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Um Consenso Latino-americano

Enrique Ortega Rodríguez


Faculdade de Engenharia de Alimentos
Unicamp ortega@fea.unicamp.br

Ciência e Tecnologia na América Latina


A Universidade como promotora da Sustentabilidade
30 de julho de 2004

1
Evolução da Biosfera
Biosfera

Pulsos de
vida em
diversos
níveis
Pulsos pequenos
(figuras adaptadas de texto
de Daniel E. Campbell, 2004)

20

1000 16 Recursos dos acumuladores

Emergia, sej
Nível 1 Materiais 12 Recursos dos consumidores

reciclados 10
8
1000 10
Energia 4

1000 1000 Acumulação 1000 Consumo de 0

T=1 de recursos recursos 0 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200
100
1000 Tempo

4
Pulsos médios

10000
Nível 2 Materiais 20
Recursos dos acumuladores
reciclados 100 16

Emergia, sej
Recursos dos consumidores
12
10000 100
Energia 8
10000 10000 Acumulação 10000 Consumo de 4

T=1 de recursos 1000 recursos 0


10000 0 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200

Tempo

5
Pulsos grandes
100000 20 Recursos dos acumuladores
Materiais
Nível 3 1000
Recursos dos consumidores
reciclados 16

Emergia, sej
B
100000 1000 12

Energia 8
100000 100000 Acumulação 100000 Consumo de A
C
4 D
T=1 de recursos recursos
10000
100000 0
0 400 800 1200 1600 2000 2400 2800 3200

Tempo

Etapa Produtores Consumidores


A Acumulação lenta Retorno
B Climax Consumo intenso
C Degradação Senescência
D Recomposição Hibernação ou ausencia
6
Etapa inicial de desenvolvimento humano
Saída de materiais

Materiais
de fora Estoques
Renováveis energéticos
em centenas fósseis Minerais
ou milhares
Estoques da de anos
biosfera: Estoques
atmosfera, biológicos
minerais, Estoques
Renováveis Fluxos não- renováveis
sedimentos
anualmente

Produtores
Consumidor
Fontes externas sustentável
de energia
(limitadas) Sistema da Biosfera

Sumidouro de Energia Fluxos de energia e


materiais na Biosfera
Civilização urbana não industrial
Saída de materiais

Materiais
de fora Estoques
Renováveis energéticos
em centenas fósseis Minerais
ou milhares
Estoques da de anos
biosfera: Estoques
atmosfera, biológicos
minerais, Estoques
Renováveis Fluxos
sedimentos
anualmente
Consumidor
Produtores não- sustentável

Consumidor
Fontes externas sustentável
de energia
(limitadas) Sistema da Biosfera

Sumidouro de Energia Fluxos de energia e


materiais na Biosfera
Civilização atual
Saída de materiais

Materiais
de fora Estoques
Renováveis energéticos
em centenas fósseis Minerais
ou milhares
Estoques da de anos
biosfera: Estoques
atmosfera, biológicos
minerais, Estoques
Renováveis Fluxos
sedimentos
anualmente
Consumidor
Produtores não- sustentável
Emissões
Consumidor e
sustentável Resíduos
Fontes externas
de energia
(limitadas) Sistema da Biosfera

Sumidouro de Energia Fluxos de energia e


materiais na Biosfera
Situação inicial do reajuste
Saída de materiais

Materiais
de fora Energias
fósseis
Não Minerais
Renováveis
Estoques da
biosfera: Estoques
biológicos Estoques
atmosfera,
decrescentes
minerais, Fluxos
sedimentos Renováveis
anualmente
Consumidor
Produtores não- sustentável

Consumidor Transferência de Emissões


Fontes externas sustentável pessoas e recursos e
Resíduos
de energia
(limitadas) Sistema da Biosfera

Sumidouro de Energia Fluxos de energia e


materiais na Biosfera
Gráfico das mudanças nos estoques da Biosfera
Crescimento
Seres anaeróbicos e Desenvolvimento
industrial
aeróbicos, atmosfera Sustentável
termo-regulada com O2 Transição
Biodiversidade, Recuperação
imobilização
opções dos
de Carbono
ecossistemas

