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Organização político-

administrativa estatal
Prof. Camila P. B. Gomes
Art. 18 CF: A organização político-administrativa da República Federativa
do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

• Indica a opção pela forma federativa de Estado


• Cláusula pétrea constitucional

• Indica a adoção da forma republicana de governo


• Trata-se de um princípio constitucional sensível

• Indica a existência de autonomia política dos entes federativos


Forma de Estado

Modo de exercício do poder político em função do território de um


Estado

• Estado Unitário: aquele em que existe um único centro de poder político no


território (Ex: Uruguai)

Sua principal característica é a concentração de poder

Usualmente, há descentralização administrativa nestes Estados, com


subordinação ao poder central
• Estado Federal: o poder político está repartido entre diversas entidades
governamentais autônomas.

Caracteriza-se pela descentralização do poder político entre entidades que


possuem autonomia e competências próprias

Não há hierarquia entre as entidades políticas que compõem o Estado Federal

O vínculo entre as entidades que compõem a federação é indissolúvel, sob pena de intervenção
Enquanto a República Federativa do Brasil é
um Estado Federal dotado de soberania, os
entes federados (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios): são pessoas jurídicas de
direito público interno, dotadas de autonomia
Autonomia no Estado Federal

• Capacidade de auto-organização
Possibilita a elaboração, por cada ente político, de sua
própria legislação

• Capacidade de autogoverno
Possibilita a escolha de seus próprios representantes

• Capacidade de autoadministração
Possibilita a estruturação, por cada ente político, de seu
sistema administrativo
Classificação das federações

• Quanto à origem:
• Federalismo por agregação: surge da reunião de Estados
independentes, que abrem mão de parte de sua soberania,
com o fim de se agregar e formar um Estado autônomo.
Tem sua origem nos EUA, em 1787.
• Decorre de um movimento centrípeto (fora para dentro)

• Federalismo por desagregação: surge pela descentralização


de um Estado Unitário. Foi o que ocorreu com o Brasil, na
Constituição de 1891.
• Decorre de um movimento centrífugo (dentro para fora)
• Quanto ao modo de separação de competências:
• Federalismo dual: a separação de atribuições é rígida, não
admitindo interpenetrações.

• Federalismo cooperativo: as atribuições são exercidas de


modo concorrente, de modo que entes federados devem
atuar em conjunto. Decorre do Estado de Bem-Estar Social.
• É o modelo brasileiro

No modelo cooperativo, há o risco de se instituir um federalismo de fachada,


com fortalecimento do órgão central
• Quanto às esferas integrantes da federação:
• Federalismo de segundo grau (bidimensional) Adotado na
maioria das federações, possui um ente político central e
entes políticos regionais (segundo grau)

• Federalismo de terceiro grau (tridimensional)


Além do poder político central (União) e do poder político
regional (Estados), reconhece o poder político local
(Municípios). É um modelo atípico

Para Manuel Gonçalves Ferreira Filho, o fato de nossa federação ter 3


ordens jurídicas não a qualifica como federação de terceiro grau e sim
de segundo, vez que haveria um grau entre União e Estado e outro
entre Estado e Município
• Quanto às desigualdades:
• Federação simétrica: caracteriza-se pela homogeneidade de
cultura e de desenvolvimento, o que conduz a uma
distribuição equânime de competências e receitas (Ex: EUA)

A Constituição brasileira atribui tratamento uniforme aos


entes federados que estejam no mesmo grau, razão pela qual
temos um federalismo simétrico

• Federação assimétrica: caracteriza-se pela diversidade


cultural (Ex: Canadá), de modo que se reconhecem
tratamentos diferenciados
A União

Pessoa jurídica de direito público interno, dotada de


autonomia, que recebe da Constituição Federal
competências administrativas, legislativas e tributárias.

