música brasileira marcada pela pura crítica ao regime militar e a sociedade, caracterizada como música de protesto, e abrir caminhos para a inovação de temáticas do cotidiano, puramente marcada pela vida urbana das grandes cidades Nesse período existiu uma forte inspiração da música internacional, onde o rock nascente vai tentar fugir, até mesmo das formas rítmicas musicais tão presente no movimento tropicália dos anos anteriores, que reunia expressões musicais nacionais dos mais variados rincões do Brasil. Fugindo dos estilos nacionais a música brasileira dos anos 80, vai ganhar uma nova roupagem através de novas letra e de novos estilos musicais, e denominada de Rock Nacional.
Ganhou o apelido de BRock do jornalista Nelson Motta. O
BRock se caracterizou por influências variadas, indo desde a chamada new wave, passando pelo punk e pela música pop emergente do final da década de 70. Em alguns casos, tomou por referência ritmos como o reggae e a soul music. Suas letras falam na maioria das vezes sobre amores perdidos ou bem sucedidos, não deixando de abordar é claro algumas temáticas sociais.
O grande diferencial das bandas deste período
era a capacidade de falar sobre estes assuntos sem deixar a música tomar um peso emocional ou político exagerados.
Fora a capacidade que seus integrantes tinham de falar a
respeito de quase tudo com um tom de ironia, outra característica marcante do movimento. É necessário colocarmos que o Rock pop nacional dos anos 80 não foi a única possibilidade da música no período, pois paralelo a esse movimento de características urbanas, resistiam formas de expressões musicais diversas, más que ficavam reconhecidos apenas de caráter regional. Nos anos 80, o Brasil passou por uma crise econômica ligada diretamente as políticas implementadas durante a Ditadura Militar. Esse modelo econômico dos anos 60-70, que foi financiado por empréstimos do exterior, começou a entrar em crise já no final da década de 70 e junto com o agravamento político e social, foi a causa de grandes protestos no campo e nas cidades. Foi quando começou o processo de abertura política que conduziu á reestruturação democrática. A transição democrática no Brasil começou em 1974, com as eleições diretas para governador, a elaboração de uma constituição democrática em 1988 e, finalmente, nas eleições diretas para presidente em 1989. Ao longo desse anos de transição democrática, o Brasil foi conduzido a um enorme endividamento externo e interno com altas taxas de inflação, apesar das frustradas tentativas dos últimos governos em acabar com os problemas econômicos. Entre tentativas estava o chamado Plano Cruzado (1986). Diante desses graves problemas o jovem brasileiro se mostrava participativo, apesar da ala estudantil, representada pela UNE, estivesse desmobilizada e desorganizada, presa a divergências internas, fruto, em parte, da própria repressão desencadeada pelos militares desde o final da década de 60.
Uma parte dessa juventude se engajou em movimentos
ecológicos, que então se proliferavam pelo pais. O quadro era de crise no campo social, econômico e político, porém, no campo cultural, especialmente na música, havia uma explosão de talento representada pelo Rock nacional brasileiro através de músicos e bandas que são um extremo sucesso até os dias de hoje. Havia, então, um crescimento e a concretização de um mercado para a juventude que fez do rock um dos principais meios de expressão e análise em relação á situação por que passava o Brasil.
O surgimento do Rock na década de 80 foi marcado por dois
acontecimentos básicos: O aparecimento do grupo do jornalista Júlio Barroso – Gang 90 e Absurdetes-, que fez da musica Perdidos na Selva o primeiro sucesso do país, através do festival da MPB –Shell (1981), produzido pela Globo, e o surgimento da Banda Blitz, com o sucesso “você não soube me amar” (1982). Ambos foram influenciados pelos movimentos NEW WAVE norte-americano. Depois disso, os grupos de rock brasileiros foram se multiplicando em grande proporção, acompanhando a explosão do mercado nacional para esse tipo de musica, através da grandes gravadoras ou selos independentes.
Os punks paulistas, que tinham
iniciado seu movimento na década passada, gravaram o seu primeiro disco, uma coletânea chamada “Gritos Suburbanos”(1982), reunindo grupos como Inocentes, Olho Seco, e Cólera, pelo selo independente Punk Rock. Além disso, no mesmo ano, os punks conseguiram realizar o controvertido festival “O começo do fim do mundo”, em São Paulo, chamando a tenção para esse movimento de jovens, em sua maioria, suburbanos. Assim como no resto do mundo, os punks paulistas acabaram abrindo caminho para o surgimento de novas bandas. È quando aparecem vários grupos de extrema importância e influência para o rock jovem brasileiro: Voluntários da Pátria, Mercenárias, Smack, Fellini, Akira S., Ultraje a rigor, Ira!, Titãs, entre outros, apesar de nem todos alcançarem sucesso nacional. A musica Inútil, de Roger Rocha Moreira, da banda Ultraje a Rigor, se tornou uma espécie de hino político da juventude durante a campanha das “Diretas-já”. Ao contrário de São Paulo, o rock carioca, surgiu a partir do new iê-iê-iê , com nomes como Lulu Santos, Ritchie, Lobão e os Ronaldos, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, entre outros. Apesar de mais leve e festivo, dando ênfase a cações românticas de cunho pessoal – que demonstravam a maneira de amar dos jovens dos anos 80 - não deixaram de cantar a realidade nacional. Em 1985 a presença do Rock nacional e internacional se afirmou de vez no mercado brasileiro com um grande evento comercial, o “Rock in Rio”, esse evento musical de dez dias acabou revelando o Brasil, como um amplo mercado jovem a ser explorado, principalmente pelos nomes internacionais, em suas turnês mundiais, com o patrocínio de grandes empresas nacionais e multinacionais.
È dentro desse contexto de efervescência do mercado da musica pop no
país que surge o grupo paulista RPM, primeiro grande mito comercial do rock nacional, após conseguir em poucos meses atingir a venda de um milhão de cópias de LP Rádio Pirata ao vivo (1986). Outras bandas, de outros estados brasileiros, também se tornaram unanimidade nacional, como: Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial, de Brasília; o grupo baiano Camisa de Vênus; e as bandas gaúchas Replicantes, Engenheiros do Havaí e De Falla, Essas e outras bandas iriam mostrar que o rock nacional não se restringia ao eixo Rio-São Paulo. Outro exemplo marcante dos anos 80, foram as composições de Cazuza, refletindo também o próprio desencanto da juventude com a nova realidade vivida. Concomitantes ao processo de inovação nas audiovisuais em geral, e em particular da música, a confecção das letras de tais trabalhos nos anos 80 serão marcados, não somente pela crítica ao sistema político, como também aos modos urbanos de vida, a religião, etc. Paralelo as essas inovações desponta um cenário econômico favorável ao desenvolvimento de diversos estilos musicais, pelo barateamento e acesso ao mercado produtor de discos em geral. *Uma indagação:
Os termos Música Popular de “Cicrano” ou “Beltrano” é um ufanismo,
otimismo nacionalista ou mero bairrismo. Até que ponto nós, músicos, devemos defender e propagar atitudes dessa natureza?
Responda da forma mais sincera, clara e objetiva. Sem limite de espaço.
De uma frase a um livro. Obrigado pela oportunidade!! Feliz Natal Feliz 2018