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O ESCÂNDALO DO

PETRÓLEO
MONTEIRO LOBATO

Edilson Juviniano da Silva Filho


Orientadora: Maria Afonsina Ferreira Matos

JEQUIÉ – BA
2018
Monteiro Lobato, homem de múltiplas
facetas, passou a vida engajado em
campanhas para colocar o Brasil no
caminho da modernidade.
Apesar de ser muito conhecido por sua
literatura infanto-juvenil, o autor escreveu
também obras destinadas ao público adulto,
inclusive “O escândalo do petróleo”,
retratando a epopeia que durou exatamente
uma década, de 1931 a 1941.
Primeira parte
Introdução
Em tom didático, mas indignado, Lobato
inicia citando A luta pelo petróleo, obra de
Essad Bey que ele, em mais uma de suas
jogadas estratégicas, lançou em junho de
1935 pela Companhia Editora Nacional. Ele
traz o resumo das vantagens do petróleo
sobre o carvão como matéria combustível.
Retrospecto

Lobato traz uma análise comparativa da


atividade de outros países da América
como Estados Unidos, México e
Venezuela, por exemplo, ao tempo em
que aproveita para denunciar a
ineficiência do Serviço Geológico.
“O Serviço Geológico fingia que
furava e depois, com a carinha mais
inocente do mundo, dizia: Não tem.
Vocês estão vendo que não tem...”.
(LOBATO, P. 41)
O caso de Alagoas

Com base nos estudos do alemão José


Bach, Edson de Carvalho associa-se a
Monteiro Lobato, Lino Moreira e outros,
conseguem fundar a Cia. Petróleo Nacional
e tenta as primeiras perfurações. No entanto,
Fleury da Rocha, chefe do DNPM, tenta
abortar.
Alagoas, São Paulo e o Brasil

Enquanto Osman Loureiro se desvencilhava


dos Interesses Ocultos em Alagoas, em São
Paulo o governo sofre influência do DNPM.
Alagoas avança. São Paulo fica estagnado.
Os primeiros mártires do petróleo

Lobato nos mostra como os pioneiros na


descoberta do petróleo foram sendo
assassinados por forças ocultas.
Começando por José Bach em Alagoas,
seguido por Pinto Martins, Barzaretti e Harry
Koller.
Carta aberta ao ministro da Agricultura

(POR QUE O BRASIL NÃO TEM PETRÓLEO)

Após a carta aberta ao então ministro da


Agricultura, que administrava o uso do
subsolo, Lobato denuncia o DNPM batendo
na tecla que permeia todo o volume: “não
tirar petróleo e não deixar que ninguém o
tire”.
Depoimento de Monteiro Lobato
( A COMISSÃO DE INQUÉRITO)
Em seu depoimento, Lobato tenta
provar suas declarações feitas na
“Carta aberta” ao ministro da
Agricultura, começando pela divisa do
serviço federal de minas:
“NÃO TIRAR PETRÓLEO E NÃO
DEIXAR QUE O TIREM”.
Os interesses estrangeiros

Ainda em seu depoimento, Monteiro


Lobato reitera sua acusação contra os
órgãos governamentais de usar
informações privilegiadas para
beneficiar diretamente uma empresa
norte-americana.
Conclusão

Enfatizando a ideia de que abrir mão da


matéria-prima combustível equivalia ao
suicídio econômico e militar da nação,
ele conclui que o problema principal
residia na nossa tendência para resolver
problemas só pelo lado teórico, com
desprezo absoluto do aspecto prático.
O que somos e o que precisamos ser

Nessa parte Lobato apresenta alguns


gráficos comparando a riqueza nacional, a
produção e o comércio do Brasil e dos
Estados Unidos.
“Só do subsolo os Estados Unidos extraem
mais de cem milhões de contos por ano.
Nós com um subsolo equivalente só
extraímos minhocas.”
(LOBATO, p. 105)
“...enquanto nós, queimando café em vez de
queimar o Ministério da Agricultura, damos
ao mundo uma curiosa demonstração do
perigo que é raciocinar com outros órgãos
que não o cérebro...
Café é riqueza criada? Queima-se.
Ministério é impedimento de riqueza?
Conserva-se.
Está errado...”