A União (ente autônomo) representa o Estado brasileiro


(ente soberano) nas relações internacionais

No plano interno, a União atua em nome próprio e


obedece as competências constitucionais.
Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio,
ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou
se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os
terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V-
os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
“A autonomia das entidades federativas pressupõe a
repartição de competências para o exercício e
desenvolvimento de sua atividade” (José Afonso da Silva)
Para fins de definição de competências, a CF pautou-se no
princípio da predominância do interesse

INTERESSE COMPETÊNCIA

Predominantemente geral União


Predominantemente Estados
regional
Predominantemente local Municípios
No Brasil, nem sempre é simples definir o interesse
predominante

A tradição centralizadora associada à necessidade de


recursos financeiros, por vezes, desloca a competência
regional/local para a União, afastando o princípio ora
estudado
“No Estado moderno se torna cada vez mais
problemático discernir o que é interesse geral ou
nacional do que seja interesse regional ou local.
Muitas vezes, certos problemas não são de interesse
nacional, por não afetarem a nação como um todo,
mas não são simplesmente particulares de um Estado,
por abrangerem dois ou mais deles. Os problemas da
Amazônia, do Polígono da Seca e do Vale do São
Francisco são exemplos na Federação Brasileira”
(SILVA, 2007)
COMPETÊNCIAS DA UNIÃO
Exclusiva: art. 21 CF
Não legislativas
(material ou administrativa) Comum: art. 23 CF

Privativas: art. 22 CF
Legislativas

Concorrentes: art. 24 CF
Competências materiais exclusivas da
União
São indelegáveis as competências previstas no
art.21 CF

Manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações


internacionais;

Declarar a guerra e celebrar a paz;

Assegurar a defesa nacional;

Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras


transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
Decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção
federal;

Autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material


bélico;

Emitir moeda;

Administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as


operações de natureza financeira, especialmente as de crédito,
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de
previdência privada;
Competências materiais concorrentes da
União
Previstas no art. 23 CF, admitem uma atuação concomitante dos entes federados, que
atuam em condições de igualdade, sem relação de subordinação

Nestes casos, a atuação de um ente político não impede outro de agir, o que pode levar a
conflitos

Para evitar problemas decorrentes da superposição de


esforços, a CF determina que leis complementares fixarão
normas para a cooperação entre U, E, DF e M, tendo em vista
o equilíbrio do desenvolvimento e do bem estar em âmbito
nacional
O art. 23 prevê a competência comum da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e
conservar o patrimônio público;

Cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas


portadoras de deficiência;

Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico


e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos;

Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de


outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;

Proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à


tecnologia, à pesquisa e à inovação;
Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas
formas....
Competências legislativas privativas da União

Previstas no art. 22CF, em princípio Estados e Municípios


não podem legislar sobre estas matérias, sob pena de
inconstitucionalidade. Nem mesmo diante da ausência
de lei federal.

Por expressa determinação constitucional, a


competência legislativa privativa admite delegação, de
modo que a União, por meio de lei complementar,
pode autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas
Apesar da competência para legislar sobre direito do trabalho
ser da União, a Lei Complementar 103/2000 autorizou os
Estados e o Distrito Federal a instituir, mediante lei de
iniciativa do Poder Executivo, o piso salarial de que trata o
art.7º, V, CF para empregados que não tenham piso definido
em lei federal, convenção ou acordo coletivo do trabalho
Com relação aos ramos do direito, compete privativamente à União

C ivil P rocessual
A grário Marítimo
P enal
A eronáutico
C omercial
E leitoral
T rabalho
E spacial
Desapropriação;

Requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em


tempo de guerra;

Águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;


Serviço postal;

Sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;


Política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;
Comércio exterior e interestadual;

Diretrizes da política nacional de transportes;


Regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea
e aeroespacial;
Trânsito e transporte;

Jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

Nacionalidade, cidadania e naturalização;

Populações indígenas;

Emigração e imigração, entrada, extradição e


expulsão de estrangeiros;

Organização do sistema nacional de emprego e


condições para o exercício de profissões....
Muitas leis são consideradas inconstitucionais por violação da
competência legislativa privativa da União

Lei estadual que obrigava a instalação de cintos de segurança


para todos os passageiros do transporte coletivo

Lei estadual que veda o cultivo, comercialização e


manipulação de organismos geneticamente
modificados em seu território
Lei estadual que determinava a transferência, para o mês
subsequente, dos minutos não utilizados no pacote mensal
ofertado pela operadora de serviço de telefonia

Súmula 722 STF: "São da competência legislativa da


União a definição dos crimes de responsabilidade e o
estabelecimento das respectivas normas de processo e
julgamento”
Competências legislativas concorrentes

Nos casos previstos no art.24 CF, a União se limita a


estabelecer a norma geral, podendo os Estados e o DF
complementar a lei tendo em vista as peculiaridades
regionais (competência suplementar-complementar).

