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A EFICÁCIA DO
LICENCIAMENTO
AMBIENTAL C O M O
UM INSTRUMENTO
PÚBLICO DE GESTÃO
DO MEIO AMBIENTE
EDITORA
A E FIC Á C IA D O LICENCIAM ENTO AMBIENTAL
C O M O UM INSTRUMENTO PÚBLICO
DE GESTÃO D O MEIO AMBIENTE
i
ANDRÉ VANONI DE GODOY
A EFICÁCIA DO
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
C O M O UM INSTRUMENTO PÚBLICO
DE GESTÃO DO MEIO AMBIENTE
EDITORA
R oberto A n to n io Busato
P re s id e n te da O A B e P re sid e n te H o n o rá rio d a O A B E D IT O R A
Francisco Jo sé Pereira
E d ito r
R odrigo Pereira
C a p a e P ro je to G ráfico
Usina da Imagem
D ia g ra m a ç à o
C o n se lh o E d ito ria l
Je ffe rso n L u is K ra vchychyn (P reside n te )
A lbe rto de Pauia M achado
Ana Maria M orais
Cesar Luiz Pasoid
Hermann A ssis Baeta
Oscar O távio C oim bra A rg oilo
Paulo Bonavides
Rubens A p pro b a te (Machado
Sergio Ferraz
577.4
ISBN • 85-87260-59-6
EDITORA
SAS Quadra 05 • Lote 01 • Bloco M
Edifício Sede do Conselho Federal da OAB
Brasília, DF - CEP 70070-050
Tel. (61) 316-9600
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................7
C a p ítu lo 1
C a p ítu lo 2
O LICENCIAMENTO AMBIENTAL...........................................25
C a p ítu lo 3
C a p ítu lo 4
C a p ítu lo 5
DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO E UM
MODELO MODERNO DE GESTÃO AMBIENTAL;
O PARADIGMA DA COOPERAÇÃO........................................ 57
5.1 Os m e c a n ism o s de regulação e controle
d a s a tiv id ad e s p o lu id o r a s .............................................. 61
5.2 Um m odelo m o d e m o de gestão a m b i e n t a l 63
CONCLUSÃO.................................................................................71
BIBLIOGRAFIA.............................................................................75
A EFICACIA DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO UM INSTRUMENTO PÚBLICO DE GESTÃO DO M ElO AMBIENTE --------- 7
INTRODUÇÃO
in te re s s e pelo te m a su rg iu , b a sic a m e n te , de d u a s o b
O servações p rá tic a s . A prim eira, e m q u e p e se a s u a re la
tiv a n o v id a d e n o p a ís , é a r á p i d a i n te g r a ç ã o do D ireito
A m biental ao s a s s u n to s d a p a u ta d iá ria d a vida d a nação. A
s e g u n d a é a e x istên cia de u m d ista n c ia m e n to m u ito g ra n d e
e n tre os órgãos de controle do meio a m b ie n te e o s e m p re e n
dedores, o q u e tem c a u sa d o a tra s o s no desenvolvim ento do
p aís. E ste d ista n c ia m en to , e n tre o u tro s fatores m en o s rele
v a n te s, é provocado pela existência de u m a visão p rec o n c e i
tu o sa . q u e im pede q u e o licenciam ento a m b ie n ta l seja u m a
p rá tic a eficaz de proteção e indução do desenvolvim ento s u s
tentado, ten d o sido. a té agora, ao contrário do q u e se pode
imaginar, u m pesado óbice jurídico-burocrático enfrentado pelas
e m p re s a s n a concepção e aprovação de s e u s em p re e n d im e n
tos. Surge a co n sta taç ã o de que a variável ideológica tem im
p o rtâ n c ia fu n d am e n ta l p a ra o tem a, j á q u e é m otivadora de
g ra n d e p a rte d a s discordãncias que p o n tu a m a s d isc u ssõ e s a
respeito n o s m eios político, governam ental e em presarial.
O q u e aco n tece então, é u m de dois re s u lta d o s . O u o
meio a m b ie n te segue preservado em d e trim e n to do d esen v o l
vim ento ou, contrario se n su , o desenvolvim ento a v a n ç a em
d e trim e n to do m eio am biente, tal é a se p a ra ç ã o , n a prática,
d a s r e s p o n sa b ilid ad e s, e a falta de u m a visão in te g ra d o ra dos
a g e n te s econôm icos e g o v ern am en tais a respeito do tem a. A
8 ANDRE VANO NIDE GODOV
^ Paulo Affonso Leme Machado, D ire ito A m b ie n ta l B ra s ile iro , pág. 140.
