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A Cultura Dos Memes - Viktor Chagas
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Como assim um livro sobre memes em uma editora
universitária? Ai, meu Deus, vai sair na lista das
extravagâncias da academia brasileira publicadas por
aquele jornal de Curitiba? Mas meme não é uma coisa de
menino que vive on-line? Rá! Quem pensa assim não
está entendendo o paradigma. Meme continua sendo
coisa de moleque, sim, está ligado às diversas culturas
juvenis (e olha que são muitas) e aos ambientes digitais,
mas quem disse que nesse universo não se escondem
questões conceituais e políticas da maior importância?
Em um país que está sob o domínio de um presidente
lacrador, escolhido por uma direita cuja origem em
grande parte é digital e por uma multidão de pessoas
que consome informação política em mídias sociais,
subestimar a comunicação “memética” é uma estupidez
que não pode ser cometida mais uma vez. A cultura
“zoeira” e irreverente dos memes foi peça fundamental
da guerrilha comunicacional da direita, tanto quanto o
foram as fake news, originárias do mesmo ambiente.
Memes não são meros gracejos com acabamento ruim
feitos para a diversão on-line, mas parte da artilharia
política com que se disputou intensamente o
agendamento e enquadramento de problemas e posições
políticas. O sentimento antipolítica, a cultura da lacração,
o discurso de ódio e a polarização que tanto nos
impressionam devem mais às práticas de comunicação
digital baseadas em memes do que cogita a sua vã fi
losofi a, meu amigo. Se liga.
Conselho Editorial
Alberto Brum Novaes
Angelo Szaniecki Perret Serpa
Caiuby Alves da Costa
Charbel Niño El Hani
Cleise Furtado Mendes
Evelina de Carvalho Sá Hoisel
Maria do Carmo Soares de Freitas
Maria Vidal de Negreiros Camargo
Viktor Chagas
Organizador
A cultura dos memes:
aspectos sociológicos e
dimensões políticas de um
fenômeno do mundo
digital
Salvador
EDUFBA
2020
2020, Autores.
Direitos dessa edição cedidos à Edufba.
Feito o Depósito Legal.
1ª Reimpressão: 2021
C968
ISBN: 978-65-5630-178-5
CDU – 659.3:004.738.5
Editora da UFBA
Rua Barão de Jeremoabo
s/n – Campus de Ondina
40170-115 – Salvador – Bahia
Tel.: +55 71 3283-6164
www.edufba.ufba.br
edufba@ufba.br
Image
Memes de internet
Dataset
Humor
Fonte: planettribes.com/allyourbase/story.shtml.
Captain: For great justice. Capitão: Por grande justiça.
Fonte: planettribes.com/allyourbase/story.shtml.
Rica intertextualidade
Justaposição anômala
Uma exceção
TAYLOR, C. All Your Base Are Belong To Us. Time, [s. l.], 25
Fev. 2001. Disponível em:
http://content.time.com/time/magazine/article/0,9171,100
525,00.html. Acesso em: 18 mar. 2006.
JUST for Hits – Richard Dawkins. [S. l.: s. n.], 22 jun. 2013.
Publicado pelo canal Saatchi & Saatchi New Creators
Showcase. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=GFn-ixX9edg. Acesso
em: 30 jan. 2019.
Polivocalidade mediada
Polivocalidade pop
Discurso cifrado
Escassez de atenção
O limite mais evidente para a utilidade das mídias
sociais como ferramentas de advocacy pode ser
simplesmente o limite da atenção humana. Embora o
acesso às ferramentas de mídias sociais proveja a
habilidade de publicar conteúdo, ele não garante que
qualquer pessoa vá prestar atenção ao conteúdo em
questão. Conforme mais e mais ativistas se tornam
proficientes no uso das ferramentas de mídias sociais
para disseminar suas próprias ideias, torna-se mais difícil
que este conteúdo alcance uma audiência ampla já que a
competição por atenção também aumenta. Muito embora
o sucesso da organização Invisible Children tenha
chamado a atenção pela ação contra Joseph Kony com a
campanha Kony2012, nós podemos também pensar nisso
como uma barreira para a atenção direcionada a outras
causas que buscam suas audiências no mesmo instante.
Se, como o exemplo tunisiano sugere, as mídias sociais
operam em parte alavancando o efeito de amplificação
da mídia tradicional, nós muito provavelmente veremos
dois tipos de escassez de atenção: da atenção de
cidadãos e da atenção dos amplificadores midiáticos.
O governo de Ben Ali manteve o Facebook acessível
tanto para monitorar a atividade dos ativistas no próprio
Facebook quanto por cultivar esperanças de que Ben Ali
pudesse desenvolver boa vontade nas audiências on-line
por usar a ferramenta. Ao passo que esforços como este
e os do notório Partido dos 50 Centavos7 do governo
chinês são definitivamente desleixados, é possível
imaginar um futuro em que governos autoritários
competem pela atenção nos mesmos espaços on-line em
que os ativistas agora se congregam. O futuro pode ser
um em que as mídias sociais não são censuradas, mas
são robustamente contestadas pela máquina
propagandista dos governos. Neste mundo, os ativistas
não estarão lutando contra a censura, mas se debatendo
por visibilidade junto a uma audiência, na contramão de
conteúdos gerados por outros agentes interessados e
pelo Estado.
Referências
ADAY, S.; FARRELL, H.; LYNCH, M. et al. Blogs and Bullets
II: New Media and Conflict After the Arab Spring.
Washington: United States Institutes of Peace, 2012.
(Peaceworks, n. 80). Disponível em:
http://www.usip.org/files/resources/PW80.pdf. Acesso em:
30 jan. 2019.
fazer aderir;
prender a atenção; e
resumir.
O resumo, síntese ou “sobre-simplificação da
experiência” é a definição corolária da propaganda em
Boorstin (1992) e também seu principal laço com a
definição do sociólogo para a imagem. Nós devemos
encarar a imagem, lembra Boorstin, (1992) como um
conteúdo:
Mitt Romney
Texts from Hillary surgiu na hora certa em que realmente dialogava com
aquilo que era uma corrente do clima vigente em Washington, assim
como, aparentemente, com a nação. Criamos algo que era,
definitivamente, genuíno e real. Eu acho engraçado. Era simples e se
preservou livre de política, o que eu sei que soa bizarro, pois ele é
rotulado como um dos melhores memes políticos deste ano. Mas a
nossa ideia era nunca tomar partido em uma determinada questão, era
capturar a ideia ou persona de alguém que todos nós viemos a
conhecer e, então, deixar as pessoas terem uma válvula de escape com
isso.
Figura 7 – Romnillionaire
Figura 7 – Romnillionaire
Fonte: Binders Full of Women.22
Seleção de participantes
MemeGeeks
Usuários Casuais
O gênero LOLcat
Política
O brasileiro
Cultura popular
Cartões confessionais
Trailers reeditados
GERE, C. New media art and the gallery in the digital age.
In: PAUL, C. (ed). New media in the white cube and
beyond: curatorial models for digital art. Berkeley:
University of California Press, 2008. p. 13-25.
GOSLING, K.; MCKENNA, G. (ed.). Spectrum 5.0. Londres:
Collections Trust, 2017.
BENNER, J. He’s the real tourist guy. Wired, [s. l.], 20 Nov.
2011.