Se a União não fizer a norma geral, os Estados e o DF


poderão exercer a competência legislativa plena
(competência suplementar supletiva).
Advindo a norma geral, as determinações já
elaboradas pelos Estados que a contrariem terão sua
eficácia suspensa (apenas no que contrariar a norma
geral federal)

Os Municípios não foram contemplados com a


possibilidade de legislar de forma concorrente
Art. 24 CF: Compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico
e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
turístico e paisagístico ....
Lei estadual que dispunha sobre a meia entrada de estudantes
em casas de diversão, cultura e lazer

Lei distrital que estabelece a oferta de ensino de língua


espanhola em escolas públicas
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

PRIVATIVA DA UNIÃO CONCORRENTE


Seguridade Social Previdência Social

Diretrizes e Bases da Educação Educação, cultura, ensino e desporto

Direito Processual Procedimentos em matéria processual

Direito Comercial Juntas Comerciais

Penal Penitenciário
• Entes autônomos, dotados de
auto-organização, autogoverno e
autoadministração

Os • Auto-organização e
autolegislação: art. 25CF
Estados-
• Podem reger-se por suas
membros próprias Constituições e leis,
desde que obedeçam os
princípios da Constituição
Federal
Princípios constitucionais sensíveis: aqueles de
observância obrigatória, sob pena de intervenção
federal (art.34, VII CF)

Forma republicana, sistema representativo e regime


democrático

Direitos da pessoa humana

Autonomia municipal

Prestação de contas da Administração Pública

Aplicação do mínimo exigido da receita de impostos


estaduais em ensino e saúde
Princípios constitucionais extensíveis: regras de
organização da União que são de observância obrigatória
pelos Estados (art.93, I ao XI CF)

Princípios constitucionais estabelecidos: defluem


naturalmente da Constituição Federal, que se reporta a
todos os entes federados (princípios tributários, arts. 37 a
41CF)

• Autogoverno
Os Estados tem competência para organizar o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário locais, respeitadas as regras
constitucionais
• Autoadministração
Decorre das normas de distribuição de competências

Devido ao excesso de
competências atribuídas à União,
poucas atuações são restritas aos
Estados, o que faz com que, nas
Assembleias Legislativas, ganhe
destaque a função fiscalizatória
Competências dos Estados

Explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços


locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de
medida provisória para a sua regulamentação.

Instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e


microrregiões, constituídas por agrupamentos de
municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum
Além dessas, os Estados possuem competências
remanescentes (residuais), ou seja, aquelas que não foram
vedadas pela Constituição (art. 25, §1°CF)

Exemplo: A CF prevê a competência exclusiva da


União para explorar o transporte terrestre rodoviário
interestadual e internacional de passageiros. Já o art.
30, V CF atribui aos e transporte coletivo no âmbito
local. Nada define quanto a competência para
exploração de serviço de transporte intermunicipal
Os Municípios

Passaram a ter a condição de entes federados com a Constituição de


1988

A autonomia municipal se expressa pela capacidade de auto-


organização (elaboração da Lei Orgânica), autogoverno e
autoadministração

A Lei Orgânica municipal deve ser votada em dois turnos, com interstício
mínimo de 10 dias, e aprovada por quórum de 2/3 dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na CF e
obedecido o disposto no art.29CF
• Autogoverno: o Município elege, diretamente, o Prefeito, o
Vice-Prefeito e os Vereadores

• Autoadministração: atribui aos Municípios algumas


competências

Legislar sobre assuntos de interesse local (art.