' Elida Séguin, 0 D ire ito A m b ie n ta l: Nossa Casa Planetária, pág. 51.
^ José Rubens Morato Leite e Patryck de Araújo Ayala, D ire ito A m b ie n ta l na S o cie d a de d e Risco,
pág. 54.
D o s I n s t r u m e n t o s (art. 9"):
I - o esta b e le c im e n to d e p a d r õ e s d e q u a l id a d e a m b ie n ta i;
II - o z o n e a m e n to am b ien tal;
iii - a av alia ç ã o d e im p a c to s am b ie n ta is;
IV - o licen ciam en to e a rev isão d e a t iv id a d e s efetiv a o u
p o te n c ia lm e n te p o lu id o ra s ;
V - o s in c e n ti v o s à p r o d u ç ã o e in s ta la ç ã o d e e q u i p a
m e n t o s e a criação o u a b s o r ç ã o d e te c n o lo g ia , v o lta d o s
p a ra a m e l h o r i a d a q u a l i d a d e a m b ie n t a l;
VI - a criação d e e sp aço s te rrito riais e sp e c ia lm e n te p r o
te g id o s p e lo P o d e r Piiblico fed eral, e s t a d u a l e m u n i c i
p al, tais c o m o á re a s d e p ro te ç ã o a m b ie n ta l, d e re le v a n te
in teresse ecológico e re s e rv a s e x trativ istas;
^ Ricardo Carneiro, D ire ito A m b ie n ta l: Uma A b ord a g em E conôm ica, pág. 104.
12 ANDRÉ VANONI DE GODOY
p a ís, c o n d iç õ e s a o d e s e n v o l v i m e n t o só c io -e c o n ô m ic o ,
a o s in te re s se s d a se g u r a n ç a n a c io n a l e à p r o t e ç ã o d a d i g
n i d a d e d a v i d a h u m a n a , a t e n d i d o s o s s e g u i n t e s p r i n c í
pios:
( .. .)
X - e d u c a ç ã o a m b i e n t a l a to d o s o s n í v e i s d o e n s i n o , i n
c lu siv e a ed u cação da c o m u n id a d e , o b je tiv a n d o
ca p a c itá -la p a r a p a r tic ip a ç ã o a t iv a n a d e f e s a d o m e io
a m b ie n t e .
Fritjoí Capra, Uma C iência Para a Vida Sustentávei, ECO-21 - Revista de Ecologia do Século
21, ed. 75.
No original: ecoliteracy.
16 ANDRÉ VANONI DE GODOY
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis, órgão do SISNAMA, cuja fina
lidade é a execução e o controle, como órgão federal, da política e das diretrizes governamentais
fixadas para o meio ambiente.
A EFICACIA DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO UM INSTRUMENTO PUBLICO DE GESTÃO DO MElO AM BlENTE --------- J7
COMPETÊNCIA
MATERIAL LEGISLATIVA
A rt. 21 . X III e X IX , C F /8 8
C o m u m - A r t . 2 3 , V II, C F /8 8 E x c lu s iv a - A rt. 25 . § § 1 - e 2 -, C F /8 8
C o n c o rre n te - A rt. 2 4 , V I, C F /8 8
in c is o s e § 4°
s a lv o § 6°
Ao p re s e n te e s tu d o in te re s s a d a r d e s ta q u e à q u e s tã o d a
c o m p e tê n cia e n tre os e n te s federativos, que e s tá c o n s u b s ta n
c ia d a n a p a rte a in d a vigente do Decreto-Lei n'^ 2 0 0 /1 9 6 7 , e s
pecificam ente q u a n to à com petência executiva com um . Lá.
seg u n d o Séguin, “a delegação d e com petência/oi utilizada como
instrum ento d e descentralização adm inistrativa, com o objetivo
d e a sseg u ra r m aior rapidez e objetividade à s decisões, situ -
a n d o - a s n a p r o x im i d a d e d o s f a t o s , p e s so a s ou problem as a
atender"^^ [grifos do autor^.
