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Aula 2 - O PROCESSO DE

SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES
Profa. Dra. Eliana Tadeu Terci
Texto: Maria Conceição Tavares
Auge e declínio do processo de
substituição de importações
O Modelo Primário-Exportador
• Características do modelo exportador:
• Países centrais: o papel do setor exportador na geração da
renda nacional, era acompanhada por uma variável endógena →
o investimento autônomo acompanhado de inovações
tecnológicas;
• Países periféricos:
i) o setor exportador era a única componente autônoma de
crescimento da renda, limitada a um ou dois produtos, com
pouco efeito de irradiação;
ii) a indústria interna tradicional, de baixa produtividade (tecido,
calçado, vestuário e móveis) e agricultura eram insuficientes
para dar à atividade interna um dinamismo próprio dada a
dependência. Portanto o dinamismo dependência da demanda
externa enquanto investimento autônomo.
O Modelo Primário-Exportador
• Papel das importações:
• Países centrais: o papel das importações era de suprir
necessidades de alimentos e matérias primas não
produzidas internamente de forma satisfatória;
• Países periféricos: suprir as importações de faixas
inteiras de bens de consumo e praticamente o total de
bens de capital necessários ao processo de
investimento induzido pelo crescimento exógeno da
renda.
• Condicionante: divisão internacional do trabalho
(crescimento para fora)
O Modelo Primário-Exportador
• Setor externo X setor interno:
• Países centrais: não havia uma separação entre o
setor externo e interno. O sistema produtivo
abastecia os dois segmentos;
• Países periféricos: separação entre os setores
voltados para o mercado interno (com baixa renda),
e o mercado externo, de alta rentabilidade
econômica: desigualdade acentuada regional e de
renda; formação de uma elite seleta de alto padrão
de consumo → economia dual
O Modelo Primário-Exportador
• CRISE DO MODELO:
• 1914 – 1945: 20 anos de guerra e depressão;
• 1930: queda da receita de exportação acarretou:
i) uma redução de 50% na capacidade de importar;
ii) Restrições e controle das importações;
desvalorização cambial;
iii) compra de excedentes ou financiamento de
estoques;
iv) estímulo à produção interna substitutiva, resultante
da política de manutenção da renda interna
→desenvolvimento para dentro;
O Processo de substituição de
importações
• Ex ante: utilizando a capacidade de produção
interna para substituir parte dos bens antes
importados;
• Ex post: utilização da capacidade para
importar disponível para obter do exterior os
bens de capital e as matérias primas
indispensáveis à instalação de novas unidades
para continuar o processo de substituição;
O Processo de substituição de
importações
• CONSEQÜENCIAS:
i) mudança do centro dinâmico: perda da
importância relativa do setor externo (variável
exógena) na geração da renda nacional;
ii) mudança no papel das exportações: deixa
de ser a de gerar renda, para contribuir
decisivamente na diversificação da estrutura
produtiva, com a importação de
equipamentos e bens intermediários;
O Processo de substituição de
importações
• O CARÁTER DAS TRANSFORMAÇÕES (parcial e fechado):
i) A transformação da estrutura produtiva foi parcial,
ficando restrita ao setor industrial e atividades conexas;
consequentemente;
ii) não há uma mudança significativa na estrutura de
produção do setor primário, inclusive o de exportação;
resulta numa base exportadora precária, causa do crônico
estrangulamento externo.
iii) Os novos setores dinâmicos aparecem no âmbito dos
mercados nacionais, conferindo um caráter fechado ao
novo modelo.
iv) não houve mudança significativa na relação centro-
periferia
O Processo de substituição de
importações
A NATUREZA DO ESTRANGULAMENTO EXTERNO:
• Da crise dos 30 até o fim da guerra →Caráter
absoluto: refere-se à capacidade para importar
estancada ou declinante; relacionada com o
estrangulamento do comércio internacional.
• Os anos do pós-guerra → Caráter relativo: refere-
se à capacidade para importar crescendo a um
ritmo inferior ao produto interno; relacionada
com a tendência de longo prazo das exportações
(deterioração dos termos de troca).
O Processo de substituição de
importações
• O ESTRANGULAMENTO EXTERNO NO BRASIL:
• Até o fim da segunda guerra nem o quantum
exportado, nem o poder aquisitivo das exportações
haviam alcançado nível anterior ao da crise;
• Depois da guerra aumentou o quantum exportado e
um decorrente poder aquisitivo das exportações;
• A partir de 1954 o poder de compra das exportações
manteve-se estagnado ou declinou. Como resultado da
deteriorização das relações de troca o crescimento
industrial se fez mediante desequilíbrio no BP,
consequente aumento do endividamento externo;
O Processo de substituição de
importações
• O ESTRANGULAMENTO EXTERNO NO BRASIL:
• De 1948 a 1952 a capacidade para importar
deveu-se basicamente a um aumento das
exportações;
• A partir de 1954 a capacidade para importar
teve que ser compensada pela entrada de
capitais, com aumento do endividamento
externo.
OS LIMITES AO DESENVOLVIMENTO ATRAVÉS
DO PROCESSO DE SUBSTITUIÇÃO DE
IMPORTAÇÕES.
• Para manter a capacidade de importar
necessária ao processo de desenvolvimento
econômico, com o estrangulamento externo,
de caráter relativo, o Brasil necessitou se
endividar, o que limita capacidade de
importar futura, pela necessidade de
pagamento do serviço e do principal da dívida
no Balanço de Pagamentos.
Substituição de importações como
modelo de desenvolvimento
• Compreensão equivocada: significa aumentar
a produção interna até a eliminação total das
importações;
• Mas sim, o processo provoca uma alteração
qualitativa na pauta de importações – de
bens de consumo para bens de capital –
podendo aumentar a dependência externa.
Dinâmica do processo de
substituição de importações
• Tese: dinâmica busca responder ao estrangulamento
externo; reduzindo quantitativamente a dependência do
exterior e alternado qualitativamente essa dependência →
evidenciam-se as contradições que podem frear o dinamismo
(ler p.232/233):
i) ↑ investimento e da renda → mercado interno → demanda
de bens de capital;
ii) ↑ demanda por bens de capital ↔ disponibilidade de
divisas;
iii) nova onda de substituições
dinâmica do processo é determinada pela sucessiva
superação das suas contradições.
Modificações na estrutura das
importações
• Ainda que se faça nos três setores, haverá
modificações dentro deles que devem encadear-
se de modo a não gerar estrangulamento interno;
novo problema: hiato temporal entre a decisão
de investimento e realização;
• Portanto há que planejar esse processo; pois não
se dá de forma piramidal, fazendo-se necessário
que os vários “andares” do edifício se construa
simultaneamente.

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