Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Notas Bernardo
I. Introdução
São poucos os participantes e estrategistas bem informados que têm dúvidas
quanto à validade da Internet como novo e importante mercado global e arena
política. O novo mercado apresenta menos barreiras econômicas à entrada; mas a
incerteza sobre os remédios jurídicos quando as transações eletrônicas são mal
sucedidas podem impedir a realização completa do potencial da Internet. A
disponibilização de novas formas híbridas de regulamentação do comércio
internacional poderá reduzir essas barreiras não econômicas.
Ver Henry H. Perritt Jr., Resolução de disputas no espaço cibernético: demanda por
novas formas de ADR, 15 OH. ST J DIS. RES. 675 (2000); Henry H. Perritt Ir.,
Jurisdição e a Intemet: Perspectivas Básicas Anglo/ Americanas, Fórum sobre
Legislação e Políticas da Intemet: A construção da confiança em um meio sem
fronteiras, Montreal (26-27.07.1999)' http./
/www.ilpf.org/confer/present99/perrittpr.htm; Henry H. Perritt ir., A Intemet está
mudando o Sistema Jurídico Internacional Público, 88 KY L. REV. 885 (2000); Henry
H. Perritt ir, Legislação administrativa internacional para Internet: mecanismos de
responsabilidade de prestação de contas (accountability), 51 ADMIN. L REV 871
(1999); Depoimento prestado por
Henry H. Perritt Ir., perante a subcomissão de juízos e propriedade intelectual, Comissão sobre
o Judiciário, Câmara dos Deputados, Estadas Unidos, 29.06.2000,
http://www.house.gov/judiciary/perr0629.htm (visita em 03.09.2000); Henry H. Perrit Ir„
Depoimento, Departamento do Comércio e Comissão Federal do Comércio, Workshop
conjunto sobre Resoluções alternativas de Disputas para Transações on-line entre
consumidores (06.06.2000), http://www.ftc.gov/bcp/altdisresolution/transcripts/htm (visita em
03.09.2000); Henry H. Perritt Ir., Barreiras econômicas e de outros tipos no comércio
eletrônico, U.Pa J Int'l Econ. L. (2001); Henry H. Perritt Ir. & Margaret G. Stewart, Alarme
falso: legislação européia sobre privacidade ejurisdição internacional, 51 FED. COMM L. J
811 (1999); Henry H. Perritt Jn, Legislação e a super infovia (Aspen Law and Business,
1996 $ Supp, 2000),
Ver Administração de Nome de Domínio na Internei: um Passo em direção à Supervisão. Geral
de Gestão da Intemet (Governante), Pronunciamento Para o Centro sobre Information Law and
Policy Conferente, Washington DC, 08.10.1997, Cluistopher Wilkinson, Comissão Européia,
Bruxelas, http://www.ispo.cec.br/eif/d ns/dnsadmin.html Ver também, Henry H. Perrit Jr.,
Espaço cibemético e auto-governo: democracia municipal ou realismo redescoberto, 12
Berkeley Tec h . L J 413 (1997).
Alcançando a Ordem Jurídica r Empresarial no Espaço Cibemético: Relatório sobre
Questões de Jurisdição Global criadas pelas Redes de Tecnologia da Informação (2000)
(doravante "Chicago-Kent/ABA Report"), http:// www.kentlaw.edu/cyberlaw.
m
(9
252
C OM ÉRC I O E LE T R ÔN I C O
REGULAMENTAÇÃO HÍBRIDA
253
A Seção de Direito Comercial da ABA lançou o estudo em. 1998. Sob o patrocínio da
ABA, o estudo foi organizado pela Faculdade de Direito de Chicago-Kent do Illinois
Institute of Technology, tendo, como relatora, Margaret G. Stewart, professora de
Direito, e o autor deste estudo como vice-presidente do Comitê Executivo.11 O
relatório do projeto identificou cinco características da Internet, produzindo cinco
temas jurisdicionais:
I") Id. Art. 17 (autorizando não proibição de jurisdição segundo a legislação nacional); Id.
Art. 24 (excluindo o Artigo 17, sentenças de reconhecimento e cumprimento
mandatório).