A lgum as definições a d o ta d a s pelo CONAMA n a R esolu
ção em com ento (art. 1°, 1. II, III e IV} m erecem s e re m d e s ta
c a d a s aq u i, pois facilitam a c o m p reen são do tem a:
L ic e n c ia m e n to am biental; proced im en to a d m in is tr a
tivo pelo q u a l o órgão a m b ie n ta l com p eten te licencia a locali
zação, in stalação , am pliação e o p eração de e m p re e n d im e n to s
e a tiv id ad e s utilizadores de re c u rs o s a m b ie n ta is c o n s id e ra
dos efetiva ou poten cialm en te poluidores ou d a q u e le s que,
so b q u a lq u e r form a, p o s s a m c a u s a r d e g ra d a ç ã o am b ien tal,
co n sid e ran d o a s disposições legais e re g u la m e n ta re s e a s n o r
m a s té c n ic a s aplicáveis ao caso.
L icen ça am biental: a to ad m in istrativ o pelo qual o ó r
gão a m b ie n ta l com p eten te estabelece a s condições, restrições
e m e d id a s de controle a m b ie n ta l que deverão s e r obedecidas
pelo em p reen d ed o r, p e sso a física ou ju ríd ic a , p a r a localizar,
in sta la r, a m p lia r e o p e ra r e m p re e n d im e n to s ou ativid ades
utilizadores d o s re c u rs o s a m b ie n ta is c o n sid e ra d o s efetiva ou
p o ten c ia lm e n te poluidores ou aq u e le s que, so b q u a lq u e r for
m a. p o s s a m c a u s a r d e g rad ação am biental.
I - D efin ição p e lo ó r g ã o a m b ie n ta l c o m p e te n t e , c o m a
p a rtic ip a ç ã o d o e m p r e e n d e d o r , d o s d o c u m e n to s , p ro je
to s e e s t u d o s a m b ie n ta is, n e c e ss á rio s ao início d o p r o c e s
s o d e l i c e n c i a m e n t o c o r r e s p o n d e n t e à lic e n ç a a s e r
re q u e r id a ;
II - R e q u e rim e n to d a licença a m b ie n ta l p e lo e m p r e e n d e
d o r, a c o m p a n h a d o d o s d o c u m e n to s , p ro je to s e e s t u d o s
a m b ie n ta is p e rtin e n te s, d a n d o - s e a d e v i d a p u b lic id a d e ;
I I I ' A n álise p elo ó rg ã o a m b ie n ta l c o m p e te n te , i n t e g r a n
te d o S IS N A M A , d o s d o c u m e n to s , p ro je to s e e s t u d o s
a m b ie n ta is a p r e s e n ta d o s e a re alização d e v is to ria s téc
nicas, q u a n d o n ecessárias;
A EFICÁCIA DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO UM INSTRUMENTO PÚBLICO DE GESTÃO DO MEIO AMBIENTE ----------- 2 3
IV - Solicitação d e escla re c im e n to s e c o m p le m e n ta ç õ e s
p elo ó rg ão am b ien tal com petente, in teg ran te d o SISN A M A ,
u m a ú n ic a vez, e m d e c o rrê n c ia d a a n á lis e d o s d o c u m e n
tos, p ro jeto s e e s t u d o s a m b ie n ta is a p r e s e n ta d o s , q u a n d o
co u b e r, p o d e n d o h a v e r a re ite ra ç ã o d a m e s m a solicita
ç ã o ca so o s escla re c im e n to s e c o m p le m e n ta ç õ e s n ã o te
n h a m sid o satisfatórios;
V - A u d iê n c ia p ú b lic a , q u a n d o co u b e r, d e a c o r d o c o m a
r e g u la m e n ta ç ã o p ertin e n te ;
VI - S o licitação d e e s c la re c im e n to s e c o m p le m e n ta ç õ e s
p e lo ó rg ã o a m b ie n ta l c o m p e te n te , d e c o r r e n te s d e a u d i
ên cias p ú b licas, q u a n d o co u b er, p o d e n d o h a v e r re ite r a
ção d a solicitação q u a n d o o s e s c la re c im e n to s e c o m p le
m e n ta ç õ e s n ã o t e n h a m s id o satisfató rios;
VII - E m issão d c p a r e c e r técnico c o n c lu s iv o e, q u a n d o
co u b e r, p a re c e r jurídico;
VIII - D e fe rim e n to o u in d e fe rim e n to d o p e d i d o d e licen
ça, d a n d o - s e a d e v id a p u b lic id a d e ,
O LICENCIAMENTO AMBIENTAL
TJSP, 7^ C., AR de Ação Civil Pública 178.554-1-6, rei. Des. Leite Cintra, j. 12.5.1993 (Revista de
Direito Ambiental 1/200-203, janeiro-março de 1996).