Crescimento
humano em
detrimento de
outras espécies,
ainda sem uso Ajuste da
de energéticos população e
fósseis mudança dos
sistemas de
produção e
consumo

De 0 até 4 bilhões - 10 000 1500 2000 2100 Tempo


de anos da Terra
Figura adaptada do livro
Combustíveis The Prosperous Way Down
(a) Modelo de ocupação do espaço e minerais de H.T. Odum & E.C. Odum (2001)

Recursos Pessoas
energéticos Meio ambiente Agricultura Indústria Informação
nas urbes
locais

(b) Caçadores e recoletores


Energia usada

(c) Economia Agraria


Energia usada

(d) Revolução Industrial

Energia usada

(e) Explosão Populacional


Energia usada

(f) Tormenta Global de Informações


Energia usada
12
Figura adaptada do livro
Combustíveis The Prosperous Way Down
Modelo de ocupação do espaço e minerais de H.T. Odum & E.C. Odum (2001)

Recursos Pessoas
energéticos Meio ambiente Agricultura Indústria Informação
nas urbes
locais

Caçadores Economia Revolução Explosão Tormenta


e recoletores Agraria Industrial Populacional Global de
Informações

13
Figura adaptada do livro
Combustíveis The Prosperous Way Down
Modelo de ocupação do espaço e minerais de H.T. Odum & E.C. Odum (2001)

Recursos Pessoas
energéticos Meio ambiente Agricultura Indústria Informação
nas urbes
locais

População e bens Crescimento com recursos não renováveis

Tempo
14
Figura adaptada do livro
Combustíveis The Prosperous Way Down
Modelo de ocupação do espaço e minerais de H.T. Odum & E.C. Odum (2001)

Recursos Pessoas
energéticos Meio ambiente Agricultura Indústria Informação
nas urbes
locais

População e bens Transição ao sistema sustentável

Sistemas rurais Sistemas urbanos com


agroecológicos base no petróleo

Tempo
15
Situação atual

 A atmosfera foi danificada, a biodiversidade está


sendo extinta, os recursos hídricos foram
exauridos. Existe excesso populacional em muitas
regiões. As mudanças climáticas podem ser
catastróficas!
 Esta na hora de questionar o modelo de
desenvolvimento atual! ... E propor alternativas!

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Alternativas consideradas

O conhecimento da situação da Biosfera e dos


enormes desafios sociais motivam grupos a se
organizar para discutir alternativas.
 Nos últimos meses, a Unicamp foi sede de muitos
encontros para discutir o futuro.
 Colocarei aqui as Conclusões do IV Workshop
Internacional sobe Estudos Avançados em Energia.

17
IV Biennial
International
Workshop
Advances in
Energy Studies

18
Um outro consenso, além do de
Washington, é possível!
O Comitê Organizador do Workshop “Advances in
Energy Studies” promoveu um seminário no Brasil e
também participou de um encontro na Itália sobre a
Civilização do Hidrogênio, ambos realizados em
fevereiro de 2004, para obter subsídios para redigir
sugestões que foram oferecidas aos participantes
para facilitar a obtenção das conclusões do
Workshop. O texto tomou muitas idéias de Porfírio
Muñoz Ledo, o redator das conclusões do evento
realizado na Itália.
19
EM BUSCA DE UM CONSENSO LATINOAMERICAN0

Conclusões preliminares do
Workshop Internacional Estudos
Avançados em Energia.
Unicamp 16-19 junho 2004.

Auto-organização da
sociedade a procura do
Desenvolvimento Sustentável
20
1. Esgotamento de recursos

Perante o esgotamento do petróleo em um prazo


curto de tempo, torna-se imprescindível contar
com fontes de energia renováveis que:
(a) não produzam danos irreversíveis à natureza
(b) não possam ser monopolizadas.

