência compreensiva, e isto significa um grande passo adiante.
Ambas admitem a existência de uma divina vontade influente, na vida da
humanidade atual; constituem, também, uma preparação para o reconhecimento da
obra que o Cristo há de realizar, a fim de estabelecer corretas relações humanas.
Atualmente, a submissão da humanidade à vontade divina é negativa; a verdadeira
submissão é uma atitude positiva, de expectativa espiritual, que conduz,
oportunamente, a uma conformidade positiva.
Pode-se observar já uma expectativa espiritual; compete ao Novo Grupo de
Servidores do Mundo intensificá-la. Têm, também, que fomentar a submissão
espiritual e a conformidade inteligente das massas que, em geral, se dividem em duas
classes, expressando ambas as atitudes; tais fatores de submissão, expectativa e
conformidade se acham latentes em todos os homens. Estas três forças divinas
permitirão ao homem responder à mensagem de Cristo, sendo, pois, muito mais fácil
sacrificar-se, desinteressadamente, comprometer-se inteligentemente e captar os
inumeráveis e diversificados pontos de vista (indispensáveis para o estabelecimento
62
de corretas relações humanas).
Seria conveniente refletir sobre quais são os fatores existentes na submissão e
na conformidade. Nelas estão compreendidos, o estabelecimento de corretas
relações humanas, abdicação, renúncia, submissão aos fatos existentes e obediência
à lei divina. Isto é o que Cristo demonstrou anteriormente, e estas são as coisas que
Ele ajudará a humanidade a aceitar com entusiasmo e compreensão. Isto trará a
felicidade. A felicidade é uma lição, aliás, difícil de aprender; ela é uma experiência
totalmente nova para a humanidade e o Cristo deverá ensinar os seres humanos
como desfrutá-la corretamente, como superar os antigos hábitos do sofrimento e
assim compreender o significado da verdadeira alegria. Entretanto, não virá somente
para ensinar aos homens a necessidade de estabelecer corretas relações humanas,
senão também para que saibam como estabelecê-las com todo êxito, eles próprios.

II. O Cristo Ensinará a Lei de Renascimento


Esta lei deriva, principalmente, da Lei de Evolução. Nunca foi captada nem
compreendida, devidamente, no Ocidente. Tampouco demonstrou ser de utilidade
no Oriente, onde é aceita como princípio diretivo da vida, pois seu efeito tem sido
narcotizador e agido em detrimento do progresso. O estudante oriental considera
que ela lhe dá sobra de tempo, negando, assim, todo esforço para alcançar uma
meta. O cristão comum confunde a Lei de Renascimento com "a transmigração das
almas" e, frequentemente, crê que esta lei significa a passagem dos seres humanos
para os corpos de animais ou de formas inferiores de vida, o que é errôneo. A medida
que a vida de Deus progride de uma forma à outra, a vida dos reinos sub-humanos
também progride das formas minerais para as vegetais e destas para as formas
animais; da etapa animal a vida de Deus passa ao reino humano e se torna sujeita à
Lei de Renascimento e não à Lei de Transmigração. Para os que têm alguma noção da
Lei do Renascimento ou Reencarnação, esse conceito parecerá ridículo.
A doutrina ou teoria da Reencarnação horroriza o cristão ortodoxo. Porém, se
lhes formula a pergunta que os discípulos fizeram a Cristo, a respeito do cego: "Rabi,
quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?" (João 9,2), rejeitam as
implicações; ou melhor, motejam ou demonstram perplexidade. A apresentação ao
mundo do pensamento feita pelo ocultista comum ou pelo expoente teosofista tem
sido deplorável, devido a que a expôs em forma confusa. Tudo o que se pode dizer é
que familiarizaram o público com a teoria. Entretanto, se houvesse sido apresentada
com maior inteligência, sua aceitação no Ocidente teria sido mais generalizada.
Se a meta das corretas relações humanas for ensinada universalmente pelo
Cristo, a ênfase de Seu ensinamento deve recair, então, na Lei de Renascimento. Isso é
inevitável devido a que o reconhecimento desta lei trará, paralelamente, a solução de
todos os problemas da humanidade, e a resposta a muitas de suas indagações.
Esta doutrina será uma das notas-chave da nova religião mundial, como também
um agente esclarecedor para uma melhor compreensão dos problemas do mundo.
Quando o Cristo esteve aqui, anteriormente, em pessoa, pôs em relevo a realidade da
alma e o valor do indivíduo. Disse aos homens que podiam ser salvos pela vida da
alma e pelo Cristo que reside no coração humano. Disse, ademais, "que o que não
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nascesse de novo não poderia ver o Reino de Deus" (João 3,3). Somente as almas
podem ser cidadãos deste Reino, e esse privilégio foi o que ofereceu pela primeira vez
à humanidade, dando, assim, aos homens a visão de uma possibilidade divina e um
fim inalterável de toda a experiência. Disse-lhes: "Sede, pois, perfeitos como vosso Pai
celestial é perfeito" (Mateus 5,48).
Desta vez, ensinará os homens o método pelo qual esta possibilidade poderá
converter-se em um fato consumado - pelo constante retorno da alma reencarnante à
escola da Vida na Terra, a fim de submeter-se ao processo de aperfeiçoamento, do
qual Ele foi o exemplo culminante. Tal é o significado e o ensinamento da
reencarnação. Em seu livro Novas Moradas para Novos Homens, página 123, Dane
Rudhyar define, satisfatoriamente, este misterioso processo cósmico e humano,
dizendo: "A estrutura individual a nova manifestação está, por força, condicionada por
tudo o que não se realizou no passado; pelos remanescentes, os fracassos do passado
- achados nos registros da natureza, na memória da substância universal". A história
de todo ser humano está contida nessas palavras.
Deve-se levar em conta que, praticamente, todos os grupos e escritos esotéricos
têm posto de relevo, irrefletidamente, a questão das passadas encarnações e sua
recordação, que resultam impossível de serem constatadas, porque qualquer um pode
dizer e afirmar o que bem lhe aprouver; o ensinamento se tem baseado em leis
inexistentes que se supõe regerem a equação tempo e o intervalo entre uma vida e
outra, esquecendo-se que o tempo é um produto da consciência cerebral, que não
tem existência fora do cérebro; a ênfase tem sido posta sobre um falso conceito a
respeito do relacionamento: O ensinamento (até agora difundido sobre a
Reencarnação) foi mais prejudicial que proveitoso. Dela só resta um fator de valor: a
existência da Lei do Renascimento que agora é discutida por alguns e aceita por
milhares.
Pouco sabemos além do fato de que tal lei existe. Aqueles que conhecem, por
experiência, a realidade deste retorno, repelem, de plano, os pormenores fantásticos
e improváveis que os grupos teosóficos e ocultistas expõem como realidades. A lei
existe, porém nada sabemos acerca de seu mecanismo. Muito pouco se pode dizer a
respeito dela que seja exato, e isto não pode ser refutado.
1 - A Lei do Renascimento é uma grande lei natural de nosso planeta.
2 – É um processo estabelecido e levado a cabo de acordo com a Lei de Evolução.
3 - Está intimamente relacionada com a Lei de Causa e Efeito e por ela
condicionada.
4 – É um processo de desenvolvimento progressivo que permite ao homem
avançar desde o materialismo irracional mais grosseiro, até uma perfeição espiritual e
uma inteligente percepção, que lhe permitirão chegar a ser um membro do Reino de
Deus.
5 - Explica as diferenças que existem entre os homens e - em conexão com a Lei
de Causa e Efeito (denominada Lei do Karma no Oriente) - explica as diferentes
circunstâncias e atitudes para com a vida.
6 – É a expressão do aspecto vontade da alma e não o resultado da decisão de
uma forma material; é a alma que existe em todas as formas que reencarna,
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escolhendo e construindo os adequados veículos físico, emocional e mental, com os
quais pode aprender as lições necessárias.
7 - A Lei de Renascimento (no que concerne à humanidade) entra em vigência no
plano da alma. A encarnação é motivada e dirigida desde o nível da alma, no plano
mental.
8 - As almas encarnam, ciclicamente, em grupos, de acordo com a Lei, a fim de
estabelecer corretas relações com Deus e com seus semelhantes.
9 - O desenvolvimento progressivo, de conformidade com a Lei do Renascimento,
está condicionado, em grande parte, pelo princípio mental "assim como o homem
pensa em seu coração, assim ele é". Estas breves palavras merecem uma cuidadosa
reflexão.
10 - Sob a Lei do Renascimento, o ser humano lentamente desenvolve sua mente,
logo esta começa, a controlar o sentimento, a natureza emocional e, finalmente, revela
ao homem sua alma, natureza e meio ambiente.
11 - Nessa etapa do desenvolvimento, o homem começa a percorrer o Caminho de
Retorno e se dirige, paulatinamente, depois de muitas vidas, para o Reino de Deus.
12 - Quando o homem - devido à mentalidade desenvolvida, à sabedoria
adquirida, ao serviço prático prestado e à compreensão - aprendeu a nada pedir para o
eu separado, então já não deseja viver nos três mundos e se libera da Lei do
Renascimento.
13 - Então, é consciente do grupo, da alma de seu grupo e da alma de todas as
formas, alcançando, tal como Cristo dissera, uma etapa de perfeição crística, chegando
"à Medida da estatura da plenitude de Cristo" (Ef. 4,13).
Nenhuma pessoa inteligente tratará de ver mais além desta ampla generalização.
Quando o Cristo reaparecer, possuiremos um conhecimento mais realista e verdadeiro,
saberemos que estamos eternamente vinculados às almas de todos os homens e
definitivamente relacionados com aqueles que reencarnam conosco, que estão
aprendendo as mesmas lições e experimentando e passando pelas mesmas
experiências que nós. Este reconhecimento, comprovado e aceito, regenerará a própria
origem da vida humana. Sabemos que todas as nossas dificuldades e problemas
provêm do fato de não aceitar as responsabilidades e obrigações impostas por esta Lei
fundamental. Através dela aprendemos, gradualmente, a reger nossas atividades por
seu justo poder restritivo. A Lei do Renascimento encerra em si o conhecimento
prático de que os homens necessitam, atualmente, para conduzir, reta e
corretamente, suas vidas, nos aspectos religioso, político, econômico, comunal e
privado, estabelecendo, assim, corretas relações com a vida divina que existe em
todas as formas.

