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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO


ENGENHARIA DO PETRÓLEO
DESENHO GEOLÓGICO

CARTOGRAFIA E ESCALAS

Eng. Eletricista Amilcar Barum, MSc Eng.


CARTOGRAFIA

Cartografia é a arte e ciência de graficamente representar uma área


geográfica em uma superfície plana como por exemplo um mapa.

A arte de traçar mapas começou com os gregos que, no século VI a.C.


Em função de suas expedições militares e de navegação, criaram o
principal centro de conhecimento geográfico do mundo ocidental. O
mais antigo mapa já encontrado foi confeccionado na Suméria, em
uma pequena tábua de argila, e representa um Estado.

Na antiga Polinésia, mapas de navegação entre as ilhas mostravam o


movimento das ondas e o arquipélago por meio de hastes de
coqueiros e conchas de praia.
Este mapa foi encontrado na região da Mesopotâmia.
É uma pequena estela de barro cozido que cabe na palma da mão e que
foi descoberta perto da cidade de Harran, no nordeste do Iraque atual.
Representa o rio Eufrates que se divide em três afluentes e que
desembocam no Golfo Pérsico, com os Montes Zagros, à Leste.
Nota-se que o mapa deve ser lido de “cabeça para baixo”.
Homero acreditava que a Terra era esférica, e que o ecúmeno - a parte
habitada da Terra - era uma “ilha” cercada pelo Mar Oceano. No centro
da Terra ficava localizada a Hellas - a Hélade, a Grécia -, e em torno o
resto do mundo conhecido: a Trácia, a Fenícia, o Egito e a Líbia.
Também estão representados o Mar Egeu, o Mar Mediterrâneo, e as
Colunas de Hércules ou Estreito de Gibraltar.
Em meados do século VI a.C., Anaximandro (610 a.C. - 540 a.C.,
aproximadamente), de Mileto acreditava que a Terra tinha a forma
de um cilindro cujo ecúmeno, cercado pelo Oceano, estaria
localizado num topo plano, que flutuava no ar, circundado por três
rodas cósmicas de fogo.
A Lua e o Sol eram grandes furos na segunda e na terceira roda
cósmica, assim como as estrelas eram pequenos furos na primeira
roda cósmica - que se localizava mais perto da Terra do que as da
Lua e do Sol - por onde passavam a luz e o calor.

As três rodas cósmicas


eram móveis e giravam, o
que explicava a
translação e as quatro
estações do ano, a
revolução da Lua em
torno da Terra, as quatro
fases da Lua e a trajetória
elíptica das estrelas.
Hecateu (550 a.C. - 475 a.C., aproximadamente), de Mileto,
acreditava que a Terra tinha a forma de um disco, plano, suspenso no
ar, cujo ecúmeno era cercado pelo Rio Oceano.
Para ele, a Terra era dividida em duas partes:
Europa e Ásia - que englobava a África -, delimitadas pelo Mar
Mediterrâneo, pelo Ponto Euxino (nome grego de uma cidade a beira
do Mar Negro, também denominado Mar Euxino), e pelo Lago Meotis
(nome grego do Mar de Azov), que desaguavam no Rio Oceano
através das Colunas de Hércules.
No mapa, estão representados o Rio Istros (o Danúbio) e o Rio Nilo.
Em 220 a.C., aproximadamente, Eratóstenes de Cirene desenhou
um mapa-múndi encomendado pela corte Egípcia.
O mapa representa todo o mundo conhecido até então: a Grã-
Bretanha, a Líbia e a Etiópia, e o Rio Nilo, a Ariana (a parte oriental
do Império Persa), e os rios Tigre e Eufrates, a Índia e a Taprobana
(o Sri Lanka), e os rios Indo e Ganges, e os Montes Taurus (na
Capadócia, Ásia Menor).
No mapa, também estão representados o Mar Mediterrâneo, o
Golfo Arábico (o Mar Vermelho), o Golfo Persa e o Mar Cáspio.
Eratóstenes também desenhou um meridiano (longitude) e um
paralelo (latitude).
Crates de Malo acreditava que a Terra era esférica, e que o mundo
era dividido em quatro “ilhas” separadas pelo Oceano,
intransponível, o que impossibilitava a comunicação entre elas.

