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Impactos da Reforma Trabalhista nas NRs

Prof. Mara Camisassa

REFORMA TRABALHISTA
IMPACTOS NAS NORMAS REGULAMENTADORAS
06/02/2018

Prezados alunos,

A publicação da Lei nº 13.467 em 14/07/20171, que alterou diversos artigos da


CLT e também das Leis 8.212 de 24 de julho de 1991, 8.036 de 11 de maio de
1990 e 6.019 de 3 de janeiro de 1974, não trouxe grandes alterações nas
Normas Regulamentadoras. Vejam a seguir meus comentários:

1 – NR1 – DISPOSIÇÕES GERAIS

Acredito que deveremos ter uma alteração na redação do item 1.6.1 da NR1
para adequação à nova redação do Art. 2º, § 2º da CLT, que trata do grupo
econômico:

CLT, Art. 2º, § 2º: Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou
ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de
emprego.

2 – NR7 – PCMSO

Com a revogação do §1º do art.477, não será mais obrigatória a assistência


(homologação) do sindicato ou autoridade do Ministério do trabalho no pedido
de demissão ou recibo de quitação de rescisão; desta forma o item 7.4.3.5 que
vincula a realização da avaliação clínica do exame demissional à data de
homologação da rescisão, deverá sua redação alterada; vejamos a redação
atual deste item:

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Vigência a partir de 11/11/2017

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7.4.3.5. No exame médico demissional, será obrigatoriamente realizada até a data da


homologação, desde que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há mais
de:
- 135 (centro e trinta e cinco) dias para as empresas de grau de risco 1 e 2, segundo o Quadro
I da NR-4;
- 90 (noventa) dias para as empresas de grau de risco 3 e 4, segundo o Quadro I da NR-4.

O MTb deve se posicionar a respeito sobre eventual alteração do item 7.4.3.5.


da NR7.

3 – NR15 – ATIVIDADES OU OPERAÇÕES INSALUBRES

O enquadramento do grau de insalubridade das atividades ou operações


insalubres determinado atualmente pela tabela de “Graus de Insalubridade” da
NR15 poderá ser objeto de acordo ou convenção coletiva, conforme redação do
novo Art.611-A, XII:

Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência


sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
XII - enquadramento do grau de insalubridade;

Entretanto, em função do princípio da norma mais benéfica, entende-se que


este enquadramento somente poderá ocorrer para elevar o grau de
insalubridade, e não para diminuí-lo.

Destaco também as seguintes novidades relativas à SST:

4 – TELETRABALHO

Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e


ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de
trabalho. (grifo meu)

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Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade


comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador.

5 – UNIFORMES

“Art. 456-A: Cabe ao empregador definir o padrão de vestimenta no meio ambiente


laboral, sendo lícita a inclusão no uniforme de logomarcas da própria empresa ou de
empresas parceiras e de outros itens de identificação relacionados à atividade
desempenhada.
Parágrafo único. A higienização do uniforme é de responsabilidade do trabalhador,
salvo nas hipóteses em que forem necessários procedimentos ou produtos diferentes
dos utilizados para a higienização das vestimentas de uso comum. (grifo meu)

Esta será a regra geral a partir da vigência da Lei 13.467, entretanto, meu
entendimento é que deverão permanecer inalteradas as seguintes disposições
normativas que preveem higienização de uniformes/vestimentas pelo
empregador em função dos agentes nocivos aos quais os trabalhadores estão
expostos:

NR9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), Anexo 2 - Exposição


Ocupacional ao Benzeno em Postos Revendedores de Combustíveis, item 11.3:
11.3 A higienização dos uniformes será feita pelo empregador com frequência
mínima semanal. (grifos meus)

NR15 – Atividades ou Operações Insalubres, Anexo 12 – Limites de Tolerância para


Poeiras Minerais – Asbesto, item 14.1:
14.1. O empregador será responsável pela limpeza, manutenção e guarda da
vestimenta de trabalho, bem como dos EPI utilizados pelo trabalhador. (grifo meu)

NR31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura,


Exploração Florestal e Aquicultura, item 31.8.9:

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31.8.9 O empregador rural ou equiparado deve adotar, no mínimo, as seguintes


medidas:
b) fornecer os equipamentos de proteção individual e vestimentas de trabalho em
perfeitas condições de uso e devidamente higienizados, responsabilizando-se pela
descontaminação dos mesmos ao final de cada jornada de trabalho, e substituindo-
os sempre que necessário; (grifos meus)

NR32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde, item 32.2.4.6.4:


32.2 Dos Riscos Biológicos
32.2.4. Das medidas de proteção
32.2.4.6.4. A higienização das vestimentas utilizadas nos centros cirúrgicos e
obstétricos, serviços de tratamento intensivo, unidades de pacientes com doenças
infectocontagiosa e quando houver contato direto da vestimenta com material
orgânico, deve ser de responsabilidade do empregador. (grifos meus)

NR34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção,


Reparação e Desmonte Naval
Higiene e Proteção do Trabalhador
34.9.15 A higienização e substituição da vestimenta de trabalho devem ser
realizadas diariamente ou, havendo impossibilidade, deve ser fornecida vestimenta
de material descartável. (grifos meus)

NR36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de


Carnes e Derivados
36.10 Equipamentos de Proteção Individual - EPI e Vestimentas de Trabalho
36.10.1.2 Nas atividades com exposição ao frio devem ser fornecidas meias limpas e
higienizadas diariamente. (grifo meu)
36.10.2.1 As vestimentas devem ser trocadas diariamente, sendo sua higienização
responsabilidade do empregador. (grifos meus)

Importante destacar que permanecem inalteradas as disposições normativas


relativas à higienização dos EPIs a cargo do empregador conforme consta nas
seguintes NRs:

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NR6 – Equipamentos de Proteção Individual, item 6.6.1 “f” :


6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI:
f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica.

NR15 – Atividades ou Operações Insalubres, Anexo 12 – Limites de Tolerância para


Poeiras Minerais – Asbesto, item 14.1:
14.1. O empregador será responsável pela limpeza, manutenção e guarda da
vestimenta de trabalho, bem como dos EPI utilizados pelo trabalhador. (grifos meus)

NR29 - Segurança e Saúde no Trabalho Portuário


29.1.4.2 Compete ao OGMO ou ao empregador:
b) responsabilizar-se pela compra, manutenção, distribuição, higienização,
treinamento e zelo pelo uso correto dos equipamentos de proteção individual - EPI e
equipamentos de proteção coletiva - EPC, observado o disposto na NR -6; (grifos
meus)

NR31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura,


Exploração Florestal e Aquicultura
31.8.9 O empregador rural ou equiparado deve adotar, no mínimo, as seguintes
medidas:
b) fornecer os equipamentos de proteção individual e vestimentas de trabalho em
perfeitas condições de uso e devidamente higienizados, responsabilizando-se pela
descontaminação dos mesmos ao final de cada jornada de trabalho, e substituindo-
os sempre que necessário; (grifos meus)

Entendo que também permanece inalterada a responsabilidade do empregador


pela higienização do headset utilizado pelos operadores de teleatendimento e
telemarketing, conforme redação da NR17 – Ergonomia, Anexo II –
Operadores de Teleatendimento e Telemarketing, item 3.1.3:

3.1.3. Os headsets devem:

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a) ter garantidas pelo empregador a correta higienização e as condições operacionais


recomendadas pelos fabricantes; (grifo meu)

6 – OBJETO ILÍCITO DE CCT OU ACT

Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de


trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em
normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho; (grifo meu)
XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas; (grifo meu)

Parágrafo único. Regras sobre duração do trabalho e intervalos não são


consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para os fins do
disposto neste artigo.

Chama a atenção a redação deste parágrafo único do Art.611-B, uma vez que algumas NRs já
dispõem sobre este tema tão relevante (duração do trabalho e intervalos) para a saúde e
segurança do trabalhador, como as NR4, NR15, NR17 e NR36.

8 - Lei 6.019 de 3 de janeiro de 1974

Art. 4o-C. São asseguradas aos empregados da empresa prestadora de serviços a


que se refere o art. 4o-A desta Lei, quando e enquanto os serviços, que podem ser de
qualquer uma das atividades da contratante, forem executados nas dependências da
tomadora, as mesmas condições:
II - sanitárias, de medidas de proteção à saúde e de segurança no trabalho e de
instalações adequadas à prestação do serviço. (grifo meu)

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