III. A Revelação dos Mistérios da Iniciação


Grande parte do que se expõe nestas páginas concerne, em realidade, à aparição
do Reino de Deus - aparição que agora pode ter lugar devido a três fatores:
1 - Ao crescimento desse Reino na Terra, com os milhares de pessoas que aceitam
suas leis e se esforçam por viver de acordo com suas normas e espírito.
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2 - Ao fato de que os sinais do tempo e a imperante necessidade da humanidade
evocaram o Cristo, e Ele decidiu reaparecer.
3 - A que a demanda invocadora da humanidade ascendente, continuamente, até
"o lugar secreto do Altíssimo" e a Hierarquia projeta aparecer conjuntamente com o
Cristo e restabelecer a Lei do Espírito sobre a Terra. O momento da restauração dos
antigos Mistérios chegou.
Estes fatos foram divulgados amplamente, durante os últimos anos, como
resultado da depuração levada a efeito no mundo, pela guerra mundial (1914-1945),
como também pelo sofrimento a que tem sido submetida a humanidade (com um
poder igualmente purificador e poderoso, que manifestar-se-á posteriormente).
Então, será possível à Hierarquia, a Igreja de Cristo, até agora invisível, exteriorizar-se
e atuar, abertamente, no plano físico. Isto significa retornar à situação que existia na
época Atlântida, quando (empregando a simbologia bíblica, conforme o Gênesis, Capo
2 e 3) Deus mesmo caminhou entre os homens; Ele falava, então, com eles, não
existindo barreiras entre o Reino dos homens e o Reino de Deus. A divindade estava,
então, presente em forma física, e os Membros da Hierarquia espiritual guiavam e
dirigiam, abertamente, os assuntos da humanidade, até onde permitia o inato livre-ar-
bítrio do homem. Hoje, num futuro próximo, e num passo mais alto da espiral da vida,
isto voltará a ocorrer. Os Mestres caminharão, livremente, entre os homens, e Cristo
reaparecerá, fisicamente. Também restaurar-se-ão os antigos Mistérios. Serão,
novamente, reconhecidos os antigos marcos que a Maçonaria preservou, com tanto
empenho, e conservou até agora, nos rituais maçônicos, esperando o dia da
restauração e da ressurreição.
Estes antigos Mistérios foram, originalmente, dados à humanidade pela
Hierarquia e contêm a chave do processo evolutivo, oculto nos números, nos rituais,
palavras e símbolos, velando o enigma do destino e origem do homem,
representando para ele, por meio do rito e do ritual, o largo Caminho que deve
palmilhar para retornar à luz. Proporcionam, outrossim, (quando esse rito e ritual são
interpretados e representados corretamente) o ensinamento de que necessita a
humanidade para poder passar da obscuridade à Luz, do irreal ao Real e da morte à
Imortalidade. O verdadeiro maçon que compreende, ainda que em pequena escala, o
significado dos três graus da Loja Azul, bem como as implicações daquilo de que
participa, dará exato valor às frases mencionadas e reconhecerá o significado dos
referidos graus. Menciono isto com fins maçônicos, pois está intimamente
relacionado com a restauração dos Mistérios que contiveram, no transcurso das
épocas, a chave da tão largamente esperada restauração da estrutura que fun-
damentará o necessário ensinamento, e exporá (quando se libere das nomenclaturas
e denominações judias, já caducas, se bem que corretas até três mil anos atrás) a
história do progresso do homem no Caminho do Retorno.
Tais são os Mistérios que o Cristo restaurará, quando reaparecer, reavivando em
forma nova as igrejas e restaurando o Mistério oculto, perdido há muito tempo,
devido ao seu materialismo. A Maçonaria também perdeu a verdadeira vivência que
um dia possuiu, porém, tanto em suas formas como em seu ritual, a verdade está
conservada e poderá ser recuperada, e o Cristo fará isto. Fará reviver, ademais, em
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forma desconhecida, pois nem todos acorrerão à Igreja ou à Maçonaria para
revitalizar sua vida espiritual. Os verdadeiros Mistérios também revelar-se-ão através
da ciência, e o Cristo proporcionará o incentivo para a sua busca. Os Mistérios
encerram, em suas fórmulas e ensinamentos, a chave para a ciência, que desvelará o
mistério da eletricidade - a mais elevada ciência espiritual e esfera de conhecimento
divino, no mundo - apenas tocada superficialmente. Somente quando a Hierarquia
estiver presente, visivelmente, na Terra, e sejam revelados ao mundo os Mistérios,
dos quais os discípulos de Cristo são guardiães, será dado a conhecer o verdadeiro
segredo da natureza dos fenômenos elétricos.
Em última instância, os Mistérios constituem a verdadeira fonte de revelação, a
qual só poderá captar-se sem perigo, em toda sua amplitude, quando a mente e a
vontade para o bem estejam estreitamente unidas e fundidas, condicionando a
conduta humana. Existem energias e forças planetárias que os homens não têm
controlado nem podem controlar. Nada sabem a respeito delas e, não obstante, a
vida do planeta delas depende; estão intimamente relacionadas com os
inapreciáveis poderes psíquicos, tão estupidamente encarados, hoje em dia, e
ignorantemente empregados. Ditos poderes - quando corretamente determinados e
utilizados - serão de grande utilidade para as ciências que os Mistérios revelarão.
O Mistério das idades está em vésperas de ser revelado, e isto acontecerá
quando o Cristo reaparecer. As Escrituras sempre profetizaram que ao fim da Era
revelar-se-ia o que está secreto e surgiria à luz do dia o que até agora permaneceu
oculto. Como sabemos, o presente ciclo assinala o fim da era de Piscis, e os próximos
duzentos anos verão a abolição da morte, ou melhor, de nossos equivocados
conceitos a respeito dela, e o firme estabelecimento da realidade da existência da
alma. Então, saber-se-á que esta é uma entidade, um impulso propulsor e que uma
força espiritual se acha detrás de todas as formas manifestadas. Há dois mil anos, o
trabalho de Cristo consistiu em proclamar certas grandes possibilidades e a
existência de grandes poderes. Quando Ele reaparecer, Sua tarefa consistirá em
provar a realidade destas possibilidades e revelar a verdadeira natureza e potência
do homem. Sua afirmação de que todos somos filhos de Deus e temos um Pai
universal, em um futuro próximo não mais será considerada como uma formosa
assertiva mística e simbólica, senão uma provada enunciação científica. Nossa
fraternidade universal e imortalidade essencial serão comprovadas como realidades
da natureza.
Hoje, está-se preparando o terreno para a magna restauração que Cristo levará
a efeito. As religiões mundiais, (incluindo a cristã) e a Maçonaria, estão sendo
julgadas pela mente crítica humana; tem-se aceito, quase unanimemente, que
ambas fracassaram na tarefa determinada pela divindade. Compreende-se, em toda
parte, que deve afluir uma vida nova, e isto implicará uma nova visão e uma nova
maneira de encarar as condições da vida e isto somente o Cristo pode ensinar-nos e
ajudar-nos a conseguir. Segundo reza uma antiga Escritura:
"O que foi um mistério deixará de sê-lo e aquilo que tem estado oculto agora
será revelado; o que tem estado velado surgirá à luz e engrandecerá essa luz e todos
os homens verão e se regozijarão. Chegará o momento em que a destruição terá
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realizado o seu trabalho benéfico; então, os homens, pelo sofrimento, buscarão aquilo
que rejeitaram. Em vã persecução, buscaram o que tinham à mão e era fácil de
alcançar. Quando o possuíram comprovou-se que era um agente da morte. Não
obstante, buscaram sempre a vida e não a morte".
E o Cristo lhes trará vida, e vida abundante.
Muito se fala hoje, a respeito dos mistérios da iniciação. Em todos os países
proliferam os falsos instrutores, que ensinam os pseudo-mistérios, oferecendo
espúrias iniciações (geralmente pagas e com diploma), desorientando, assim, as
pessoas. O próprio Cristo disse que existiria tal estado de coisas, antes que Ele viesse
e que em toda parte os falsos e os espúrios se proclamariam a si mesmos. Isto não é
mais que a evidência de Sua vinda. A falsificação sempre garante o genuíno. As
palavras, discussões e pretensões absurdas; o pseudo-ocultismo e os esforços fúteis
para "receber uma iniciação" (frase ambígua que os instrutores e teósofos ignorantes
têm cunhado para expressar uma profunda experiência espiritual), caracterizaram o
ensinamento esotérico, desde sua moderna aparição, em 1875. Então, H. P. Blavatsky
apresentou ao mundo ocidental a realidade da existência dos grandes discípulos e
Mestres de Sabedoria, que se achavam na Terra, e obedeciam ao Cristo. Mais tarde,
arrependeu-se, profundamente, de havê-lo dito, segundo confessa em alguns de seus
escritos dirigidos a seu Grupo Esotérico. Entretanto, o que fez formava parte de um
grande plano, e não foi um erro. O erro consistiu nas interpretações e reações
violentas dos teósofos dessa época, fato que ainda não reconheceram. Esta estúpida
reação foi ajudada e apoiada pela natureza investigadora da humanidade, como
também pela aspiração a que isso trouxe a par. Os homens crédulos e os
comerciantes ambiciosos exploraram o tema e ainda continuam assim procedendo.
Não obstante, o efeito final destas estultices e erros de apresentação resultaram
proveitosos. Em todos os países existem, atualmente, os homens que são conscientes
da existência dos Mestres e da possibilidade e oportunidade oferecidas para um
progresso espiritual científico que os converterá em membros do Reino de Deus. As
igrejas fizeram caso omisso disso, considerando a ciência, especialmente na era
vitoriana, como um arqui-inimigo.
Estas informações tão profusas, sobre os mistérios da iniciação - algumas delas
sendo evidências de uma verdade oculta, outras produto da imaginação, e as demais
instigadas com fins comerciais, têm preparado, definidamente, a humanidade, para
os ensinamentos que o Cristo dará, segundo se crê, quando estiver, novamente,
entre nós, em presença física.
Ainda que não queira o cristão ortodoxo admiti-lo, todo o Evangelho, em suas
quatro formas ou apresentações, quase não contém outra coisa que detalhes
simbólicos sobre os Mistérios, que são (no que à humanidade concerne) cinco, no
total. Ditos Mistérios indicam, em realidade, a história espiritual de um aspirante.
Também assinalam cinco importantes etapas, no progresso da consciência humana.
Conquanto incompreensível hoje, em certa etapa da era aquariana este progresso
será mais claro e definido. A humanidade, o discípulo mundial (por meio dos
diferentes grupos que se encontram em distintos graus de desenvolvimento)
"penetrará", durante os próximos dois mil anos, em novos estados de percepção e
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em novos reinos ou esferas mentais e espirituais de consciência.
Cada era deixou o reflexo de um quíntuplo desenvolvimento moderno. Falando
astronomicamente, quatro eras são passadas:
Gêminis, Taurus, Áries e Piseis. Atualmente, Aquário, a quinta, está entrando em
poder. Gêminis imprimiu o signo simbólico dos dois pilares sobre a Fraternidade
maçônica daquela época, e os dois pilares Joachin e Boaz - dando os nomes judeus
que não são, certamente, os verdadeiros - apareceram há dois mil anos,
aproximadamente. Depois seguiu-se Taurus, o touro, época em que Mithra veio
como Instrutor do mundo e instituiu os mistérios de Mithra, com uma (aparente)
adoração ao touro. Logo seguiu-se Áries, o carneiro, que viu o começo da
dispensação judaica, tão importante para os judeus e, desafortunadamente, também
para a religião cristã, porém sem importância para os inumeráveis seres humanos de
outras partes do mundo. Durante este ciclo, veio o Buda, Shri Krisna e
Sankaracharya. Finalmente, temos a era de Piscis, peixes, que nos trouxe o Cristo. A
sequencia dos Mistérios personificados em cada um dos signos do zodíaco, será
esclarecida pelo Cristo, pois a consciência coletiva atual exige algo mais definido e
realmente espiritual que a astrologia moderna e o pseudo ocultismo, tão
amplamente difundido.
Na era que temos diante de nós, depois do reaparecimento do Cristo, centenas
de milhares de pessoas experimentarão algumas das grandes expansões de
consciência, porém, a reação das multidões será de renúncia (embora isto não
signifique, de nenhuma maneira, que estejam passando pela quarta iniciação);
renunciarão às normas materialistas que hoje dominam em todas as camadas da
família humana. Uma das lições que a humanidade deve aprender, no presente
(prelúdio da nova era), é saber quão poucas coisas materiais são realmente
necessárias para a vida e para a felicidade. A lição não foi ainda aprendida.
Entretanto, constitui, essencialmente, um dos valores que se hão de extrair deste
período de espantosas privações, pelo qual estão passando, diariamente, os homens.
A verdadeira tragédia reside no fato de que o hemisfério ocidental, especialmente os
Estados Unidos, não participem deste processo espiritual definido e vitalizador; são
presentemente demasiado egoístas para consenti-lo.
Por conseguinte, poderão ver que a iniciação não é um processo cerimonial, ou
um prêmio concedido a um bem sucedido aspirante; nem tampouco uma penetração
nos Mistérios - dos quais os da Maçonaria constituem, até agora, uma apresentação
gráfica - senão o resultado da "vivência" experimentada nos três mundos de
percepção (físico, emocional e mental), pondo em atividade - através desta vivência -
as células registradoras e memorizadoras da substância cerebral que até agora não
foram susceptíveis às impressões superiores. Através desta zona registradora em
expansão, ou, se prefere, através do aperfeiçoamento de um mecanismo registrador
mais refinado, ou instrumento de resposta, a mente pode converter-se em
transmissor dos valores elevados e da compreensão espiritual. Assim, o indivíduo
chega a ser consciente de zonas de existência divina e estados de consciência
eternamente presentes, porém que o indivíduo, constitucionalmente, é incapaz de
registrar ou fazer contato; nem a mente, nem o seu agente registrador, o cérebro,
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foram capazes de realizá-lo, sob o ângulo de seu desenvolvimento evolutivo.
Quando o farol da mente penetra, com lentidão, nos aspectos da mente divina,
até agora não reconhecidos; quando despertam as qualidades magnéticas do coração
e respondem sensitivamente a ambos aspectos, o homem se torna capacitado para
atuar nos novos reinos de luz, amor e serviço, que estão em processo de
desenvolvimento. Então, é um iniciado.
Estes são os mistérios, dos quais se ocupará o Cristo. Sua reconhecida Presença
entre nós e a de Seus discípulos, fará que progridam mais rapidamente que até agora.
O estímulo da Hierarquia objetiva aumenta potentemente, e a era de Aquário
presenciará a aceitação da grande Renúncia, por parte de tantos filhos dos homens,
assinalando que o esforço mundial será das mesmas proporções que o realizado para
educar, coletivamente, a humanidade, na era de Piscis. O materialismo, como
princípio de massa, será rechaçado, e os grandes valores espirituais assumirão um
maior controle.
A culminação de uma civilização, com sua tônica especial - as qualidades e os
dons legados à posteridade, refletindo sua intenção espiritual (com a participação de
todos os povos) - constitui uma das iniciações. Algum dia, a história se fundamentará
e se escreverá de acordo com as características do crescimento iniciático da
humanidade; para chegarmos a isso, devemos ter uma história erigida sobre o
desenvolvimento da humanidade, influenciada pelas grandes e fundamentais ideias.
Assim se escreverá a história, no futuro.
A cultura de um período determinado é simplesmente o reflexo da capacidade
criadora e da cabal consciência dos iniciados de sua época - os quais sabiam que eram
iniciados, sendo conscientes, também, de que entrariam em relação direta com a
Hierarquia. Na atualidade, não usamos nenhuma destas duas palavras, civilização e
cultura, em seu sentido correto ou em seu verdadeiro significado. A civilização é o
reflexo de alguma influência cíclica determinada, que conduz as massas a uma
iniciação. A cultura está esotericamente relacionada com aqueles que, em qualquer
era da civilização, em forma específica, cabalmente e com a consciência desperta,
penetram, mediante o esforço auto-iniciado, nos reinos internos da atividade mental,
a que chamamos mundo criador. Estes são os fatores responsáveis da civilização, em
seu aspecto externo.
O reaparecimento do Cristo assinala uma relação mais estreita entre os mundos
interno e externo do pensamento. O mundo de significados e o mundo de
experiência se fundirão, oportunamente, mediante o estímulo proporcionado pelo
advento da Hierarquia e de Seu Guia, o Cristo. Um enorme acréscimo de
compreensão e das relações será o principal resultado.

IV. A Dissipação da Fascinação


A palavra "deslumbramento", característica destacada do plano astral, nunca foi
corretamente empregada e, lamentavelmente, foi utilizada nos primeiros dias do
ensinamento esotérico. O assim chamado "plano astral" é simplesmente o nome
dado à soma total das reações sensoriais; à resposta sentimental e à substância
70
emocional que o homem mesmo criou e projetou com tanto êxito, sendo hoje a
vítima de sua própria obra. Oitenta por cento do ensinamento difundido sobre o
plano astral é parte da grande ilusão e também do mundo irreal a que nos referimos
quando pronunciamos a antiga prece: "Conduze-nos do irreal ao Real". O que se diz
sobre ele tem pouco fundamento. Entretanto, serviu a um propósito útil como campo
de experiência, em que podemos aprender a distinguir o verdadeiro do falso.
Ademais, constitui uma zona, na qual o aspirante pode empregar a faculdade
discriminadora da mente - a grande reveladora do erro e, oportunamente, da
verdade.
Quando aquela "mente estiver em nós que também está no Cristo" (Fil. 2,5),
verificaremos que o controle da natureza emocional e da área sensorial do consciente
(o plano astral, se preferem o termo) se tornará completo. Então, já não existirá o
controle exercido pelos sentidos nem sua esfera de influência. É irreal, exceto como
campo de serviço e como um reino através do qual perambulam os homens
desesperados e perplexos. O maior serviço que um homem pode prestar a seus
semelhantes é livrar-se, por si mesmo, do controle que exerce esse plano, dirigindo as
energias deste, mediante o poder do Cristo interno. Então, achará que as forças auto-
centradas e as energias dos desejos pessoais e do amor emocional serão substituídas
por uma energia vital, que pode ser sentida amplamente, conquanto não possa ainda
ser captada em sua essência pura, energia esta a que denominamos "amor de Deus".
É uma força que flui livremente; que se exterioriza e atrai magneticamente,
conduzindo cada peregrino de regresso à Morada do Pai. É essa força que agita o
coração da humanidade e encontra sua expressão através de Avatares tão grandes
quanto o Cristo; guia o anelo místico que se encontra em todo ser humano, e atua
através de todos os movimentos que têm por objetivo o bem-estar da humanidade,
mediante as tendências filantrópicas e educativas de toda classe, bem assim a
maternidade instintiva que se encontra em toda parte. Esta, porém, é,
essencialmente, uma sensibilidade grupal, e somente na Era de Aquário, como
resultado do reaparecimento do Cristo, sua verdadeira natureza será compreendida
corretamente, e o amor de Deus se expandirá em todo coração humano.
Cristo sabia muito a respeito deste mundo de fascinação e de ilusão,
demonstrando por Si mesmo que o amor verdadeiro poderia. controlá-lo. Parte das
três grandes tentações do Cristo, no deserto, se baseou nos três aspectos da
fascinação mundana: as ilusões que a mente cria, a fascinação no plano emocional da
experiência e a complexidade das circunstâncias terrenas. Todos ameaçavam
confundi-Lo, porém Ele as enfrentou, enunciando um claro e conhecido princípio, e
não com a argumentação de uma mente analítica. Com essa tríplice experiência,
partiu para amar, ensinar e curar. O Cristo - ao voltar - será o grande dissipador da
fascinação mundial. O caminho para isso foi preparado por Buda. A possibilidade de
tal dissipação e dispersão se acha definitivamente centralizada nos Avatares, Buda e
Cristo. Uma das coisas mais essenciais, na atualidade, é fazer a humanidade e as
nações do mundo compreenderem a natureza do trabalho por Eles empreendido, e
voltar a sublinhar as verdades projetadas, no contexto do pensamento mundial. A
tarefa do Senhor da Luz e a do Senhor do Amor deve ser apresentada de novo a um
71
mundo necessitado. Sobre isto poderia dizer-se que algumas nações necessitam de
compreender o ensinamento que Buda enunciou, nas Quatro Nobres Verdades. Devem
compreender que a causa de toda aflição e sofrimento reside no indevido abuso do
desejo - desejo pelo que é material e transitório. As Nações Unidas necessitam
aprender a aplicar a Lei do Amor, tal como está enunciada na vida do Cristo, e a
expressar a vitalidade que existe na verdade segundo a qual "nenhum de nós vive
para si" (Rom. 14,7), nem tampouco nação alguma; o objetivo de todo esforço
humano é a compreensão amorosa, impelida por um plano de amor e corretas
relações humanas, entre o gênero humano.
Se as vidas destes dois grandes Instrutores puderem ser compreendidas e Seus
ensinamentos aplicados hoje, novamente, à vida dos homens, ao mundo dos
assuntos humanos, ao reino do pensamento humano, ao diálogo político, assim como
ao intercâmbio econômico, então a presente ordem mundial (que em sua maior
parte é desordem), poderá ser de tal maneira modificada e mudada, que,
paulatinamente, uma nova ordem mundial e uma nova raça de homens surgirão.
Então, a fascinação e a ilusão mundiais serão dissipadas.
No mundo da fascinação - o mundo do plano astral das emoções - apareceu, há
séculos, um ponto de luz; O Senhor da Luz, Buda, empreendeu a tarefa de enfocar em
Si mesmo a iluminação que possibilitaria, oportunamente, a dissipação da fascinação.
No mundo da ilusão, o mundo do plano mental, apareceu Cristo, o Senhor do Amor.
Empreendeu a tarefa de fazer desaparecer a ilusão, atraindo para Si (pelo poder de
atração do amor), o coração de todos os homens, e afirmou esta determinação com
as palavras:
"E eu, quando for levantado da terra, a todos atrairei a Mim" (João 12,32).
O trabalho conjunto destes dois grandes Filhos de Deus, concentrado através dos
discípulos mundiais e de Seus iniciados, deve destruir, e inevitavelmente o fará, a
ilusão e dissipar a fascinação - um, mediante o reconhecimento intuitivo da realidade,
por parte das mentes sintonizadas com ela; e o outro, fazendo afluir a luz da razão.
Buda fez o primeiro esforço planetário, para romper com o deslumbramento
mundial; Cristo realizou o primeiro esforço planetário para dissipar a ilusão. Sua obra
deve ser levada adiante, agora, de maneira inteligente, por uma humanidade
suficientemente sábia para identificar seu dever.
A desilusão vai, rapidamente, se apoderando do homem, que, em consequência,
verá as coisas com mais clareza. A fascinação mundial vai-se afastando do caminho do
homem. Ambos os desenvolvimentos foram produzidos pelas entrantes novas ideias
focalizadas através dos intuitivos e entregues ao conhecimento público pelos
pensadores. Também ajudou, grandemente, o reconhecimento inconsciente, embora
não menos real, por parte das multidões, do verdadeiro significado das Quatro
Nobres Verdades. A humanidade, não mais iludida e livre da fascinação, aguarda a
futura revelação, que produzir-se-á pelo esforço conjunto de Buda e Cristo. Tudo o
que podemos prever e prognosticar referente a esta revelação, é que se obterão
certos resultados de grandes projeções, mediante a fusão da luz e do amor, e pela
reação da "substância iluminada" para com o "poder atrativo do amor". Dei, aqui,
uma chave para se chegar a compreender, realmente, o trabalho destes Avatares -
72
algo que até agora não havia existido. Poderia agregar-se que, quando se tenha
logrado uma cabal apreciação do significado das palavras "transfiguração de um ser
humano", ter-se-á compreendido aquelas outras "quando todo teu corpo
resplandece" (Lucas, 11,36) ou, então, "em Tua Luz veremos a luz” (Salmos 36,9). Isto
significa que, quando a personalidade tiver alcançado certo grau de purificação,
dedicação e iluminação, o poder de atração da alma, cuja natureza é amor e
compreensão, poderá atuar e a fusão de ambos ocorrerá. Isto é o que Cristo
demonstrou e comprovou.
Quando for consumado o trabalho do Buda (encarnação do princípio sabedoria)
no discípulo aspirante e em sua personalidade integrada, então poderá, também,
expressar-se, plenamente, o trabalho de Cristo (encarnação do princípio amor), e
ambas as potências, Luz e Amor, acharão brilhante expressão no discípulo
transfigurado. O que é certo para o indivíduo o é para a humanidade, a qual, hoje
(havendo alcançado a madureza), pode "começar a compreender" e tomar parte,
conscientemente, no trabalho de iluminação e de amorosa atividade espiritual. Os
efeitos práticos deste processo trarão a dissipação da fascinação, liberando o espírito
humano da escravidão da matéria, trazendo, ademais, o fim da ilusão e o
renascimento da verdade, tal como existe na consciência daqueles que estão
polarizados na consciência crística.
Este não é um processo rápido, senão um procedimento regulado e ordenado,
que tem assegurado seu êxito final, ainda que lento quanto ao seu estabelecimento e
desenvolvimento consecutivo. Dito processo foi iniciado no plano astral por Buda, e,
no plano mental, quando Cristo apareceu na Terra. Indicou a próxima maturidade da
humanidade. O processo foi impulsionado lentamente, à medida que estes dois
grandes Seres reuniram Seus discípulos e iniciados, durante os últimos dois mil anos.
Chegou a ser de grande utilidade, à medida que o canal de comunicação entre "o
Centro onde a Vontade de Deus é conhecida" e a Hierarquia, onde o Amor de Deus se
manifesta, se foi abrindo e expandindo, e o contato entre estes dois centros e a
humanidade se estabeleceu com maior firmeza.
Desta maneira, milhares de homens e mulheres inteligentes se libertarão de toda
ilusão e controle emocional. Quando os corações dos homens estiverem ativos, nesse
momento terminará toda a atividade emocional do plexo solar. Esta é uma afirmação
real, pois os corações dos homens que respondem ao chamado de Cristo, são os que
invocam hoje em dia. O agonizante ciclo emocional, pelo qual passou a humanidade,
durante os últimos cem anos, e a tensão emocional em que vivem, hoje, os homens,
também desempenham sua parte, a fim de ajustar a humanidade para que penetre
no reino do pensar claramente. Isto marcará um ponto de inflexão de grande
importância na história da humanidade e constituirá um dos resultados do futuro
trabalho científico que o Cristo (se assim se pode chamá-lo) realizará com os corações
dos homens, pondo-os em relação com o coração de Deus.
Devido à amplitude e à magnitude do nível psicológico em que hoje vivem os
homens, não posso estender-me mais. Este campo de experiência e prova é bem
conhecido por todos os aspirantes, sendo o campo de batalha de milhões de seres. O
Cristo interno, como Controlador da vida individual, pode por fim a esta batalha; o
73
aspirante pode emergir com os olhos abertos e sem temor. A aparição do Cristo entre
os homens fará o mesmo, em relação a toda a humanidade, não em um sentido
figurado, senão através da vivência de Sua presença, estimulando o princípio crístico,
em todo coração humano.