21
2. Descartar as opções de alto risco

Descartadas a fissão nuclear pelo perigo das


suas instalações e resíduos e a fusão nuclear
pelo custo e pela incerteza de suas
tecnologias, as energias renováveis aparecem
como a opção viável para conseguir o acesso a
um novo patamar de civilização, na qual a
União Européia e América Latina poderiam
assumir um papel condutor de primeira ordem.
22
3. Fim do petróleo

Se o petróleo abriu caminho e sustentou uma


das etapas mais inovadoras para o progresso
da humanidade e o desenvolvimento das
nações, também é notável seu impacto
negativo na Biosfera e no desequilíbrio da
sociedade mundial.

23
4. Preservação do patrimônio natural

A conservação do patrimônio natural é sem


dúvida um dos valores centrais que o
homem deve defender e promover.
A transição energética deverá ter como
perspectiva a recuperação da biodiversidade
e a qualidade ambiental.

24
5. Civilização Pós-Petróleo

Um projeto mundial visando a civilização


pós-petróleo, se afirmar o direito a energia,
abriria o caminho de uma nova ética social
objetiva que permitiria a democratização não
somente da energia, mais a gestação de um
modelo econômico e social destinado a saldar
as diferenças históricas entre o Norte e o Sul.

25
6. Projeto energético do futuro

Pensa-se em um amplo projeto de colaboração


com conseqüências econômicas importantes,
com uma estratégia que aborde a produção, o
transporte, a distribuição e o uso das novas
fontes de energia. Também, devem-se
considerar as etapas necessárias para eliminar
as barreiras sócio-econômicas, tecnológicas,
políticas e culturais.
26
7. Visão de longo-prazo

Europa e América Latina podem se


comprometer tendo como marco de referência
uma visão de longo prazo, para estabelecer um
sistema adequado de investigação e um plano
de ação que permita o acesso conjunto a uma
nova civilização pós-petróleo. Esse marco
poderia integrar os esforços similares de outras
regiões do planeta.
27
8. Novos modelos de produção e consumo

Agricultura ecológica;
Recuperação da biodiversidade para obter nutrientes
do solo, recuperar a água do subsolo e serviços
biológicos;
Reciclagem de nutrientes após uso urbano;
Produção de biomassa para diversos fins;
Aproveitamento da força do sol e do vento como fontes
de energia.

28
9. O papel do hidrogênio

O hidrogênio pode ser uma energia renovável


de alta qualidade porém sempre dentro de uma
base energética renovável diversificada.
Um acordo entre a União Européia e a América
Latina deve considerar que existe o hidrogênio
“verde” que usa fontes de energia renováveis.
Também existe o hidrogênio “negro” que usa
energia fóssil.
29
10. Energia limpa

O projeto europeu de hidrogênio assume hoje


um compromisso com um conceito renovado
de mundo e de relações democráticas. Através
da produção de energia limpa e tendo o cuidado
devido com os resíduos este vetor energético
seria posto a serviço de um desenvolvimento
mais sustentável e a humanidade poderá entrar
na Civilização Pós-Petróleo.
30
11. Condições para ser uma utopia real

Longe de converter-se em uma utopia “a


Economia do Hidrogênio”, uma boa idéia
proposta por Jeremy Rifkin, pode constituir-se
em uma enorme falácia se não considerar o
contexto social dos países do terceiro mundo,
onde prevalecem as desigualdades econômicas
e sociais, que mantêm a maioria da população
desprovida de uma vida digna.
31
12. Mudanças sociais e culturais

Não se conseguirá melhorar as estruturas


econômicas, políticas e sociais da América
Latina se considerarmos apenas um fator de
mudança: a tecnologia.
A transformação das estruturas sociais e
culturais (internas e externas) é o fator
limitante.

32
13. Interesses prioritários

É necessário que o ser humano consiga


estabelecer um relacionamento harmônico com
seu meio, antepondo a dignidade humana e o
respeito pela Terra aos interesses econômicos.
O poder de empresas e governos centrais (grupos
relativamente pequenos) causa um enorme dano
a Biosfera e amplia o abismo entre pessoas e
países.
33
14. Urgem estudos!