(53) Id. Art. 25. w) Id. An. 26.
~) Id. Art. 27 (2). Id. An. 28
(1). Id. Art. 28 (2).
°° Id. Art. 33 (I).
5
( 9) World Wide Volkswagen v. Woodson, 444 U.S. 286, 295 (1980) (previsibi-
lidade de contatos com existência de fórum insuficiente para sustentar a
jurisdição pessoal; contatos devem ser intencionais).
17 U.S.C. § 512 (porto seguro para intermediários potencialmente responsá-
veis por violação de direitos autorais); 15 U.S.C. § 6503 (Lei de Proteção da
Privacidade On-line das Crianças - porto seguro); 64 Fed. Reg. 59888
(03.11.1999), codificada em 16 C.F.R. Pt. 312 (FTC regras finais
implementando disposições do ato de porto seguro).
(61) EEJ-NET com vistas à Rede Extra-Judicial Eumpéia para resolução de
disputas com consumidores - Conferência de Lisboa em 5-6 de maio em
direção à Conferência Européia 2000, http://europa.eu.int/comm/consumers/
policy/developments/acce_just/a_cce_just07_en.htm (visitada em 03.09.2000
( 6 2 ) Comissão Européia (DO XV), Julgando a auto-regulamentação do setor:
quando se faz uma contribuição significativa ao nível de proteção de dados
com o desaparecimento das fronteiras. Há duas reações a esse fenômeno que são
igualmente inaceitáveis. Alguns pensam que a Intemet pode permanecer imune à
lei. Não pode.. Os sistemas políticos democráticos não permitirão que um lugar
com um crescimento explosivo no comércio e na ação política permaneça
inteiramente fora do alcance da vontade política do povo.
Outros acreditam que a história da regulamentação pode continuar como
sempre foi, com agentes fiscalizadores em quase 200 países, além de milhares de
entidades subordinadas a fazer valer a jurisdição extraterritorial sobre a conduta
ligada à Intemet, em quase todo o mundo. Isso traz o risco de transformar as
agências reguladoras em um Rei Canutes moderno, que demonstrava as limitações
da lei tentando comandar as marés.
A melhor solução básica para o desafio teórico apresentado pelas dificuldades
de localização da conduta nos mercados da Intemet é o conceito de estabelecimento
de regiões como meta," ou targeting. Este conceito significa que um participante do
mercado direciona suas vendas ou compras a uma determinada jurisdição. Um
comerciante da Intemet que quer reduzir a incerteza pode direcionar seus negócios
para uma única ou algumas jurisdições, nas quais entende e aceita o regime legal
.64 Ou, se o mesmo participante quiser evitar as exigências ou mecanismos de
aplicação de uma soberania específica, poderá excluir ou "retirar da meta" essa
jurisdição. Um número crescente de decisões judiciais nos Estados Unidos," e
orientações emitidas pelos órgãos
Ver Henry H. Perritt Ir., A Intemet está mudando o Sistema Jurídico Internacional
Público, 88 Ky. L Rev. 885, 931 (2000).
Um conjunto de regimes regulatdrios pode ser considerado como distribuído
sobre um domínio abrangendo desde o menos protecionista até o mais
protecionista. "Pontas" em uma distribuição estatística refere-se aos extremos: no
exemplo, o grupo de regimes mais protecionistas seria uma extremidade e o
grupo de regimes menos protecionistas seria a outra. "Aparar as pontas" significa
eliminar os extremos e reter apenas aqueles que são moderadamente
protecionistas.
Ver Henry H. Penitt Jr., Auto-governo no espaço cibernético: democracia
municipal ou realismo redescoberto, 12 Berkeley Tech. L. J. 413 (1997). Ver
Henry H. Perriu Jc, A Intemet está mudando o sistema jurídico internacional
público, 88 Ky. L Rev. 885, 940 (2000).
264
C O M E RC I O E I . e i x u r v- w
R E G U L A M E N TA Ç Ã O H Í B R I D A
265
privados auto-reguladores;78 c ainda mecanismos de estorno de cobrança em
cartões de crédito, que representam, implicitamente, um mecanismo de resolução
de disputas de baixo custo e já disponível para praticamente todo o comércio pela
Internet baseado em cartões de crédito. 7 9
Como participante, na qualidade de perito, no processo de resolução de disputas
patrocinado pelo ICANN, o autor considera o processo justo, eficaz e promissor.
