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CHRISTIFIDELES LAICI

Pe Eduardo

Paróquia Nossa Sra da Piedade

Porangatu - GO
CHRISTIFIDELES LAICI

Exortação Apostólica
Pós-Sinodal do Papa
João Paulo II SOBRE A
VOCAÇÃO E MISSÃO
DOS LEIGOS NA IGREJA
E NO MUNDO
CHRISTIFIDELES LAICI

Contexto:

Tema do Sínodo dos Bispos de 1987

“vocação e missão dos leigos na Igreja


e no mundo a vinte anos do Concílio
Vaticano II”
CHRISTIFIDELES LAICI
A Exortação Apostólica Christifideles Laici é
a resposta do Papa diante dos resultados
dos trabalhos do Sínodo.

O Papa reage ao problemas identificados e


às soluções apresentadas com a Exortação
Pós-sinodal.

É um documento rico que abrange o


Concílio e a reação ao Concílio.
QUEM SÃO OS LEIGOS?

“Todos os cristãos que não são membros


da sagrada ordem ou do estado religioso
reconhecido pela Igreja” (LG 31)

Esta é uma definição tradicional.

O Direito Canônico traz uma definição


mais técnica.
QUEM SÃO OS LEIGOS?
Cân. 207

§ 1. “Por instituição divina, entre os fiéis, há na Igreja os


ministros sagrados, no direito também chamados clérigos; e
outros fiéis são também denominados leigos”

§ 2. Em ambas as categorias, há fiéis que , pela profissão


dos conselhos evangélicos, mediante votos ou outros
vínculos sagrados, reconhecidos e sancionados pela Igreja,
em seu modo peculiar consagram-se a Deus e contribuem
para a missão salvífica da Igreja; seu estado, embora não
faça parte da estrutura hierárquica da Igreja, pertence a sua
vida e santidade.
QUEM SÃO OS LEIGOS?
Tecnicamente, os religiosos que não
pertecem às ordens sagradas também
são leigos.

No entanto, a distinção entre leigos, de


uma parte, e membros da sagrada ordem
ou do estado religioso, de outra parte, é
utilizada no Vaticano II para tratar,
especificamente, dos “leigos”, como são
entendido hoje.
QUEM SÃO OS LEIGOS?

A Exortação Apostólica CL reconhece que


havia uma concepção pré-conciliar
negativa dos “leigos” e é objeto do
Concílio propor uma visão positiva.
INTRODUÇÃO

Todos os leigos devem participar da


missão salvadora da Igreja (Apostolicam
Actuositatem 33)

Ninguém deve esquivar-se dessa missão.

Cada um em seu estado: sacerdotes,


religiosos e fiéis leigos (CL 2)
INTRODUÇÃO
O sínodo identifica tentações dos leigos que o
Papa resume em duas:

“mostrar um exclusivo interesse pelos serviços


e tarefas eclesiais”, chegando a abdicar “das
suas responsabilidades específicas no mundo
profissional, social, econômico, cultural e
político”.

“legitimar a indevida separação entre a fé e a


vida, entre a aceitação do Evangelho e a ação
concreta nas mais variadas realidades
temporais e terrenas”
INTRODUÇÃO
A CL também identifica algumas urgências
atuais:

secularismo e sede de religião

A pessoa humana: dignidade espezinhada e


exaltada

Conflituosidade e Paz (a guerra fria da época,


deu lugar aos grupos extremistas violentos e
à ditadura do relativismo)
INTRODUÇÃO
Jesus Cristo é a resposta.

Todos devem engajar-se (clérigos,


religiosos e leigos).

O lugar do leigos é insubstituível: “por


meio deles a Igreja de Cristo torna-se
presente nos mais diversos setores do
mundo, como sinal e fonte de esperança
e de amor” (CL 7)
A DIGNIDADE DOS FIÉIS LEIGOS
NA IGREJA-MISTÉRIO

Batismo

é necessário um resgate da pertença dos


leigos à Igreja pelo batismo.

Filhos no Filho,

Corpo de Cristo,

Templos do Espírito Santo


A DIGNIDADE DOS FIÉIS LEIGOS
NA IGREJA-MISTÉRIO

Sacerdotes, Profetas e Reis

Não se trata do sacerdócio ministerial, mas do sacerdócio


comum a todos os batizados

Sacerdotes na participação na celebração da eucaristia e na


vida: “os leigos, agindo em toda parte santamente, como
adoradores, consagram a Deus o próprio mundo” (LG 34)

Profetas ao fazer brilhar o Evangelho na vida cotidiana,


familiar e social.