74
CAPÍTULO VI
A NOVA RELIGIÃO MUNDIAL

O mundo atual, mais que nunca, se inclina para o espiritual. Isto se diz, apesar da
ideia, geralmente aceita, de que o mundo dos homens está naufragando
espiritualmente, e que em nenhuma momento da vida espiritual da raça humana se
alcançou um nível tão baixo. Tal conceito se deve, em grande parte, ao fato de que a
humanidade não está grandemente interessada na apresentação ortodoxa da
verdade, razão por que as igrejas se acham quase vazias e acusadas, publicamente,
de não haver ensinado a viver corretamente. Estas afirmações, lamentavelmente,
têm fundamento, porém a realidade é que os seres humanos buscam, em toda parte,
a liberação espiritual e a verdade, e que o verdadeiro espírito religioso se acha,
fundamentalmente, mais vivo que nunca. Isto é especialmente certo em relação a
esses países que mais sofreram durante a última guerra mundial (1914-1945). Os
Estados Unidos e os países neutros não mostram ainda sinais de um verdadeiro
renascimento espiritual. Os demais países estão espiritualmente vivificados - não em
sentido ortodoxo, mas numa busca sincera e porque demandam, vitalmente, por luz.
O espírito religioso da humanidade se acha, hoje, mais decididamente enfocado
na Realidade, do que jamais o esteve. As religiões ortodoxas mundiais estão sendo,
rapidamente, relegadas a um segundo plano, pela mente dos homens, enquanto nos
estamos, indubitavelmente, acercando à Realidade espiritual central. As teologias
que hoje se ensinam nas organizações eclesiásticas (tanto no Oriente como no
Ocidente) estão cristalizadas e são de pouca utilidade. Sacerdotes e eclesiásticos,
instrutores ortodoxos e fundamentalistas (fanáticos ainda que sinceros) tentam
perpetuar o antiquado que, se bem bastasse, no passado, para satisfazer ao que
buscava, hoje não preenche, mais seu objetivo. Homens religiosos sinceros mas não
iluminados, deploram a rebeldia da juventude contra as atitudes doutrinais. Ao
mesmo tempo, conjuntamente a todos os que buscam, exigem uma nova revelação.
Buscam algo novo e cativante para atrair, novamente, as multidões para Deus.
Temem ter que renunciar a alguma coisa e buscar novas interpretações de antigas
verdades, porém não conseguem conscientizar que há que obter uma nova
perspectiva da Verdade (como está no Cristo); sentem a aproximação de novas e
iminentes revelações espirituais, porém têm medo de enfrentar seus efeitos
revolucionários. Formulam-se indagações e estão envolvidos em profundas e
perturbadoras dúvidas. Como se poderá observar, as respostas provêm de duas
fontes (e continuarão provindo): das massas pensantes, cuja crescente percepção
intelectual é a causa da rebelião contra a religião ortodoxa, e dessa influente fonte de
verdade e de luz que, infalivelmente, trouxe a revelação, no transcurso das épocas.
As respostas não virão até onde se pode prever, de nenhuma organização religiosa,
seja ela asiática, ou ocidental.
Algumas destas perguntas podem ser expressas da seguinte maneira:

75
Por que a igreja foi incapaz de deter a avassaladora expressão do mal,
evidenciado na última guerra mundial?
Por que a religião resultou inadequada para satisfazer a necessidade da
humanidade?
Por que os pseudo-guias espirituais do mundo religioso foram incapazes de
ajudar a solucionar os problemas do mundo?
Por que os instrutores cristãos, como expoentes do Deus do Amor, têm sido
impotentes para deter a exacerbação, sem precedentes, do ódio no mundo atual?
Por que a maioria desses instrutores é tão sectária, separatista e exclusivista, em
sua aproximação à Verdade, não obstante haver uma minoria espiritual e de critério
amplo?
Por que a juventude recusa acorrer à igreja, e não tem interesse em aceitar as
doutrinas que se lhes apresentam?
Por que ronda a morte e não a vida, atualmente, no mundo?
Por que surgem tantos novos cultos que desviam o público das organizações
ortodoxas de caráter religioso?
Por que os movimentos "Christian Science", "Unity" e o Novo Pensamento
atraem as pessoas, afastando-as das organizações bem estabelecidas? Observe-se o
emprego da palavra "organizações", pois contém a chave do problema.
Por que há um crescente interesse para com as teologias orientais, as diversas
yogas, os ensinamentos budistas e os credos orientais?
Por que ensinamentos como a astrologia, a numerologia e diversos rituais
mágicos encontram tantos adeptos, enquanto que as igrejas permanecem vazias, ou
frequentadas apenas pelos anciãos, pelos conservadores e reacionários, ou por
aqueles que as procuram pela força do hábito, ou, ainda, porque se sentem
desesperadamente desditosos?
Finalmente, que existe de mal em nossa apresentação das realidades espirituais
e da Verdade eterna?
Poder-se-iam dar muitas respostas. A mais importante é: a apresentação da
Verdade divina - tal como foi dada pelas igrejas, no Ocidente, e pelos instrutores, no
Oriente - não se manteve à altura do desenvolvimento intelectual do espírito humano.
Apresentam-se, ainda, ao que busca, as mesmas palavras ou ideias que de forma
alguma o satisfazem, mentalmente, nem respondem às suas necessidades práticas,
neste mundo cheio de dificuldades. Pede-se-lhe que creia e que não duvide, porém
não se lhe pede que compreenda; diz-se-lhe não ser possível que compreenda,
entretanto pede-se-lhe que aceite as interpretações e as afirmações de outras men-
tes, que pretendem possuir e compreender a Verdade. Não crê que as mentes e
interpretações alheias sejam melhores que a própria. As mesmas velhas fórmulas,
teologias e interpretações são consideradas adequadas para enfrentar as
necessidades e investigações atuais do homem moderno, porém não o são, na
realidade. A igreja de hoje é a tumba do Cristo e a lápide da teologia foi arrastada até
a porta do sepulcro.
Entretanto, não tem nenhum sentido atacar o cristianismo.
Este não pode ser atacado, pois é a expressão, em essência pelo menos, do amor
76
de Deus, imanente em Seu universo criado. Não obstante, o clericalismo se expôs ao
ataque, e a massa pensante se dá conta disso - mas desgraçadamente estas pessoas
constituem ainda minoria. Esta minoria pensante (quando for maioria, e, aliás, hoje
vai aumentando rapidamente) determinará o destino das igrejas e garantirá a difusão
do verdadeiro ensinamento do Cristo. Não é possível que Ele esteja satisfeito com os
grandes templos de pedra, construídos pelos eclesiásticos, enquanto Seu povo está
desorientado e não se lhe tem proporcionado luz sobre os assuntos do mundo; Com
grande dor há de sentir que a simplicidade com que ensinou e o simples caminho
para Deus que explicou, se perderam entre as brumas da teologia (iniciada por São
Paulo), e discussões dos eclesiásticos, no transcurso dos séculos. O ser humano se
apartou da simplicidade de pensamento e da simples vida espiritual dos primitivos
cristãos. É lógico que o Cristo considere errôneas e indesejáveis a vida separatista da
igreja e a arrogância dos teólogos (fazendo divisão, como têm feito, entre crentes e
não crentes, cristãos e ateus, pseudo iluminados e pseudo ignorantes), contrárias a
tudo o que Ele mesmo sustentou e admitiu quando disse: "Também tenho outras
ovelhas que não são deste redil" ( João 10,16).
O mal reinante no mundo não impede a revelação nem obsta o desenvolvimento
da vida espiritual, porque esse mal é resultado da má compreensão e da errônea
orientação imprimida à mente humana, bem assim da importância dada às coisas
materiais provocada por épocas em que prevaleceu a competição; decorre do
fracasso das organizações religiosas de todo o mundo em preservar a verdade em
toda a sua pureza e evitar a ideia fanática de que a interpretação da verdade, por um
indivíduo deve, necessariamente, ser a única e a correta. Os teólogos se têm
esforçado, sinceramente, defendendo frases que acreditaram ser as únicas e corretas
como expressão da ideia divina, ficando Cristo esquecido, por trás dessas palavras; os
eclesiásticos concentraram todo seu esforço e capacidade em reunir fundos para a
construção de edifícios, enquanto que os filhos de Deus seguem desnudos e famintos,
perdendo, assim, sua fé no amor divino.
Como se pode socorrer a humanidade e oferecer-lhe orientação espiritual se os
guias das igrejas estão tão ocupados em interesses temporais; se a Igreja Católica
Romana, a Igreja Grega Ortodoxa e as Igrejas Protestantes fazem finca-pé na pompa e
na cerimônia; nos grandes templos e catedrais; nos vasos de ouro e prata para a
comunhão dos fiéis; nos barretes escarlates; nas indumentárias coalhadas de joias, e
em todo o exibicionismo tão apreciado pela mentalidade eclesiástica? Como podem
ser socorridas as crianças que morrem de fome, em todo o mundo, e em particular na
Europa, se o Papa e os Bispos pedem dinheiro para construir catedrais e erigir mais
igrejas, quando as existentes estão vazias? Como pode brilhar de novo a luz na mente
dos homens se os eclesiásticos mantêm os povos atemorizados, se não aceitam as
antigas interpretações teológicas nem os antigos caminhos para acercar-se a Deus?
Como se pode fazer frente às necessidades espirituais e intelectuais da gente, se os
seminários teológicos não ensinam nada novo nem apropriado para o dia e época
atuais, e em troca enviam jovens para orientar a humanidade, aos quais são dadas
instruções baseadas em antigas interpretações? Estes jovens começam seu
treinamento e preparação religiosa para o sacerdócio com grandes esperanças e
77
visão e logo quedam desesperançados, com muito menos fé, porém com a
determinação de "se sair bem" e alcançar um posto proeminente na igreja.
Surge, ademais, a indagação se Cristo sentir-se-ia à vontade nas igrejas, ao estar,
novamente, com os homens. Os rituais e as cerimônias; a pompa e os ornamentos; as
velas; os ouropéis; as distintas hierarquias: papas, cardeais, arcebispos, cônegos e
curas paroquiais, pastores e clérigos, aparentemente têm pouco interesse para o
simples Filho de Deus, o qual, quando esteve na Terra, não tinha onde repousar a
cabeça.
A apresentação da verdade religiosa, no passado, impediu o crescimento do
espírito religioso. A teologia levou a humanidade às portas do desespero; a delicada
flor da vida crística feneceu nos escuros meandros do pensamento humano. A
fanática adesão às interpretações humanas ocupou o lugar do viver cristão. Milhões
de livros têm obliterado as palavras viventes do Cristo; os argumentos e as discussões
dos sacerdotes têm obscurecido a luz trazida por Buda, e o Amor de Deus, tal como o
revelou a vida do Cristo, foi esquecido, ao mesmo tempo que os homens discutiram
sobre os significados, as frases e as palavras. Entretanto, os homens agonizando,
morrendo de fome, sofrendo, pediam ajuda e ensinamento e, ao se verem não
satisfeitos, perderam a fé.
Hoje, as pessoas de toda parte estão em condições de receber a luz; esperam
uma nova revelação e uma nova dispensação. A humanidade avançou tanto no
caminho da evolução, que essas buscas e expectativas, não só se baseiam em um
melhoramento material, como também em termos de uma visão espiritual, de
valores verdadeiros e corretas relações. Pedem ensinamento e ajuda espiritual;
demandam o alimento necessário, roupa e oportunuidade de trabalhar e viver em
liberdade; enfrentam a fome em quase todas as partes do mundo e, com igual aflição,
experimentam, também, a fome da alma.
Com toda segurança, não incorreremos em erro se chegamos à conclusão de que
essa aflição e demanda espirituais têm merecido a atenção preferencial do Cristo.
Quando Ele reaparecer e também Sua Igreja, até agora invisível, que poderão fazer,
Ele e Sua Igreja, para satisfazer este chamado exigente e intensificada atitude de
percepção espiritual com que serão saudados? Eles veem todo o panorama. A súplica
do cristão por ajuda espiritual; a do budista por iluminação espiritual e a do hindu por
compreensão espiritual (conjuntamente com todos que professam ou não alguma fé)
devem ser satisfeitas. As solicitações da humanidade se elevam até Seus ouvidos, e
Cristo e Seus discípulos não têm escrúpulos sectários, e disso podemos estar seguros.
É impossível crer que Lhes interessem os pontos de vista dos fundamentalistas ou as
teorias dos teólogos sobre a Imaculada Conceição, a Expiação Vicária ou a
Infalibilidade do Papa. A humanidade experimenta necessidades angustiantes e elas
devem ser satisfeitas. Somente grandes e fundamentais princípios de vida, que
abarquem o passado e o presente e provejam um programa para o futuro, poderão
satisfazer esta invocação humana. O Cristo e a Hierarquia espiritual não virão para
destruir tudo o que a humanidade considerou até agora "necessário para a salvação",
nem o que satisfez sua demanda espiritual. Quando o Cristo reaparecer, com toda
segurança desaparecerá o não essencial; permanecerão os fundamentos da fé, sobre
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os quais Ele poderá erigir a nova religião mundial, a que todos os homens esperam.
Esta nova religião deve estar baseada sobre as verdades que suportaram a prova do
tempo e trouxeram bem-estar e segurança aos homens, e estas são:

1 - A Realidade de Deus
Antes de tudo, deve-se reconhecer a Realidade de Deus. Essa Realidade capital
pode ser denominada como o homem quiser, de acordo com sua inclinação mental
ou emocional e sua tradição racial e hereditária, pois não há nome que possa defini-la
nem condicioná-la. Os seres humanos se vêm obrigados a empregar nomes a fim de
expressar o que sentem, percebem e conhecem, tanto na ordem fenomênica como
na tangível. Consciente ou inconscientemente, todos os homens reconhecem o Deus
Transcendente e o Deus Imanente. Sentem Deus como o Criador e o Inspirador de
tudo o que existe.
Os credos orientais têm posto sempre em relevo o Deus Imanente, radicado no
mais profundo do coração humano "mais próximo que as mãos e os pés", o Eu, o
Uno, o Atma, mais pequeno que o pequeno e, não obstante, oniabarcante. Os
ocidentais têm apresentado o Deus Transcendente, fora de Seu universo, como
observador. Deus Transcendente condicionou, antes de tudo, o conceito humano da
Deidade, pois a ação deste Deus Transcendente apareceu nos processos da natureza.
Mais tarde, na dispensação judaica, Deus apareceu como o Jeová patriarcal, como a
alma (um tanto desagradável) de uma nação. Logo, Deus foi considerado como um
homem perfeito, o divino homem-Deus, que caminhou sobre a Terra, na Pessoa de
Cristo. Hoje, a ênfase se põe sobre o Deus Imanente em todo ser humano e em toda
forma criada. Na atualidade, a igreja teria que expor uma síntese destas duas ideias,
que foram resumidas por Shri Krishna, no Bhagavad cita. "Havendo interpenetrado
todo o universo com um fragmento de Mim mesmo, Eu permaneço". Deus mais
grandioso que todo o criado e, não obstante, Deus presente na parte; Deus
Transcendente resguarda o plano de nosso mundo e constitui o Propósito que
condiciona todas as vidas, desde o minúsculo átomo, passando por todos os reinos da
natureza, até chegar ao homem.

2 - A Relação do Homem com Deus


A segunda verdade que todos aceitam, não importa qual seja a crença, é a
relação essencial do homem com Deus. Inerente à consciência humana (com
frequência incipiente e indefinida) existe um sentido de divindade. "Todos sois filhos
de Deus" (Gal. 3,26) e "Uno é nosso Pai inclusive Deus", dizem o Cristo e todos os
Instrutores e Avatares, no transcurso das épocas. "Como Ele é, assim somos nós neste
mundo" (r, João 4,17), é outra manifestação bíblica. "Ele está mais próximo que o
alento, mais próximo que as mãos e os pés", canta o hindu. "Cristo em nós, esperança
de Glória", é a triunfante afirmação de São Paulo.

3 - A Realidade da Imortalidade e da Persistência Eterna


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Temos, em terceiro lugar, o sentido de persistência, de vida eterna ou
imortalidade. É inevitável seu reconhecimento, e forma parte da reação da
humanidade, igual ao instinto de autoconservação. Com esta íntima convicção,
encaramos a morte e sabemos que devemos voltar à vida, novamente, que vimos e
vamos e perduramos, porque somos divinos e os regentes de nosso próprio destino.
Sabemos que nos propusemos alcançar uma meta e que ela é a "Vida mais
abundante", que existe em alguma parte, aqui ou além e, oportunamente, em toda
parte.
O espírito do homem é imortal; perdura eternamente e progride,
paulatinamente, no Caminho da Evolução, desenvolvendo, em forma constante, os
atributos e aspectos divinos. Esta verdade contém, por força, o reconhecimento de
duas grandes leis da natureza:
A Lei de Renascimento e a Lei de Causa e Efeito. As igrejas do Ocidente se
recusaram, oficialmente, a reconhecer a Lei do Renascimento e, por esta razão,
chegaram a um "impasse" teológico e a um beco, para os quais não têm saída.
As igrejas do Oriente acentuaram, grandemente, estas leis, de modo que uma
atitude negativa e submissa, com relação à vida e aos seus processos, fundada em
uma oportunidade que se renova constantemente, domina as pessoas. O cristianismo
acentuou a imortalidade, porém fez a felicidade eterna da aceitação depender de um
dogma teológico: "sê um verdadeiro e devoto cristão e viverás em um céu fastoso;
recusa ser um crédulo cristão, professando um cristianismo negativo, e irás a um
inferno incrível" - inferno que nasce da teologia do Antigo Testamento e de sua
apresentação de um Deus iracundo e invejoso. Ambos os conceitos são hoje
repudiados por toda pessoa reflexiva, sensata e sincera. Ninguém que raciocine ou
creia em um Deus de Amor aceita o céu dos eclesiásticos nem deseja ir a ele. Menos
ainda aceitam o "lago de fogo ardendo em enxofre" (Rev. 19,20) ou as torturas
eternas, às quais, segundo se disse, conduz o Deus do amor todos aqueles que não
creem nas interpretações teológicas da Idade Média, dos modernos fundamentalistas
ou dos irracionais eclesiásticos que tratam de manter os povos em linha (por meio da
doutrina, do temor e da ameaça) com os antigos e caducos ensinamentos. A verdade
essencial está em outra parte. "Tudo o que o homem semear, isso também colherá"
(Gal. 6,7) é uma verdade que necessita ser considerada. Nestas palavras São Paulo
expõe a antiga e verdadeira instrução da Lei de Causa e Efeito, chamada no Oriente a
Lei do Karma.
A imortalidade da alma humana e a inata capacidade do homem espiritual,
interno, para obter sua própria salvação, de acordo com a Lei do Renascimento, em
resposta à Lei de Causa e Efeito, são os fatores subjacentes que regem o
comportamento e a aspiração humana. Ninguém pode fugir a estas leis. Condicionam
o homem, até que tenha alcançado a perfeição determinada e desejada, e possa
manifestar-se na Terra como um Filho de Deus que atua corretamente.