Devido à ascendência comum da humanidade, oriunda de Adão e


Eva, o ecúmeno estava limitado a uma delas, e o autor negava a
possibilidade das outras serem habitadas por humanos.
Uma curiosidade é que o mapa está desenhado sobre o corpo de
Jesus, crucificado. Vê-se a cabeça de Cristo na parte superior do
mapa, perto do lugar do paraíso terrestre, voltada para Leste. As suas
mãos apontam o Norte e o Sul, enquanto os seus pés encontram-se
na parte inferior, indicando o oeste.
Os mapas atuais tem a parte de cima voltada para o Norte e não para
o Leste, mas as ordens místicas em geral ainda consideram o Leste -
nascer do sol - o ponto cardeal principal.
O corpo de Cristo identifica-
se com a superfície da Terra.
Domina todos os
conhecimentos do mapa. É o
inventor da infinita
diversidade do mundo. No
centro do mapa figuram
Jerusalém - representado por
um recinto quadrado de 12
voltas - e Jesus ressuscitado.
Ver o mapa, é ver Cristo,
meditar sobre a criação e a
vida eterna. Essa foi a
intenção do cartógrafo
Tilbury.
Representação cartográfica
1 - TIPOS DE REPRESENTAÇÃO
I. POR TRAÇO

a) GLOBO - representação cartográfica sobre uma superfície


esférica, em escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de
uma figura planetária, com finalidade cultural e ilustrativa.

b) MAPA (Características):
-representação plana;
- geralmente em escala pequena;
- área delimitada por acidentes naturais (bacias, planaltos,
chapadas, etc.),político-administrativos;
- destinação a fins temáticos, culturais ou ilustrativos.
A partir dessas características pode-se generalizar o conceito:

" Mapa é a representação no plano, normalmente em escala


pequena, dos aspectos geográficos, naturais, culturais e artificiais
de uma área tomada na superfície de uma figura planetária,
delimitada por elementos físicos, político-administrativos,
destinada aos mais variados usos, temáticos, culturais e
ilustrativos.“

IBGE – Noções básicas de


cartografia
CARTA (Características):

- representação plana;
- escala média ou grande;
- desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática;
- limites das folhas constituídos por linhas convencionais,
destinada à avaliação precisa de direções, distâncias e
localização de pontos, áreas e detalhes.
Da mesma forma que da conceituação de mapa, pode-se generalizar:

" Carta é a representação no plano, em escala média ou grande, dos


aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície
planetária, subdividida em folhas delimitadas por linhas
convencionais - paralelos e meridianos - com a finalidade de
possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão
compatível com a escala."

IBGE – Noções básicas de cartografia


PLANTA - a planta é um caso particular de carta. A
representação se restringe a uma área muito limitada e a escala
é grande, consequentemente o nº de detalhes é bem maior.
"Carta que representa uma área de extensão suficientemente
restrita para que a sua curvatura não precise ser levada em
consideração, e que, em consequência, a escala possa ser
considerada constante.“

IBGE – Noções básicas de cartografia


Projeções cartográficas
A representação mais precisa da superfície da Terra é o globo.
É representado por meio de mapas, que sempre terão distorções.
Não existem projeções melhores ou piores. Cada uma se adapta a
determinadas finalidades. Mas nenhuma resolve o problema da
representação da curvatura da Terra numa superfície plana.
Para ser feita, a representação emprega um sistema de projeções
cartográficas baseadas em relações matemáticas e geométricas.
O uso deste artifício geométrico das projeções consegue reduzir as
deformações, mas nunca eliminá-las.
Apesar dos problemas que todas apresentam, sem essas projeções
seria impossível a reprodução plana do globo terrestre.
As três projeções mais usadas são: a cilíndrica, a cônica e a azimutal
(plana).
Projeção cilíndrica - Gerard Mercator (1512-1594)

