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Francisco de Holanda
Escola EB 2, 3 Egas Moniz
GRUPO I
Leitura
Lê o texto. Se necessário, consulta as notas.
Na solidão dos mosteiros procuravam os monges ficar
mais perto de Deus. Mas estas casas religiosas acabaram
por ter uma ação civilizadora no ocidente. Entre o trabalho
espiritual e manual, as comunidades monacais tiveram
5 um papel valioso no repovoamento, na transmissão da fé
e de um legado cultural e artístico, como a produção de
manuscritos. Vejamos o que se passava no Mosteiro do
Lorvão.
Desde o nascer ao pôr do sol, a vida interna dos mosteiros era ritmada pelo relógio
10 das horas canónicas1. Depois de louvar a Deus com cânticos e orações, os monges
dedicavam-se a tarefas mais terrenas. O trabalho no campo e nas variadas oficinas
era igualmente rigoroso, com regras e cargos definidos e distribuídos por todos.
Estas pinturas, que podiam ocupar uma página inteira ou cingir-se às letras iniciais
de capítulos ou parágrafos, revelavam não só perícia técnica como uma
20 extraordinária criatividade traduzida nas figuras e temas representados. Os textos
eram copiados em tinta preta, para as ilustrações e outros ornamentos usava-se uma
mistura de pigmentos, feita também no escritório.
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25 século IX: era preciso cuidar dos rebanhos, tratar a pele dos animais, cortar o
pergaminho, ajustá-lo ao tamanho do livro, coser e pautar as páginas. E, por fim, viria
a encadernação do valioso objeto.
Não tivesse sido o labor intenso destes e de outros monges escribas e copistas, muitas
obras antigas teriam ficado para sempre perdidas no tempo. Livros religiosos e
30 profanos eram copiados, comentados e iluminados cuidadosamente nos scriptorium
medievais, muitos deles encomendados e destinados a uma elite erudita, outros
guardados na biblioteca do mosteiro.
Porque todo este trabalho era encarado como um serviço a Deus, vital para “reproduzir
a palavra divina” e perpetuar os valores da Igreja, estes monges mantinham-se
35 discretamente sob anonimato. São estas histórias que nos conta aqui Maria Adelaide
Miranda, especialista portuguesa em iluminura.
http://ensina.rtp.pt/artigo/a-vida-nos-mosteiros-e-a-producao-de-manuscritos-medievais/
Notas
1 Antigas divisões do tempo que serviam como diretrizes para as orações religiosas a serem feitas durante o dia.
Para responderes a cada item (1. a 3.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
1. No primeiro parágrafo,
(A) descreve-se o Mosteiro do Lorvão e recorre-se a exemplos dos seus contributos para a
sociedade.
(B) dá-se a conhecer, de forma ampla, o contributo dos mosteiros para a sociedade.
(C) desvaloriza-se a função cultural das comunidades monacais existentes no país.
(D) reforça-se a dimensão exclusivamente espiritual das comunidades monacais.
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3. Os monges escribas e copistas
(A) contribuíram para a divulgação e preservação de escritos quer religiosos quer profanos.
(B) copiavam e ilustravam textos sem emitir qualquer comentário.
(C) visavam o enriquecimento próprio, através da venda dos seus manuscritos.
(D) eram amplamente conhecidos e divulgados entre os diferentes grupos sociais.
4. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o sentido do
texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
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GRUPO III
PARTE A
Dia. Que é isso, padre? Que vai lá? Fra. Ah, Corpo de Deos consagrado!
Fra. Deo gratias! Som cortesão. Pela fé de Jesu Cristo,
Dia. Sabês também o tordião1? 395 que eu nom posso entender isto!
Fra. Porque não? Como ora sei! Eu hei de ser condenado?
375 Dia. Pois entrai! Eu tangerei2 Um padre tão namorado
e faremos um serão. e tanto dado a virtude?
Assi Deos me dê saúde,
Essa dama, é ela vossa? 400 Que eu estou maravilhado!
Fra. Por minha la3 tenho eu,
e sempre a tive de meu. Dia. Não curês de mais detença.
380 Dia. Fezestes bem, que é fermosa! Embarcai e partiremos:
E não vos punham lá grosa4 tomareis um par de remos.
no vosso convento santo? Fra. Nom ficou isso n’avença6.
Fra. E eles fazem outro tanto! 405 Dia. Pois dada está já a sentença!
Dia. Que cousa tão preciosa… Fra. Par Deos! Essa seri’ela7!
Não vai em tal caravela
385 Entrai, padre reverendo! Minha senhora Florença.
Fra. Para onde levais gente?
Dia. Pera aquele fogo ardente Como? Por ser namorado
que nom temestes vivendo. 410 e folgar com ũa mulher
Fra. Juro a Deos que nom t’entendo! se há um frade de perder,
390 E este hábito nom me val? com tanto salmo rezado?
Dia. Gentil padre mundanal5, Dia. Ora estás bem aviado!
a Berzabu vos encomendo! Fra. Mais estás bem corregido!
415 Dia. Devoto padre marido,
haveis de ser cá pingado…
Notas
1 tordião - dança.
2 tangerei - tocarei.
Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno,
3 la - a.
António José Saraiva (organização
4 punham grosa - censuravam.
e fixação do texto), Teatro Gil Vicente,
5 mundanal - dado aos prazeres do mundo.
Manuscrito Editores, 1984.
6 avença - contrato.
7 Era o que faltava.
2. Explicita a ironia contida na exclamação do Diabo “Gentil padre mundanal” (verso 391).
3. Explica de que modo a defesa do Frade (versos 390, 404, 412) encerra uma crítica do
dramaturgo ao clero.
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PARTE B
Lê o texto.
Errei todo o discurso dos meus anos;
Erros meus, má fortuna, amor ardente
dei causa [a] que a Fortuna castigasse
em minha perdição se conjuraram;
as minhas mal fundadas esperanças.
os erros e a fortuna sobejaram,
que para mim bastava o amor
De amor não vi senão
somente. breves enganos.
Oh! quem tanto
Tudo passei; mas tenho tão presente pudesse que fartasse
a grande dor das cousas que este meu duro génio
de vinganças!
passaram, que as magoadas iras me
ensinaram a não querer já nunca ser
contente. Luís de Camões, Rimas
4. Neste soneto, o sujeito poético faz uma reflexão sobre a sua vida.
4.1. Indica os fatores que o sujeito poético responsabiliza pela sua infelicidade.
5.1. Identifica-o e explica o que leva o “eu” a responsabilizá-lo pelo seu sofrimento.
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GRUPO IV
Gramática
1. Associa cada palavra sublinhada nas frases da coluna A à classe e subclasse que lhe
corresponde na coluna B.
COLUNA A COLUNA B
(1) Conjunção subordinativa completiva
(b) Pera aquele fogo ardente/ que nom temestes (3) Pronome interrogativo
vivendo.
(4) Conjunção coordenativa explicativa
(c) Juro a Deos que nom t’entendo!
(5) Conjunção subordinativa causal
2. Para responderes a cada item, seleciona a opção que completa cada afirmação.
2.1. Identifica a relação semântica que a palavra “amor” estabelece com a palavra
“sentimento” na frase seguinte:
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3. Reescreve a frase seguinte na passiva.
Gil Vicente, o primeiro grande dramaturgo português, retratou bem a sociedade do seu
tempo.
Se fosse possível, levaria os meus alunos ao teatro para assistirem a uma representação
do Auto da Barca do Inferno. Eles não diriam que não a essa possibilidade.
GRUPO V
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte
de conclusão.