Em nosso en\eritiim en\o, a co n e n ie que delende te i o licenciam enlo caráter de licença é mais
A EFICÁCIA 00 LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO UM INSTRUMENTO PUBLICO DE GESTÃO DO MEIO AMBIENTE ----------- 2 9
adequada, muito especialmente porque preserva um dos pilares do Estado Democrático de Direito
consubstanciado na segurança jurídica. Conforme Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Bra
sileiro, pág. 170), “ a lic e n ça re su lta d e u m d ire ito s u b je d v o d o in te re s s a d o , ra z ã o p e la q u a l a Admirais-
tra ç ã o n ã o p o d e n e g á -la q u a n d o o re q u e re n te s a tis fa z to d o s o s re q u is ito s le g a is p a ra s u a o b ten çã o ,
e. u m a ve z e x p e d id a , tra z a p r e s u n ç ã o d e d e f in itiv id a d e . S u a in v a lid a ç ã o s ó p o d e o c o rre r p o r
ile g a lid a d e n a e x p e d iç ã o d o a lva rá , p o r d e s c u m p rim e n to d o titu la r n a e x e c u ç ã o d a a tiv id a d e o u p o r
in te re s s e p ú b lic o s u p e rv e n ie n te , c a s o e m q u e s e im p õ e a c o rr e s p o n d e n te in d e n iz a ç ã o . A lic e n ç a
n ã o s e c o n t u n d e c o m a a u t o r iz a ç ã o , n e m c o m a a d m iss ã o , n e m c o m a a u lo r iz a ç ã ó ’. Assim, por
um lado, a licença preserva o direito do empreendedor, garantindo-lhe a certeza òa reparação em
caso de perda ou retirada Qe seu direito e, por outro, enseja a revisão da licença por parte do órgão
concedente, preservando também o interesse público. Querer dar ao licenciamento caráter de auto
rização introduz um fator de incerteza muito grande ao processo, inibindo o investimento a ser feito
por receio de que o Estado se aproprie dele e dos recursos investidos para o desenvolvimento do
empreendimento já concebido e implantado (grifos do autor).
b) O p r a z o d e v a l id a d e d a L icença d e I n s ta l a ç ã o (LI) d e
v e rá ser, n o m ín im o , o e sta b e le c id o p e l o c r o n o g r a m a d e
in stalaç ão d o e m p r e e n d i m e n t o o u a tiv id a d e , n ã o p o d e n
d o ser s u p e r io r a 6 (seis) anos.
c) O p r a z o d e v a l id a d e d a L icen ça d e O p e r a ç ã o (LO) d e
v erá c o n s i d e r a r o s p la n o s d e c o n tro le a m b ie n t a l e será
d e, n o m ín im o , 4 (qu atro ) a n o s e, n o m á x im o , 10 (dez)
anos.
A s e g u ir é a p re s e n ta d o u m q u a d ro re s u m o elaborado
p o r E lida S é g u ín sobre a validade d a s d iv ersa s fases do licen-
ciam ento^^:
m á x im o d e d e z a n o s
S e foi c o n c e d id a
P o s s ib ilid a d e S e fo i c o n c e d id a n o p ra z o m á x im o N a re n o v a ç ã o p o d e m
d e re n o v a ç ã o n o p ra z o m á x im o não pode haver s e r fo r m u la d a s e x ig ê n c i
não pode haver re n o v a ç ã o a s n ã o p r e v is ta s n a L O
re n o v a ç ã o a n te rio r
O b r a s n e c e s s á ri
A tiv id a d e s E la b o ra ç ã o de a s a o fu n c io n a In íc io d a s a tiv id a d e s
p e rm itid a s / e s tu d o s , E P IA / m e n to do
R IM A , a u d iê n c ia s e m p re e n d im e n to
e x ig id a s
p ú b lic a s
— 3 3
C A P ÍT U L O S
Hely Lopes Meirelles, D ire ito A d m in is tra tiv o B rasileiro, pág. 80.
34 ANDRÉ VANONI DE GODOY
Jürgen Habermas, D ire ito e D em ocracia: E ntre Faticida d e e Validade, voi i, pág. 211 e ss.