4 - A Continuidade da Revelação e as Aproximações Divinas


Outra verdade essencial, que aclara todo o trabalho planejado pelo Cristo, está
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relacionada com a revelação espiritual e a necessidade que o homem tem, de Deus, e
a que tem Deus, do homem. Sempre existiu algo que testemunhou a verdade.
Sempre que o homem precisou de luz, esta lhe foi dada. Nunca existiu época, ciclo ou
período mundial em que não se difundisse o ensinamento e não se prestasse a ajuda
de que necessitava a humanidade. Sempre que o coração e a mente do homem
buscaram Deus, a divindade se acercou ao homem. A história da humanidade é, em
realidade, a história da súplica do homem por maior luz e de contato com Deus, assim
também a chegada da luz e a aproximação de Deus ao homem. Sempre o Salvador,
Avatar ou Instrutor do Mundo, surgiu do lugar secreto do Altíssimo, trazendo ao
homem uma nova revelação, uma nova esperança e um novo incentivo para viver
uma vida espiritual mais plena.
Algumas destas Aproximações têm sido de capital importância, afetando a
humanidade em sua totalidade; outras de menor transcendência influenciaram
somente uma parte relativamente pequena da humanidade - uma nação ou um
grupo. Aqueles que vêm como Reveladores do Amor de Deus, procedem desse centro
espiritual a que Cristo deu o nome de "o Reino de Deus" (Mateus 6,33). Ali moram
"os espíritos dos homens justos, tornados perfeitos" (Heb. 12,33); ali residem os
Guias espirituais da raça; os Executores espirituais do plano divino vivem, trabalham e
supervisionam os assuntos humanos e planetários. É chamado de diversas maneira.
Denominam-no a Hierarquia espiritual, a Morada da Luz, o Centro onde moram os
Mestres de Sabedoria e a Grande Loja Branca. Dali, vêm os Mensageiros da Sabedoria
de Deus, os Custódios da Verdade, tal como se acha em Cristo, como também
Aqueles, cuja tarefa consiste em salvar o mundo, ensinar a futura revelação e
demonstrar a divindade. Todas as Escrituras atestam a existência deste centro de
energia espiritual. Esta Hierarquia espiritual constantemente se tem aproximado da
humanidade, na medida em que o homem vai-se tornando mais consciente da
divindade e mais apto para entrar em contato com o divino.
Uma outra grande Aproximação da divindade e uma nova revelação espiritual
são, hoje, possíveis. A nova revelação é iminente, e Quem a trará e complementará
está se aproximando firmemente de nós. Ignoramos o que trará à humanidade esta
aproximação. Com toda segurança, produzirá resultados tão definidos como as
precedentes missões e revelações d’Aqueles que vieram, em resposta às anteriores
solicitações da humanidade. A Guerra Mundial purificou o gênero humano. Um novo
céu e uma nova terra estão em caminho. Que querem significar, o teólogo e o
eclesiástico ortodoxo, com as palavras "um novo céu"? Não significarão estas
palavras algo totalmente diferente, e um novo conceito sobre o mundo das
realidades espirituais? Não trará, Aquele que vem, uma nova revelação sobre a
própria natureza de Deus? Conhecemos tudo que se possa saber a respeito de Deus?
Se assim é, Deus é muito limitado. Não será possível que nossas ideias atuais sobre
Deus, que consideramos como Mente Universal, Amor e Vontade, sejam enriquecidas
por alguma nova ideia ou qualidade, para as quais ainda não temos nome, nem
palavras nem a mais remota noção? Cada um dos três conceitos atuais da divindidade
- a Trindade - era completamente novo quando tais conceitos foram expostos, pela
primeira vez, à mente ou à consciência do homem.
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Desde há muitos anos que a Hierarquia espiritual de nosso planeta vem-se
aproximando da humanidade, e esta aproximação é a causa dos grandes conceitos de
liberdade, tão caros ao coração do homem. A fraternidade, a amizade, a colaboração
e paz mundiais, baseadas nas corretas relações humanas são um sonho cada vez mais
real. Também vislumbramos uma nova e vital religião mundial, um credo universal
que terá suas raízes no passado, mas que porá em evidência a beleza incipiente e a
iminente revelação vital.
De uma coisa podemos estar seguros: esta aproximação comprovará (em forma
profundamente espiritual e, não obstante, absolutamente real) a verdade da
imanência de Deus. As igrejas acentuaram e exploraram a extraterritorialidade da
Deidade, e postularam a presença de um Deus Criador, Mantenedor e criativamente
ativo e, ao mesmo tempo alheio à Sua criação - um observador inescrutável. Haver-
se-á de demonstrar que este tipo de criador transcendente é falso, e se haverá de
contestar esta doutrina, mediante a manifestação de Deus no homem, a esperança
de glória. Tal é o que demonstrará a esperada aproximação: provará também, a
íntima relação que existe entre Deus Transcendente e aquilo n’Aquele em quem
"vivemos, nos movemos e temos o nosso ser", porque "havendo compenetrado todo
o Universo com um fragmento de Si mesmo Ele permanece". Deus é imanente em
toda forma criada. A glória é a expressão da divindade inata, em todos os seus
atributos e aspectos, qualidades e poderes, que há de ser revelada por meio da
humanidade.
A nova religião estará baseada na existência de Deus, na relação do homem com
o divino, na realidade da imortalidade e da continuidade da revelação divina, bem
assim na constante aparição de Mensageiros provenientes do centro divino. A estes
fatos se há de agregar o conhecimento seguro e instintivo que possui o homem do
Caminho para Deus, e sua capacidade para percorrê-lo, quando o processo evolutivo
o conduza a uma nova orientação no sentido da divindade, e à aceitação da realidade
da Transcendência de Deus e da Imanência de Deus em cada forma de vida.
Estas são as verdades fundamentais sobre as quais descansará a religião do
futuro. A nota-chave será a Aproximação ao Divino. "Achegai-vos a Deus e Ele se
achegará a vós" (Sant. 4,8), é o grande mandato que surge, em tons novos e claros,
do Cristo e da Hierarquia espiritual.
O importante tema da nova religião será o reconhecimento das muitas
aproximações divinas e da continuidade da revelação que traz aparelhado cada um
deles. A tarefa que têm, de hoje em diante, as pessoas espiritualmente orientadas, é
preparar a humanidade para o iminente e talvez mais grandioso de todos os
Contatos. O método empregado consistirá no emprego inteligente e científico da
ciência de Invocação e Evocação, e o reconhecimento de sua extraordinária potência.
O homem invoca a Aproximação ao divino de diversas maneiras: mediante o
incipiente e silencioso chamado ou pelo clamor invocativo das massas, e também
pela invocação planejada e definida dos aspirantes orientados espiritualmente; do
cooperador, do discípulo e do iniciado sabiamente convencido, e por todos os que
pertencem, em realidade, ao Novo Grupo de Servidores do Mundo.
A Ciência de Invocação e de Evocação ocupará o lugar daquilo que agora
82
chamamos "prece" e "adoração". Não nos devemos deixar confundir pela palavra
"ciência". Não se trata da coisa fria e intelectual, descrita com tanta frequência; trata-
se da inteligente organização da energia espiritual e das forças do amor, que, quando
forem efetivas, evocarão a resposta dos Seres espirituais que podem caminhar
livremente entre os homens, assim estabelecendo uma íntima e constante
comunicação entre a humanidade e a Hierarquia espiritual.
A fim de esclarecer o exposto, poder-se-ia dizer que a Invocação é de três classes
distintas: Temos, como já se disse, a demanda coletiva, emitida em forma
inconsciente, e o chamado clamoroso que brota do coração do homem em
momentos de crise, como sucede na atualidade. Este chamado invocador os homens
o elevam incessantemente, eles que vivem em meio do desastre, dirigindo-se a esse
poder externo que sentem que pode vir e virá em sua ajuda, nos momentos extremos
- invocação grande e silenciosa, que hoje surge de todas as partes. Depois há o
espírito de invocação, evidenciado pelos homens sinceros ao participarem dos rituais
de suas religiões, aproveitando a oportunidade da oração e da adoração conjuntas, a
fim de elevar suas demandas de ajuda perante Deus. Este grupo, unido às multidões,
forma um enorme conjunto de suplicantes invocadores, e na atualidade sua intenção
em massa é muito evidente, elevando-se sua invocação até o Altíssimo. Finalmente,
existem os discípulos e aspirantes treinados, que utilizam algumas fórmulas verbais e
certas invocações cuidadosamente definidas, que, ao serem usadas, enfocam o
chamado invocador e a demanda dos outros dois grupos, dando-lhes a orientação e o
poder corretos. Os três grupos, consciente ou inconscientemente, estão entrando em
atividade atualmente e seu esforço unificado garante a evocação.
O novo trabalho invocador será a nota-chave da futura religião mundial e se
dividirá em duas partes. Por um lado existirá o trabalho invocador das multidões,
preparadas pelas pessoas espiritualmente orientadas (que trabalham nas igrejas,
dentro do possível, às ordens de um clero iluminado) a fim de que aceitem a
realidade das iminentes energias espirituais dirigidas através do Cristo e de Sua
Hierarquia espiritual, e se preparem, ademais, para formular a demanda de luz,
liberação e compreensão. Por outro lado, existirá também o hábil trabalho de
invocação, tal como praticado por aqueles que têm treinado suas mentes mediante a
correta meditação, que conhecem o poder dos mântrans, fórmulas e invocações,
trabalhando conscientemente. Utilizarão, com maior frequência, certas grandes
fórmulas verbais, que serão dadas, mais tarde, à raça, assim como foi dado o Pai
Nosso, por Cristo, e a Nova Invocação, para o uso atual, pela Hierarquia
Esta nova ciência religiosa, para a qual a prece, a meditação e o ritual
prepararam a humanidade, treinará os povos para apresentar - em determinados
períodos do ano - a demanda mundial, a fim de estabelecer relações com Deus, e
uma mais estreita relação entre si. Este trabalho, ao ser levado a efeito
adequadamente, evocará resposta da Hierarquia expectante e, especialmente, de Seu
Guia, o Cristo. Por meio desta resposta, a fé das multidões se converterá,
gradualmente, na convicção do conhecedor. Desta maneira, as multidões serão
transformadas e espiritualizadas, e os dois grandes centros divinos, ou grupos de
energia - a Hierarquia e a Humanidade - começarão a trabalhar em completa
83
unificação e união.
Então, o Reino de Deus estará, em verdade e realmente, ativo na Terra.
Evidentemente, só é possível indicar as linhas gerais da nova religião mundial. A
expansão da consciência humana, que terá lugar como resultado da iminente e grandiosa
Abordagem, capacitará a humanidade a captar, não somente sua relação com a vida
espiritual de nosso planeta, com "Aquele em Quem vivemos, nos movemos e temos nosso
ser", senão que proporcionará, também, um vislumbre da relação que tem nosso planeta
com o círculo de vidas planetárias que se movem dentro da órbita do Sol, e do círculo ainda
maior de influências espirituais que fazem contato com nosso sistema, à medida que este
descreve sua órbita no firmamento (as doze constelações do zodíaco). A investigação
astronômica e astrológica tem posto em relevo esta relação e as influências que exerce,
porém as conjecturas subsistem, assim como as estúpidas pretensões e interpretações.
Sem embargo, a igreja sempre o tem reconhecido e a Bíblia o atesta: "as estrelas, desde os
lugares de seus cursos, pelejaram contra Sisera" (Juízes 5,20). "Poderás tu impedir as
delícias das Plêiades?" (Jób 38,31). Outras passagens confirmam, também, esta afirmação
dos Conhecedores. Muitos festivais eclesiásticos têm sido fixados em relação com a Lua ou
uma constelação zodiacal. A investigação demonstrará que isso é verdade, e quando o
ritual da nova religião mundial estiver universal mente estabelecido, constituirá um dos
fatores importantes que se terá de levar em conta.
O estabelecimento de certos festivais importantes em relação com a Lua e, em menor
grau, como o zodíaco, reforçará o espírito de invocação com a consequente chegada das
influências evocadas. A verdade contida em toda invocação se baseia no poder do
pensamento e, particularmente, em sua natureza, relação e aspectos telepáticos. O
pensamento invocador unificado das multidões, e o pensamento enfocado e dirigido do
Novo Grupo de Servidores do Mundo constituirão uma corrente externa de energia. Esta
chegará, telepaticamente, até esses sensitivos Seres espirituais que respondem a tais
impactos. Sua evocada resposta, emitida como energia espiritual, chegará por seu turno
até à humanidade, depois de haver sido reduzida a energia mental e, nessa forma, deixará
sua correspondente marca na mente dos homens, difundindo neles convicção, inspiração e
revelação. Isto tem ocorrido em toda a história do desenvolvimento espiritual do mundo, e
esse tem sido o procedimento adotado na composição das Escrituras do Mundo.
Logo, a manutenção de certa uniformidade nos rituais religiosos ajudará os
homens a reforçar o trabalho mútuo e a aumentar, poderosamente, as correntes
mentais dirigidas às expectantes Vidas espirituais. O cristianismo tem seus grandes
festivais; o budismo conserva seus característicos acontecimentos espirituais
estabelecidos e o hinduísmo mantém outras datas dedicadas a festividades religiosas.
Quando o mundo do futuro estiver organizado, todos os homens de tendência e
orientação espirituais guardarão as mesmas festividades, o que trará como resultado a
união do esforço e a fusão dos recursos espirituais, além de uma simultânea invocação
espiritual. A potência disto será evidente.
Permitam-me indicar as possibilidades que oferecem tais acontecimentos
espirituais e profetizar a natureza dos futuros Festivais mundiais. Haverá três Festivais
principais, cada ano, concentrados em três meses consecutivos, que conduzirão,
portanto, a um prolongado esforço espiritual anual, afetando o resto do ano:
84
1 - O Festival da Páscoa. É o Festival do Cristo vivente ressuscitado, o Instrutor
dos homens e o Guia da Hierarquia espiritual. É a expressão do Amor de Deus. Nesse
dia, será reconhecida a Hierarquia espiritual que Ele guia e dirige, e se porá a ênfase
sobre a natureza do Amor de Deus. Este festival será fixado, anualmente, de acordo
com a primeira Lua Cheia da primavera (no hemisfério norte), constituindo o grande
Festival cristão do Ocidente.
2 - O Festival de Wesak. É o Festival de Buda, o Intermediário espiritual entre o
centro espiritual mais elevado, Shamballa, e a Hierarquia. Buda é a expressão da
Sabedoria de Deus, a Personificação da Luz e o Indicador do propósito divino. Será
fixado, anualmente, de acordo com a Lua Cheia de Maio, como sucede atualmente,
sendo o grande Festival do Oriente.
3 - O Festival de Boa Vontade. Será o Festival do espírito da humanidade - que
aspira a chegar a Deus, trata de adaptar-se à vontade divina e dedicar-se a expressar
corretas relações humanas. Será fixado, anualmente, de acordo com a Lua Cheia de
Junho. Nesse dia, será reconhecida a natureza espiritual e divina da humanidade.
Neste Festival, Cristo representou a humanidade durante dois mil anos e permaneceu
ante a Hierarquia e à vista de Shamballa como o homem-Deus, o Condutor de Seu
povo e "o Primogênito entre muitos irmãos" (Romanos 8,29). Todos os anos, Cristo,
nesta data, tem repetido, ante a Hierarquia, o último Sermão de Buda. Portanto, será
um Festival de profunda invocação e demanda, de decidida aspiração, a fim de poder
estabelecer a fraternidade e a unidade humana e espiritual, representando o efeito
que produz, na consciência humana, o trabalho realizado por Buda e Cristo.
Estes três Festivais já vem sendo celebrados em todo o mundo, e conquanto não
estejam relacionados entre si, são parte da abordagem espiritual, pela humanidade.
Está se aproximando o momento em que os três Festivais se celebrarão em todo o
mundo, graças a que se alcançará uma grande unidade espiritual. Os efeitos desta
grande Abordagem, tão próxima na atualidade, se estabilizarão pela invocação unida
de toda a humanidade.
Os restantes plenilúnios constituirão festivais menores, e serão considerados de
vital importância. Estabelecerão os atributos divinos na consciência do homem, na
mesma forma que os festivais mais importantes estabelecem os três aspectos divinos.
Estes três aspectos e qualidades serão alcançados e determinados por um
consciencioso estudo da natureza de certa constelação ou constelações, que exercem
influência durante esses meses. Capricórnio relaciona-se com a primeira iniciação, o
nascimento do Cristo na caverna do coração, e determinará a preparação necessária
para produzir essa grande abordagem espiritual, na vida do indivíduo. Dou este
exemplo a fim de indicar as possibilidades que existem para adquirir o
desenvolvimento espiritual, mediante a compreensão de tais influências, e a fim de
reviver os antigos credos, que serão ampliados até alcançarem relações maiores e
imperecíveis.
Desta maneira, os doze festivais anuais constituirão uma revelação da divindade
e proporcionarão os meios para estabelecer relações, durante três meses, em
primeiro lugar com os três Centros espirituais, as três expressões da divina Trindade.
Os festivais menores porão em relevo a inter-relação do Todo, e assim a
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apresentação da divindade sairá do individual e pessoal, passando ao Propósito
universal divino. A relação do Todo com a parte e da parte com o Todo será, assim,
expressada em toda plenitude.
A humanidade invocará, portanto, o poder espiritual do Reino de Deus, a
Hierarquia; Esta responderá e, então, se realizarão os Planos de Deus na Terra. A
Hierarquia invocará, em uma volta mais elevada da espiral, o "Centro onde a Vontade
de Deus é conhecida", invocando, destarte, o Propósito de Deus. A Vontade de Deus
será complementada pelo Amor e manifestada inteligentemente. Para isto a
humanidade está preparada, e por isso o mundo espera.
Resumindo: A nova religião mundial será erigida sobre os alicerces da verdade
fundamental, já reconhecida.
No futuro, a religião será definida, com maior exatidão que até agora foi feito
pelos teólogos, da maneira seguinte:
Religião é o nome dado ao chamado invocador da humanidade e à resposta a essa
demanda, evocada por essa Vida mais grandiosa
Na realidade, significa que a parte reconhece sua relação com o Todo, ademais
da constante diligência para que aumente a percepção de dita relação, o que produz
o reconhecimento, por parte do Todo, da demanda formulada. É o impacto produzido
sobre essa Vida, pela vibração da humanidade - orientada, especificamente, para essa
Grande Vida, da qual se sente parte - e o impacto, em resposta a esse "Amor
oniabarcante", sobre essa vibração menor. Precisamente agora, o impacto produzido
pela vibração humana pode ser percebido, tenuemente, em Shamballa; até hoje, sua
atividade mais potente só alcançou a Hierarquia. A religião, a ciência da invocação e
da evocação, no que concerne à humanidade, constitui a Abordagem (na futura nova
era) de uma humanidade polarizada mentalmente. No passado, a religião teve um
atrativo totalmente emocional. Ocupava-se da relação do individuo com o mundo da
realidade e de buscar aquilo a que ele aspirava da divindade. Sua técnica consistiu em
capacitar o homem para revelar essa divindade, lograr uma perfeição que justificasse
essa revelação e desenvolver a sensibilidade e a resposta amorosa dirigidas ao
Homem ideal, exemplificado no Cristo, para a humanidade atual. O Cristo veio para
pôr fim a este ato de aproximação emocional, existente desde os dias atlantes;
demonstrou, em Si mesmo, a perfeição, e deu à humanidade um pleno exemplo de
todas as possibilidades latentes no homem até essa época. Então, a conquista da
perfeição da consciência crística se converteu no objetivo principal da humanidade.
Na atualidade, o conceito de uma religião mundial e a necessidade de sua
aparição são amplamente desejados, e se trabalha, lentamente, para isso. A união
dos credos é hoje objeto de discussão. Os trabalhadores do setor religioso formularão
o programa universal da nova religião. É um trabalho de síntese amorosa, que porá
ênfase na unidade e fraternidade do espírito. Este grupo, em forma muito especial,
constitui um canal para as atividades do Cristo, o Instrutor do Mundo. O programa da
nova religião mundial será estruturado por inumeráveis grupos que trabalham
inspirados por Cristo.
Os eclesiásticos hão de recordar que o espírito humano é mais grandioso que
todas as igrejas e seus ensinamentos. No final de contas, eles serão derrotados pelo
86
espírito humano, o qual se dirigirá, triunfantemente, ao Reino de Deus, deixando-os
para trás, a não ser que se disponham a formar parte, humildemente, da
humanidade. Nada poderá deter o progresso da alma humana, em sua longa
peregrinação da obscuridade à luz, do irreal ao real, da morte à imortalidade e da
ignorância à sabedoria. Se os grandes grupos religiosos organizados de todos os
países, incluindo todas as crenças, não oferecerem orientação e ajuda espirituais, a
humanidade achará outro caminho. Nada pode evitar que o espírito do homem
chegue a Deus.
As igrejas ocidentais necessitam compreender, também, que, em essência, há
uma só Igreja, que não é necessariamente a instituição cristã ortodoxa. Deus trabalha
de muitas maneiras e através de muitos credos e agentes religiosos. Sua união dará
como resultado a revelação da verdade, em toda sua plenitude.
Esta é uma das razões pelas quais se hão de eliminar as doutrinas não essenciais,
ressaltando-se as essenciais, e sua união revelará, plenamente, a verdade. Isto será
realizado pela nova religião mundial, cuja instalação dar-se-á a passo acelerado,
depois do reaparecimento do Cristo.

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CAPÍTULO VII
PREPARAÇÃO PARA O REAPARECIMENTO DO CRISTO
A Preparação Necessária
O Trabalho do Novo Grupo de Servidores do Mundo

