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Ficha de Avaliação
Português
9º Ano de Escolaridade
Duração do Teste: 100 min. | 25-11-2019
Grupo I
Gil Vicente fala e observa da corte onde se encontra instalado e que lhe impõe dadas condições. Assim é que os seus
autos cavaleirescos refletem a mentalidade típica da nobreza palaciana congregada nos serões do Paço – em contradição
com a inspiração realista e plebeia1 do resto da sua obra. Assim é, também, que o elogio das guerras ultramarinas, a
exaltação do espírito de cruzada, na Exortação da guerra, no Auto da Fama e noutras obras, se integra dentro da
orientação política e ideológica da corte portuguesa. Dependente do Rei, Gil Vicente servia a sua orientação política, por
vezes de maneira bem imediata, como na citada Exortação da Guerra, em que o clero português é censurado por se
recusar a entregar as tenças dos rendimentos eclesiásticos que o Papa concedera à Coroa para custear2 a guerra em África.
Por outro lado, porém, Gil Vicente observa a realidade sob um ângulo que não é propriamente o do Paço. Isto possibilita
a largueza, a diversidade e a relativa objetividade do seu depoimento, que não chega todavia a alcançar a amplidão e a
crueza do que nos oferecera, quase um século antes, Fernão Lopes.
A sátira vicentina está cheia de duplicidades. Vemo-lo atacar violentamente a nobreza, e ao mesmo tempo exalçar os
ideais típicos da mesma nobreza; vemo-lo elogiar a corte em termos encarecidos e simultaneamente mostrar a corrupção,
a venalidade e o espírito de rapina que a caracterizam; vemo-lo atacar os Judeus, e por outro lado apresentar no palco os
aspetos simpáticos da sua vida, e defendê-los até, em carta a D. João III, contra as perseguições incitadas pelo clero de
Santarém. A mesma duplicidade deve explicar peças como o Juiz da Beira, em que se atribuem a um juiz supostamente
boçal3 e mentecapto4 sentenças paradoxais, condenando instituições que estavam fora de toda a discussão. A parvoíce
do juiz serve de escudo à sabedoria das suas sentenças radicais.
Por estas razões, a interpretação do conjunto da sátira vicentina é extremamente complexa, e deve tomar em conta os
subentendidos, a intenção profunda dos paradoxos, as limitações que o autor procurava iludir.
In História Ilustrada das Grandes Literaturas. Literatura Portuguesa I, António José Saraiva, Editorial Estúdios Cor, 196
1. Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem pela qual as ideias surgem no texto, começando por c).
a) Gil Vicente, ainda que sujeito a condicionantes, retrata a mentalidade da corte.
b) Gil Vicente faz a apologia da guerra de cruzada de acordo com a ideologia defendida pelo rei.
c) As personagens de Gil Vicente caracterizam tipos sociais.
d) A obra de Gil Vicente deve ser interpretada à luz dos sentidos implícitos que o dramaturgo se viu obrigado a usar.
e) A obra de Gil Vicente espelha a sociedade da época, mas também a ideologia do dramaturgo.
f) Não é só a mentalidade palaciana, mas também a do povo que servem a crítica vicentina.
g) Gil Vicente denuncia os vícios das classes sociais, mas também enaltece as suas qualidades.
h) Gil Vicente, não obstante a sua fidelidade ao rei, é objetivo na crítica que tece à corte.
Grupo II
Grupo III
Grupo IV
Ainda que vários séculos separem o Auto da Barca do Inferno do tempo presente, aquele mantém-se perfeitamente atual.
Escreve um texto de opinião, de 180 a 240 palavras, que confirme a afirmação anterior, com base em acontecimentos da
atualidade.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de conclusão.
Antes de redigires o teu texto, aponta em forma de tópicos as ideias gerais que queres apresentar.
No final, relê com atenção o texto que escreveste, verifica se respeitaste a tua planificação e procede a ajustes e/ou
correções que consideres necessário.
Grupo Item
Cotação em pontos
I 1. 2. 20
15 5
II 1. 2. 3. 4. 5.1. 6. 7. 30
3 3 5 5 4 5 5
III 1.1. 2.1. 3.1. 4. 20
4 2 4 10
IV 1. 30
30
TOTAL 100