A EFICÁCIA DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO UM INSTRUMENTO PUBLICO DE GESTÃO DO MEIO AMBIENTE ----------- 3 5
p a r a o c ó d ig o d o p o d e r q u e d irig e o p r o c e s s o d e a d m i
n istração: ele (sic) fo rm a s i m u l ta n e a m e n te o medium p a ra
a tra n s fo r m a ç ã o d o p o d e r c o m u n ic a tiv o e m a d m i n i s t r a
tivo. P or isso, é p ossív el d e s e n v o l v e r a idc ia d o E sta d o
d e D ireito com o auxílio d e p rin c íp io s s e g u n d o os q u a is
o D ire ito le g ítim o é p r o d u z i d o a p a rtir d o p o d e r c o m u n i
cativ o e este ú ltim o é n o \ a m e n te t r a n s f o r m a d o e m p o d e r
a d m in is tr a tiv o p elo c a m in h o d o D ireito le g itim a m e n te
n o r m a tiza d o ".
d e a u to riz a ç ã o d e ó rg ã o s p ú b lico s, sa lv o n o s ca so s p r e
v is to s e m lei.
Art. 174. C o m o a g e n te n o r m a ti v o e r e g u l a d o r d a a t i v i d a
d e e co n ôm ic a, o E sta d o exercerá, n a f o r m a d a lei, as f u n
ções d e fiscalização, in c en tiv o e p la n e ja m e n to , s e n d o este
d e t e r m i n a n te p a r a o s eto r p ú b lic o e i n d ic a tiv o p a r a o s e
tor p riv a d o .
José Afonso da Silva, C urso de D ireito C o n s titu cio n a l P o sitivo , pág. 125.
40 ANDRÉ VANONI DEG O DOY
IV - exigir, n a fo rm a d e lei, p a ra in s ta la ç ã o d e o b ra ou
a tiv id a d e p o te n c ia lm e n te c a u s a d o r a d e s i g n if i c a t iv a d e
g ra d a ç ã o d o m e io a m b ie n te , e s t u d o p ré v i o d e im p a c to
a m b ie n ta l, a q u e se d a r á publicidade;(.-.)
Q u e r-s e a q u i c h a m a r a a te n ç ã o p a r a u m a fragilidade
c o n tid a no inciso s u p ra , motivo do d e s ta q u e feito, q u a n d o
re s s a lv a q u e a a tividade deve s e r p o te n c ia lm e n te c a u s a d o r a
de s i g n ^ c a t i v a a g re s s ã o ao meio am b ie n te . A m e u ver. tra -
ta -s e de u m a a m p liação p erig o sa d a s p o ssib ilid a d e s de in
te r p r e ta ç ã o d a g rav id a d e do d a n o - p o rq u e o e m p re e n d e d o r
pode t r a n s i t a r d e n tro do e sp ec tro do signiflcante, e s g rim in
do d ia n te d a n e b u lo s id a d e d e c o rre n te d a a m p litu d e do t e r
mo, d ific u lta n d o s u a resp o n sa b iliza ç ã o , e p o rq u e co n c ed e ã
a d m in istraç ã o u m poder discricionário desm edido, o q ue ta m
b é m n ã o é s a u d á v e l e n e m c o n trib u i p a r a o equilíbrio d a
relação.
A EFICÁCIA DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO UM INSTRUMENTO PÚBLICO DE GESTÃO DO M EIO AMB-ENTE 4J
ção a b so lu ta m e n te in ju s ta e p e n e rs a ao se c o m p a ra r u m siste
m a ideal de coletivismo - n u n c a alc a n ç a d o e m n e n h u m m o
m e n to d a h isto ria d a h u m a n id a d e e u m ca p ita lism o p re
sente. cujos benefícios sobejam em d e trim e n to d a s inevitá
veis d isp a rid a d e s in e re n te s à lim itada oferta de b e n s à d isp o
sição de todos os cidadãos. E, c o n q u a n to a C o n stitu içã o d a
R epública B rasileira de 1988 te n h a estabelecido de m a n e ira
p rec isa os d ita m e s n e c essá rio s d a ju s tiç a social p a r a a s s e g u
r a r a todos u m a e xistência digna, o com plexo de inferioridade
n a c io n a l dificu lta a in afastáv el e Im prescindível In teg ração
e n tr e os a g e n te s privados e pú b lico s p a r a p e rm itir a rea liz a
ção d a p o ssib ilid a d e de u m desenvolvim ento m a is h a r m ô n i
co do p a ís. E s s a o rie n taç ã o fica m u ito c la ra n o s p ró p rio s
p rin c íp io s d a o rd em econôm ica, e n tre eles a d e fe sa do meio
am b ie n te .