O acordo negociado entre o Departamento de Comércio e a Comissão Européia
para fornecer uma espécie de porto seguro para a privacidade é outro exemplo
promissor de um novo tipo de instituição internacional. É um exemplo sólido de
regulamentação híbrida, no qual o direito público oferece um quadro geral com
alguns padrões mínimos e algum suporte para aplicação da lei, mas deixa a maioria
dos detalhes para ser elaborada pela auto-regulamentação privada.
E há também alguns passos iniciais promissores no que diz respeito a
mecanismos de resolução de disputas informais privadas, tão necessários para as
transações de pequenos valores como a venda hipotética de móveis entre
Thomasville e Tirana. No comércio moderno, uma das técnicas de resolução de
disputas mais difundidas é o mecanismo de devolução da cobrança em cartão de
crédito. A maioria dos consumidores e pequenos empresários que já realizam
negócios através da Teia Mundial conta com isso, pelo menos
subconscientemente. Para se incentivar uma maior expansão do comércio
eletrônico, faz-se necessário um maior estudo que permita compreender-se quão
promissor é o mecanismo de devolução de cobrança em cartões de crédito como
mecanismo privado de sucesso para resolução de disputas.
f) Arregimentar intermediários para dar apoio à auto-regulamentaçãe
A regulamentação híbrida e outras soluções contratuais para a incerteza
quanto à jurisdição dependem de intermediários para o desenvolvimento e
aplicação das normas." Os regimes privados regula
(790 Henry H. Perritt Jr., Resolução de disputas no espaço cibernética, I5 chio St.
J. Disp. Res. 675 (2000).
com Na área de impostos, os governos sempre têm usado empregadores-interme-
diários financeiros, bancos e varejistas - para coletar impostos.
dores são uma forma de governo. E, como tal, precisam de legisladores, juízes e
autoridades judiciais'
O ICANN, novo intermediário para o regime regulamentador de nomes de
domínio, dispõe das normas para a emissão e retenção de nomes de domínio e para
a adjudicação de controvérsias de marcas registradas/nomes de domínio.82 Novos
intermediários para resolução de disputas, como os painéis administrativos,
segundo as normas de resolução de disputas do WIPO," adjudicam tais
controvérsias de acordo com as normas do ICANN. Outros intermediários -
cartórios de registro de nomes de domínio - aplicam decisões do painel
administrativo, revogando ou transferindo nomes de domínio.84
No regime de "recargo" (charge back), ou devolução de cobrança em cartões de
crédito, os emitentes dos cartões são intermediários encarregados da conciliação de
disputas entre comerciantes e consumidores, recusando creditar os comerciantes,
que deixam de entregar a mercadoria ou os serviços prometidos e, em última
instância, negando crédito aos consumidores que se recusam a pagar pela
mercadoria ou serviços entregues de acordo com o contrato.85
°" Lauren Robel, Revista de Direito de Stanford, julho de 1994, Simpósio sobre
Processo Fracionado de Reforma da Justiça Civil: Ato de Reforma da Justiça
Civil de 1990,46 Stan. L. Rec. 1447, 1467 (1994) (relato sobre controvérsias a
respeito do equilíbrio entre normas locais e Normas Federais de Processo
Gvil); Carl fobias, Cursode colisão em descoberta civi/federar, 145 ER.D.
