Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Admin, Art 199 BJD Abr
Admin, Art 199 BJD Abr
ISSN: 2525-8761
DOI: 10.34117/bjdv8n4-199
RESUMO
Por meio deste artigo, apresenta-se uma proposta lúdica, com o intuito de auxiliar professores no
ensino de equações do 1º grau para o ensino fundamental, pretendendo uma associação com
abordagens propostas em livros didáticos. A pesquisa aqui relatada foi motivada pela percepção, no
exercício da docência, da dificuldade de aprendizagem, apresentada por grande parte dos estudantes,
em assimilar o conteúdo de equações do 1° grau. Foi iniciada visando à estruturação de ferramentas
que possam amenizar essas dificuldades. Busca-se, portanto, a promoção de uma experiência mais
rica e motivadora, capaz de propiciar ao discente, momentos de aprendizagem de modo mais natural
possível, em que este possa construir o conhecimento algébrico e o saber matemático por meio da
prática de jogos. Para alcançar esses objetivos, utilizou-se como metodologia a pesquisa
bibliográfica, com base na leitura e análise de alguns livros didáticos, artigos, dissertações, teses,
bem como em propostas pedagógicas de jogos para o processo de ensino e aprendizagem de
Matemática. Esses materiais fundamentaram a melhor compreensão das abordagens de equações do
1º grau em livros didáticos e o estabelecimento de um método que pode colaborar para o êxito de
tais abordagens. A proposta engloba a aplicação jogos, por meio dos quais são trabalhados aspectos
específicos do ensino de equações do 1º grau: o jogo “combate algébrico” que busca exercitar as
expressões algébricas simples, o jogo “bingo algébrico” que contribui no desenvolvimento de
habilidades para utilizar o método de solução por meio das operações inversas e facilita a
compreensão relativa ao uso da incógnita/variável, entre outros. Como produto da pesquisa
realizada, foi elaborada uma sequência didática como material de apoio para professores de
Matemática.
ABSTRACT
Through this article, a playful proposal is presented, in order to assist Teachers in teaching 1st grade
Equations for Elementary School, aiming at an association with approaches proposed in textbooks.
The research reported here was motivated by the perception, in the teaching practice, of the learning
difficulty, presented by most students, in assimilating the content of 1st degree equations. It was
initiated with a view to structuring tools that can alleviate these difficulties. Therefore, we seek to
promote a richer and more motivating experience, capable of providing the student with moments
of learning in the most natural way possible, in which he can build algebraic knowledge and
mathematical knowledge through the practice of mathematical games. In order to achieve these
objectives, bibliographic research was used as a methodology, based on the reading and analysis of
some textbooks, articles, dissertations, theses, as well as pedagogical proposals for mathematical
games for teaching mathematics. These materials supported the better understanding of the 1st
degree equations approaches in textbooks and the establishment of a method that can contribute to
the success of such approaches. The proposal encompasses the application of games, through which
specific aspects of teaching 1st degree equations are worked: the game "algebraic combat" that seeks
to exercise simple algebraic expressions, the game "algebraic bingo" that contributes to the
development of skills for using the solution method through inverse operations and facilitates the
understanding regarding the use of the unknown/variable, among others. As a product of the
research carried out, a didactic sequence was developed as support material for mathematics
teachers.
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa aqui relatada foi motivada pela percepção, no exercício da docência, da
dificuldade, apresentada por grande parte dos estudantes, em assimilar o conteúdo de equações do
1º grau. Foi iniciada visando à estruturação de ferramentas que possam amenizar essas dificuldades
e a metodologia de jogos matemáticos apresentou-se como uma das possibilidades promissoras para
facilitar a introdução deste conteúdo, para estudantes do 7º ano do ensino fundamental.
Este estudo se caracterizou como uma pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil (2008, p.
