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VIOLÊNCIA

OBSTÉTRICA NA
POPULAÇÃO
NEGRA
Ligantes: Josenias Nolasco
Gabriel Dórea
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Termo baseado na legislação da Venezuela e Argentina

Leis nacionais argentinas número 25.929 e 26.485, de 1979

Lei orgânica da Venezuela sobre o direito das mulheres a uma vida livre de
violência de número 38.770 de 2007

A partir dessas legislações foi definido o conceito para “Violência


Obstétrica”.

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CONCEITO DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

“Apropriação do corpo e processos


reprodutivos das mulheres pelos
profissionais da saúde, por meio do
Conceito publicado em uma cartilha
tratamento desumanizado, abuso da
lançada em 2014 pela Defensoria Pública
medicalização e patologização dos
do Estado de São Paulo baseando-se nas
processos naturais, causando perda da
leis da Venezuela e da Argentina.
autonomia e capacidade de decidir
livremente sobre seus corpos e
Sexualidade“ (SÃO PAULO, 2014)

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O VIÉS RACISTA NA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

As mulheres negras são as que mais sofrem violência obstétrica

Menor tempo de consulta

Menor conhecimento sobre aleitamento materno e seus direitos

Alta mortalidade materna

“Poder racializado” (LOPEZ)

“Corpo colonial” (FANON)


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PROCEDIMENTOS INVASIVOS NO PARTO

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MANOBRA DE KRISTELLER

A manobra de Kristeller é uma manobra obstétrica executada


durante o parto que consiste na aplicação de pressão na parte
superior do útero com o objetivo de facilitar a saída do bebê.
É realizada por auxiliar do obstetra, juntando-se as duas
mãos no fundo do útero, sobre a parede abdominal, com os
polegares voltados para frente, tracionando-se o fundo do
útero em direção à pelve, no exato momento em que ocorre
uma contração uterina durante o parto natural.
É importante ressaltar que "A manobra de Kristeller é
reconhecidamente danosa à saúde e, ao mesmo tempo,
ineficaz, causando à parturiente o desconforto da dor
provocada e também o trauma que se seguirá
indefinidamente” (REIS, 2005)

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EPISIOTOMIA

Episiotomia é uma incisão cirúrgica na região da vulva, com indicação obstétrica para impedir ou diminuir o trauma
dos tecidos do canal do parto, favorecer a liberação do concepto e evitar lesões desnecessárias do pólo cefálico
submetido à pressão sofrida de encontro ao períneo (Rezende,2005)
A incisão costuma ser feita quando a cabeça fetal está suficientemente baixa, a ponto de distender o períneo, porém,
antes de ocorrer uma distensão exagerada. Também não pode ser realizada cedo demais, pois, deve-se prevenir um
sangramento excessivo (Ziegel, Cranley, 1985)

MELHOR para você


E M P R E S A D E O R G Â N I C O S
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USO DA ANESTESIA

A anestesia foi amplamente utilizada para o parto


vaginal nos dois grupos, porém a proporção de
puérperas que não tiveram acesso a esse
procedimento foi maior entre as pardas, 16,4% e
negras, 21,8%. O uso de anestésico durante o
trabalho de parto normal não é preconizado, como
rotina de atendimento, pela Organização Mundial de
Saúde18 (1996), mas o Ministério da Saúde14 (1991),
conforme Portaria nº 2.815, 1998, paga por esse
procedimento, como uma das estratégias para
diminuir o medo da dor do parto e, assim, reduzir as
cesáreas. Como em outros estudos, a disponibilidade
dessa prática médica esteve associada à classe
socioeconômica das gestantes.13 Nos Estados
Unidos, Hueston et al9 (1994) também encontraram
maior utilização de anestesia peridural em mulheres
brancas que foram, simultaneamente, mais assistidas
por especialista.

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DEMAIS PRATICAS DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

USO DE TOQUES PONTO DO


OCITOCINA AGRESSSIVOS MARIDO

HUMILHAÇÃO,
A LEI DO
INSULTOS E
ACOMPANHANTE
OFENSAS
MELHOR para você
E M P R E S A D E O R G Â N I C O S
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CASO RAFAELA SANTOS

Rafaela
5 horas no
Cristina
hospital sem
Souza dos
atendimento
Santos - 15
médico
anos.