U m a d a s c o n se q ü ê n c ia s m ais d a n o s a s a d v in d a s desse
a n ta g o n ism o atávico e n tre a de seja d a ju s tiç a social e o n e fa s
to capitalism o, é que os ag e n te s econôm icos s ã o alie n a d o s do
p ro ce sso de form ulação d a s políticas a m b ie n ta is, cabendo-
lh es ex clu siv am en te o ô n u s de te r que a elas se s u b m e te r ou
d eixar de e m p reen d er, fato que. m ais do q u e p re ju d ic a r o p r ó
prio em p reen d ed o r, c a u s a prejuízos m uito m aio res ao d e s e n
volvim ento do país. Como escreveu o p ro fe s s o r d a UFRJ.
F e rn a n d o Almeida'” . p resid e n te executivo do CEBDS - C on
selho E m p re sa ria l B rasileiro p a ra o D esenvolvim ento S u s t e n
tável: “a o m esm o tem po e m que o p a ís s e conscientiza d a n e
c e ssid a d e d e fa z e r fr e n te à situação d o s s e u s 5 0 m ilhões de
m iseráveis e cria program as como o Fome Zero. o em perram ento
d o s s is te m a s d e licenciam ento conduz à fo m e . (...) Os empre-
E ainda:
b é m a os estilos d e v id a s in d i v id u a i s e às d e cisõ es d e c o n
su m o . E ssas m u d a n ç a s n ã o sã o n e c e ss á ria s (em se n tid o
técnico), n e m d e sejáveis (p ara nós, e m s e n t id o n o r m a t i
vo). Políticas am bientais racionais não precisam re d u
z ir o â m b ito da economia de mercado. E p o ssív e l q u e os
d e fe n s o re s d o c o n se rv a c io n ism o te n h a m -s e a p e g a d o às
q u e s tõ e s a m b ie n ta is c o m o u m p re te x to p a r a a u m e n t a r o
co ntro le estatal sobre a eco no m ia, algo q u e d e f e n d e m com
b a se c m ra zõ e s ideolc3gicas"-*\
" A o m e s m o te m p o e m que, a c a d a d ia , a p a r e c e m n o v o s
a s s u n to s d e m a n e jo técnico-científico d e s c o n h e c i d o s o u
d e lic a d o s e m te rm o s d e respo sta , u m n o v o a to r a p a r e c e u
n o c e n á rio a p a r t ir d a C o n stitu iç ã o d e 1988, c o m o fo r ta
le c im e n to e a im p o rtâ n c ia q u e g a n h o u o M in isté rio P ú
blico. Este tem a p r o f u n d a d o o exercício d a d e m o c ra c ia e
d a c id a d a n ia e m v á rios setores, mas na área am bie n tal,
em m u ito s casos, p rim a m suas decisões m ais p e lo viés
id eo lóg ico que pela base cie n tífic a " .
Para uma compreensão mais aprofundada desta visão, é sugerida a leitura de Norberto Bobbio,
em A s Id e o lo g ia s e o P oder em Crise, págs.182/186.
C A P ÍT U L O 4
d o s c u s to s in e re n te s à s u a apropriação, q u e s e ria m s e g u ra
m e n te m aio res que o s benefícios auferidos. É forçoso reco
n h e c er. p o rta n to , que a s q u e stõ e s ligadas à a trib u iç ã o de d i
reitos de p ro p ried ad e n ã o se a ju s ta m à n a tu r e z a in trín se c a
d e d e te rm in a d o s b e n s livres, m o m ento em q u e s u rg e m a s fa
lh a s do m odelo econôm ico b a s e a d o n a s relações de m ercado
p a r a a p licação à s q u e stõ e s de utilização econôm ica dos b e n s
n a tu r a is . Como, então, s u p rir e s sa la c u n a d e ix a d a pelo m e r
cado, d e te rm in a n d o -se a possibilidade de u s o d o s b e n s n a t u
rais s e m co m p ro m ete r o desenvolvim ento e o p ro g re sso d as
n a ç õ es? É o que a n a lis a re m o s a seguir, no c a p ítu lo final.