(LOBATO, p. 110)
Segunda parte
Onde estávamos em 1936?

Nesse trecho, Lobato segue desfiando


os casos de sabotagem, as medidas
arbitrárias e persecutórias contra si
mesmo e seus companheiros de
cruzada como Hilário Freire, que
abraçou de corpo e alma a causa
lobateana.
O que houve depois de 1936?

O golpe de Estado de 1937 foi o início


da derrota dos petroleiros. Foi criado o
Conselho Nacional do Petróleo, tendo
por comandante o general Horta
Barbosa. Com isso as companhias
nacionais de petróleo foram extintas
uma a uma.
Última reação dos petroleiros

O escritor Monteiro Lobato escreve uma


carta à Getúlio Vargas em que dá o
histórico da situação e grifa o recado ao
presidente: “O destino das nações
depende muitas vezes da atuação de
um homem que enxerga mais longe
que os outros”.
A resposta

Onze meses depois veio a resposta em


forma de voz de prisão pela “audaciosa
e injustificável irreverência”, “afirmações
destituídas de verdade, inteiramente
falsas, com o objetivo de injuriar os
poderes públicos”.
Em 18 de abril de 1941, recolhido à
casa de detenção onde estava no
seu 3º mês de prisão, soube que
fora absolvido em primeira instância
pelo juiz do Tribunal de Segurança
Nacional, coronel Maynard Gomes,
cuja sentença transcreve na íntegra.
A confissão dos interesses ocultos

O diretor de uma distribuidora de


gasolina que a Standart Oil mantinha no
Rio, ao encontrar o diretor da revista
petróleo confessa todo o plano dos
interesses ocultos, confirmando tudo o
que Lobato já havia dito sobre os trusts.
“A Standart já gastou centenas de
milhares de dólares em estudos
geológicos e geofísicos em território
brasileiro – mas para o seu uso
pessoal, não de vocês. E saiba mais,
que todos os embaraços que vocês,
das companhias de petróleo nacional,
tem encontrado, partem de uma fonte
única: a Standart”.
(LOBATO, P. 165)
Histórico do petróleo do Lobato

Esse trecho contém o relatório que


Oscar Cordeiro forneceu a Monteiro
Lobato sobre a sua luta pela descoberta
do petróleo do Lobato e de como este
foi demitido e expulso de seu campo,
ficando o poço sob governo do
Conselho Nacional do Petróleo.
O mistério

Seis anos após a descoberta do


primeiro poço de petróleo não se
sabe o porquê de nenhum outro
poço ter sido aberto, nem o que é
feito do petróleo do Lobato, pois o
Conselho age sempre com mistério.
A desistência
“Chega. Não quero nunca mais tocar
neste assunto do petróleo. Amargurou-
me doze anos de vida, levou-me à
cadeia – mas isso não foi o pior. O pior
foi a incoercível sensação de
repugnância que desde então passei a
sentir sempre que leio ou ouço a
expressão Governo Brasileiro...”
(LOBATO, P. 180)
Os grandes crimes contra os povos

Lobato encerra falando a respeito da


queima de café no início da década de
30, e deixa claro seu lado intuitivo, que
previa a era do capital financeiro
transnacional a impor sua lógica de
mercado às nações periféricas.
“Entre descobrir um meio de facilitar
o uso do café à nossa pobre gente
e negociá-lo em troca de petróleo
com a Rússia, o nosso governo
preferiu queimá-lo”.
(LOBATO, P. 183)
“Não há no mundo grande
realização que não comece pelo
sonho”.

(LOBATO, Monteiro. O escândalo do petróleo, 1936, p. 67)


Referência

Lobato, Monteiro. O escândalo do


petróleo e georgismo e comunismo.
São Paulo: Globo, 2011.

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