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Biografia

Nascimento 31 de outubro de 1902


Itabira, Minas Gerais
Falecimento 17 de agosto de 1987
cidade do Rio de Janeiro,
estado do Rio de Janeiro
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação Poeta, contista
Escola/tradição Modernismo
Drummond e sua filha muito, muito amada, a
escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.
Formado em farmácia,
Durante a maior parte da vida foi
funcionário público,
Começou a escrever cedo e prosseguido
até seu falecimento, que se deu em 1987
no Rio de Janeiro,
Doze dias após a morte de sua única filha,
a escritora Maria Julieta Drummond de
Andrade.
Além de poesia, produziu livros infantis,
contos e crônicas.
Drummond e o Modernismo brasileiro
Proclama a liberdade das palavras, uma
libertação do idioma que autoriza
modelação poética à margem das
convenções usuais.
Segue a libertação proposta por Mario de
Andrade; com a instituição do verso livre,
acentua-se a libertação do ritmo,
mostrando que este não depende de um
metro fixo (impulso rítmico).
Segue uma corrente mais lírica e subjetiva
dentro do Modernismo.
A poesia de Drummond
Herda a liberdade lingüística, o verso livre, o
metro livre, as temáticas cotidianas. Mas vai
além.
"A obra de Drummond alcança um
coeficiente de solidão, que o desprende do
próprio solo da História, levando o leitor a
uma atitude livre de referências, ou de
marcas ideológicas, ou prospectivas"
( Alfredo Bosi)
A poesia de Carlos Drummond a partir da
dialética “eu x mundo”, desdobra-se em três
atitudes:
Eu maior que o mundo — marcada pela
poesia irônica
Eu menor que o mundo — marcada pela
poesia social
Eu igual ao mundo — abrange a poesia
metafísica
Cidadezinha qualquer
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.

Alguma poesia (1930)


Sobre a poesia política, algo incipiente até então,
deve-se notar o contexto em que Drummond
escreve.
A civilização que se forma a partir da Guerra Fria
está fortemente amarrada ao neocapitalismo, à
tecnocracia, às ditaduras de toda sorte, e ressoou
dura e secamente no eu artístico do último
Drummond, que volta, com freqüência, à aridez
desenganada dos primeiros versos: A poesia é
incomunicável / Fique quieto no seu canto. / Não
ame.
No final da década de 1980, o erotismo ganha
espaço na sua poesia até seu último livro.
COTA ZERO
Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?
Temas típicos da poesia de
Drummond
O Indivíduo: "um eu todo retorcido". o
indivíduo na poesia de Drummond é
complicado, torturado, estilhaçado.
A Terra Natal: a relação com o lugar de
origem, que o indivíduo abandona.
A Família: O indivíduo interroga, sem
alegria, mas sem sentimentalismo, a
estranha realidade familiar, a família que
existe nele próprio.
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
Os Amigos: "cantar de amigos", (título que
parafraseia com as Cantigas de Amigo).
Homenagens a figuras que o poeta
admira, próximas ou distantes, de Mário
de Andrade a Manuel Bandeira, de
Machado de Assis a Charles Chaplin.

O Choque Social. O espaço social onde


se expressa o indíviduo e as suas
limitações face aos outros.
O Amor: Nada romântico ou sentimental, o
amor em Drummond é uma amarga forma de
conhecimento dos outros e de si próprio
A Poesia. O fazer poético aparece como
reflexão ao longo da sua poesia.
Exercícios lúdicos, ou poemas-piada. Jogos
com palavras, por vezes de aparente inocência
naïf.
A Existência: a questão de estar-no-mundo...
Mãos Dadas
Não serei o poeta de um Não serei o cantor de uma
mundo caduco. mulher, de uma história,
Também não cantarei o não direi os suspiros ao
mundo futuro. anoitecer, a paisagem vista
Estou preso à vida e olho da janela,
meus companheiros. não distribuirei entorpecentes
Estão taciturnos mas nutrem ou cartas de suicida,
grandes esperanças. não fugirei para as ilhas nem
Entre eles, considero a serei raptado por serafins.
enorme realidade. O tempo é a minha matéria, o
O presente é tão grande, tempo presente, os homens
não nos afastemos. presentes,
Não nos afastemos muito, a vida presente.
vamos de mãos dadas.
A Rosa do Povo
A Rosa do Povo é composta por 55 poemas é o
livro mais longo de Drummond.
Escrito em 1945, é o primeiro fruto maduro de
sua obra e a maior expressão do lirismo social
drummondiano e modernista.
O questionamento da própria poesia
encaminha-se para sua formulação mais densa:
a arte poética de "procura da poesia", que
define os contornos de toda sua obra posterior e
baliza as direções da lírica moderna, que o
poeta exerceu em seu sentido mais amplo.
Quase todos os poemas têm uma dimensão
metafórica, apesar da linguagem aparentemente
clara.
Inesperadas associações de palavras, elipses,
imagens surrealistas.
Trata-se de poemas refinados, complexos e
acessíveis somente a leitores com significativa
informação poética. Paradoxalmente – como
notou Álvaro Lins – a obra em que CDA mais
se aproxima de uma ideologia popular é, na
verdade, dirigida apenas a uma aristocracia
intelectual.
A rosa do povo representa, na poesia de
Drummond, uma tensão entre a participação
política e adesão às utopias esquerdistas, de
um lado, e a visão cética e desencantada, de
outro lado.
Toda a obra do autor (incluindo-se aí a
amplitude de assuntos da mesma) é marcada
por uma visão caleidoscópica, polissêmica.
No livro o poeta usa de metáforas, que podem
ser observadas inclusive no próprio título "A
rosa do povo": a rosa, simboliza a poesia e o
povo a classe mais pobre. Desta forma seria a
poesia do povo, mostrando-se assim
preocupações sociais.
Áporo*
Um inseto cava Áporo é um “ponto de
cava sem alarme cruzamento de três
perfurando a terra temáticas centrais de A
rosa do povo: a
sem achar escape. sociedade, a existência e
Que fazer, exausto, a própria poesia.”
em país bloqueado,
enlace de noite * Áporo: inseto, algo sem
raiz e minério? passagem, situação sem
Eis que o labirinto saída, problema difícil,
orquídea.
(oh razão, mistério) * Presto: rápido.
presto* se desata: *Antieuclidiana:
em verde, sozinha destruidora da geometria
antieuclidiana* convencional, fenômeno
que quebra a lógica.
uma orquídea forma-se.
"O futuro pertence a Deus, que não sabe
onde o escondeu."

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