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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Faculdade de Psicologia

TERAPIA COLABORATIVA: RELACIONAMENTOS E CONVERSAÇÕES

Alunos (as):
Aline M. Santos
Ana Carolina Ferreira da Silva
Cristiane Mendes Cunha
Débora Freitas Bono
Marcelino Pereira da Silva
Mariana Gonçalves de Deus Alves
Sinay Gonçalves
Belo Horizonte, 2017.
INTRODUÇÃO

O artigo trata da Terapia Colaborativa que propõe e enfatiza


como incentivar, facilitar e manter relacionamentos
colaborativos e conversações dialógicas, dando ênfase às
proposições filosóficas nas quais está fundamentada. Apresenta
ainda, suas características em ação. A Terapia Colaborativa
também pode ser chamada de terapia pós-moderna, de
construção social, de terapia dialógica ou conversacional.
HISTÓRIA

A Terapia colaborativa tem suas raízes na década de 1950,


no projeto de Terapia de Múltiplo Impacto, em Galveston,
no Texas. A partir de pesquisa com pessoas chamadas de
“fracassos de tratamento” visava responder de que forma a
terapia poderia ser mais relevante para tais pessoas.
HISTÓRIA

Após 25 anos de aprendizados, a partir de questionamentos


sobre as experiências dos clientes, os verdadeiros experts,
descrições sobre o sucesso e o insucesso das terapias e dos
conselhos dos clientes para os terapeutas, houve o aprendizado
de muitas lições. Todo esse conhecimento resultou em uma
terapia mais flexível, espontânea e que se adapte à natureza de
cada cliente, bem como suas circunstâncias.
HISTÓRIA

Os conhecimentos sobre linguagem e o discurso, na qual se


baseia a Terapia colaborativa, existem desde o século XVIII.
A partir do movimento pós-moderno, historiador Giambattista
Vico afirma que o observador é parte da descrição. Isso
significa que a forma como o terapeuta conceitua e aborda a
terapia tem relevância independente do sistema designado ou
do número de pessoas envolvida nele.
MOVIMENTO PÓS-MODERNO

O movimento pós-moderno em todas as suas manifestações,


literatura, artes, arquitetura, enfim nas ciências humanas e
sociais, em especial, por exemplo, buscou questionar e
reexaminar a ordem estabelecida, no sentido de desafiar para
rever as tradições de conhecimento como algo definitivo,
enfatizando sua natureza dinâmica.
MOVIMENTO PÓS-MODERNO

Na linguagem, o desafio foi mostrar o seu dinamismo, seu


caráter polissêmico e as várias possibilidades de produzir
significado e de comunicar-se em contraposição à ideia de
linguagem como algo descritivo, representacional e com um
sentido estável.

Principais Estudiosos: Mikhail Bakhtin, Jacques Derrida,


Hans George Gadamer, Jean François Lyotard, Richard Rorty,
Lev Vygotsky e Ludwig Wittgenstein.
NA PSICOLOGIA...

Na Psicologia, com a Teoria do Construto Pessoal, de George Kelley


e outros construtivistas, renunciam a uma realidade externa e
tangível, convocam-nos a mudar o modo como “vemos” as coisas e
consequentemente nossa “forma de ser”.

Principais autores da área psi: Gregory Bateson, Humberto


Maturana, Heinz von Foerster, Ernst von Glasersfeld.
UMA TERAPIA AFINADA COM SEU TEMPO
Terapia Colaborativa como uma resposta a uma demanda de serviços
mais flexíveis e respeitosos, considerando todo um contexto de
transformações sociais, culturais, políticas, econômicas, científicas e
tecnológicas. Tais mudanças, pressionam os terapeutas a reavaliarem
como entendem o mundo ao seu redor, os clientes e o próprio papel do
terapeuta. Como a terapia tem grande relevância na vida das pessoas,
ela deve estar de acordo com as demandas trazidas pelos clientes,
pensando sempre de forma dinâmica e inovadora, colaborativa,
considerando as pessoas em sua humanidade, no que elas têm de
singular.
UMA TERAPIA AFINADA COM SEU TEMPO

As pessoas não acreditam mais em sistemas rígidos, que as


ferem de algum modo, que não as consideram em sua
humanidade, que não seja democrático e que não respeitem os
direitos humanos. A Terapia Colaborativa vai ao encontro do
anseio das pessoas com todas as questões que elas trazem
decorrentes do tempo e do contexto em que se inserem.
PROPOSIÇÕES DA TERAPIA COLABORATIVA: UMA
TAPEÇARIA PÓS-MODERNA
“Sua atitude em relação a sua vida será diferente de acordo com o
entendimento que você tiver.” (Suzuki)

