Você está na página 1de 9

O QUE É SUS, O SISTEMA ÚNICO

DE SAÚDE?
O Sistema Único de Saúde o SUS, é o maior e mais complexo sistema de saúde pública do mundo,
abrangendo desde um simples atendimento para avaliação de pressão arterial, até o mais delicado
procedimento de transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a
população do país, constituindo-se um direito de todos os brasileiros, desde a gestação, e por toda à vida,
assegurada na Constituição Federal de 88 no seu artigo 196 que dispõe:

“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”

(*) Todo brasileiro é usuário do SUS desde o seu nascimento, com o direito a serviços de saúde gratuitos, tais como: vacinação, transplantes,
medicamentos de alto custo, entre outros que visam garantir à saúde por toda a vida.
COMO ERA O ACESSO A SAÚDE ANTES DO
SUS NOS GOVERNOS MILITARES - 1964 a 1985
Os anos a parti de 1970, marca o ápice e o fim do
chamado ‘milagre econômico’.

Milagre econômico brasileiro é a designação dada à época de


crescimento econômico durante a ditadura militar, entre 1969 e 1973, no
chamado "anos de chumbo". Nesse período a taxa de crescimento do
PIB saltou de 9,8% a.a. em 1968 para 14% a.a em 1973, e a inflação
passou de 19,46% em 1968, para 15,6% em 1973. Instaurou-se um
pensamento ufanista de "Brasil potência", quando se criou o lema: "Brasil,
ame-o ou deixe-o"

Mas com o primeiro choque do petróleo (1973/1974),


começa a crise, a nossa economia totalmente dependente
de empréstimos estrangeiros, passou a enfrentar
dificuldades com a quebra deste padrão, baseado no alto
endividamento externo e, com isso, a economia vai
perdendo força, e os indicadores de saúde foram
piorando cada vez mais.

Nessa época, só os que tinham carteira de trabalho


assinada possuíam o direito a assistência médica pelo
INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da
Previdência Social).
“Nesse contexto chamado de milagre econômico, lembro-me da frase emblemática do Ministro da Economia na época, o Sr. Delfin Neto que dizia: É preciso espera que o
bolo cresça, para depois reparti-lo, não sabia ele, que alguém à noite roubava-lhe um pedaço, desta forma, o bolo nunca foi dividido".
A Política de Saúde era de responsabilidade do Ministério
da Previdência Social, que no período militar, teve duas
instituições que gerenciaram a saúde, o INPS (Instituto
Nacional da Previdência Social) criado em 1966 e
substituído em 1974 pelo o INAMPS (Instituto da
Assistência Médica da Previdência Social).

Nesses sistemas, as pessoas que não possuíam carteira assinada, não dispunham de acesso aos procedimentos de
consultas, exames, cirurgias. À população sem registro de trabalho, só poderia ser atendida na rede particular, caso
pudesse pagar. Do contrário, tinha que recorrer a filantropia como indigentes, ou as unidades públicas que
atendiam a todos na maioria do casos os Hospitais Universitários.

A Constituição de 1969, tinha como lema: "A iniciativa Estatal na área econômica, era de caráter complementar à
iniciativa privada".

Desse modo, esses institutos (o Estado), operava basicamente através de convênios com a rede privada, ao invés
de investir na ampliação e qualidade de sua rede própria de serviços de atendimento a saúde a população.
A POLÍTICA DOMINANTE ERA DE
INCENTIVO À PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE

Os militares criaram um Fundo de Apoio a Assistência Social o


FAS, gerenciado pela Caixa Econômica Federal financiado com
recursos da loteria esportiva. Com o intuito de fomentar a
construção de hospitais particulares.

O dinheiro público do FAS, financiava a construção de hospitais


privados, e o próprio dinheiro público pagava a esses hospitais
os serviços prestados para à Previdência.

Uma grande parte dos recursos do Governo Federal estavam na


Previdência, e fluíram para o setor privado. A ponto do
Presidente da Federação Brasileira dos Hospitais, o Pe.
Niversindo Antonio Cherubin declarar:

"O Estado não tem que se meter com assistência. Deve se ocupar
com epidemias e problemas que não é de interesse do mercado".
PARA REFLETIR!