Se se aceita a premissa e o tema geral exposto até agora, surge, logicamente, a


seguinte pergunta: Que se poderia fazer para apressar o reaparecimento do Cristo? E,
também, esta outra: Que pode fazer o indivíduo, no lugar em que se encontra, com o
equipamento, oportunidade e haveres que possui? A oportunidade é tão especial e a
necessidade de ajuda espiritual tão urgente que - querendo ou não - estamos diante
de um desafio, enfrentando, ao mesmo tempo, o problema de aceitá-lo, com a
consequente responsabilidade, ou de repelir a ideia, entendendo que não nos
concerne. Entretanto, o que decidamos neste momento afetará, definitivamente, o
resto da atividade de nossa vida, pois apoiaremos e ajudaremos, em todo o possível, a
invocar a Cristo e nos prepararemos para Seu retorno, ou engrossaremos as fileiras
daqueles que consideram todo o assunto como um chamado aos ingênuos e aos
crédulos e, provavelmente, trabalharemos para impedir que os homens sejam
enganados pelo que consideramos uma fraude. Aí reside nosso desafio. Exigirá todo o
nosso sentido de valores e toda a nossa capacidade investigadora, intuitiva e
especializada. Assim, poderemos então darmo-nos conta de que o reaparecimento
prometido está de acordo com a crença religiosa geral, sendo a grande esperança
deixada nas mentes dos homens que poderá trazer o verdadeiro alívio à humanidade
sofredora.
Aqueles que aceitam a possibilidade de Seu reaparecimento, e estão dispostos a
admitir que a história pode repetir-se, hão de se lhes formular três perguntas, cujas
respostas são estritamente individuais:
1 - Como posso enfrentar, pessoalmente, este desafio?
2 - Que posso fazer, especificamente?
3 - Quais são os passos que deveria dar, e onde se encontram aqueles que os
darão comigo?
O que aqui se expõe é, essencialmente, para aqueles que aceitam a realidade do
Cristo, reconhecem a continuidade da revelação e estão dispostos a admitir a
possibilidade de Seu retorno.
As complexidades e dificuldades deste período de após-guerra são enormes.
Quanto mais se acerca o homem da fonte de luz e poder espirituais, tanto mais difícil
se torna seu problema, pois os assuntos humanos parecem estar hoje muito distantes
desta possibilidade divina. Necessitará de toda a paciência, compreensão e boa
vontade de que seja capaz. Ao mesmo tempo lhe será possível reconhecer os fatos com
mais clareza. Há problemas internos e externos que devem ser resolvidos, e
possibilidades internas e externas que podem converter-se em realidades. A medida
que o homem, espiritualmente orientado, encarar estas possibilidades e
acontecimentos internos e externos, será, facilmente, embargado por um sentido total
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de frustração; quer ajudar, mas não sabe como; sua percepção das dificuldades que o
ameaçam, a análise de seus recursos e os daqueles com quem terá que trabalhar; sua
clara percepção das forças que estão contra ele (e em maior escala contra o Cristo) lhe
farão perguntar: "Que objetivo tem qualquer esforço que eu faça? Por que não deixar
que as forças do bem e do mal lutem sós? Por que não permitir que a pressão da
corrente evolutiva, no correr do tempo, ponha fim à luta mundial facilitando o triunfo
do bem? Por que intentar fazer alguma coisa agora?"
Estas são reações lógicas e sensatas. A pobreza e a fome de que sofrem milhões de
seres, na Europa e em outras partes; o temor à Rússia (justificado ou não); a cobiça das
forças capitalistas do mundo e o egoísmo do trabalhismo; a agressividade dos sionistas,
reclamando para si uma terra que não lhes pertence, há mais de mil e quinhentos anos;
a situação dos judeus na Europa;* o desespero do homem comum, em todos os países,
que não vê segurança nem esperança em parte alguma; o trabalho da igreja, ao tratar
de restabelecer a antiga ordem e regime, que, durante séculos, têm custado
padecimentos ao mundo, e a ausência, em todos os países, de uma clara voz
condutora, fazem sentir ao homem comum a futilidade de seu esforço. O problema
parece demasiadamente grande, demasiadamente terrível, e o próprio homem se
sente exageradamente pequeno e inerme.
* A presente obra surgiu logo após a guerra (N. do T.)
Não obstante, a bondade e a visão pura que existem no mundo é imensa, e o
pensar claro e humanitário é ilimitado; a salvação do mundo se acha nas mãos da
gente simples e boa e nos milhões de pessoas que pensam com retidão. Eles farão o
trabalho preparatório para o Advento do Cristo. Numericamente, são suficientes para
realizar a tarefa e só necessitam de apoio e inteligente coordenação, a fim de prepará-
los para o serviço requerido, antes de que o reaparecimento do Cristo seja possível. Os
problemas que temos para a frente devem ser encarados com valor, por meio da
verdade e da compreensão; ademais, há de se ter disposição para falar com clareza,
simplicidade e amor, ao expor a verdade e ao aclarar os problemas que devem ser
resolvidos. As forças antagônicas, presas do mal, devem ser derrotadas, antes que
Aquele, a quem todos os homens esperam, possa vir.
O conhecimento de que Ele está preparado e ansioso de reaparecer,
publicamente, diante de Sua amada Humanidade, aumenta o sentido de frustração
geral, e faz surgir outra pergunta de vital importância: Durante quanto tempo devemos
esperar, esforçar-nos e lutar? A resposta é clara: Ele virá, indefectivelmente, quando se
haja restabelecido a paz em certa medida; quando o princípio de participação esteja,
pelo menos, em caminho de controlar os assuntos econômicos, e quando a igreja e os
grupos políticos hajam começado a regular seus próprios assuntos. Então, Ele poderá
vir e o fará; então, o Reino de Deus será reconhecido abertamente e já não será um
sonho, um anelo, nem uma esperança ortodoxa.
Há uma tendência para se perguntar por que o Cristo não vem - com a pompa e a
cerimônia com que a igreja atribui a esse acontecimento - demonstrar, com Sua vinda,
Seu divino poder e provar, de forma convincente, a autoridade e a potência de Deus,
terminando, assim, com o ciclo de agonia e sofrimento. As respostas são muitas. Deve-
se recordar que o principal objetivo de Cristo não será demonstrar Seu poder, senão tornar
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público o existente Reino de Deus. Também se perguntarão por que, quando veio
anteriormente, não foi reconhecido. Há alguma garantia de que o será, desta vez?
Talvez se perguntem por que não será reconhecido. Porque os olhos dos homens estão
cegos pelas lágrimas da auto-comiseração e não da contrição; porque o coração do
homem está ainda corroído por um egoísmo que a agonia da guerra não curou;
porque a norma de valores é a mesma que existia no corrupto Império Romano, que
viu Seu primeiro aparecimento, só que tais valores eram locais e não universais como
são na atualidade; porque, aqueles que poderiam reconhecê-Lo e anelam e esperam
Sua vinda, não estão dispostos a fazer os sacrifícios necessários para assegurar o êxito
de Seu advento.
O pensamento avançado; o êxito de inumeráveis movimentos esotéricos; e,
sobretudo, as maravilhas da ciência e os extraordinários movimentos humanitários,
não indicam uma frustração divina, senão um crescimento da compreensão
espiritual; as forças do espírito são invencíveis. Ditos aspectos do comportamento
humano indicam a maravilha da divindade que se acha no homem e o êxito do plano
divino para a humanidade. Sem embargo, a divindade espera a manifestação do livre-
arbítrio do homem; sua inteligência e sua crescente boa vontade já se estão
expressando.
Outra resposta à interrogação é que o Cristo e a Hierarquia espiritual não
importa quão grande seja a necessidade ou a importância do estímulo - jamais
infringiram o direito divino dos homens de tomarem suas próprias decisões,
exercerem seu livre-arbítrio e alcançar a liberdade, lutando por ela, em forma
individual, nacional ou internacional. Quando a verdadeira liberdade reine na Terra,
veremos o fim das tiranias, política, religiosa e econômica. Não me refiro à
democracia moderna como uma solução, pois ela é, na atualidade, uma aspiração e
um ideal ainda inalcançável. Refiro-me à época em que governarão pessoas
iluminadas, as quais não tolerarão o autoritarismo da igreja nem o totalitarismo de
nenhum sistema político. Tampouco, aceitarão ou permitirão a férula de nenhum
grupo que lhes diga o que devem crer para ser salvos, nem qual o governo que devem
aceitar. Quando se diga a verdade e os povos possam julgar e decidir livremente,
veremos um mundo melhor.
Não é essencial nem indispensável que estes objetivos sejam fatos consumados,
antes que o Cristo caminhe entre nós. Não obstante, é necessário que esta atitude
para com a religião e a política seja considerada, geralmente, como conveniente, e
que se hajam dado os passos para o estabelecimento de corretas relações humanas.
Nestas linhas estão trabalhando o Novo Grupo de Servidores do Mundo e os homens
de boa vontade, devendo o seu primeiro esforço consistir em contrapor-se ao
sentimento amplamente difundido de frustração e futilidade individual.
O que se contraporá a este sentido de frustração e futilidade e proporcionará o
incentivo necessário para a reconstrução do novo mundo será a crença na divindade
da humanidade; a comprovação (proporcionada por um rápido estudo) de que a
humanidade, em sua etapa evolutiva, avançou, firmemente, em sabedoria,
conhecimento e ampla inclusividade, bem assim no desenvolvimento de um estado
mental baseado na crença da veracidade da história, a qual testemunha os
90
inumeráveis adventos de todos os Salvadores - entre os quais o Cristo foi o maior -
nos momentos cruciais dos assuntos humanos. Uma atitude adequada e construtiva,
deve estar baseada no íntimo reconhecimento da existência do Cristo e de Sua
presença entre nós, em todas as épocas, e na ideia de que a guerra - com seus
indizíveis horrores, crueldade e catástrofes - só foi a "vassoura" do Pai, varrendo
todos os obstáculos para o advento de Seu Filho. Houvera sido quase impossível
preparar essa vinda, nas condições que precederam a guerra. O Novo Grupo de
Servidores do Mundo deve adotar sua atitude, baseado nesses fatos. Deve
reconhecer a existência dos fatores que obstaculizam, porém não acovardar-se por
isso; igualmente, há de ter consciência dos inumeráveis impedimentos (muitos dos
quais financeiros e baseados na ambição material, nas velhas tradições e nos
preconceitos nacionais). Deverá empregar habilidade na ação e capacidade comercial
para poder vencer tais obstáculos; deve andar com os olhos bem abertos, ao
enfrentar as dificuldades mundiais e passar incólume e triunfalmente através de toda
classe de frustrações.
Dois fatores principais condicionam a oportunidade atual, os quais podem
chegar a ser um obstáculo tão grande que, se não são eliminados, retardarão de
muito o retorno do Cristo, a saber:
1 - A inércia do cristão comum, ou homem espiritualmente orientado, tanto do
Oriente como do Ocidente;
2 - A falta de dinheiro para o trabalho de preparação.
Estes temas se exporão em forma simples e se manterão no nível em que
trabalha e pensa a maioria das pessoas. Sejamos práticos e obriguemo-nos a observar
as condições tais como são, para chegar, assim, a um melhor conhecimento de nós
mesmos e de nossos motivos.