268
privada,'` bem como os elaboradores do magistrado virtual,91 as engrenagens de
resolução de disputas do W1P0,9a MAPS e a pletora de outros órgãos de resolução
de disputas virtuais relacionados ao comércio eletrônico.9' As controvérsias
constitucionais que surgem ao se desenvolver a estrutura para elaboração de regras
democráticas e adjudicação justa não se evaporam quando essas funções
governamentais são privatizadas. As controvérsias simplesmente ocorrem em
arenas privadas ao invés de em arenas públicas. Além disso, continuam nas arenas
públicas, determinando a vontade de instituições públicas de ceder poder a redes
regulamentadoras privadas.*
g) Outras formas de aprimoramento da confiança
O comércio não depende apenas de normas jurídicas formais e da disponibilidade
de uma engrenagem formal de resolução de disputas. Também, e algumas vezes com
certa predominância, depende de mecanismos informais de aprimoramento da
confiança. As relações pessoais e familiares possibilitam transações em muitos
mercados locais. Mecanismos comerciais transnacionais tradicionais, como cartas
r9r) San Diego Gas & Electric Co. v. Bank Leumi,50 Ca1.Rptr.2d 20, 23 (Cal. Ct.
App. 1996) (referindo-se à importância histórica de cartas de crédito standby).
c9m U.S. Fidelity and Guan Co. u Braspetro Oil Sen•ices, Co., 199 E3d 94, 98 (2d
Cir 1999) (descrevendo os performance bond).
anr Mara E. Trager, Observação, rumo a uma legislação previsível sobre finan-
ciamento internacional de contas a receber: a Convenção da UNCITRAL, 31 N
E U J Int'L L. & Pol. 611 (1999) (descrevendo o financiamento de contas a
receber).
en7 www.ebay.com (página de garantia do consumidor, descrevendo relatórios dos
consumidores).
www.ebay.com (página de garantia do consumidor, descrevendo composição de
caução).
orar tvww.ebay.com (página de garantia do consumidor, descrevendo opção de
seguro).
~~°'r httpa/maps.vix.com.
RE GULAMEN TAÇ AO HIBR ID A
271
mall e ISPs, ou provedores de acesso à Internet, eliminar o spam" de seus
sistemas. O sistema MAPS mantém uma lista de endereços IP (protocolo da
Internet), conhecida como RBL (Realtime Blackhole List - Lista em Tempo Real
dos Buracos Negros), e permite aos assinantes do MAPS excluir automaticamente
de seus sistemas qualquer mensagem de e-nueil originada em um dos endereços IP
relacionados. Cerca de 20 mil ISPs, empresas, órgãos governamentais e pessoas
físicas, abrangendo cerca de 40% da Internet, são assinantes do serviço MAPS.'°'
O sistema MAPS publicou as normas conhecidas como Basic Mailing List
Management Principles for Preventing Abuse (BMLMPPA - Princípios Básicos
de Gestão de Listagens para a Prevenção do Alruso),' w em que pretende estabelecer
padrões da Internet e as melhores práticas correntes para o gerenciamento
adequado de uma mailing list (listagem de endereços). Entre outros, as normas
exigem um procedimento duplo de aceitação de opção, ou double opt-in
procedure,'w antes de uma mensagem ser enviada a um destinatário específico.
Uma queixa de que um remetente de mensagens (servidor) não obedece às normas
acaba colocando-o na RBL,'m e detentores de endereços IP na RBL poderão ser
retirados apenas se cumprirem no futuro as normas MAPS.'m
Em agosto de 2000, a Harris Interactive Inc., uma empresa de pesquisa de
opinião levou o MAPS e vários de seus assinantes ao Juízo
Pg. 48
Não causa surpresa a posição da OCDE, coerente com todo o histórico cio
desenvolvimento da própria convenção, que atende aos interesses dos Esta-
dos que a compõem, via de regra exportadores de capitais. Os “princípios”
que fundamentam a convenção modelo, como mostrado, concentram-se na
tributação pelo Estado da residência, exigindo-se urna “residência” no Estado
da fonte, por meio de um estabelecimento permanente, para que o último
Estado se veja legitimado a também tributar os rendimentos ali produzidos.
A título de curiosidade, vale notar que, há mais de dez anos,jáse alertava que
o princípio do estabelecimento permanente, conquanto, destituído de fun-
damentos teóricos, cada vez mais serve ao interesse dos países ricos,
principalmente em vista do desenvolvimento tecnológico que já se
prenunciava.22
21 “5, The \Vorking Party also wishes to repeal ihai this revised draíl is concerned solely with the
issue aí lhe application to electrori c comunerce of die permanent establishment definition as it currently
appears in Nticle 5 of the OECD MudeI Tax Convention”. CL “The Àpplication aí lhe Permanent
Establish ment Definition in the Conlext of Electron ic Cornmerce: Proposed ClarificaLion ofthe
Comnrerttary mi Arlicle 5 of Lhe OECD MOdel Tax Convention”, datado de 3 de março de 2000 e
localizável em: ttp://www.oecd.org/daf/fa/material/mat 07.htm#material.