Um alerta importante é feito aqui para impedir


a imposição de um modelo tecnológico (mesmo
que seja ecológico) sem estudos de boa
qualidade e sem que a população conheça,
discuta e absorva os novos paradigmas
culturais e os novos compromissos sociais.

34
15. Cuidados especiais

Um modelo “dito alternativo” sem estudos


suficientes e sem discussão ampla pode gerar
maiores problemas que os que se propõe
solucionar. Pois inadvertidamente se estaria
contribuindo ao fortalecimento dos grupos
hegemônicos que sempre tiveram acesso à
tecnologia para explorar recursos e populações.

35
16. Inovações locais prioritárias:

(a) Sistemas agrosilvipastoris ecológicos;


(b) Mini-usinas de álcool com co-geração de
eletricidade e alimentos;
(c) Novos métodos de contabilidade de empresas
que levem em conta as contribuições da
natureza e as externalidades negativas;

36
17. As inovações estão surgindo.

(d) Certificação da qualidade, da sustentabilidade e


da intensidade de uso de energia não-renovável
de matérias-primas agropecuárias agrícolas e
produtos industriais;
(e) Métodos de análise emergética de propriedades
rurais em bacias hidrográficas;
(f) Novos indicadores e métodos de apresentação do
desempenho ecológico-energético;

37
18. Apoio as inovações locais.

(g) Modelagem e simulação de ecossistemas;


(h) Represas permeáveis para otimizar o
aproveitamento da chuva no semi-árido;
(i) Bases científicas para o manejo sustentável
da floresta Amazônica; etc.

38
19. Problemas e enfoques do Hemisfério Sul

j) Sistemas super-intensivos de produção de


carne de suínos no Sul do Brasil;
k) Discussão das idéias dos pequenos
agricultores e dos sindicatos perante as
questões do meio ambiente e a energia;

39
20. Problemas do Hemisfério Sul:

l) Discussão da dívida social e a inclusão social no


novo desenvolvimento;
m) Análise do impacto dos transgênicos na Argentina
e no Brasil, uma tecnologia imposta pelo lobby da
Monsanto, a revelia dos interesses dos
agricultores familiares ecológicos comprometidos
com o Desenvolvimento Sustentável.

40
21. Estudos do Hemisfério Norte:

o) A descentralização planejada de sistemas


urbanos (ruralização ecológica);
p) Bases metodológicas para discussão de preços
nos mercados comuns;
q) Novas disciplinas científicas para abordar as
questões da Sustentabilidade;

41
22. Estudos do Hemisfério Norte:

r) Estudos do impacto social e ambiental das


células de combustível;
s) Dependência do crescimento econômico no
petróleo;
t) Caminhos suaves para a transição ao
Desenvolvimento Sustentável.

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Nossa visão do futuro: Interações

 Interessa interagir em torno de projetos prioritários,


por meio de redes de pesquisa e apoio.
 Interessa oferecer esclarecimentos a sociedade.

 Interessa discutir possibilidades de parceria com os


movimentos sociais, as escolas de ensino médio e
as universidades, o governo e empresas
interessadas na perspectiva apresentada.

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Em resumo: Buscar a Auto-suficiência

 O grupo reunido no Workshop de Campinas


considerou importante concentrar esforços em
projetos rurais de auto-suficiência energética e
alimentar, estratégicos em ambos hemisférios.
 O desenvolvimento sustentável para ser viável
deve ocorrer nos dois hemisférios ao mesmo
tempo! Unindo esforços das populações
interessadas. Devem se unir as redes com
propostas convergentes!

44
http://www.fea.unicamp.br/energy/ConsensoAmericaLatina.ppt

45
Contatos futuros: via páginas web!

 Laboratóriode Engenharia Ecológica da


FEA/Unicamp:
http://www.unicamp.br/fea/ortega/

 Workshop Advances in Energy Studies:


http://www.fea.unicamp.br/energy/
http://www.chim.unisi.it/portovenere/

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