Encontramos no escopo dessa prática diferentes denominações, tais


como terapia pós-moderna, colaborativa, dialógica, conversacional,
construcionista social e relacional. A perspectiva mais coletiva do
construcionismo social veio contribuir para a ideia de um
eu construído pelas e nas relações. A terapia construcionista surgiu
no movimento pós-moderno, de proposições relacionadas da
construção social e das teorias dialógicas.
PROPOSIÇÕES DA TERAPIA
COLABORATIVA: UMA TAPEÇARIA PÓS-
MODERNA
Do ponto de vista da ação, os terapeutas colaborativos
procuram ater-se à forma como os clientes
compreendem seus dilemas, a partir do que é dito em
conversação no momento da terapia. Assim, as
perguntas do terapeuta são norteadas pelo que é dito
pelas pessoas, numa postura e ação que legitima o saber
do cliente a partir de sua experiência vivida.
MANTER O CETICISMO
O Ceticismo é o movimento do constante questionamento. O
pós-modernismo afirma a importância de se ter uma postura
crítica e questionadora em relação ao conhecimento e nos
convida a questionar a reivindicação de verdade de qualquer
discurso. O diálogo é considerado uma forma de
conversação na qual o terapeuta e o cliente, como parceiros
conversacionais, participam do co-desenvolvimento de
novos significados, novas realidades e novas narrativas, a
partir de uma postura terapêutica de genuíno não-saber.
MANTER O CETICISMO

Tendo o cliente como o especialista, na Terapia


Colaborativa, o terapeuta é um parceiro conversacional que
constrói um contexto para uma conversação dialógica em
torno de trocas colaborativas entre os participantes.
MANTER O CETICISMO

A perspectiva construcionista vê a mudança como uma


condição. Pessoas estão sempre mudando... A possibilidade
de mudança, nesta perspectiva, pressupõe maior incerteza,
própria do processo de construção de sentido.
EVITAR A GENERALIZAÇÃO

Evitar a generalização diz respeito a não utilizar discursos como


verdades universais que sejam dominantes, podendo ser aplicadas
a todos os povos, de forma generalizada. A Terapia colaborativa
possui o processo de questionamento como uma ferramenta
fundamental para a abertura para novos significados. Trata-se de
perguntas generativas, em que o significado das palavras é aberto
para compreender de forma hermenêutica os dilemas que as
pessoas vivem a partir de dentro da sua própria experiência e da
conversação.
EVITAR A GENERALIZAÇÃO

A terapia pós-moderna visa construir e reconstruir


significados através do diálogo, calcado na indeterminação
do sentido e da relatividade do contexto.
O saber do ofício do terapeuta colaborativo consiste,
portanto, na habilidade de construir contextos de diálogo e
relacionamentos colaborativos, a partir da curiosidade
genuína que o convida a aprender com o cliente sobre suas
circunstâncias.
PROPOSIÇÕES DA TERAPIA COLABORATIVA: UMA
TAPEÇARIA PÓS-MODERNA
 Privilegiar o conhecimento local:
O conhecimento construído dentro da comunidade constituída por
pessoas (família, sala de aula, sala de reunião) terá mais relevância,
será mais pragmático e mais sustentável.

Esse conhecimento se desenvolve a partir de discussões,


metanarrativas e verdades universais dominantes e é influenciado por
essas condições.
PROPOSIÇÕES DA TERAPIA COLABORATIVA: UMA
TAPEÇARIA PÓS-MODERNA
 A linguagem como um processo social criativo:
A linguagem no seu sentido mais amplo é o meio pelo qual
produzimos conhecimento.
O sistema terapêutico é um tipo de sistema de linguagem
relacional no qual as pessoas (cliente e terapeuta) geram significados
umas com as outras.
As palavras ganham sentido à medida que as usamos e pela
forma como usamos. Ex: contexto, tom de voz, olhares e gestos.
As declarações não podem ser atribuídas somente ao falante
pois, ela é o produto da interação dos interlocutores.
PROPOSIÇÕES DA TERAPIA COLABORATIVA: UMA
TAPEÇARIA PÓS-MODERNA

 O conhecimento e a linguagem como algo transformador:


O conhecimento e a linguagem são conceitos relacionais e
geradores e, portanto intrinsecamente transformadores.
Quando utilizamos a linguagem e produzimos conhecimento
estamos participando de uma atividade viva e não pode permanecer
imutável.
Através deste processo de conversação dialógica se dá o processo
de mudança. Desta perspectiva a mudança é uma consequência natural
de um diálogo gerador e de uma relação colaborativa.
É a partir das narrativas que os indivíduos derivam sua percepção
da própria capacidade de agir socialmente.
PROPOSIÇÕES DA TERAPIA COLABORATIVA: UMA
TAPEÇARIA PÓS-MODERNA

 O pós-modernismo é apenas uma de muitas narrativas:

O pós-modernismo não é uma meta-narrativa ou uma perspectiva,


pois a autocritica é algo inerente e essencial para o próprio pós-
modernismo.

Não significa que devemos descartar o nosso conhecimento.


Implicações para a Prática Clínica

Questionamento: Como essa linguagem ou jogo de


linguagem diferente influencia a forma como eu penso sobre o
objetivo da terapia e seu processo, incluindo o papel do cliente
e meu papel?

Posição Filosófica: Forma de ser, particularidades de


relacionamentos e conversações naturalmente se desenvolve.

• Encoraja o outro a participar de uma forma mais igualitária.

• Forma de ser com: comunitário, coletivo, participativo.


RELACIONAMENTO COLABORATIVO E CONVERSAÇÃO
DIALÓGICA
Ambas estão inter-relacionadas, não separa profissional do pessoal.
Colaborar, construir com os outros: Ações naturais.
Relacionamento Colaborativo: direcionamos em relação ao
outro, modos de agir, e reagir.
Somos seres mutualmente relacionais, influenciamos e somos
influenciados.
Reagir: estamos sempre reagindo, é um processo de mão
dupla, é interativo.
Conversação Dialógica: conversa que envolve uns aos
outros, podendo ser em voz alto ou silenciosa.
Diálogo: interação verbal, é um processo de tentar intender a
outra pessoa na perspectiva dela, um processo inter(ativo).
A POSIÇÃO FILOSÓFICA: UMA FORMA DE SER

 A posição filosófica serve como uma guia conceitual que permite


que o terapeuta seja criativo e personalize a terapia para cada
cliente;

 Funciona como uma filosofia, e não como uma fórmula;

 Possuí sete traços distintos e inter-relacionados que são ideias


direcionadoras para o terapeuta.
PARCERIA CONVERSACIONAL DE INDAGAÇÃO MÚTUA

• Indagação mútua ou compartilhada: Processo em trio, no qual duas ou


mais pessoas juntam suas mentes para resolver algo. É uma indagação
entre sujeitos;

• O terapeuta convida o cliente a essa indagação mútua assumindo uma


posição de aprendizado da seguinte forma:

• Criando um espaço em que o cliente possa contar sua história do seu


jeito e no seu tempo;

• Sendo genuinamente interessado;


PARCERIA CONVERSACIONAL DE INDAGAÇÃO MÚTUA

• Ouvindo e respondendo com atenção e cuidado;

• Tentando responder ao que o cliente esta dizendo;

• Notando como a outra pessoa reage;

• Prestando atenção as palavras e as não-palavras dela;

• Conferindo se você ouviu o que outro quer que você ouça;

• Fazendo pausas e permitindo silêncios para reflexão;

• Permitindo que cada pessoa escolha responder o que lhe interessa.


PARCERIA CONVERSACIONAL DE INDAGAÇÃO MÚTUA

• Hospitalidade Incondicional – a postura do terapeuta deve ser de


uma anfitrião ao receber o convidado, desse modo, ele molda o
tom e a qualidade do relacionamento e da conversação.

• O cliente entrega um "novelo de histórias" - o terapeuta tem


posicionamento de tentar entender e desenrolar as linhas
emaranhadas das narrativas de vida dos clientes;
PARCERIA CONVERSACIONAL DE INDAGAÇÃO MÚTUA

• As reações do terapeuta – baseadas na conversação, isto é, elas


se referem aquilo que o cliente acabou de dizer. As reações do
terapeuta são formas de participar da conversação.