CAPÍTULO 5
DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO E UM
MODELO MODERNO DE GESTÃO AMBIENTAL:
O PARADIGMA DA COOPERAÇÃO
Rios p o l u í d o s n a
P o lôn ia
Rios p o lu í d o s n a
R e p ú b lic a T c h e c a e O . '- ' ^ ^ . i
E s lo v a ca
F l o r e s t a s d a n i f ic a d a s
n a R ep ú b lica T c h e c a e
E slo vaca
F l o r e s t a s d a n if ic a d a s
n a Bulgária
L a g o s m o r t o s na
a n t ig a A l e m a n h a
( 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
P ercen tag em
A e s ta g n a ç ã o e c o n ô m ic a n o L e s te E u ro p e u c a u s o u d a n o s s ig n ific a tiv o s a o s
re c u rs o s n a tu ra is : 3 3 % d o s la g o s d a a n tig a A le m a n h a O rie n ta l, 3 3 % d a s
rio s p o lo n e s e s fo r a m d a n ific a d o s .
Fonte: União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, in Jo Kwong,
op. cit,, pág. 31.
A EF IC A C IA DO L IC E N C IA M E N T O A M B IE N T A L C O M O UM IN S T R U M E N TO PÚ B L IC O DE G E S T Ã O D O M E lO A M B IE N T E g ]
A rt. 12 - O ó rg ã o a m b ie n ta l c o m p e te n t e d e finirá, se n e
cessário, p ro c e d i m e n t o s específicos p a r a as licenças a m
b ie n ta is, o b s e r v a d a s a n a t u r e z a , cara cterística s e p e c u l i
a r i d a d e s d a a t i v i d a d e ou e m p r e e n d i m e n t o e, a i n d a , a
c o m p a tib iliz a ç ã o d o p ro c e s s o d e lic e n c ia m e n to c o m as
e t a p a s d e p la n e ja m e n to , im p la n ta ç ã o e o pe ra çã o .
(...)
a) face f is c a liz a d o ra , p a ra a c o m p a n h a r o c u m p r i m c n t o
d a lei;
b) face a s s e sso ra , p a r a a q u e le s q u e d e m o n s t r a m v o n t a
d e d e c u m p r i r a lei e d e a v a n ç a r c m d ir e ç ã o a o d e s e n v o l
v im e n to s u ste n tá v e l; e
c) face c o l a b o r a d o r a , p a ra a q u e le s q u e já a v a n ç a r a m e
d e m o n s t r a m v o n ta d e d c c o n t rib u ir p a r a a m e lh o ria da
q u a l i d a d e an ib ien tai d o Estado.
O p ro g ra m a é v o luntário e a s e m p re s a s de to d o s os p o r
te s poderão s e r classificadas, m e d ia n te avaliação d a FEAM,
se g u n d o trê s critérios básicos: resp o n sa b ilid a d e a m b ien ta l
d o em p reen d ed or, p r o c e d im e n to s de m o n ito r a m e n to da
q ualidade a m b ie n ta l e c o m p ro m isso s a m b ie n ta is v o lu n tá
rios. De a co rd o co m a p o n tu a çã o alc a n ç a d a, o e m p re e n d e
d o r/e m p re e n d im e n to é classificado com o colaborador, a s s e s
so rad o ou controlado. O e m p re e n d e d o r/e m p re e n d im e n to que
for classificado com o colaborador rec eb erá u m selo expedido
pela FEAM e s e rá reconhecido pela sociedade com o u m a o rg a
n ização q u e s e p reo c u p a e age em favor d a s q u e s tõ e s a m b ie n
tais.
As v a n ta g e n s p a ra o em preendedor, e p o r via de c o n s e
q ü ê n c ia p a ra to d a a sociedade, são a s se g u in te s, se g u n d o a
p ró p ria avaliação d a FEAM:
- p a r a os e m p r e e n d e d o r e s / e m p r e e n d i m e n t o s q u e fo re m
classificad o s c o m o colaboradores:
• m e lh o ria n o re la c io n a m e n to c o m a FEAM ;
• r e c o n h e c im e n to d a s o c ie d a d e c o m o u m a o r g a n i z a
ç ã o / e m p r e e n d i m e n t o q u e se p r e o c u p a e a g e e m fa-
\'o r d a s q u e s tõ e s a m b ie n ta is;
• re ce b im e n to d e u m selo d e c o la b o ra d o r e x p e d i d o pela
FEAM, q u e p o d e r á ser u ti li z a d o p e la o r g a n i z a ç ã o /
e m p r e e n d i m e n t o e n q u a n t o o b tiv e r esta classificação;
• acrésc im o d e 2 (dois) a n o s n o p e r í o d o d e v a l id a d e d a
licença d e op eração;
• r e d u ç ã o n o p e r í o d o d e a n á lis e d a s solic ita çõ e s d e
licença, o u seja, a FEAM analisará os licenciamentos n u m
p r a z o d e 60, 90 o u 120 dias (d e p e n d e n d o d o p o rte d o
e m p re e n d im e n to ) e n ã o m ais e m 90,120 o u 180 dias.