22 “Essa concesséo, corno vimos, é destituída de tundamentos teóricos mais sérios, pois nílo
existe motivo doutrinário para condicionar a tributação dos lucros das empresas. no território de fonte, à
existôricia, nele, de um esta belecirnento permanente. Por outro lado, nas relações econômicas
internacionais de hoje, grande parte das atividiades geradoras de renda pode ser desenvolvida sem
referência a estabelecimento. Com o desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicaçáo, e com o
aperfeiçoamento de certos institutos juridicos no campo comercial, as empresas de qualquer Esiado podem
desenvolver ativi dades em outros Estados, aí aufemindo lucros, sem necessitarem manter, nesses oLitros
Estados, estabelecimento permanente” Cf. DORNELLES, op. cit., p. 209.
Pg. 49
A par da teoria do benefício, surgiu outra, baseada iia idéia de sacrifício. Aqui, já não se
cogita de equivalência entre os benefícios oferecidos pelo Estado e o montante da
tributação, desenvolvendo-se, em vez disso, a idéia de que todos devem pagar pelas
despesas comuns, sendo a rodo da divisão a capacidade individual de pagamento
(capacidade contributiva). Mas essa teoria também rdio ficou ilesa a críticas, já que ela não
explica, por exemplo, por que razão um contribuinte deve “sacrificar-se” mais por um
Estado que por outro26.
O que parece passar despercebido que, a par da questão do sacrifício do contribuinte, o qual
busca justificar sua tribulação individual, torna-se relevante, igualmente. a questão do
sacrifício intercstatal. Sob este prisma, nasce uma pretensão tributária por parte do Estado
que vê sua economia depauperada por conta de um pagamento feito ao exterior. Daí ser
possível imaginar, de um lado, um Estado instituindo um imposto sobre ativos no exterior
(de que ainda não se cogita, mas que seria viável, do ponto de vista econômico, ainda que
indesejá vel por desincentivar as transações internacionais), e, de outro, um imposto sobre
os rendimentos pagos ao exterior (tributação na fonte). Note-se que, aqui, já não se cogita
mais em justificar o montante do imposto na capacidade contributiva manilbstatla, ou nos
benefícios oferecidos pelo Estado, mas exclusivamente na circunstância de o Estado ter sua
economia nacional diminuída dos recursos enviados ao exterior. O “sacrifício” surgc, pois,
sob nova forma. Agora, já não mais se trata da circunstância de um rendimento haver sido
produzido sob o manto protetor de um Estado (enfoque de benefício), mas de ele ser pogo
com recursos provenientes do Estado (enfoque do pagamento).
Pg. 51
Decorre daí a importância da adoção do conceIto de fonte de pagamento, que tcm a seu
favor a maior simplicidade em sua determinação, já que não se indaga onde se produziu o
rendimento, mas quem foi que o pagou. Claro que tampouco esse critério fica ileso a
críticas, já que nada impede dois Estados de se considerarem legitimados a tributar com
base nesse critério, por adotarem conceitos diversos para a resid8ncia e, assim, ambos
entenderem que a fonte pagadora reside em seus respectivos territórios. Igualmente, no
comércio eletrônicc, poder-se-á enfrentar dificuldade para se apurar a residência de uma
fonte pagadora,Já que muitas veres o mero endereço eletrônico não é suficiente para
identificar onde está localizada a fonte. De todo modo, parece inegável que tais
dificuldades, ao mesmo tempo cru que se fazem igualmente presentes nos demais critérios
acima discutidos, são infinitamente menores que aquelas próprias dos outros fatores de
tributação. Enquanto se pode conceber que o beneficiário do rendimento busque esti-oturar
seus negócios de modo a fugir da tributação pelo critério da residência (por meio tia
paraísos fiscais, por exemplo) ou da fonte de produção, tratando-se de tributação da fonte
de pagamento, esta estará atomizada, sendo mais difícil conceber que uma multiplicidade
de consumidores crie estruturas sofisticadíssimas para o pagamento de suas compras
eletrônicas.