50), “São as que são feitas a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e
artigos científicos” e dividiu-se em duas etapas. A primeira consistindo de consultas a livros e
artigos científicos sobre a história das equações algébricas, formas de resolução, propriedades, bem
como sobre as abordagens propostas nos livros didáticos atuais. A segunda, baseada em um
levantamento sobre jogos relacionados ao processo de ensino e aprendizagem de Matemática,
focando, posteriormente, no conteúdo de equações. É relevante destacar que, a pesquisa foi
desenvolvida sempre buscando um modo de tornar as aulas mais dinâmicas e motivadoras, de forma
a fomentar a participação ativa do estudante no processo de ensino e aprendizagem.
muitas vezes os educadores tentam utilizar jogos em sala de aula sem, no entanto, entender
como dar encaminhamento ao trabalho depois do jogo em si. Também, nem sempre
dispõem de subsídios que os auxiliem a explorar as possibilidades dos jogos e avaliar os
efeitos dos mesmos em relação ao processo ensino-aprendizagem da Matemática. A grande
maioria ainda vem desenvolvendo as atividades com jogos espontaneamente, isto é, com
um fim em si mesmo, “o jogo pelo jogo”, ou imaginando privilegiar o caráter apenas
motivacional.
Buscando amenizar tais situações, os jogos que propiciam aprendizagem na escola devem
seguir critérios para que não constituam um simples passatempo para os estudantes. Nesse sentido,
um jogo matemático que seja proposto pelo professor deve conter as seguintes características:
... o jogo deve ser para dois ou mais jogadores [...] ter um objetivo a ser alcançado [...]
permitir que os alunos assumam papéis interdependentes, opostos e cooperativos, isto é, os
jogadores devem perceber a importância de cada um na realização dos objetivos do jogo
[...]. O jogo precisa ter regras preestabelecidas que não podem ser modificadas no decorrer
de uma jogada [...] deve haver a possibilidade de usar estratégias, estabelecer planos,
executar jogadas e avaliar a eficácia desses elementos nos resultados obtidos, isto é, o jogo
não deve ser mecânico e sem significado para os jogadores. (SMOLE et al. 2007, p.11).
ao analisarmos os atributos e/ou características do jogo que pudessem justificar sua inserção
em situações de ensino, evidencia-se que este representa uma atividade lúdica, que envolve
o desejo e o interesse do jogador pela própria ação do jogo, e mais, envolve a competição
e o desafio que motivam o jogador a conhecer seus limites e suas possibilidades de
superação de tais limites, na busca da vitória, adquirindo confiança e coragem para se
arriscar (GRANDO, 2000, p.26).
Outro ponto a se destacar é que jogos matemáticos promovem uma maior interação entre os
estudantes e entre professor e discentes. Essa interação favorece as discussões matemáticas que, se
bem direcionadas, podem se tornar um ambiente rico de troca de experiências e conhecimento.
Como o foco desta pesquisa foi o conteúdo de equações do 1º grau, avaliou-se a possibilidade
de inserir, neste contexto, jogos com as características citadas por Grando (2000), de forma que as
interações com o jogo e o conteúdo abordado favorecessem a aprendizagem. Neste sentido, é
interessante citar dois dos trabalhos com foco na aplicação de jogos no processo de ensino e
aprendizagem deste conteúdo, estudados no processo de investigação. O primeiro é o de Fontes et
al (2016), que relata uma pesquisa na qual foi utilizado um jogo simples denominado em nossa
pesquisa como “estratégia algébrica”, que tinha o objetivo de dar significado às operações algébricas
envolvidas na resolução de uma equação do primeiro grau "simples" e propiciou bons resultados
com os discentes participantes. O segundo é o de Paulino et al (2018), no qual foi proposto o jogo
memória das equações. Nele, as atividades foram analisadas por dois professores da área de
Matemática, que julgaram a proposta viável e facilmente aplicável.