- p a r a os e m p r e e n d e d o r e s / e m p r e e n d i m e n t o s q u e forem
classificados c o m o assessorados;
• m e lh o ria n o re la c io n a m e n to c o m a FEAM e c o m a s o
cied ad e ;
A E F IC Á C IA D O LIC E N C IA M E N T O AM B IE N T A L C O M O UM IN S T R U M E N TO P U B L IC O D E G E S T Ã O D O M E IO A M B IE N T E S7
• re c e b im e n to d e u m selo d e a s s e s s o r a d o e x p e d i d o pela
FEAM, q u e p o d e r á ser u tiliz a d o p e la o r g a n i z a ç ã o /
e m p r e e n d i m e n t o e n q u a n t o o b tiv e r esta classificação;
• a cré s c im o d e 1 (u m ) a n o n o p e r í o d o d e v a l i d a d e da
licença d e operação .
"(...) V la d im ir Ortiz, e x - d i r e t o r d o D e p a r t a m e n t o d e M e i o
A m b ie n te - ó rg ã o q u e p re c e d e u a F E P A M - e n t r e 1981 c
1987, alerta; 'E s ta d o s q u e m o d e r n i z a r a m o li c e n c ia m e n
to to r n a ra m -s e m a is in t e re s sa n te s p a r a e m p r e s á r i o s d o
q u e o Kio G r a n d e d o Sul. Q u a n d o d á ê n f a s e à b u r o c r a
cia, o E sta d o i m p õ e b a r r e ir a s q u e i m p e d e m o d e s e n v o l
v im e n to . O q u e se d e v e ria fa ze r é facilitar a in s ta la ç ã o d e
n o v o s e m p r e e n d im e n to s e m e lh o r a r a e s t r u t u r a d e fisca
lização d o s ó rg ã o s a m b ie n ta is'".
P R O J E T O B U JU R U
■ E m p reen d im en to
O P a r a n a p a n e m a , p r i n c ip a l g r u p o m i n e r a d o r d o pais,
p r e t e n d ia e x p lo ra r ja z id as n a t u r a is n o su l d o E sta d o , em
Lim c o m p le x o m i n e r a d o r na lo c a lid ad e d e B uju ru, e m São
José d o N o rte , e d e u m a fábrica e m Rio G r a n d e . O e m
p r e e n d i m e n t o g e r a r ia 175 e m p r e g o s d i r e t o s e m B u ju ru ,
550 e m R io G r a n d e e 4 m il in d i r e t o s n a reg ião .
■ S itu a ç ã o
O p e d i d o d e licenciam ento, a c o m p a n h a d o d e e s t u d o de
im p a c to am b ie n ta l, foi e n c a m i n h a d o à F E P A M e m 1999.
Em 2001, a in d a sem a licença, a Justiça F e d e ra l d e t e r m i
n o u o r e p a s se d o p ro c es so a o IB A M A e a c o m p le m e n ta -
ção d o e s t u d o e m pe lo m e n o s 50 exigências. S e g u n d o Luiz
A r th u r C o rrê a D ornelles, c o n s u lto r d a P a r a n a p a n e m a no
E sta do , a b u ro c r a c ia e a p e r d a d o i n v e s t i m e n t o e x te rn o
le v a r a m a e m p r e s a a a n u n c i a r a d e s i s tê n c ia , e m m a rç o
d e 2003.
■ O q u e d i z a FE P A M
A e x p licação é q u e q u a n d o a FE P A M c o n clu ía a an álise
d o p e d i d o d e licença prév ia, a Justiça r e p a s s o u ao IB AMA
a re s p o n s a b il id a d e p elo lice n cia m en to , o q u e a t r a s o u o
p ro c e s s o e c u l m in o u n a desistência.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
’* ^ w .g i B f ic a tn c tr o p o l e . to m . b r
IS SN 8 5 - 8 7 2 6 0 - 5 9 - 6
798587 260597