Reis no combate espiritual e na restituição da criação ao seu


valor originário: ordenar as coisas criadas para o verdadeiro
bem.
A DIGNIDADE DOS FIÉIS LEIGOS
NA IGREJA-MISTÉRIO

“Os fiéis leigos e a índole secular” (CL 15)

É própria e peculiar dos leigos (LG 31)

A Igreja vive no mundo, mas não é do


mundo

Os sacerdotes e religiosos têm uma


missão no mundo
A DIGNIDADE DOS FIÉIS LEIGOS
NA IGREJA-MISTÉRIO

Os leigos “vivem no século”, na vida normal

“O mundo torna-se, assim, o ambiente e o meio


da vocação cristã dos fiéis leigos”

Os leigos “não são chamados a deixar o lugar que


ocupam no mundo”

“Mas são chamados por Deus para que aí,


exercendo o seu próprio ofício, inspirados pelo
espírito evangélico, concorram para a santificação
do mundo a partir de dentro”
A DIGNIDADE DOS FIÉIS LEIGOS
NA IGREJA-MISTÉRIO

“A índole secular do fiel leigo não deve, pois,


definir-se apenas em sentido sociológico, mas
sobretudo em sentido teológico.”

O leigo é chamado à santidade:

a ser santo, como também são chamados os


clérigos e os religiosos,

mas, especificamente, a “santificar-se no


mundo” (CL 17)
A PARTICIPAÇÃO DOS FIÉIS LEIGOS NA VIDA DA
IGREJA-COMUNHÃO

Tendo estabelecido a especificidade da missão e da


santidade dos fiéis leigos no mundo, o documento passa
agora a pontuar a sua participação na vida interna da
Igreja.

Fundamento teológico:

A Igreja é comunhão (eclesiologia do Concílio)

A comunhão comporta diversidade e


complementariedade

O Espírito Santo distribui dons hierárquicos e carismáticos


A PARTICIPAÇÃO DOS FIÉIS LEIGOS NA VIDA DA
IGREJA-COMUNHÃO

Distintos são os ministérios da Ordem

Ministérios, ofícios e funções dos Leigos:

Cabe aos pastores reconhecer e


promover estes ministérios, ofícios e
funções dos leigos

Fundamento sacramental: Batismo,


Confirmação e, muitas vezes,
Matrimônio.
A PARTICIPAÇÃO DOS FIÉIS LEIGOS NA VIDA DA
IGREJA-COMUNHÃO

Quando há necessidade, algumas funções não


exclusivas do ministério ordenado, podem ser
confiadas aos leigos (CL 23)

O normal é que sejam realizadas pelos


ministros ordenados, quando há.

Se há poucos ministros ordenados, é natural


que haja muitos leigos cumprindo funções
não exclusivas, mas “ligadas ao ministério
dos pastores”.
A PARTICIPAÇÃO DOS FIÉIS LEIGOS NA VIDA DA
IGREJA-COMUNHÃO

Quando há necessidade, algumas funções não exclusivas do


ministério ordenado, podem ser confiadas aos leigos (CL 23)

A CL cita o Código de Direito Canônico para dar alguns


exemplos:

ministério da palavra

presidir orações litúrgicas

conferir o Batismo (grave ausência de ministros


ordenados)

distribuir a sagrada comunhão


A PARTICIPAÇÃO DOS FIÉIS LEIGOS NA VIDA DA
IGREJA-COMUNHÃO

Há também o reconhecimento e o apreço dos


Padres Sinodais pela atuação dos leigos em um
“vasto panorama” de ministérios, ofícios e
funções dos batizados:

ação em favor da evangelização, santificação


e animação cristã das realidades temporais

serviço ordinário nas comunidades eclesiais e


generosa disponibilidade para a suplência em
situações de emergência
A PARTICIPAÇÃO DOS FIÉIS LEIGOS NA VIDA DA
IGREJA-COMUNHÃO

A CL trata também do tema da


legitimidade das associações de fiéis, do
reconhecimento da Igreja destas
associações.