CLARIFICATION ON THE APPLICATION OF THE
PERMANENT ESTABLISHMENT DEFINITION
IN E-COMMERCE:
CHANGES TO THE COMMENTARY ON THE MODEL
TAX CONVENTION ON ARTICLE 5
22 December 2000
OECD Committee on Fiscal Affairs
2
CLARIFICATION ON THE APPLICATION OF THE PERMANENT ESTABLISHMENT
DEFINITION IN E-COMMERCE:
CHANGES TO THE COMMENTARY ON THE MODEL TAX CONVENTION ON
ARTICLE 5
5
CHANGES TO THE COMMENTARY ON ARTICLE 5
Add the following heading and paragraphs 42.1 to 42.10 immediately after paragraph 42 of the
Commentary on Article 5
"Electronic commerce”
42.1 There has been some discussion as to whether the mere use in electronic commerce
operations of computer equipment in a country could constitute a permanent establishment.
That question raises a number of issues in relation to the provisions of the Article.
42.2 Whilst a location where automated equipment is operated by an enterprise may
constitute a permanent establishment in the country where it is situated (see below), a
distinction needs to be made between computer equipment, which may be set up at a location
so as to constitute a permanent establishment under certain circumstances, and the data and
software which is used by, or stored on, that equipment. For instance, an Internet web site,
which is a combination of software and electronic data, does not in itself constitute tangible
property. It therefore does not have a location that can constitute a “place of business” as there
is no “facility such as premises or, in certain instances, machinery or equipment” (see
paragraph 2 above) as far as the software and data constituting that web site is concerned. On
the other hand, the server on which the web site is stored and through which it is accessible is
a piece of equipment having a physical location and such location may thus constitute a “fixed
place of business” of the enterprise that operates that server.
42.3 The distinction between a web site and the server on which the web site is stored and
used is important since the enterprise that operates the server may be different from the
enterprise that carries on business through the web site. For example, it is common for the
web site through which an enterprise carries on its business to be hosted on the server of an
Internet Service Provider (ISP). Although the fees paid to the ISP under such arrangements
may be based on the amount of disk space used to store the software and data required by the
web site, these contracts typically do not result in the server and its location being at the
disposal of the enterprise (see paragraph 4 above), even if the enterprise has been able to
determine that its web site should be hosted on a particular server at a particular location. In
such a case, the enterprise does not even have a physical presence at that location since the
web site is not tangible. In these cases, the enterprise cannot be considered to have acquired a
place of business by virtue of that hosting arrangement. However, if the enterprise carrying on
business through a web site has the server at its own disposal, for example it owns (or leases)
and operates the server on which the web site is stored and used, the place where that server is
located could constitute a permanent establishment of the enterprise if the other requirements
of the Article are met.
42.4 Computer equipment at a given location may only constitute a permanent establishment
if it meets the requirement of being fixed. In the case of a server, what is relevant is not the
possibility of the server being moved, but whether it is in fact moved. In order to constitute a
fixed place of business, a server will need to be located at a certain place for a sufficient
period of time so as to become fixed within the meaning of paragraph 1.
42.5. Another issue is whether the business of an enterprise may be said to be wholly or
partly carried on at a location where the enterprise has equipment such as a server at its 6
disposal. The question of whether the business of an enterprise is wholly or partly carried on
through such equipment needs to be examined on a case-by-case basis, having regard to
whether it can be said that, because of such equipment, the enterprise has facilities at its
disposal where business functions of the enterprise are performed.
42.6 Where an enterprise operates computer equipment at a particular location, a permanent
establishment may exist even though no personnel of that enterprise is required at that location
for the operation of the equipment. The presence of personnel is not necessary to consider that
an enterprise wholly or partly carries on its business at a location when no personnel are in
fact required to carry on business activities at that location. This conclusion applies to
electronic commerce to the same extent that it applies with respect to other activities in which
equipment operates automatically, e.g. automatic pumping equipment used in the exploitation
of natural resources.