Para concluir, ressalta-se que o conteúdo de equações é um tema abstrato e, segundo Zabala
(1998, p.81), “[...] Temas abstratos requerem uma compreensão do significado e, portanto, um
processo de elaboração pessoal”. Nesse contexto, propõe-se a utilização dos jogos matemáticos para
auxiliar nesse processo. Os conceitos básicos de incógnitas e variáveis, tão indispensáveis ao
conteúdo de equações e à Matemática em geral, são abordados de maneira lúdica nos jogos descritos
a seguir.
assim, sua vez ao próximo, que dará continuidade ao jogo retirando suas cartas. Quando encontrar
o par correspondente, o jogador deve recolher as cartas. Nesse momento terá direito a uma nova
jogada. Se não acertar o par, deve ceder, então, sua vez ao próximo, deixando as cartas nos seus
respectivos locais iniciais. Vencerá quem obtiver o maior número de pares de cartas.
Segue uma ilustração de modelos de cartas do jogo. Em Santos (2021) é possível obter um
modelo de jogo com as 36 cartas.
Após a realização da pesquisa sobre jogos pedagógicos e jogos para o ensino de equações
do 1º grau, optou-se por elaborar uma proposta para o processo de ensino e aprendizagem desse
conteúdo. Foi necessário, então, decidir como se daria a elaboração da proposta, cuja opção foi pelo
formato de sequência didática.
3 SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Segundo Zabala (1998, p. 18), “A sequência didática é um conjunto de atividades ordenadas,
estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio
e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos”. Uma sequência didática é um
importante instrumento utilizado para elaborar propostas metodológicas que possam ser aplicadas
por outros professores.
Toda sequência didática, seja do modelo tradicional ou não, é composta por fases que devem
ser realizadas, umas mais simples e outras mais complexas. Porém, quando se trabalha com
sequências didáticas mais complexas, é necessário responder algumas perguntas do tipo: “vale a
pena complicar tanto? Contribui para melhorar a aprendizagem dos estudantes? É possível
acrescentar ou eliminar algumas atividades? Quais?” (ZABALA, 1998, p.53), a fim de verificar se
a referida sequência não deve ser simplificada.
Portanto, buscando responder tais perguntas, optou-se pelo modelo didático apresentado por
Zabala (2018, p. 56 - 57), denominado “unidade 2” que compreende a seguinte estrutura:
Esse modelo de sequência didática se enquadra na proposta idealizada pelos autores, pois,
nele há, além dos itens de conceituação e generalização de ideias, que permitem trabalhar atividades
e abordagens propostas em livros didáticos, também, a parte de aplicação e exercitação em que é
possível inserir os jogos matemáticos apresentados nessa pesquisa.
Como mencionado anteriormente, o conteúdo com o qual pretende-se trabalhar na sequência
didática é equações do 1º grau. Neste sentido, na próxima, seção será feita uma breve
contextualização sobre o tema e um levantamento sobre as abordagens adotadas em alguns livros
didáticos.
Leia, com os estudantes, no livro didático, o exemplo que introduz a ideia de expressões algébricas e variável.
No livro “A Conquista da Matemática”, na página 132, trabalha-se esse conceito por meio de sequências
numéricas. Introduza a definição e formalize o conceito de expressão algébrica e variável conforme sugestão do
livro didático, lembrando sempre de fazer uma conexão do exemplo do livro com o jogo Combate Algébrico.
Destaque que cada expressão que eles resolviam nas jogadas se tratava de expressões algébricas, pela presença
da (letra) variável, e que a variável recebe esse nome por permitir a substituição por números variados, a depender
da situação. Em seguida, peça aos estudantes que façam alguns exercícios com comandos similares a este: “qual
o valor resultante da expressão 2𝑥 + 𝑥 para 𝑥 = 1?”. Trabalhe, também, as expressões contidas nas cartas e
exercícios similares a este do livro didático.
proceder. Peça aos estudantes que anotem, em uma folha à parte, cada equação sorteada e sua solução, para que
o professor possa avaliar o seu desempenho posteriormente.
Com esse jogo, o estudante pode desenvolver, de modo mais natural e dinâmico, os procedimentos de
resolução de equações do 1° grau simples.
perguntas podem ajudar os estudantes a expressar seus aprendizados ao longo da sequência didática. Essas
avaliações devem servir de apoio para o professor identificar possíveis deficiências no ensino e aprendizagem
dos estudantes e intervir quando necessário. A nota deverá ser atribuída considerando a observação do professor,
o material escrito recolhido, bem como a autoavaliação.