Virou um grande negócio mexer com saúde no Brasil nos anos de chumbo. “O Estado liberal que
se apresenta perfeito na teoria, é totalmente irrealizável e inadequado para tratar dos problemas reais
da sociedade. Converte-se no reino de ficção, com cidadãos teoricamente livres e materialmente
escravizados – (MALUF, S. Teoria geral do estado. 31. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.) ”.
A SAÚDE MENTAL NA DITADURA?
Os Hospitais psiquiátricos privados, tinham plena liberdade de internar quem quisesse, e nas condições que
bem entendessem. Bastava internar, para receber. Gerando problemas para a Previdência, porque a população
começou a perceber a facilidade de internação utilizando-se dos manicômios, como forma de justificar à
aposentadoria por invalidez. A doença mental na época virou um dos primeiros itens de pedidos de
aposentadoria do país.

Havia uma sequência de violações de Direitos Humanos, o confinamento, o abandono, o cerceamento da liberdade e o tratamento
cruel típico dos manicômios. Esse cenário sombrio criou um conflito ético para os profissionais da saúde mental. Atrás da pretensa
ideia terapêutica, a internação manicomial escondia dos olhares da sociedade a figura sofrida, diferente e excluída da pessoa com
impedimento de natureza física, mental, intelectual ou sensorial.
OS PRIMEIROS PASSOS PARA A CRIAÇÃO DO
SUS
Diante da omissão perante as Políticas Públicas de Saúde,
os municípios começaram a arregaçar as mangas - os
sanitarista passaram a se dirigir aos Prefeitos, e a oferecer
projetos para trabalhar nas periferias.

Os primeiros postos de saúde foram o embrião do que hoje


conhecemos como atenção básica no Brasil.

Geralmente as Prefeituras passaram alugar casas na


periferias, onde os médicos, enfermeiros e demais
profissionais atendiam em alguns dias da semana. Que
nesse sentido, fez uma grande diferença ter um serviço
próximo de casa. Além do mais, não havia distinção se a
pessoa tinha ou não a CARTEIRA ASSINADA, assistia-se à
todos.
Aos poucos os previdenciários (os que tinha carteira assinada), que moravam nas redondezas, foram cada vez
mais procurando o atendimento nesses postos.

Com o crescente aumento no número de atendidos nesses postos, foi quando, a Previdência em 1983, iniciou
os convênios junto as prefeituras, denominados de Ação Integrada de Saúde (AIS).
(*) A atenção básica ou atenção primária em saúde é conhecida como a "porta de entrada" dos usuários nos sistemas de saúde. Ou seja, é o
atendimento inicial. Seu objetivo é orientar sobre a prevenção de doenças, solucionar os possíveis casos de agravos e direcionar os mais graves
para níveis de atendimento superiores em complexidade. A atenção básica funciona, portanto, como um filtro capaz de organizar o fluxo dos serviços
nas redes de saúde, dos mais simples aos mais complexos.
Constatou-se que era muito mais vantajoso para o Estado, por uma razão muito simples. Destinando uma parte do
dinheiro para as Prefeituras, todo o mundo ganhou. - O Governo Federal economizando, as Prefeituras que
detinham um orçamento reduzido, e a população, já que não havia diferenciação no atendimento à saúde, todos
passaram a ter o benefício.

Esses fatos, deram início ao conceito de universalização do atendimento à saúde. De modo a contemplar que o
país, poderia organizar os atendimentos e um sistema único. Desta forma, mesmo que informalmente, foi sendo
concebido antes mesmo da Constituição de 1988, O Sistema Único de Saúde, o SUS.

REFERÊNCIAS:

IDEC - SUS: Conheça os seus direitos https://idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/sus-conheca-os-seus-direitos

Centro de Estudos Estratégicos Fiocruz Antes do SUS: Como se (des)organizava a saúde no Brasil sob a ditadura - https://cee.fiocruz.br/?q=antes-do-sus

Você também pode gostar