30, I, CF)
Complementar a legislação federal ou estadual,
no que couber (art. 30, II, CF)
Atribuições materiais (art. 30, III a IX CF)
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de
prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em
lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do
Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental;
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do
Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da
ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
Súmula Vinculante 38 STF: É competente o Município para fixar o
horário de funcionamento de estabelecimento comercial

Já o horário de funcionamento dos bancos, para fins de


atendimento ao público, no entender do STF, não é competência
do Município e sim da União, em razão do interesse nacional

STF já decidiu que o Município é competente para impor aos


bancos a obrigação de instalarem portas eletrônicas, como
medida de segurança de sua população, bem como que
estabeleçam prazo razoável de espera em fila
Distrito Federal
Unidade federada autônoma, com capacidade de auto-organização,
autogoverno e autoadministração

O Distrito Federal cumula as competências legislativas,


administrativas e tributárias dos Estados e dos Municípios
(art.32,§1ºCF)

Compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério


Público,
Súmulaa Vinculante
polícia civil, a polícia
39 STF: militar
“Compete e o corpoàde
privativamente bombeiros
União do DF
legislar sobre
vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros
O Distrito Federalmilitar
não do Distrito
pode ser Federal”.
dividido em Municípios
Elege deputados distritais

Não tem Assembeia Legislativa, e sim Câmara Legislativa

Cumula competências de Estados e Municípios, mas é regido por Lei Orgânica

Sua capital é Brasília, que também é a capital do Brasil

Natureza “sui generis”


Territórios Federais

São detentores de personalidade, mas não de autonomia política.


Constituem mera descentralização administrativo-territorial da União.

Atualmente, não há territórios no Brasil, o que não impede sua criação.

Se criados, podem se subdividir em Municípios


Formação dos Estados-membros

Art. 18 § 3ºCF: Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se


ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
Nacional, por lei complementar.
Requisitos para a criação de Estados-membros

• Plebiscito: a aprovação da população diretamente


interessada é condição prévia, essencial para que se avance
à fase seguinte

População diretamente interessada envolve tanto a da área


desmembrada como a da área remanescente

Se o plebiscito for desfavorável, o


Congresso Nacional não pode levar a
questão adiante
• Oitiva das Assembleias Legislativas dos Estados envolvidos:
tal deliberação é meramente opinativa e não vincula o
Congresso Nacional, que é livre para se manifestar sobre o
assunto

• Aprovação pelo Congresso Nacional por meio da edição de


lei complementar

Mesmo havendo plebiscito


favorável, o Congresso não é
obrigado a aceitar o projeto
PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTADOS
Incorporação
Fusão
Cisão ou subdivisão
Desmembramento
Incorporação

Um Estado se agrega a outro com a extinção apenas do


Estado agregado e manutenção do Estado agregador

A
A
B
Fusão
Surge quando dois ou mais Estados se unem geograficamente,
formando um terceiro e novo Estado, distinto dos anteriores,
que perdem a personalidade primitiva.

A
C
B
Cisão ou Subdivisão
Surge quando um Estado que já existe se subdivide, formando
dois ou mais Estados novos.

O Estado originário desaparece, deixa de existir

A população interessada para fins de plebiscito é a do Estado


que vai se subdividir
B C
A
D
Desmembramento

Desmembramento-anexação Desmembramento-formação

O Estado perde uma parte do O Estado perde uma parte


seu território para outro do seu território, sendo que
Estado esta parte originará um novo
Estado

O Estado originário não desaparece


Criação de Municípios

Art.18, §4º: A criação, a incorporação, a fusão e o


desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei
estadual, dentro do período determinado por Lei
Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia,
mediante plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei

A exigência de Lei complementar federal determinando o


período de criação de novos Municípios visa evitar a
criação indiscriminada de novos entes políticos
Além da Lei complementar federal,
também seria necessário plebiscito à
população dos Municípios envolvidos

Exige-se estudo de viabilidade


municipal antecedente ao plebiscito

Aprovação de Lei estadual


regulamentando a criação do
Município
Intervenção

Trata-se de medida excepcional, que afasta temporariamente a


autonomia política de uma unidade da federação, em razão da
intervenção de outra.