Dor de
cabeça, Quadro de
insistência no eclampsia
parto normal

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CASO RAFAELA SANTOS

“Tinha que ser! Olha aí, pobre, preta, tatuada


e drogada! Isso não é eclampsia, é droga!”
-Anestesista

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CASO RAFAELA SANTOS

PRETA POBRE GRÁVIDA MORTA

Tratamento diferencial com base em atributos considerados positivos (casada, com gravidez planejada,
adulta, branca, mais escolarizada, de classe média, saudável etc.), depreciando as que têm atributos
considerados negativos (pobre, não escolarizada, mais jovem, negra) e as que questionam ordens
médicas. (Diniz et al., 2015, p. 3)

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MORTALIDADE NAS MULHERES NEGRAS

O Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (RASEAM) de 2014 demonstra que as mulheres negras são o público-
alvo da mortalidade materna no Brasil. Tal fato foi alvo de audiência pública realizada pela Subcomissão Especial
Avaliadora das Políticas de Assistência Social e Saúde das Populações Vulneráveis na Câmara dos Deputados
(Brasília) em 2016. Na época foi informado que as intercorrências que provocam os óbitos maternos vêm
diminuindo entre as mulheres brancas e aumentando entre as negras. A audiência apurou que entre os anos de
2000 e 2012 as mortes por hemorragia caíram entre as brancas de 141 casos por 100 mil partos para 93 casos. Entre
as mulheres negras aumentaram de 190 para 202 casos.

Ao considerar o marcador social cor/raça, Ramos (2016) afirma que as negras são as que mais sofrem com a falta de
informação sobre o aleitamento, assim como o não acompanhamento durante a gravidez. A autora relata,
também, que o tempo de atendimento dispensado às mulheres negras geralmente é menor do que o atendimento
a uma mulher branca. “Fatos como esse fazem com que a mulher negra, além de não ser assistida devidamente,
também se sinta inibida diante do cuidado com sua saúde” (Ramos, 2016).

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MORTALIDADE NAS MULHERES NEGRAS

[...] um comitê do Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos reuniu centenas de
estudos documentando o fato de minorias raciais americanas, principalmente os afro-americanos, 556 Serv. Soc.
Soc., São Paulo, n. 133, p. 547-565, set./dez. 2018 receberem cuidados de saúde piores para amplo número de
doenças, em comparação com os americanos brancos. Nisso, o referido comitê concluiu que os estereótipos
negativos inconscientes dos médicos contra afro-americanos, e talvez contra outras pessoas de cor, provavelmente
contribuam para essas disparidades.

Os médicos são mais propensos a prescrever analgésicos para pacientes brancos do que para pacientes negros. Em
uma pesquisa de opinião recente, uma estudante de medicina branca discutiu como o “currículo silencioso”
ensinou-a a tratar pacientes de forma diferente com base em sua raça. Sobre a questão da gestão da dor, ela
escreveu: “Quando cheguei ao hospital [...] Aprendi que, entre dois pacientes com dor aguardando em uma sala de
exames do departamento de emergência, o branco é mais provável que obtenha medicamentos e o preto é mais
provável que seja dispensado com uma nota documentando narcóticos. (James, 2017, p. 4)

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REFERENCIAS
» ASSIS, Jussara Francisca de. Interseccionalidade, racismo institucional e direitos humanos: compreensões
à violência obstétrica. Serv. Soc. Soc., São Paulo , n. 133, p. 547-565, dez. 2018 . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-66282018000300547&lng=pt&nrm=iso>.
acessos em 12 nov. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/0101-6628.159.
» REIS, L.G.C.; PEPE, V.L.E.; CAETANO, R. Maternidade segura no Brasil: o longo percurso para a efetivação
de um direito. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 21 [3]: 1139-1159, 2011
» OLIVEIRA, Sonia Maria Junqueira V. de; MIQUILINI, Elaine Cristina. Frequência e critérios para indicar a
episiotomia. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo , v. 39, n. 3, p. 288-295, Sept. 2005 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342005000300006&lng=en&nrm=iso>.
access on 12 Nov. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342005000300006.

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