42.7 Another issue relates to the fact that no permanent establishment may be considered to
exist where the electronic commerce operations carried on through computer equipment at a
given location in a country are restricted to the preparatory or auxiliary activities covered by
paragraph 4. The question of whether particular activities performed at such a location fall
within paragraph 4 needs to be examined on a case-by-case basis having regard to the various
functions performed by the enterprise through that equipment. Examples of activities which
would generally be regarded as preparatory or auxiliary include:
- providing a communications link – much like a telephone line – between suppliers and
customers;
- advertising of goods or services;
- relaying information through a mirror server for security and efficiency purposes;
- gathering market data for the enterprise;
- supplying information.
42.8 Where, however, such functions form in themselves an essential and significant part of
the business activity of the enterprise as a whole, or where other core functions of the
enterprise are carried on through the computer equipment, these would go beyond the
activities covered by paragraph 4 and if the equipment constituted a fixed place of business of
the enterprise (as discussed in paragraphs 42.2 to 42.6 above), there would be a permanent
establishment.
42.9 What constitutes core functions for a particular enterprise clearly depends on the nature
of the business carried on by that enterprise. For instance, some ISPs are in the business of
operating their own servers for the purpose of hosting web sites or other applications for other
enterprises. For these ISPs, the operation of their servers in order to provide services to
customers is an essential part of their commercial activity and cannot be considered
preparatory or auxiliary. A different example is that of an enterprise (sometimes referred to as
an "e-tailer") that carries on the business of selling products through the Internet. In that case,
the enterprise is not in the business of operating servers and the mere fact that it may do so at
a given location is not enough to conclude that activities performed at that location are more
than preparatory and auxiliary. What needs to be done in such a case is to examine the nature
of the activities performed at that location in light of the business carried on by the enterprise.
If these activities are merely preparatory or auxiliary to the business of selling products on the
Internet (for example, the location is used to operate a server that hosts a web site which, as is
often the case, is used exclusively for advertising, displaying a catalogue of products or
providing information to potential customers), paragraph 4 will apply and the location will not
constitute a permanent establishment. If, however, the typical functions related to a sale are
performed at that location (for example, the conclusion of the contract with the customer, the
processing of the payment and the delivery of the products are performed automatically
through the equipment located there), these activities cannot be considered to be merely
preparatory or auxiliary.
42.10 A last issue is whether paragraph 5 may apply to deem an ISP to constitute a
permanent establishment. As already noted, it is common for ISPs to provide the service of
hosting the web sites of other enterprises on their own servers. The issue may then arise as to
whether paragraph 5 may apply to deem such ISPs to constitute permanent establishments of
the enterprises that carry on electronic commerce through web sites operated through the
servers owned and operated by these ISP. While this could be the case in very unusual
circumstances, paragraph 5 will generally not be applicable because the ISPs will not
constitute an agent of the enterprises to which the web sites belong, because they will not have
authority to conclude contracts in the name of these enterprises and will not regularly
conclude such contracts or because they will constitute independent agents acting in the
ordinary course of their business, as evidenced by the fact that they host the web sites of many
different enterprises. It is also clear that since the web site through which an enterprise carries
on its business is not itself a “ person” as defined in Article 3, paragraph 5 cannot apply to
deem a permanent establishment to exist by virtue of the web site being an agent of the
enterprise for purposes of that paragraph."
Schoueiri discorda – o estrangeiro não está presente no ato, portanto deveria ser tributado
no Brasil.
Seguimos o modelo do art. 5o. da OCDE, entretanto este entendimento foi por maioria.
Resta uma controvérsia se site poderá ser considerado como estabelecimento permanente.
Se considerarmos que apenas a presença de um equipamento (computador) é suficiente para
caracterizar como estabelecimento permanente, a competência para tributação será a do
local onde existir o estabelecimento permanente.
Se o exportador não escolher o local para se estabelecer, vai depender do local onde está
sitaudo o contribuinte, que trará dificuldade para o Estado de exercer a sua soberania, pois
dependerá que o contribuinte declare a transação, o que em termos práticos nem sempre vai
acontecer.