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Políticas Públicas:

Habitação
Conceito
• A habitação - "espaço onde a função principal é ter a qualidade de ser habitável" -
Trata-se do locus de sociabilidade do indivíduo e de sua família, lugar da
construção e da consolidação da vida e da saúde.
• Nessa perspectiva, a habitação saudável está relacionada com os materiais usados
em sua construção e condições de saneamento, incorporando ainda a qualidade
ambiental, ou seja, a habitação deve apresentar condições mínimas que contribuam
para saúde e bem-estar de seus membros e para dignidade humana.
Introdução à Política de Habitação no Brasil
• No início do século XX, devido à rápida industrialização, as cidades atraíram grande parte da
população, porém, inexistiam políticas habitacionais que impedissem a formação de áreas
urbanas irregulares e ilegais.
• As áreas ocupadas ilegalmente são expressões diretas da ausência de políticas de habitação social.
• As políticas habitacionais propostas foram, em sua maioria, ineficazes devido a diversos fatores
políticos, sociais, econômicos e culturais. O resultado desse processo é que, atualmente, mais de
82% da população brasileira é urbana.
• O surgimento de políticas habitacionais realmente preocupadas em solucionar o alarmante
problema é recente, tendo sido implementado na Constituição Federal de 1988, e regulamentado
pelo Estatuto da Cidade (2001), que regula o uso da propriedade urbana em prol do interesse
coletivo e do equilíbrio ambiental, sendo um instrumento inovador na política habitacional.
Características das Moradias Ilegais
• a) Áreas loteadas e ainda não ocupadas: ocupações realizadas em espaços anteriormente
destinados a outros fins, como construção de ruas, áreas verdes e equipamentos
comunitários ou, ainda, casas construídas sem respeitar a divisa dos lotes;
• b) Áreas alagadas: áreas localizadas em aterramentos de manguezal ou charco; geralmente
são terrenos de marinha ou da União em áreas litorâneas:
• c) Áreas de preservação ambiental: construções realizadas em margens de rios,
mananciais ou em serras, restingas, dunas e mangues;
• d) Áreas de risco: moradias construídas em terrenos de alta declividade, sob redes de alta
tensão, faixas de domínio de rodovias, gasodutos e troncos de distribuição de água ou
coleta de esgotos.
O direito à moradia
• Objetivando reverter esse quadro social, a Constituição Federal Brasileira de
1988 instituiu um capítulo destinado à Política Urbana, no qual a
regularização fundiária é destacada, através da função social da propriedade,
como política de habitação social. No que toca ao direito à moradia, este foi
incluído no art. 6º do texto constitucional, através da Emenda 26/2000.
 Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância,
a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Introdução aos • Os problemas do déficit habitacional e a
inadequação de domicílios começam a ser
Programas incorporados como uma questão de
Habitacionais destaque na agenda do governo federal a
partir de 2003. Destaca-se que esse
período é o início da presidência de Luiz
Inácio Lula da Silva, governo que foi
eleito com uma proposta de investimentos
na área social e possui sua base formada a
partir da participação em movimentos
sociais.
• No ano de 2004 iniciou-
se o processo de
elaboração da Política
Nacional de Habitação
(PNH). Para tanto,
realizaram-se vários
seminários sob a
coordenação do
Conselho Nacional das
Cidades, em especial o
seu Comitê Técnico de
Habitação, e contou com
a participação de vários
atores sociais.
• Ao lado, os papéis da
União, estados e
municípios na área da
habitação.
• Destaca-se que três programas que já existiam em 2004 não contaram
com aplicação de recursos nos anos que se seguiram, sendo extintos: o
Morar Melhor em 2005, o Pró-Moradia em 2006 e Programa de
Subsídio à Habitação de Interesse Social em 2008. Por outro lado,
foram criados outros programas como: Programa Crédito Solidário;
Habitação de Interesse Social; Urbanização, Regularização e
Integração de Assentamentos Precários, Carta de Crédito
Individual e Associativo, Programa de Arrendamento Residencial
e Programa Minha Casa Minha Vida (sendo esses três últimos,
programas que extrapolam o limite salarial de até três salários mínimos).
 Alguns programas habitacionais
brasileiros:
Minha Casa
• O Minha Casa Minha Vida, lançado em
Minha Vida abril de 2009, é um programa do Governo
Federal, financiado pela Caixa Econômica.
É o maior programa habitacional já criado
no país que incentiva a produção, a
aquisição e a requalificação de imóveis
urbanos e rurais e oferece condições