1 - A Inércia do Homem Comum Espiritualmente Orientado


O homem comum espiritualmente orientado, o homem de boa vontade, ou
discípulo, sempre está consciente do desafio da época e da oportunidade que podem
oferecer os acontecimentos espirituais. O desejo de fazer o bem e de levar a cabo fins
espirituais se agita, incessantemente, em sua consciência. Quem ama seus
semelhantes sonha com a materialização do Reino de Deus na Terra ou é consciente do
despertar - ainda que lento - das massas aos valores espirituais superiores e se sente
totalmente insatisfeito. Dá-se conta de que tem contribuído muito pouco para alcançar
esses objetivos desejáveis. Sabe que sua vida espiritual é secundária, a qual é
reservada, cuidadosamente, para si. Frequentemente, receia falar disso aos entes mais
queridos e chegados; trata de entrosar seus esforços espirituais com a vida cotidiana,
encontrando tempo e oportunidade para praticá-los em forma aprazível, fútil e inócua.
Sente-se inerme ante a tarefa de organizar seus assuntos, para que predomine neles o
aspecto espiritual da vida; busca escusas e, oportunamente, raciocina com tanto êxito
que chega à conclusão de que, dadas as circunstâncias, faz tudo o que pode. Na
verdade, o que faz é tão pouco que, provavelmente, uma hora, talvez duas, das vinte e
quatro, abarquem o tempo que dedica ao trabalho do Mestre. Escuda-se detrás do
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argumento de que as obrigações do lar o impedem de fazer mais, e não se dá conta de
que com tato e compreensão amorosa, o ambiente familiar pode e deve ser o campo
onde ele triunfe; esquece que não há circunstâncias nas quais o espírito do homem
possa ser vencido, ou o aspirante não possa meditar, pensar, falar e preparar o
caminho para a vinda de Cristo, sempre que tenha o suficiente interesse e conheça o
significado do sacrifício e do silêncio. As circunstâncias e o meio ambiente não
constituem um verdadeiro obstáculo para a vida espiritual.
Talvez se escuse alegando a pouca saúde e, com frequência, pretextando
enfermidades imaginárias, Dedica tanto tempo ao cuidado de si mesmo, que o que
poderia aplicar ao trabalho do Mestre é muito reduzido; está tão preocupado com o
seu cansaço, seu resfriado e sua imaginária enfermidade cardíaca que cada vez mais é
"consciente de seu corpo", até que, oportunamente, este domina sua vida; então, é
demasiado tarde para fazer alguma coisa. Isto ocorre, especialmente, com as pessoas
que chegaram aos cinquenta anos ou mais. Dificilmente deixarão de empregar esta
escusa, pois se sentem cansados e doloridos, e isto, no transcurso dos anos, tende a
piorar.
O único remédio para esta inércia progressiva é ignorar o corpo e gozar a vivência
do serviço. Não me refiro a enfermidades determinadas nem a sérios impedimentos
físicos; a estes se devem dispensar o cuidado e a atenção devidos. Refiro-me aos
milhares de homens e mulheres queixosos e preocupados em seus cuidados,
desperdiçando horas que poderiam ser dedicadas a servir à humanidade. Aqueles que
tratam de palmilhar o Caminho do Discipulado deveriam aplicar as incontáveis horas
malbaratadas no inútil cuidado de si mesmos, a servir à Hierarquia.
Outra desculpa que conduz à inércia é o temor que se tem de falar sobre as
coisas do Reino de Deus. Temem ser consideradas desairadas ou anormais e intrusas.
Por isso, guardam silêncio, deixam passar a oportunidade e nunca se dão conta do
quanto estão dispostas as pessoas para discutir as realidades e quanto anelam obter
o consolo e a esperança proporcionados pela ideia do reaparecimento do Cristo, ou
por compartir da luz espiritual, constituindo, essencialmente, uma forma de covardia
espiritual muito difundida, responsável pela perda de milhões de horas de serviço
mundial.
Existem outras desculpas, porém as mencionadas são as mais frequentes. Liberar
as pessoas de tais condições obstrutivas proporcionaria ao serviço de Cristo tantas
horas de esforço complementar, que a tarefa dos que não admitem escusas ver-se-ia
muito aliviada e Sua vinda seria muito abreviada. Não nos concerne a dilucidação do
ritmo de vida sob o qual atua o Cristo e a Hierarquia espiritual. Tal ritmo vibra em
harmonia com a necessidade humana e a resposta espiritual. O que nos diz respeito é
demonstrar a qualidade da atividade espiritual sem nos escudarmos detrás da
desculpa. É de capital importância que toda pessoa espiritualizada saiba que pode e
deve trabalhar, no lugar onde se encontra, entre as pessoas com as quais está
associada e com o equipamento psicológico e físico que possui. Não há coerção nem
pressão alguma no serviço que se presta à Hierarquia. A situação é clara e simples.
Três grandes atividades estão sendo levadas a cabo, a saber:
Primeiro, a atividade que se percebe no "Centro onde a vontade de Deus é
92
conhecida", essa vontade para o bem que levou a criação a uma maior glória e a uma
resposta cada vez mais profunda e inteligente. Esta atividade trata de produzir, em
forma criadora, uma nova ordem mundial, o Reino de Deus, sob a supervisão física do
Cristo. Isto poderia ser considerado como a exteriorização da Hierarquia espiritual de
nosso planeta, cujo signo e símbolo constituirão o retorno do Cristo à atividade
visível.
Segundo, a atividade crítica, que condiciona a Hierarquia espiritual, desde o
próprio Cristo até o mais humilde aspirante, situado na periferia desse "centro onde o
amor de Deus" se acha Plenamente ativo. Ali é onde se compreende (expressando-se
com as palavras de São Paulo) a frase: "Porque sabemos que toda a criação geme e
está juntamente com dores de parto até agora", esperando pela manifestação dos
Filhos de Deus (Rom. 8,22). Para esta manifestação se preparam estes "Filhos de Deus
que são os filhos dos homens"; para este advento ao serviço ativo ou externo, já
estão vindo um após outro à atividade, no plano físico. Não são reconhecidos pelo
que são, porém se encarregam dos assuntos do Pai, demonstrando boa vontade,
tratando de ampliar o horizonte da humanidade, preparando, assim, o caminho para
Aquele a Quem Eles servem, o Cristo, Mestre dos Mestres, Instrutor dos anjos e dos
homens.
Terceiro, temos a própria humanidade, "o centro a que chamamos a raça dos
homens" - onde hoje predomina o caos, tumulto e confusão, uma humanidade
angustiada, perplexa e confusa e, não obstante, consciente, mentalmente, de
infinitas possibilidades, lutando, emocionalmente, por esse plano que crê o melhor,
procedendo sem coerência e sem compreender que deve ser "um mundo uno para a
humanidade una". Simplesmente deseja paz emocional, segurança para viver e
trabalhar e visão de um futuro que satisfaça a algum sentido incipiente da
perdurabilidade divina. Está enferma, fisicamente, privada do mais essencial para
levar uma vida normal e sã; atormentada pela insegurança econômica, invocando,
consciente ou inconscientemente, o Pai, em bem de si mesma e do resto do mundo.
O reaparecimento do Cristo proporcionará a solução. Esta é a firme vontade de
Deus, testemunhada pelas Escrituras do Mundo; é o desejo do próprio Cristo e de
seus discípulos, os Mestres de Sabedoria; é a demanda, inconsciente, de todos os
povos. Onde existe esta unidade de propósito, uniformidade e intenção espiritual e
busca consciente, a única coisa que poderia deter Seu reaparecimento seria o
fracasso da humanidade em preparar o cenário mundial para tão magno
acontecimento: "Preparai o caminho do Senhor, endireitai Suas veredas" (Mat. 3,3),
em familiarizar as pessoas com a ideia de Sua chegada e em obter a necessária paz na
Terra, baseada em corretas relações humanas.
É desnecessário nos ocuparmos aqui, da preparação que o indivíduo deve fazer,
internamente, à medida que se prepara para o trabalho a realizar. Os princípios do
correto comportamento espiritual têm sido apresentados ao homem, durante
séculos, com o incentivo de que a boa conduta o levaria a um bom céu, objetivo
fundamentalmente egoísta. A breve prece que diz: "Senhor Deus Todo-poderoso faz
que haja paz na Terra e que esta comece em mim", reúne todos os requisitos que se
exigem daqueles que desejam trabalhar na preparação para o reaparecimento do
93
Cristo, sempre que vá a par de uma sólida inteligência e da prática de uma vida
organizada. Na atualidade, porém, o motivo reside no conceito da salvação pessoal (O
qual se aceita e supõe), e a preparação requerida consiste em trabalhar com empenho
e compreensão, a fim de estabelecer corretas relações humanas - objetivo muito mais
amplo. Aqui temos um motivo que não é autocentrado, pois coloca cada trabalhador e
humanitário à disposição da Hierarquia espiritual e em contato com todos os homens
de boa vontade. Chegamos, assim, ao segundo dos impedimentos capitais - a falta de
apoio econômico para os colaboradores do Cristo.
2 - Falta de Apoio Econômico para o Trabalho do Cristo Talvez seja esta a
dificuldade maior que, a muitos, se afigura insuperável. Envolve o problema da
verdadeira administração econômica e a destinação de adequadas somas de dinheiro
para determinados canais, que ajudem no trabalho de preparação para a vinda de
Cristo, o que está estreitamente relacionado com o problema das corretas relações
humanas.
Portanto, o problema é particularmente difícil, porque os trabalhadores
espirituais não somente têm que preparar as pessoas para darem (de acordo com suas
possibilidades), senão que, em muitos casos, devem antes de tudo, proporcionar uma
motivação tão atraente, que tais pessoas se vejam obrigadas a dar. Também terão que
prover a instituição, fundação ou organização para administrar esses fundos. Isto
representa uma tarefa difícil. O "impasse" atual não radica apenas em reunir fundos
para Sua vinda, senão no egoísmo entranhado na maioria daqueles que detêm a
riqueza mundial, que quando - se é que dão - o fazem é porque aumenta seu prestígio
e indica o seu êxito financeiro. Naturalmente existem exceções, porém estas são
relativamente poucas.
Generalizando e, por conseguinte, simplificando o tema, podemos dizer que os
quatro canais principais através dos quais circula o dinheiro são:
1 - Os milhões de lares, onde chega em forma de soldo, salário ou herança. Tudo
isto está hoje desequilibrado, existindo excessiva riqueza ou extrema pobreza.
2 - Os grandes sistemas capitalistas e monopólios, em que estão fundadas as
estruturas econômicas, na maioria dos países.
Não interessa se este capital pertence ao governo, à municipalidade, a um
punhado de homens ricos ou a grandes sindicatos. Pouco se gasta no melhoramento
da vida humana ou para inculcar os princípios que conduzem a corretas relações
humanas.
3 - As igrejas e grupos religiosos de todo o mundo. Aqui (falando, novamente, em
termos gerais e, ao mesmo tempo, reconhecendo a existência de uma minoria
espiritualmente orientada) o dinheiro é dedicado aos aspectos materiais do trabalho;
à multiplicação e preservação da estrutura eclesiástica; aos salários e gastos gerais, e
apenas uma pequena percentagem é destinada à educação dos povos; à
demonstração vivente de simplicidade, "tal como está em Cristo", e à difusão da
realidade de Seu retorno, que tem sido, durante séculos, a doutrina da igreja. Sua
vinda tem sido antecipada no transcurso das épocas, e poderia haver sido mais
antecipada ainda se a igreja e as organizações religiosas houvessem cumprido com
seu dever.
94
4 - As obras filantrópicas, sanitárias e educativas. Tudo isto tem sido muito
benéfico e muito necessário, e a dívida que o mundo contraiu com os filantropos é
realmente enorme. Tudo isto é um passo bem dado e uma expressão da divina
vontade ao bem. Não obstante, o dinheiro é, amiúde, mal empregado e mal dirigido,
e os valores resultantes são institucionais e concretos, sendo ditas obras limitadas
pelas restrições dos doadores e pelos preconceitos religiosos daqueles que controlam
o desembolso dos fundos. Em meio das discussões motivadas por ideias, teorias
religiosas ou ideologias, se esquece da verdadeira ajuda à Humanidade una.
Subsiste o fato de que, se os agentes administradores (que manejam o dinheiro
do mundo) tivessem uma visão verdadeira da realidade espiritual da humanidade una
e do mundo uno, e seu objetivo fora estimular as corretas relações humanas, as
multidões de toda parte responderiam a uma possibilidade futura muito diferente da
atual. Não estaríamos enfrentando a necessidade de gastar enormes somas - que
atingem bilhões - necessárias para restabelecer, fisicamente, não somente o corpo
físico de incontáveis milhões de homens, senão cidades inteiras, sistemas de
transporte e centros responsáveis pela reorganização do viver humano.
Igualmente pode-se dizer que se os valores e a responsabilidade espirituais
outorgados ao dinheiro (na medida que seja) houvesse sido ensinados e apreciados,
devidamente, nos lares e nas escolas, não teríamos as espantosas estatísticas do
dinheiro gasto em todo o mundo, antes da guerra (e ainda hoje, no hemisfério
ocidental), em guloseimas, licores, cigarros, diversões, vestimenta desnecessária e
luxo. Estas estatísticas registram centenas de milhões de dólares por ano. Uma parte
deste dinheiro, cuja arrecadação exigiria um mínimo de sacrifício, seria obtida para
que o Novo Grupo de Servidores do Mundo e os discípulos de Cristo preparassem o
caminho para Sua vinda, bem assim para educar a mente e o coração dos homens, a
fim de estabelecer corretas relações humanas.
O dinheiro - assim como outras coisas da vida humana - tem sido maculado pelo
egoísmo e açambarcado para fins egoístas, individuais e nacionais. A Guerra Mundial
(1914-1945) é um exemplo disso, pois que, embora se falasse muito a respeito de
"salvar o mundo para a democracia" e de "deflagrar uma guerra para terminar com as
guerras", o objetivo principal foi a autoproteção e a autoconservação, a ânsia de
lucro, a vingança provocada por velhos ódios e a recuperação de territórios. Os anos
transcorridos desde a guerra, têm-no provado. As Nações Unidas estão,
desgraçadamente, ocupadas com as vorazes demandas de toda parte; com as intrigas
das nações, a fim de adquirir poder e posição, e obter a possessão dos recursos
naturais da terra: carvão, petróleo, etc. e também com as atividades sub-reptícias das
grandes potências e dos capitalistas.
Entretanto, durante todo o tempo, a Humanidade Una - não importa o país, cor
ou crença - está reclamando paz, justiça e segurança. Isto se poderia procurar pelo
correto emprego do dinheiro e da compreensão, por parte dos potentados, de sua
responsabilidade econômica, baseada nos valores espirituais. Com exceção de alguns
filantropos de visão ampla e de um punhado de estadistas, eclesiásticos e educadores
iluminados, este sentido de responsabilidade econômica não se encontra em parte
alguma.
95
Chegou o momento de revalorizar o dinheiro e canalizar sua utilidade para novas
direções. A voz do povo há de prevalecer, porém deve ser um povo educado nos
verdadeiros valores, no significado da verdadeira cultura, e na necessidade de que
existam corretas relações humanas. Trata-se, portanto, de uma questão essencial de
sã educação e de correta preparação para a cidadania mundial, algo não
empreendido ainda. Quem pode dar este treinamento? A Rússia prepararia,
prazerosamente, o mundo segundo os ideais do comunismo e acumularia, nas arcas
do proletariado, todo o dinheiro do mundo, produzindo o mais grandioso sistema
capitalista que jamais se tenha visto. A Grã-Bretanha prepararia, prazerosamente, o
mundo, nos conceitos britânicos de justiça, jogo limpo e comercio internacional, algo
que realizaria melhor que qualquer outra nação, devido à sua vasta experiência, porém
cuidando sempre de seus lucros. Também os Estados Unidos empreenderiam,
gostosamente, a tarefa de imprimir o selo da democracia norte-americana no mundo,
utilizando seus vastos capitais e recursos, bem assim acumulando em seus bancos os
frutos de suas grandes atividades financeiras, resguardando-as do perigo da bomba
atômica e ameaçando com "seu punho armado" o resto do mundo. A França manteria
a Europa em um estado de intranquilidade, ao tratar de reconquistar o prestígio
perdido e tirar proveito, em tudo por tudo, da vitória das nações aliadas. Assim se faz a
história. Cada nação lutando para si, e todas qualificando-se em termos de recursos e
finanças. Entretanto, a humanidade padece fome, não possui a cultura necessária e lhe
são ensinados falsos valores e o mau emprego do dinheiro. Enquanto não se haja
sanado esta situação, não será possível o retorno do Cristo.
Diante desta perturbadora situação financeira, qual será a resposta ao problema?
Existem homens e mulheres em todos os países, em todo o governo, em toda igreja,
religião e fundação educativa, capazes de dar a resposta. Que esperanças albergam
para isso e para o trabalho que se lhes há confiado? Em que forma podem ajudar os
povos do mundo, os homens de boa vontade e de visão espiritual? Que podem fazer
para mudar o conceito generalizado sobre o dinheiro, desviando-o, assim, para outros
canais, onde seja empregado de forma mais correta? Deve-se achar resposta a estas
interrogações.
Existem dois grupos que muito podem realizar: aqueles que já estão empregando
os recursos financeiros do mundo, sempre quando podem captar a nova visão e ver "a
escritura na parede", que está derribando a velha ordem, como também o conjunto de
pessoas boas e generosas de todas as classes sociais e esferas de influência.
Os homens de orientação espiritual e de boa vontade devem repelir a ideia de sua
relativa inutilidade, insignificância e futilidade, e compreender que agora (nestes
momentos cruciais e críticos) podem trabalhar eficientemente. As Forças do Mal estão
derrotadas, conquanto ainda não "tenham sido muradas" por trás da porta onde a
humanidade pode encerrá-las, segundo predisse O Novo Testamento. O mal trata de
percorrer todo caminho disponível para uma nova abordagem, porém - e isto podemos
dizer com confiança e insistentemente - as pessoas humildes, iluminadas e altruístas,
existem em número suficiente para fazem sentir seu poder, se assim o quiserem. Em
cada país há milhões de homens e mulheres espiritualmente orientados que, chegado
o momento de encarar, globalmente, esta questão de dinheiro, podem recanalizá-lo
96
em forma permanente. Em todos os países existem escritores e pensadores que
agregariam sua poderosa ajuda, e o farão se forem solicitados, como convém. Há
estudantes esotéricos e devotos religiosos, a quem se pode apelar para ajudar na
preparação do retorno do Cristo, especialmente se a cooperação requerida consistir
em empregar dinheiro e tempo para o estabelecimento das corretas relações humanas,
bem assim o incremento e difusão da boa vontade.
Não se necessita de uma grande campanha para reunir fundos, senão do trabalho
desinteressado de alguns milhares de pessoas aparentemente sem importância. Diria
que o que de mais se necessita é coragem, porque é preciso ter coragem para vencer a
desconfiança, a timidez e o desagrado, ao apresentar um ponto de vista relacionado
com o dinheiro. Aqui, fracassa a maioria. É relativamente fácil, atualmente, reunir
fundos para a Cruz Vermelha, hospitais ou instituições educativas. Resulta sumamente
difícil fazer o mesmo para propagação da boa vontade e o emprego correto do dinheiro
na difusão de ideias avançadas, tais como a vinda do Cristo. Portanto, repito: o
primeiro requisito é CORAGEM.
O segundo requisito concerne aos sacrifícios e arranjos que capacitem os
trabalhadores do Cristo para dar, até o limite, sua colaboração. Não há de ser,
simplesmente, uma capacidade adquirida para apresentar o tema, senão que cada
trabalhador deve pôr em prática o que predica. Se, por exemplo, os milhões de pessoas
que amam a Cristo e tratam de servir à Sua causa, dessem uma pequena quantidade
de dinheiro por ano, haveria fundos suficientes para Seu trabalho. As necessárias
organizações e seus diretores, espiritualmente orientados, apareceriam
automaticamente. A dificuldade não está na organização do trabalho e do dinheiro;
estriba, sim, na incapacidade das pessoas para darem. Por uma razão ou outra dão
pouco ou nada, ainda quando estejam interessadas em uma causa como a do
reaparecimento do Cristo. O temor pelo futuro; a dissipação; o desejo de fazer
obséquios e o não se dar conta de que as grandes somas estão formadas por muitas
parcelas pequenas, gravitam todos contra a generosidade econômica, e sempre
apresentam desculpas que parecem adequadas. Portanto, o segundo requisito é que
todo o mundo dê o que possa.
Terceiro, as escolas metafísicas e os grupos esotéricos se têm voltado,
preferentemente, para a questão da orientação do dinheiro para os canais pelos quais
têm preferência. Com frequência se ouve a seguinte pergunta: Por que a escola de
pensamento "Unity", a igreja "Christian Science" e os movimentos do Novo
Pensamento podem reunir os fundos necessários, enquanto que outros grupos,
especialmente os esotéricos, não podem fazê-lo? Por que Os verdadeiros
trabalhadores espirituais são incapazes de materializar o que necessitam? A resposta é
simples. Estes grupos e trabalhadores que estão mais próximos do ideal espiritual, se
acham divididos entre si. Seu interesse principal está nos níveis espirituais e abstratos,
e não se aperceberam que o plano físico tem a mesma importância que os motivos
espirituais. As grandes escolas metafísicas estão empenhadas em fazer demonstrações
materiais, e tão grande é sua ênfase e está tão centralizada sua abordagem, que
conseguem o que pedem.
Devem aprender que a demanda e sua resposta devem ser o resultado do
97
propósito espiritual, e que aquilo que se pede não se deve empregar para o eu
separado nem para uma organização ou igreja separatista. Na Nova Era, que se
aproxima, antes da vinda do Cristo, a petição de ajuda financeira deve-se fazer com o
fim de estabelecer corretas relações humanas e boa vontade, não para o
engrandecimento de uma organização particular. As organizações que reúnem fundos
devem trabalhar em uma Sede que tenha um mínimo de gastos e o pessoal perceber
um salário mínimo, porém razoável. Não há muitas organizações desse tipo,
atualmente. As que existem podem dar um exemplo que será rapidamente seguido, à
medida que aumenta o desejo para o retorno do Cristo. Portanto, o terceiro requisito é
servir à humanidade una.
O quarto requisito deve ser uma minuciosa explicação da causa para a qual se
solicita ajuda econômica. Encontrar-se-á quem tenha coragem para falar, porém uma
explicação inteligente também tem muita importância. O ponto principal que se deve
acentuar, no trabalho preparatório para o retorno do Cristo, é o estabelecimento de
corretas relações humanas. Isto já foi começado, sob distintos nomes, por homens de
boa vontade de todo o mundo.
Chegamos, agora, ao quinto requisito, uma fé vital e firme na humanidade como
um todo. Não deve haver pessimismo a respeito do futuro do gênero humano, nem
tampouco preocupação pelo desaparecimento da velha ordem. "O bom, o verdadeiro e
o belo" - estão em caminho e disso é responsável a humanidade e não uma divina
intervenção externa. A humanidade está despertando rapidamente e muito bem.
Estamos atravessando a etapa em que tudo se proclama abertamente - tal como o
Cristo predisse - e à medida que escutamos ou lemos a respeito da onda de
escândalos, crimes, prazeres sensuais e luxos, tendemos a desalentar-nos. Convém
recor dar que é bom que tudo isto surja à superfície e seja conhecido por todos.
Similarmente a uma depuração psicológica do subconsciente, à qual se submete o
indivíduo, pressagia a inauguração de um dia novo e melhor.
Há um trabalho pela frente, e os homens de boa vontade, de orientação
espiritual e de verdadeiro treinamento cristão, hão de fazê-lo. Devem iniciar a era
em que o dinheiro se empregará para a Hierarquia espiritual e também devem
expressar essa necessidade nas esferas de invocação. Invocação é o tipo mais
elevado de oração existente e uma nova forma de demanda divina, que se tem feito
possível pela meditação.
Nada se há de agregar, referente ao pedido de fundos, à coragem e
compreensão. Se a coragem que demonstra o Cristo, ao enfrentar Seu regresso a
este mundo físico externo; se a necessidade da humanidade de estabelecer corretas
relações humanas; se a obra do sacrifício dos discípulos de Cristo não forem
suficientes para avivar e estimular Vocês e aqueles com quem podem fazer contato,
nada do que se diga será de utilidade.
Temos considerado a necessidade da preparação para a vinda de Cristo e alguns
dos requisitos fundamentais que se apresentarão, à medida que as pessoas se
aprestam para a atividade requerida, inclusive a de reunir os fundos necessários para
levar adiante o trabalho preparatório. O colaborador individual, antes de tudo, tem
que determinar se seu incentivo e expectação espiritual são aptos para levar avante
98
sua tarefa. Unicamente tem importância aquilo que dá impulso à ação, e só será
capaz para a tarefa aquele cuja visão seja suficientemente clara para permitir-lhe
trabalhar com compreensão e sinceridade. Deve descobrir que pode desempenhar
sua parte na realização do plano divino. A realidade do Cristo e a autêntica
possibilidade de Seu reaparecimento devem tornar-se fatores motivadores
importantes em sua consciência. Ele busca ao seu redor àqueles com quem pode
trabalhar e possuem os mesmos objetivos espirituais. Desta maneira, e a seu devido
tempo, aprende que existe na Terra um grupo integrado e bem organizado a que se
pode denominar Novo Grupo de Servidores do Mundo. Comprova sua existência em
toda parte, sua atuação em cada país, em todos os grupos religiosos organizados e
nos que se dedicam ao bem-estar da humanidade e à preparação para o retorno do
Cristo.
Este grupo, apesar de trabalhar no plano cotidiano da vida material, conserva,
entretanto, uma estreita e íntima integração espiritual com o centro de energia, do
qual pode extrair todo o necessário para o trabalho espiritual ativo. O grupo
proporciona um campo de serviço para todos aqueles que tratam de expressá-lo.
Também constitui o lugar de reunião para aqueles que desejam ser provados e onde
seus motivos e constância serão postos à prova. Isto é uma antecipação ao
aproveitamento da oportunidade espiritual. Então, fica livre para trabalhar em áreas
de serviço cada vez mais amplas.
O Novo Grupo de Servidores do Mundo proporciona, essencialmente, um campo
de treinamento e experimentação para aqueles que têm a esperança de elevar-se
espiritualmente e capacitar-se para ser discípulos ativos, dirigidos pelo Cristo. O
aparecimento deste grupo na Terra, nestes momentos, é um dos indícios do êxito
obtido no processo evolutivo tal como se aplica à humanidade. Este método de
trabalho (de utilizar os seres humanos como agentes para levar adiante a tarefa de
salvação do mundo) foi iniciado pelo próprio Cristo, que trabalhou com os homens
por meio de outros, chegando à humanidade por intermédio de Seus doze Apóstolos
e considerou a Paulo como o substituto de Judas Iscariote. O Buda tentou empregar o
mesmo sistema, porém, no princípio, Seu grupo esteve mais relacionado com Ele que
com o mundo dos homens. Cristo enviou Seus Apóstolos ao mundo para alimentar as
ovelhas e buscar, guiar e converter-se em "pescadores de homens". A relação dos
discípulos do Cristo para com o Mestre foi somente secundária, sendo a primordial, o
atendimento às solicitações do mundo. Esta atitude ainda predomina na Hierarquia,
sem menoscabar sua devoção pelo Cristo. O Buda instituiu, simbolicamente, e em
forma embrionária, converteu-se em fato e em uma realidade, devido às
circunstâncias da Era Pisciana.
Na era de Aquário, na qual estamos entrando, este tipo de trabalho grupal
alcançará um ponto muito elevado de desenvolvimento, e o mundo será salvo e
reconstruído por grupos, mais acentuadamente que por indivíduos. No passado,
tivemos os Salvadores do mundo - esses Filhos de Deus que deram aos homens uma
mensagem que trouxe maior luz aos povos. Agora, na plenitude do tempo e através
dos processos evolutivos, está surgindo um grupo que trará a salvação ao mundo e
que (incorporando as ideias grupais e acentuando o verdadeiro significado da Igreja
99
do Cristo) estimulará e fortalecerá de tal maneira a mente e a alma dos seres
humanos, que a nova era iniciar-se-á com a afluência do Amor, do Conhecimento e da
Harmonia de Deus mesmo, assim como, também, com o reaparecimento do Cristo,
em Quem estarão personificadas estas três faculdades divinas.
No passado, as religiões foram criadas por uma grande alma, um Avatar ou um
destacado personagem espiritual. A marca de suas vidas, palavras e ensinamentos se
plasmou na raça, e persistiu através dos séculos. Qual será o efeito produzido por um
Avatar grupal ou Salvador mundial? Qual será a potência do trabalho realizado por
um grupo de Conhecedores de Deus, que anunciem a verdade e se reúnam,
subjetivamente, para realizar a magna tarefa de salvar o mundo? Que efeito
produzirá a missão que terá que cumprir um grupo de Salvadores do mundo, que
conhecem Deus em certa medida, que complementam, mutuamente, seus esforços,
reforçam, reciprocamente, suas mensagens e constituem um organismo, através do
qual a energia espiritual e o princípio-vida espiritual podem fazer sentir sua presença
no mundo, sob a direção do Cristo em Presença Visível?
Tal grupo existe agora, com membros em todos os países. São, realmente,
poucos e isolados, porém seu número cresce constantemente, e sua mensagem se
fará sentir cada vez mais. Estão animados por um espírito construtivo; constituem os
estruturadores da Nova Era. Confiou-se-lhes a tarefa de preservar o espírito da
verdade e de organizar o pensamento dos homens, a fim de que a mente da raça seja
controlada e levada a esse estado de meditação e reflexão, que lhe permitirá
reconhecer o próximo desenvolvimento da divindade, que o Cristo inaugurará. Nos
últimos dez anos, este Novo Grupo de Servidores do Mundo tem sido reorganizado e
vitalizado, expandindo-se o conhecimento de sua existência por todo o mundo.
Atualmente, constitui um grupo de homens e mulheres de todas as nacionalidades e
raças, os quais pertencem a todas as organizações religiosas e movimentos
humanitários, que estão fundamentalmente orientados, ou em processo de sê-lo,
para o Reino de Deus. São discípulos do Cristo que trabalham consciente e, com
frequência, inconscientemente, para Seu reaparecimento. São aspirantes espirituais
que tratam de servir e converter em realidade o Reino de Deus na Terra. São homens
de boa vontade e inteligentes que procuram aumentar a compreensão e as corretas
relações humanas entre os homens. Este grupo compreende dois subgrupos
importantes:
1 - Os discípulos de Cristo, que trabalham conscientemente para desenvolver
Seus planos e aqueles que, instruídos pelos primeiros, colaboram, consciente e
voluntariamente. A esta última categoria podemos pertencer, se assim o desejarmos
e estivermos dispostos a fazer os sacrifícios necessários.
2 - Os aspirantes e homens e mulheres conscientes, que trabalham,
inconscientemente, sob a guia da Hierarquia espiritual. Existem muitos deles,
especialmente em cargos destacados, os quais desempenham a tarefa de
destruidores das antigas formas ou de construtores das novas. Não têm consciência
de nenhum plano interno sintético, porém se ocupam, desinteressadamente, em
satisfazer as necessidades do mundo, o melhor que podem, desempenhando uma
parte importante no drama nacional ou trabalhando, firmemente, no campo da
100
educação.
O primeiro grupo tem, em certa medida, contato com a Hierarquia espiritual, e,
em maior escala, com os verdadeiros discípulos; seus membros trabalham sob a
inspiração espiritual. O segundo grupo está em mais íntimo contato com as multidões
e trabalha mais especificamente inspirado pelas ideias. O primeiro grupo se ocupa
com o Plano do Cristo, na medida em que seus membros podem captar sua essência,
enquanto que o segundo trabalha com novos conceitos e esperanças, que afloram à
consciência da humanidade, à proporção que os homens, subjetiva e
inconscientemente, respondem à preparação para o reaparecimento do Cristo. Como
resultado do trabalho que realiza o Novo Grupo de Servidores do Mundo, a
humanidade está despertando, constantemente, para as possibilidades futuras.
O despertar das classes intelectuais ao reconhecimento da humanidade, é o
prelúdio do estabelecimento da fraternidade. A unidade da família humana é
reconhecida pelo homem, porém antes de que essa unidade possa adquirir e adotar
uma forma construtiva, é essencial que um maior número de pessoas que pensam,
derribem as barreiras mentais que existem entre raças, nações e classes; é essencial
que o Novo Grupo de Servidores do Mundo reedite, no mundo externo, esse tipo de
atividade que a Hierarquia expressou, quando desenvolveu e materializou este
mesmo Grupo. Por meio da impressão e expressão de certas grandes ideias, os
homens devem compreender os ideais básicos que regerão a nova era. Esta é a tarefa
mais importante do Novo Grupo de Servidores do Mundo.
A medida que estudamos e aprendemos a reconhecer, em todos seus ramos e
esferas de atividade, o Novo Grupo de Servidores do Mundo - que disseminados pelo
mundo abarca a todos os sinceros trabalhadores e as pessoas altruístas de todas as
nações, religiões ou organizações de caráter humanitário - nos daremos conta de que
há na Terra um grupo de homens e mulheres que, por seu número e atividades, são
capazes de produzir as mudanças que permitirão ao Cristo caminhar, novamente,
entre nós. Isto ocorrerá, se estiverem verdadeiramente interessados, preparados para
fazer os sacrifícios necessários e dispostos a suprimir as diferenças nacionais,
religiosas e de organização, de modo a poder levar a cabo aqueles formas de serviço
que reconstruirão o mundo. Devem educar o gênero humano relativamente a umas
poucas, simples e fundamentais essencialidades, bem assim familiarizar a humanidade
com a ideia do reaparecimento do Cristo e a exteriorização do Reino de Deus. Em
grande parte, seu trabalho consiste em resumir e tornar mais efetivo o trabalho dos
Filhos de Deus, do Buda e do Cristo.
O êxito do trabalho do Novo Grupo de Servidores do Mundo é inevitável. Fez-se
um grande progresso, durante os últimos dez anos; a integração interna da parte
desse grupo que trabalha em intimo contato com o Cristo e a Hierarquia espiritual é
de tal magnitude que o êxito externo está garantido. Proporcionam um canal, através
do qual a Luz, o Amor e o Poder do Reino de Deus podem chegar aos trabalhadores
mais exotéricos.
Portanto, temos de compreender que as pessoas espiritualmente orientadas e
todos aqueles que procuram trabalham por estabelecer corretas relações humanas; os
que praticam a boa vontade e se esforçam, verdadeiramente, por amar a seus
101
semelhantes, formam parte integrante do Novo Grupo de Servidores do Mundo, e sua
tarefa mais importante, nestes momentos, é preparar o caminho para o
reaparecimento do Cristo.
Permita-se-me expressar, enfaticamente, que o método principal de que nos
podemos servir, e o instrumento mais poderoso, em mãos da Hierarquia espiritual, é a
difusão da boa vontade, fundida em uma potência unida e ativa. Prefiro esta
expressão às palavras "organização de boa vontade". A boa vontade é hoje um sonho,
uma teoria, uma força negativa. Deverá desenvolver-se até converter-se em uma
realidade, um ideal ativo e uma energia positiva. Este é o nosso trabalho e novamente
somos chamados a colaborar.
A tarefa que tem pela frente o Novo Grupo de Servidores do Mundo é grande,
porém não impossível. É absorvente, porém como constitui um padrão imposto de
vida, ele pode ser levado a bom termo, em todos os aspectos do viver cotidiano do
homem e da mulher normais. Não obstante, somos convocados, ao mesmo tempo, a
levar uma vida anormal e carregar com uma responsabilidade bem definida.