Mercator utiliza a projeção cilíndrica conforme, que é como se um cilindro


de papel fosse colocado em volta de um globo e sobre o papel refletissem
as coordenadas.
A linha do Equador é a única coordenada que mantém a dimensão
original; não se preocupa com as áreas e com as distâncias; nas áreas
mais distantes do Equador as distorções são maiores.
Observe as distorções e deformações da figura. É o mesmo rosto em
duas projeções diferentes.
Na projeção de Mercator os meridianos e os paralelos são linhas retas
que se cortam em ângulos retos. Nela as regiões polares aparecem
muito exageradas. Os mapas-múndi são feitos em projeções cilíndricas.
Na projeção de Mercator, a ilha da Groenlândia está duas vezes
maior do que a América do Sul, quando na verdade é a América do
Sul que é oito vezes mais extensa que a Groenlândia.
O continente europeu aparece numa posição de destaque no mapa,
bem maior do que seu tamanho real.
Essa projeção, portanto, tem tudo a ver com a época e o lugar em
que foi criada, quando a Europa expandia seu território por meio
das navegações, conquistando novas terras e dominando a
economia do planeta.
Projeção cilíndrica - Mollweide
Nesta projeção (cilíndrica equivalente, pois mantém a
proporcionalidade das áreas) os paralelos são linhas retas e os
meridianos, linhas curvas. Sua área é proporcional à da esfera
terrestre, tendo a forma elíptica.
As zonas centrais apresentam grande exatidão, tanto em área como
em configuração, mas as extremidades apresentam grandes
distorções.
Projeção cilíndrica - Peters
O cartógrafo alemão Arno Peters (1916-2002) considerava que os
mapas eram uma das manifestações simbólicas da submissão dos
países do Terceiro Mundo.
Criada em 1952, essa projeção foi publicada pela primeira vez
somente em 1973.
Peters combateu a imagem de superioridade dos países do Norte
representada nos planisférios derivados da projeção de Mercator. Seu
pressuposto de que todos os países deveriam ser retratados no mapa-
múndi de forma fiel a sua área.
Dá destaque aos países subdesenvolvidos.
Sua projeção cilíndrica equivalente se aproxima das reais proporções
das terras emersas do planeta.
Projeção cônica
Um cone imaginário em contato com a esfera é a base para a
elaboração do mapa. Os meridianos formam uma rede de linhas retas
convergentes nos polos e os paralelos formam círculos concêntricos.
Somente um dos hemisférios pode ser cartografado.
As terras próximas dos polos e do equador sofrem as maiores
distorções.
Os meridianos convergem para os polos e os paralelos são arcos
concêntricos situados a igual distância uns dos outros.
São utilizados para mapas de países de latitudes médias.
Projeção Azimutal ou plana

Imagine uma folha de papel plana, que toca o globo terrestre em


apenas um ponto.
Sobre a folha são projetadas as coordenadas dos outros pontos do
globo.
Na parte central, aquela onde a folha "toca" o globo, não há distorção.
O mesmo não acontece para os outros pontos, que aparecem
distorcidos, "menores" em relação à parte central.
O mapa da Organização das Nações Unidas (ONU) tem o Polo Norte no
centro e em volta os continentes e oceanos.
Trata-se de uma projeção azimutal equidistante.
Orientação e localização geográfica

Enquanto os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais nos


proporcionam as condições necessárias para uma adequada orientação
geográfica (direção exata), as coordenadas geográficas nos permitem
localizar o ponto exato.
Os paralelos nos dão a medida da latitude – distância em graus de
um ponto qualquer da superfície terrestre até a linha do Equador.
No Equador a latitude é igual a 0°, nos polos é igual a 90° tanto para
o norte como para o sul.
Os meridianos são linhas traçadas sobre a esfera terrestre unindo
ambos os polos e perfazendo um total de 360°, sendo 180° em cada
um dos hemisférios leste e oeste.
A contagem é feita a partir do meridiano inicial ou de Greenwich tanto
para leste como para oeste, determinando as longitudes.
Linhas

Tipos Unem pontos de


igual
Isoalinas Salinidade
Isóbaras Pressão atmosférica
Isóbatas Profundidade
Isóclinas Inclinação magnética
Isoietas Pluviosidade
Isoípsas Altitude
Isotermas Temperatura
Curvas de nível

São linhas que unem pontos de mesma altitude.


Representam num plano as elevações de um terreno.
Quando o relevo se apresenta muito abrupto, as curvas aparecem no
mapa muito próximas umas das outras.
Quando o relevo se apresenta suave, as curvas aparecem mais
distanciadas umas das outras.
As cores em um mapa
As seguintes cores (geralmente seis ou sete) são as utilizadas em
mapas de Orientação:
- CASTANHO temos tudo o que está relacionado com diferenças de
altitude: montanhas, ravinas, depressões, pontos de cota, etc;
-BRANCO representam Floresta Limpa (árvores mas sem vegetação
rasteira);
-AMARELO representa áreas abertas: campos abertos, clareiras, etc;
-VERDE representa áreas ou objetos relacionados com vegetação;
-AZUL aparecem as áreas ou objetos relacionados com água;
- PRETO é a cor mais utilizada e representa variados objetos e
características do terreno, geralmente artificiais ou rochosos:
estradas, caminhos, linhas de alta-tensão, edifícios, rochas e
precipícios.
Escala

Escala é definida como a relação existente entre as dimensões


das linhas de um desenho e as suas homólogas.