acessíveis para o financiamento de
moradias. Conta com parcerias de estados,
municípios, empresas e entidades sem fins
lucrativos.
• O programa foi criado a partir da publicação da Lei no 11.977, de 07 de
julho de 2009, e suas alterações. Essa Lei dispõe sobre as regras do Programa
Minha Casa Minha Vida e direciona ao Poder Executivo a regulamentação do
Programa Nacional de Habitação Urbana – PNHU.
O programa é dividido em duas categorias:
 Habitação Urbana: Para compra de  Habitação Rural: Para construção e
imóvel (casa ou apartamento) novo reforma de moradias.
e construção e reforma de
moradias;
• Nesta modalidade, existem duas faixas
de renda contempladas. São elas:
Habitação Urbana
Famílias com renda até R$ 1.600,00:
Financiamento em até 120 meses, com
prestações mensais de 5% da renda
bruta da família, sendo o valor mínimo
da parcela de R$ 25,00.
Famílias com renda até R$ 5.000,00:
Há diversas opções de financiamento.
Pode ser apartamento ou casa em
conjunto habitacional, ou localizada
em algum ponto da cidade.
Nesta modalidade, existem três grupos de
rendas contempladas. São eles:
• Grupo I: famílias com renda até R$
Habitação Rural 15.000,00/ano. Necessário devolver à União
apenas 4% do valor recebido.
• Grupo II: famílias com renda de R$
15.000,01 a R$ 30.000,00/ano. Tem até 12
meses para construir ou reformar, com uma
taxa nominal de juros de 5% ao ano.
• Grupo III: famílias com renda de R$
30.000,01 a R$ 60.000,00/ano. Com prazo
para pagar de 7 a 10 anos após o término da
obra.
Algumas regras
• No Programa, o imóvel é dado como garantia de pagamento ao financiamento feito.
• A família pode morar na casa o tempo em que durar o contrato, mas não pode vender, alugar,
deixar de pagar as prestações ou descumprir as regras até que o contrato da casa termine ou
pague toda a dívida.
• Caso haja atraso no pagamento das prestações, os valores serão acrescidos de multa de 2% ao
mês e de juros de 0,033% por dia de atraso.
• Quando há problemas na construção, se o imóvel foi escolhido diretamente pelo comprador, a
responsabilidade pelos vícios construtivos é da construtora e não da empresa que o financiou.
• Em caso de divórcio, o imóvel adquirido pelo programa fica com a mulher, transferindo o
financiamento feito em nome do casal para o nome dela apenas.
Minha Casa Minha Vida atinge 3,857 milhões
de moradias por Portal Brasil
O programa Minha Casa, Minha Vida alcançou todas as metas das duas primeiras
fases e, em março deste ano, chegou à marca de 3,857 milhões de unidades. Desse
total, as famílias beneficiadas já receberam 2,169 milhões de moradias. Mais 1,688
milhão de casas e apartamentos foram contratados para entrega nos próximos
meses e anos.
Programa Minha Casa Minha Vida e o Bolsa
Família
• Um estudo de abordagem quanti-qualitativa realizado em 2007 com alguns
beneficiários do programa Bolsa Família, no município de Paula Candido –
MG, procurou relacionar a realidade dessas pessoas com suas percepções a
respeito da habitação.
• O PBF em si merece destaque, por representar, atualmente, a principal
política do governo federal para redução da pobreza, que associa a
transferência de renda às famílias consideradas pobres e extremamente
pobres, além do oferecimento de ações e programas complementares (de
geração de emprego, por exemplo).
• Quanto ao significado da moradia para os entrevistados, os relatos denotam o sonho por
uma casa melhor e/ou a casa própria, atribuindo a ela a noção de pertencimento,
segurança e conforto. E, em última análise, representa uma vida mais digna e o
antagonismo a uma situação de pobreza extrema ou miséria, caracterizada, por vezes,
pelos moradores de rua.

• E é dessa forma que o Programa Minha Casa Minha Vida é vislumbrado, por muitas
famílias, como a possibilidade de investir em tal sonho da casa própria, pois o
financiamento do imóvel torna-se praticável graças ao benefício adquirido pelo
Programa Bolsa Família (o qual contribui para o acréscimo de renda no orçamento
familiar).
Curiosidade: Uma crítica ao PMCMV

O Programa MCMV é concebido para servir a interesses econômicos COMO


forma de superação à crise, mediante o aquecimento da indústria da
construção civil e o aumento dos postos de trabalho, com consequente
direcionamento a famílias com rendas superiores a três salários mínimos. Dessa
forma, assume a lógica do mercado em detrimento de uma política de habitação
articulada com uma política urbana de repensamento das cidades, do acesso à terra
e à propriedade (Rolnik e Nakano, 2009; Cardoso, Aragão e Araújo, 2011).

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