102
CONCLUSÃO

Já se lançou o chamado de preparação para o reaparecimento do Cristo; fez-se o


chamado para a salvação do mundo, e em toda parte se reúnem, hoje, homens
espiritualmente orientados e discípulos do Cristo. Não é uma reunião no plano físico,
senão um acontecimento profundamente espiritual e subjetivo. Aqueles, inclusive,
que só têm tido uma ínfima compreensão do que verdadeiramente significa o
chamado, respondem e pedem uma oportunidade para ajudar e que sejam instruídos
a respeito do que hão de fazer.
Espera-se, hoje, portanto, o Reaparecimento. O Cristo é esperado
universalmente, e com esta expectativa, traz o antídoto contra o temor e o horror
que desceram sobre o nosso desgraçado planeta. A humanidade olha hoje em duas
direções: para a Terra devastada e o agonizante coração dos homens, e para o Lugar
de onde virá Cristo, denominado, simbolicamente, de "Céu". Coexistindo a mesma
expectativa, os mesmos testemunhos, predições e indícios do "fim da Era", não é
razoável crer que se aproxima um grande acontecimento? Se em meio da morte e da
destruição se pode achar uma fé vivente (e esta existe em toda parte) e um ardente
fervor que penetra as trevas até chegar ao centro de luz, não justifica isto a suposição
de que dita fé e fervor se fundem em um profundo conhecimento intuitivo? Não será
uma realidade divina aquilo de que se fala: "a fé é a substância das coisas que se
esperam, a demonstração das coisas que não se veem? (Heb. 11,1).
A humanidade espera a chegada d'Aquele Que Vem, seja qual for a designação
que se lhe dê. Pressente-se que o Cristo está em caminho. O segundo advento é
iminente, e dos lábios dos discípulos, místicos, aspirantes, pessoas orientadas
espiritualmente e homens e mulheres iluminados, se eleva o grito de "Que a Luz, o
Amor e o Poder e a Morte cumpram o propósito d'Aquele que Vem". Estas palavras
constituem um chamado, uma consagração, um sacrifício, uma profissão de fé e um
desafio ao Avatar, o Cristo, que espera, em Seu lugar elevado, que a demanda seja
adequada e o clamor suficientemente potente, capaz de justificar Seu
reaparecimento.
É muito necessário ter-se em conta que não nos incumbe determinar a data do
reaparecimento do Cristo, nem devemos esperar ajuda espetacular ou fenômeno
estranho. Se nosso trabalho estiver bem feito, Ele virá no momento indicado. Como,
de onde e quando virá, não nos diz respeito. Nossa tarefa é fazer o máximo, na maior
escala possível, a fim de produzir corretas relações humanas, pois Sua vinda depende
de nosso trabalho.
Todos podem fazer alguma coisa, para pôr fim à terrível situação mundial e
melhorar as atuais condições. O mais humilde dentre nós pode desempenhar sua
parte na inauguração da nova era de boa vontade e compreensão. Sem embargo, é
necessário dar-nos conta de que não estamos trabalhando para o milênio bíblico,
senão que o nosso objetivo é duplo, a saber:
1 - Destruir os antigos e malignos ritmos e estabelecer novos e melhores. Para
103
isto, o tempo é um fator primordial. Se pudermos deter a cristalização das velhas
forças do mal que produziram a guerra mundial e conter as forças reacionárias, em
todas as nações, aplainaremos o caminho para o novo, e abriremos a porta às
atividades do Novo Grupo de Servidores do Mundo, em todos os países - aquele grupo
que é o agente do Cristo.
2 - Amalgamar e mesclar as aspirações de todos, para que o clamar da
humanidade seja suficientemente poderoso, de modo a chegar à Hierarquia espiritual.
Isto requererá sacrifício, compreensão e profundo amor por nossos semelhantes
e, também, inteligência, sabedoria e uma prática percepção dos assuntos mundiais. À
medida que progrida o trabalho de estabelecer corretas relações humanas
(necessidade fundamental do mundo), e que se desenvolva o método da boa vontade,
o Cristo e Seus discípulos se achegarão cada vez mais à humanidade. Se aceitarmos a
premissa inicial de que Ele está a caminho, então as pessoas espiritualmente
orientadas, e os discípulos e os aspirantes do mundo, trabalharão, inevitavelmente;
porém deve-se aceitar a premissa, para que o incentivo seja adequado. Com este
conceito, olhamos para o futuro. O "fiat" do Senhor foi pronunciado. Cristo está
atento ao chamado da humanidade. Esta demanda se eleva e acrescenta, cada vez
mais, "porque à hora que não penseis, Ele virá."

104
MÂNTRAM DE UNIFICACÃO

Os filhos dos homens são um e eu sou uno com eles.


Trato de amar e não odiar;
Trato de servir e não de exigir serviço;
Trato de curar e não ferir.

Que a dor traga a devida recompensa de luz e amor.


Que a alma controle a forma externa,
A vida e todos os acontecimentos,
E traga à luz o Amor
Que subjaz em tudo quanto ocorre nesta época.

Que venham a visão e a percepção interna.


Que o porvir quede revelado.
Que a união interna seja demonstrada e cessem
As divisões externas.
Que prevaleça o amor.
Que todos os homens amem.

105
INVOCAÇÃO OU PRECE

Do ponto de Luz na Mente de Deus,


Flua luz às mentes dos homens;
Desça a Luz à Terra.

Do ponto de Amor no Coração de Deus,


Flua amor aos corações dos homens;
Volte Cristo à Terra.

Do centro onde a Vontade de Deus é conhecida,


Guie o propósito as pequenas vontades dos homens;
O propósito que os Mestres conhecem e servem.

Do centro a que chamamos raça dos homens,


Cumpra-se o Plano de Amor e Luz
E mure-se a porta onde mora o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam o Plano na Terra.

"Esta Invocação não é propriedade de nenhum indivíduo ou grupo, em especial.


Pertence a toda a humanidade. A beleza e a força desta Invocação residem em sua
simplicidade e no fato de expressar certas verdades essenciais que todos os homens
aceitam, inata e normalmente: a verdade da existência de uma Inteligência básica, a
Quem damos, vagamente o nome de Deus; a verdade de que, por trás das aparências
externas, o Amor é o poder ativador do Universo; a verdade de que uma grande
Individualidade veio à Terra, chamada o Cristo pelos cristãos, e encarnou esse amor,
para que o pudéssemos compreender; a verdade de que tanto o Amor como a
inteligência são efeitos da Vontade de Deus; e, finalmente, de que o Plano Divino só
pode realizar-se através da própria humanidade."

ALICE A. BAILEY

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