• Através do processo de indagação mútua, o cliente começa a


desenvolver significados para si mesmo e para as pessoas e
eventos de sua vida.
PARCERIA CONVERSACIONAL DE INDAGAÇÃO MÚTUA
• O terapeuta não controla a direção da conversação ou da história, mas
participa dela;
• É uma atividade conjunta, juntos terapeuta e cliente moldam o contar
da história, e o novo contar gera possibilidades não imaginadas
anteriormente. A novidade surge no processo dialógico.
• Ao responder ao cliente, e ao cliente responder ao terapeuta,
significados e entendimentos começam a ser esclarecidos;
• Independente do número de pessoas dentro da sala de terapia, tem
início uma ligação entre todos, na qual pessoas falam umas com as
outras. Dessa forma, é desenvolvido um senso de pertencimento e
responsabilidade partilhada.
EXPERTISE RELACIONAL

• Tanto o cliente quanto o terapeuta trazem a expertise para o


encontro: o cliente é expert em si próprio sua vida seu problema e
sua solução. O terapeuta é expert e um processo em um espaço
para relacionamentos colaborativos e conversações dialógicas.

• A expertise do terapeuta é ajudar o outro a fazer sozinho, está


sempre no presente, mas não de maneira hierárquica

• Do ponto de vista colaborativo a expertise é um saber como


convidar e manter um espaço e um processo para relacionamentos
colaborativos e conversações dialógicas.
EXPERTISE RELACIONAL

• O terapeuta colaborativo é sempre influenciado por suas


experiências, mas tenta ouvir de forma que suas experiências
prévias não impeçam de ouvir e responder para entender o
significado total das descrições que o cliente faz de suas
experiências.
NÃO-SABER

• Não saber refere-se a como um terapeuta pensa a construção do


conhecimento, à intenção de introduzi-lo e a maneira com que é
introduzido na terapia.
• Um terapeuta enfatiza o saber com outra pessoa, em vez de conhecer
outra pessoa, suas circunstâncias. Um terapeuta colaborativo tem
consciência do risco de que esses conhecimentos podem colocar
pessoas em categorias de problema.
• Tal conhecimento pode interferir na capacidade do terapeuta de se
interessar e de aprender sobre a natureza única daquela pessoa e a
novidade de sua vida.
NÃO-SABER
• Uma posição de não saber não significa que o terapeuta não sabe
nada, ou que pode descartar ou não usar o que sabe.

• Pelo contraio, a ênfase é na intenção com que o conhecimento do


terapeuta é induzido.

• A introdução do conhecimento de um terapeuta é simplesmente uma


forma de participar na conversação, de oferecer algo para pensar e
discutir, e de oferece forma de falar daquilo que já está sendo
abordado. É importante seguir a resposta do cliente, e cortar o
assunto caso o cliente não se interesse.
SER PÚBLICO

• Ser público é propor assuntos para pensar e dialogar, oferecer


possibilidades de temas ou forma de conversar sobre eles.É uma
maneira do terapeuta contribuir para a conversação.

• A intenção é participar de uma forma de uma forma imparcial, e não


guiar indevidamente a conversação ou promover inflexivelmente
uma idéia ou opinião.
SER PÚBLICO

• Terapeutas também tem pensamentos particulares, e esses


pensamentos influenciam a forma com que o terapeuta ouve e
escuta, assim como baseiam suas respostas.

• Na perspectiva colaborativa o terapeuta é aberto e generoso com


seus pensamentos invisíveis, tornando-os visíveis ou sendo público.

• Ser público não está relacionado a estar aberto, mas as


conversações internas que os terapeutas tem consigo mesmo sobre
o cliente e a terapia.
VIVER COM INCERTEZA
• Conversações terapêuticas são mais parecidas com uma conversa
natural, resposta de uma pessoa baseia e convida para a resposta da
outra.
• O espaço dialógico compreende tanto as conversações externas entre
os participantes, como as conversações internas dentro de cada um.
• Clientes e terapeutas se envolvem em uma parceria genuína na
exploração (construção narrativa) do problema que aflige os clientes,
bem como no desenvolvimento de possibilidades alternativas.
• A força da cultura é superior à força dos indivíduos que a compõe. A
sociedade diferencia os gêneros. Prescreve-lhes diferentes papéis e
valores. Essa identidade é profundamente gravada, determinando a
forma de vida que este indivíduo deverá ter, de acordo com as
convenções particulares de seus grupos sociais. Então quando homem
e mulher se encontram, exige-se um grande esforço de comunicação
entre os dois.
TRANSFORMAR MUTUAMENTE

