Itabira, Minas Gerais Falecimento 17 de agosto de 1987 cidade do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro Nacionalidade Brasileiro Ocupação Poeta, contista Escola/tradição Modernismo Drummond e sua filha muito, muito amada, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade. Formado em farmácia, Durante a maior parte da vida foi funcionário público, Começou a escrever cedo e prosseguido até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, Doze dias após a morte de sua única filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade. Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crônicas. Drummond e o Modernismo brasileiro Proclama a liberdade das palavras, uma libertação do idioma que autoriza modelação poética à margem das convenções usuais. Segue a libertação proposta por Mario de Andrade; com a instituição do verso livre, acentua-se a libertação do ritmo, mostrando que este não depende de um metro fixo (impulso rítmico). Segue uma corrente mais lírica e subjetiva dentro do Modernismo. A poesia de Drummond Herda a liberdade lingüística, o verso livre, o metro livre, as temáticas cotidianas. Mas vai além. "A obra de Drummond alcança um coeficiente de solidão, que o desprende do próprio solo da História, levando o leitor a uma atitude livre de referências, ou de marcas ideológicas, ou prospectivas" ( Alfredo Bosi) A poesia de Carlos Drummond a partir da dialética “eu x mundo”, desdobra-se em três atitudes: Eu maior que o mundo — marcada pela poesia irônica Eu menor que o mundo — marcada pela poesia social Eu igual ao mundo — abrange a poesia metafísica Cidadezinha qualquer Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus.
Alguma poesia (1930)
Sobre a poesia política, algo incipiente até então, deve-se notar o contexto em que Drummond escreve. A civilização que se forma a partir da Guerra Fria está fortemente amarrada ao neocapitalismo, à tecnocracia, às ditaduras de toda sorte, e ressoou dura e secamente no eu artístico do último Drummond, que volta, com freqüência, à aridez desenganada dos primeiros versos: A poesia é incomunicável / Fique quieto no seu canto. / Não ame. No final da década de 1980, o erotismo ganha espaço na sua poesia até seu último livro. COTA ZERO Stop. A vida parou ou foi o automóvel? Temas típicos da poesia de Drummond O Indivíduo: "um eu todo retorcido". o indivíduo na poesia de Drummond é complicado, torturado, estilhaçado. A Terra Natal: a relação com o lugar de origem, que o indivíduo abandona. A Família: O indivíduo interroga, sem alegria, mas sem sentimentalismo, a estranha realidade familiar, a família que existe nele próprio. Confidência do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói! Os Amigos: "cantar de amigos", (título que parafraseia com as Cantigas de Amigo). Homenagens a figuras que o poeta admira, próximas ou distantes, de Mário de Andrade a Manuel Bandeira, de Machado de Assis a Charles Chaplin.
O Choque Social. O espaço social onde
se expressa o indíviduo e as suas limitações face aos outros. O Amor: Nada romântico ou sentimental, o amor em Drummond é uma amarga forma de conhecimento dos outros e de si próprio A Poesia. O fazer poético aparece como reflexão ao longo da sua poesia. Exercícios lúdicos, ou poemas-piada. Jogos com palavras, por vezes de aparente inocência naïf. A Existência: a questão de estar-no-mundo... Mãos Dadas Não serei o poeta de um Não serei o cantor de uma mundo caduco. mulher, de uma história, Também não cantarei o não direi os suspiros ao mundo futuro. anoitecer, a paisagem vista Estou preso à vida e olho da janela, meus companheiros. não distribuirei entorpecentes Estão taciturnos mas nutrem ou cartas de suicida, grandes esperanças. não fugirei para as ilhas nem Entre eles, considero a serei raptado por serafins. enorme realidade. O tempo é a minha matéria, o O presente é tão grande, tempo presente, os homens não nos afastemos. presentes, Não nos afastemos muito, a vida presente. vamos de mãos dadas. A Rosa do Povo A Rosa do Povo é composta por 55 poemas é o livro mais longo de Drummond. Escrito em 1945, é o primeiro fruto maduro de sua obra e a maior expressão do lirismo social drummondiano e modernista. O questionamento da própria poesia encaminha-se para sua formulação mais densa: a arte poética de "procura da poesia", que define os contornos de toda sua obra posterior e baliza as direções da lírica moderna, que o poeta exerceu em seu sentido mais amplo. Quase todos os poemas têm uma dimensão metafórica, apesar da linguagem aparentemente clara. Inesperadas associações de palavras, elipses, imagens surrealistas. Trata-se de poemas refinados, complexos e acessíveis somente a leitores com significativa informação poética. Paradoxalmente – como notou Álvaro Lins – a obra em que CDA mais se aproxima de uma ideologia popular é, na verdade, dirigida apenas a uma aristocracia intelectual. A rosa do povo representa, na poesia de Drummond, uma tensão entre a participação política e adesão às utopias esquerdistas, de um lado, e a visão cética e desencantada, de outro lado. Toda a obra do autor (incluindo-se aí a amplitude de assuntos da mesma) é marcada por uma visão caleidoscópica, polissêmica. No livro o poeta usa de metáforas, que podem ser observadas inclusive no próprio título "A rosa do povo": a rosa, simboliza a poesia e o povo a classe mais pobre. Desta forma seria a poesia do povo, mostrando-se assim preocupações sociais. Áporo* Um inseto cava Áporo é um “ponto de cava sem alarme cruzamento de três perfurando a terra temáticas centrais de A rosa do povo: a sem achar escape. sociedade, a existência e Que fazer, exausto, a própria poesia.” em país bloqueado, enlace de noite * Áporo: inseto, algo sem raiz e minério? passagem, situação sem Eis que o labirinto saída, problema difícil, orquídea. (oh razão, mistério) * Presto: rápido. presto* se desata: *Antieuclidiana: em verde, sozinha destruidora da geometria antieuclidiana* convencional, fenômeno que quebra a lógica. uma orquídea forma-se. "O futuro pertence a Deus, que não sabe onde o escondeu."