4 CONCLUSÃO
Diante do estudo feito, do levantamento das abordagens dos livros didáticos, dos jogos
adaptados/elaborados, considerando os objetos de conhecimento e habilidades propostas pela
BNCC, conclui-se que é importante definir o momento mais adequado para inserir jogos no processo
de ensino e aprendizagem. Com isso, estabeleceu-se a divisão do conteúdo de equações do 1° grau
em dois momentos. No primeiro momento, destacou-se a parte de introdução, em que são abordados
os conceitos de incógnita e variável, quando o estudante deve entender que as letras representam
números. No segundo momento, buscou-se abordar a parte da solução da equação do 1° grau.
Seguindo esse pensamento, foi elaborada uma proposta de sequência didática utilizando
jogos matemáticos. Por meio dela, foram propostas atividades lúdicas (jogos) de forma a
complementar as propostas de ensino trazidas em livros didáticos. As atividades foram elaboradas
visando tanto possibilitar ao professor o reconhecimento dos conhecimentos prévios, construídos
pelos estudantes, quanto assegurar a compreensão da significância e a funcionalidade dos conteúdos
abordados.
Vale ressaltar que esses jogos podem ser, também, ajustados/editados por professores que
tenham interesse no assunto. Acredita-se que, com a utilização desses jogos, as aulas se tornarão
mais atrativas e lúdicas para os estudantes, nessa etapa tão importante do aprendizado, pois, nesse
momento, muitos estudantes deixam de aprender ideias fundamentais para a modelagem e a
interpretação de problemas em virtude de acreditarem que o conteúdo é abstrato demais.
REFERÊNCIAS
ANDRINI, Álvaro; VASCONCELOS, Maria José. Praticando Matemática. 4. ed. São Paulo:
Editora do Brasil, 2015. 288 p. (7° Ano).
BRASIL. Ministério da Educação. MEC (Org.). Base nacional comum curricular: BNCC. 2019.
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_
versaofinal_site.pdf . Acesso em: 24 ago. 2019.
GIL, Antônio Carlos. Delineamento da Pesquisa: Estudo de casos. In: GIL, Antônio Carlos; GIL,
Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas S.A., 2008. p. 1-
197.
GRANDO, Regina Célia. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula. 2000.
224 f. Tese (Doutorado), Unicamp, Campinas, 2000. Disponível em:
http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/251334/1/Grando_ReginaCelia_D.pdf . Acesso
em: 24 ago. 2019.
IMENES, Luiz Márcio; LELLIS, Marcelo. Matemática Imenes & Lellis. 2. ed. São Paulo:
Moderna, 2012. 328 p. (7° Ano).
MURCIA, Juan Antonio Moreno (org.). Aprendizagem Através do Jogo. São Paulo: Artmed,
2005. 173 p.
OLIVEIRA, Krerley Irraciel Martins; FERNÁNDEZ, Adán José Corcho. Iniciação à Matemática:
um curso com problemas e soluções. 2. ed. Rio de Janeiro: Sbm, 2012. 295 p.
PAULINO, Cristiane Luiz; GUILHERME, Edilaine Cristina Guedes; COELHO NETO, João;
DAMIN, Willian. JOGO MEMÓRIA DAS EQUAÇÕES: atividades de ensino. Revista
Conhecimento Online. [S.L.], v. 2, p. 117-134, 11 jul. 2018. Associação Pro-Ensino Superior em
Novo Hamburgo. http://dx.doi.org/10.25112/rco.v2i0.1317
SANTOS, Santa Marli Pires dos (org.). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. 9. ed.
Petrópolis: Vozes, 2004. 141 p.
SMOLE, K.S.; DINIZ, M.I.; MILANI, E. Cadernos do Mathema: Ensino Fundamental: Jogos
de Matemática de 6º a 9º ano. Artmed Editora, 2007.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. 653 p.