• O processo não é uma via de mão única, unilateral, voltada para o


terapeuta, e nem o terapeuta é passivo, receptivo. O terapeuta está
ativamente envolvido em um processo interativo complexo de resposta
contínua com o cliente, assim como com sua própria fala interna e
experiência.
• Quando se participa mutuamente de uma conversação, assume-se
diferentes posições, a partir de pré-concepções que inevitavelmente se
traz para o contexto dialógico. Nenhuma é melhor ou mais verdadeira,
já que cada posição nasce da genuinidade da experiência de cada um.
• É necessária uma preparação pessoal do terapeuta para não fugir dos
sentimentos desconfortáveis que o processo terapêutico traz tanto para
clientes quanto para terapeutas. Isso implica na reflexão sobre o quê o
sofrimento do outro desperta em nós, para assim entender os motivos
de muitas vezes fugirmos dos momentos de demonstração de dor com
simples frases de consolo ou com o uso de técnicas descomprometidas.
ORIENTAR PARA A VIDA COTIDIANA COMUM

• A função do terapeuta é a de ser um especialista do processo dialógico,


ou seja, tem o papel de ser o promotor e facilitador de conversas
terapêuticas que possibilitem a ampliação de significados.
• Cabe ao psicólogo convidar o cliente à percepção do caráter relacional
dos fenômenos psicológicos, inclusive dos problemas, promovendo a
tomada de consciência da relação enquanto responsável pelos
fenômenos e a percepção da participação de cada um nesse processo.
• O psicólogo pode se utilizar de perguntas reflexivas que têm o objetivo
de levar o cliente à reflexão, a estabelecer um diálogo com ele mesmo,
de modo a possibilitar a co-construção de diferentes sentidos e novas
narrativas para terapeuta e cliente.
• As perguntas reflexivas podem ser feitas a partir de uma postura de
não-saber que implica em uma curiosidade genuína e abundante pela
história do cliente. Isso significa que o terapeuta é informado pelo
cliente, confia totalmente em sua história e se junta a ele para explorar
essas narrativas e experiências.
ORIENTAR PARA A VIDA COTIDIANA COMUM

• A postura é caracterizada por espontaneidade e autenticidade, não


se trata de técnica, mas sim de um jeito de estar consigo e com o
outro, que é singular a cada relacionamento estabelecido.
• Significa, principalmente, não julgar e não interpretar a priori a
história do cliente. O trabalho em grupo é extremamente frutífero
para o exercício da responsabilidade relacional e da postura do não-
saber.
• As várias vozes implicam em várias opiniões, em conflitos, em
argumentação, negociação, em respeitar diferenças e conviver com
elas, em assumir equívocos durante as conversas, em compreender
o outro e ao mesmo tempo se fazer entender pelo outro, em ajudar e
se deixar ser ajudado e também em perceber os limites de poder
ajudar e ser ajudado.
NOTA FINAL

A psicóloga Lois Shawver discute o jogo de linguagem em


Wittgenstein para refletir, o seguinte: se começarmos a prestar
atenção em como aprendemos e usamos nossos jogos de
linguagem, começaremos a enxergar para além dos mitos e das
imagens errôneas aprisionadas pela cultura nos processos de
linguagem e de comunicação.
NOTA FINAL

Jogos de linguagem: Wittgenstein define “jogo de linguagem”


como uma combinação de palavras, de atos, de atitudes ou de
formas de comportamento que possibilita a compreensão do
processo de “uso” da linguagem em sua totalidade.
NOTA FINAL

Desse modo, “jogos de linguagem” que os indivíduos aprendem, na


infância, a usar certas palavras ou expressões. Na verdade, o indivíduo
não aprende apenas uma palavra ou uma expressão, mas um “jogo de
linguagem”, e completo; noutras palavras, aprende como usar
determinada palavra ou expressão linguística, num contexto
determinado, visando obter fins. Wittgenstein aponta para inúmeros
“jogos de linguagem” que permeiam nossa prática social diária, tais
como, ordens; pedidos; perguntas; respostas; descrições; pedido de
desculpas etc.
NOTA FINAL

A questão aqui, parece ser estar mais atento ao uso que se faz da
palavra do que necessariamente ao significado que é predeterminado. A
psicóloga aponta esse como um caminho possível para ver a psicologia
humana com novos olhos, muito além de antigas imagens e
determinações pré-estabelecidas, ou seja, muito além das convenções.
Libertando-nos das imagens à quais ficamos aprisionados.
REFERÊNCIAS

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/116539, consultado em
13/05/2017.

ANDERSON, H. Terapia colaborativa: relacionamentos


conversações. Nova Perspectiva Sistêmica, Rio de Janeiro, n. 33,
p. 36-52, abr. 2009.

RASERA, Emerson F.; JAPUR, Marisa. Desafios da aproximação


do construcionismo social ao campo da psicoterapia. São Paulo, p.
431-439. 2004.

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