Não aprofundaremos este tema aqui, mas


ressaltamos: é uma realidade rica e
ampla que demanda colaboração,
comunhão e atenção dos pastores.
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DOIS CAPÍTULOS
ESTUDADOS

É clara na CL a percepção de uma dupla


missão do leigo, uma própria e uma
“emprestada”:

atuar na santificação do mundo (sua


missão particular)

dar suporte aos ministros ordenados em


sua missão
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DOIS CAPÍTULOS
ESTUDADOS

Esta “dupla” missão é oferecida em oposição


à tentação advertida na introdução: o leigo
não deve deixar sua responsabilidade de
estar no mundo e ser sal para substituir a
função dos ministros ordenados.

Por outro lado, em situações emergenciais é


reconhecida e desejável esta “contribuição”
dos leigos, sem ferir legitimidade da
exclusividade dos ministérios ordenados.
A CORRESPONSABILIDADE DOS FIÉIS LEIGOS NA
IGREJA-MISSÃO

A missão da Igreja não é exclusividade dos


clérigos, mas é uma missão comum de
todos, onde os clérigos são chamados “a
pastorear de tal modo os fiéis e de tal modo
reconhecer os seus serviços e carismas,
que todos, cada um segundo o seu modo
próprio, cooperem na obra comum” (LG 30)

Missão e comunhão são intrinsecamente


ligadas
A CORRESPONSABILIDADE DOS FIÉIS LEIGOS NA
IGREJA-MISSÃO

Anúncio do Evangelho (CL 33)

Nova evangelização:

a sociedade mudou: secularismo,


indiferença religiosa, pobreza e miséria,
ateísmo declarado etc.

é preciso “refazer o tecido cristão das


próprias comunidades eclesiais”
A CORRESPONSABILIDADE DOS FIÉIS LEIGOS NA
IGREJA-MISSÃO

“Os fiéis leigos, por força da sua participação no múnus


profético de Cristo, estão plenamente envolvidos nesta
tarefa da Igreja”

Em particular:

testemunho de fé (“única resposta plenamente válida


para os problemas” atuais)

superar em si mesmos a ruptura entre Evangelho e vida

favorecer, no seio das famílias, as vocações


missionárias (sacerdotais, religiosas e leigas)
A CORRESPONSABILIDADE DOS FIÉIS LEIGOS NA
IGREJA-MISSÃO

“Viver o Evangelho servindo a pessoa e a


sociedade” (CL 36-44)

Promover a dignidade da pessoa

Venerar o inviolável direito à vida

“certos leigos são a isso chamados por um


título particular: são os pais, os educadores,
os agentes da saúde e todos os que detêm o
poder econômico e político”
A CORRESPONSABILIDADE DOS FIÉIS LEIGOS NA
IGREJA-MISSÃO

A família (célula da sociedade) (CL 40)

“O casal e a família constituem o


primeiro espaço para o
empenhamento social dos fiéis
leigos”: convicção do valor da
família para a sociedade e para a
Igreja
A CORRESPONSABILIDADE DOS FIÉIS LEIGOS NA
IGREJA-MISSÃO

A Caridade (CL 41)

serviço aos pobres, enfermos etc.

não só pelos indivíduos, mas por grupos e


comunidades

valorizar as formas de voluntariado: “o


voluntariado deve ser visto como sendo uma
importante expressão de apostolado, onde os
fiéis leigos […] desempenham um papel de
primeiro plano”
A CORRESPONSABILIDADE DOS FIÉIS LEIGOS NA
IGREJA-MISSÃO

A Política: destinatários e protagonistas (CL 42)

“os fiéis leigos não podem absolutamente


abdicar da participação na ‘política’, ou seja,
da múltipla e variada ação econômica, social,
legislativa, administrativa e cultural,
destinada a promover orgânica e
institucionalmente o bem comum.”