Só é admitida nas hipóteses taxativamente previstas na


Constituição Federal
Espécies de intervenção

Intervenção Federal: pode ocorrer nos Estados, no DF e


nos Municípios situados em Territórios Federais

Intervenção Estadual: nos Municípios de seu território


A intervenção federal pode ser espontânea ou provocada

Intervenção federal espontânea: é aquela que decorre da


iniciativa direta do chefe do Executivo. Pode ocorrer para:

Art. 34, I, CF: Efetivar a defesa da integridade nacional

Art. 34, II, CF: Repelir invasão estrangeira ou de uma


unidade da Federação em outra

Art. 34, III, CF: Defender a ordem pública

Foi o fundamento para a decretação de intervenção federal no RJ e em


Roraima, em 2018
Art. 34, V, CF: Reorganizar as finanças da unidade da
Federação que:
• Suspender o pagamento da dívida fundada por mais
de 2 anos consecutivos, salvo motivo de força maior
• Deixar de entregar aos Municípios receitas
tributárias fixadas na CF, dentro dos prazos
estabelecidos em lei
Intervenção federal provocada
Surge nas hipóteses de necessidade de garantir o livre
exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; ou
assegurar a observância dos princípios constitucionais
sensíveis

Por solicitação Por requisição

O Presidente da República não é Não há discricionariedade, e o


obrigado a decretar a intervenção Presidente deve decretar a
intervenção
Intervenção federal por solicitação

Caso o poder Legislativo (Assembleia legislativa estadual ou


Câmara legislativa do DF) ou o Poder Executivo (Governador
de Estado ou do DF) sofrer coação ou impedimento ao livre
exercício de suas atribuições, o Chefe do Poder fará uma
solicitação ao Presidente da República
Intervenção federal por requisição

Caso a coação atinja o Poder Judiciário, impedindo o livre


exercício de suas atribuições, o chefe de Poder local buscará o
Supremo Tribunal Federal, que avaliará se a intervenção é
adequada. Entendendo que sim, o STF requisitará ao
Presidente da República a expedição de decreto interventivo

Caso haja descumprimento de decisão judicial do STF, do STJ


ou do TSE, os referidos Tribunais podem requisitar a
intervenção do Presidente da República
No caso de descumprimento dos princípios constitucionais
sensíveis (art. 34, VII, CF), a intervenção federal depende do
julgamento de representação interventiva pelo STF

O Procurador Geral da República é o único legitimado para a


propositura dessa ação
O decreto interventivo
A decretação da intervenção é competência privativa do
Presidente da República e materializa-se por meio de um
decreto presidencial de intervenção

O decreto especificará a amplitude, prazos e condições da


intervenção

Se for o caso, o decreto nomeará, temporariamente,


interventor, afastando as autoridades locais de suas funções

Nas intervenções espontâneas e provocadas por solicitação, o


Presidente da República ouvirá o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, que emitirão pareceres
opinativos
O Congresso Nacional realizará o controle político sobre o
decreto de intervenção, no prazo de 24horas
• Aprovar o decreto: essa aprovação se formaliza por meio de
decreto legislativo
• Rejeitar o decreto: caso em que suspenderá sua execução

Nem todo decreto interventivo é apreciado pelo Legislativo. Nas


hipóteses de intervenção para prover execução de lei federal, ordem ou
decisão judicial ou assegurar a observância dos princípios constitucionais
sensíveis, o controle será dispensado, e o decreto de intervenção se
limitará a suspender a execução do ato impugnado, se isso bastar para
restabelecer a normalidade.
Nos caso anterior, se a suspensão da execução
do ato impugnado não for suficiente para
restabelecer a normalidade, o Presidente da
República decretará a intervenção, nomeando
interventor, se necessário, e submetendo o
ato ao controle político do Congresso
Nacional.
Intervenção estadual

O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos


Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição
Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial.
A decretação e execução da intervenção estadual é
competência privativa do governador do Estado, por meio do
decreto de intervenção.

O Controle político fica a cargo da Assembleia Legislativa, no


prazo de 24horas
Na hipótese do art.35, IV CF, o controle político é dispensado,
pois o Governador se limitará a suspender a execução do ato
impugnado. Trata-se da representação interventiva estadual,
de competência do TJ e que deve ser proposta pelo
procurador Geral de Justiça.

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