É a escala de projeção menor, empregada para reduções, em


que as dimensões no desenho são menores que as naturais ou
do modelo.
ESCALA NUMÉRICA

Indica a relação entre os comprimentos de uma linha na carta e o


correspondente comprimento no terreno, em forma de fração com
a unidade para numerador.
• Para saber a medida real aplicamos a fórmula:
D=Exd
• Para saber a distância gráfica:
d=D/E
• Para saber a escala:
E=D/d

Sendo:
E = escala
d = distância medida na carta
D = distância real (no terreno)
Caso o mapa seja confeccionado na escala 1:300, cada 1
cm no mapa representa 300 cm ou 3 m. Para fazer estas
transformações é necessário aplicar a escala métrica decimal:

ESCALA 1:400.000
3 0 0 0 0 0
km hm dam m dm cm
3
0 0 0 0 0
km
ESCALA 1:200
2 0 0
km hm dam m dm cm
0 0 2m 0 0
Grandeza de escala

• Os detalhes de um mapa são proporcionais à escala, ou seja,


quanto maior a escala, maior serão os detalhes; como identificá-
los?

• Escala grande – tem o denominador da fração pequeno;


• Exemplo: 1: 100

• Escala pequena – tem o denominador da fração grande.


• Exemplo 1: 1.000.000
Escala pequena
Escala 1:5.000.000

Escala 1:750.000

Escala 1:25.000

Escala 1:10.000 Escala grande


Utilização das escalas
• Escala grande:
– Representar pequenas áreas, (bairros, cidades,
etc.), mais apropriado é a utilização de grandes
escalas (1:500 a 1: 50.000) que permitem maiores
detalhes;
• Escala Pequena:
– Elementos geográficos de uma região, país ou
continente ( + 1: 500.000 ...)
As questões que envolvem o uso da escala estão geralmente
relacionadas a três situações:

1. Calcular a distância real entre dois pontos, separados por 5 cm (d),


num mapa de escala (E) 1: 300 000.

D = 5 x 300.000 = 1.500.000
ou
15
2. Calcular a distância no mapa (d) de escala (E) 1: 250 000 entre dois
Km
pontos situados a 50 km de distância (D) um do outro.

D = 5.000.000 = 20 cm
250.000
3. Calcular a escala (E), sabendo-se que a distância entre dois pontos no
mapa (d) de 15 cm representa a distância real (D) de 30 km.

E = 15 cm = 15 = 1 =
1:200.000
30 Km 3.000.000 200.000
ESCALA GRÁFICA

É a representação gráfica de várias distâncias do terreno sobre uma


linha reta graduada.

A Escala Gráfica nos permite realizar as transformações de dimensões


gráficas em dimensões reais sem efetuarmos cálculos.
Para sua construção, entretanto, torna-se necessário o emprego da
escala numérica.
                                                                
Grande e pequena escala

Para a elaboração de mapas de superfícies muito extensas é


necessário que sejam utilizadas escalas que reduzam muito os
elementos representados. Esses mapas não apresentam
detalhes e são elaborados em pequena escala. Portanto,
quanto maior o denominador da escala, maior é a redução
aplicada para a sua elaboração e menor será a escala.

As escalas grandes são aqueles que reduzem menos o espaço


representado pelo mapa e, por essa razão, é possível um maior
detalhamento dos elementos existentes. Por isso, são aquelas
cujo denominador é menor. As escalas maiores normalmente
são denominadas de plantas que podem ser utilizadas num
projeto arquitetônico ou para representar uma cidade.

De acordo com os exemplos já citados a escala 1: 300 é maior


do que a escala 1: 300 000.
A escolha da escala é fundamental ao propósito do mapa e ao tipo
de informação que se pretende destacar.

Numa pequena escala o mais importante é representar as estruturas


básicas dos elementos representados e não a exatidão de seu
posicionamento ou os detalhes que apresentam. Aliás, o
detalhamento neste tipo de mapa compromete a sua qualidade e
dificulta a sua leitura.

Numa grande escala, como plantas de uma casa ou de uma cidade,


existe uma maior preocupação com os detalhes, mas assim mesmo
as informações devem ser selecionadas para atender apenas o
objetivo pelo qual foram elaboradas.

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