Uma política em favor da pessoa (o homem


todo e todos os homens)
A CORRESPONSABILIDADE DOS FIÉIS LEIGOS NA
IGREJA-MISSÃO

“Os fiéis leigos empenhados na política devem


certamente respeitar a autonomia das
realidades terrenas”, mas também, “dar
testemunho daqueles valores evangélicos que
estão intimamente ligados à própria atividade
política, como a liberdade e a justiça, a
solidariedade, a dedicação fiel e desinteressada
ao bem de todos, o estilo simples de vida, o
amor preferencial pelo pobres e pelos últimos”

Necessidade de os leigos serem iluminados


pela doutrina social da Igreja
A CORRESPONSABILIDADE DOS FIÉIS LEIGOS NA
IGREJA-MISSÃO

O homem no centro da vida econômico-


social (CL 43)

Organização do trabalho: “os fiéis leigos


empenhem-se em primeira linha na
solução dos gravíssimos problemas
crescentes do desemprego […]
fomentando novos tipos de
empresariedade e revendo os sistemas
de comércio, de finança e de
intercâmbios tecnológicos”
A CORRESPONSABILIDADE DOS FIÉIS LEIGOS NA
IGREJA-MISSÃO

Evangelizar a cultura e as culturas do


homem (CL 44)

A inculturação do Evangelho

A evangelização da cultura
CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO ESTUDADO

Nada no mundo escapa à missão dos fiéis leigos.

Não se trata de reinventar o mundo, ou criar um


mundo fantasioso de cristãos,

mas de inserir-se responsavelmente no mundo, de


atuar de forma autenticamente cristã no mundo, de
não separar o Evangelho da realidade do mundo.

A Igreja tem urgências para os leigos: a pessoa


humana, a família, a política, a ordem social digna
etc.
OS DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS

Os dois últimos capítulos da CL versam


sobre os tipos de trabalhadores da vinha
do senhor e sobre a formação dos fiéis
leigos.

No primeiro trata dos estratos sociais que


a Igreja precisa ter atenção:

os jovens, as crianças e os idosos.


OS DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS

O papel da mulher na Igreja (CL 49):

não participam do ministério


ordenado, mas tem uma identidade a
ser resgatada e valorizada

remete à Mulieris Dignitatem


OS DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS

Doentes e Atribulados (CL 53):

participação no sofrimento de Cristo (Salvifici


Doloris)

cuidado devido a eles pela Igreja

Estados de vida e vocações (CL 55-56)

“dentro do estado laical há lugar para várias


‘vocações’, isto é, diversos caminhos espirituais e
apostólicos que dizem respeito a cada fiel leigo”
OS DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS

O último capítulo versa sobre a


formação dos leigos (CL 57-63):

“necessidade de uma formação


integral e permanente dos leigos”

“A formação dos fiéis leigos deverá


figurar entre as prioridades da
Diocese e ser colocada nos
programas de ação pastoral”
OS DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS

Descoberta e vivência da própria


missão do leigo (CL 58)

A formação deve favorecer esta


descoberta
OS DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS

Formação integral para a unidade (CL


59)

formação para a unidade: não deve


haver dicotomia entre vida espiritual
e vida secular

formação integral: espiritual,


doutrinal, e para os valores
humanos.
OS DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS

Colaboradores de Deus educador (CL 61)

A Diocese e a paróquia (os ministros ordenados e os


religiosos) são “lugares” da formação do leigo.

A Família enquanto Igreja Doméstica é “lugar” da


formação dos leigos.

As Universidades Católicas.

Os Centros de Renovação Espiritual.

Grupos, Associações e Movimentos.


OS DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS

A formação reciprocamente recebida e


dada por todos (CL 63)

Alguns princípios:

não deve ser restrita a poucos: a


formação é direito e dever de todos os
fiéis

voltada para realizar a plena vocação


humana e cristã
OS DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS

criar escolas de formação

formar os formadores

atenção à cultura local

auto-formação (a formação só será


efetiva se o formando tomar para
si a responsabilidade da formação)
OS DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS

quanto mais formados, mais


podemos formar os outros.

recorrer aos meios e métodos das


ciências humanas.

deixar-se formar por Deus: deixar-


se podar para dar mais fruto.
APELO E ORAÇÃO

O Papa João Paulo II finaliza com um


apelo e uma oração.

Citamos um trecho de cada.


APELO

A fervorosa oração de Jesus na última


ceia ‘ut unum sint!’ deve tornar-se, todos
os dias, para todos e cada um, um exigente
programa de vida e de ação, a que não se
pode renunciar. (CL 64)
ORAÇÃO

Virgem Mãe, guia-nos e apoia-nos para


vivermos sempre como autênticos filhos e
filhas da Igreja do teu Filho e podermos
contribuir para a implantação da civilização
da verdade e do amor sobre a terra,
segundo o desejo de Deus e para a Sua
glória. Amém. (CL 64)

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