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Universidade Iguaçu – UNIG-RJ

FaceT-Engenharia Civil

Tópicos Especiais em Engenharia


Civil

Prof. Ronaldo Paulucci, M.Sc.


Rua Jardim botânico ,RJ
Grande parte da cidade ficou sem água e energia ou sistema de transporte.
Para quem viveu, o trauma parece que foi ontem, mas ocorreu em 1966.
Naqueles dias, a média foi de 250 mm de chuva (semelhante à quantidade
no desastre na região serrana fluminense, no ano de 2011, quando morreram
mais de mil pessoas).

“A história da cidade [do Rio de Janeiro] passa pelo horror de enchentes. Trata-se de
um lugar que cresceu sobre mangue e com ocupação do solo desordenada”
Andrea Casa Nova Maia, historiadora
A enchente de 1966 é considerada um exemplo de resultado danoso de uma
“ocupação de áreas pantanosas e/ou mangues com a diminuição da capacidade de
absorção do solo, em uma área onde a chuva é parte do ecossistema num processo
de urbanização desgovernado”, explicou em artigo escrito com a doutora em história
ambiental Lise Sedrez, uma das principais pesquisadoras do tema no Brasil.
“Neste momento, a Rio-Águas se dedica a revisão dos
estudos hidrológicos e ao detalhamento do projeto
hidráulico, fatores imprescindíveis para a contratação
das intervenções”, justificou a pasta. O globo 10/04/19
DRENAGEM URBANA

*Drenagem- é o termo empregado na designação das


instalações destinadas a escoar o excesso de água,
seja em rodovias, na zona rural ou na malha urbana,
sendo que a drenagem desta última é o objetivo do
nosso estudo.

Tal drenagem não se restringe aos aspectos


puramente técnicos impostos pelos limites restritos à
engenharia, pois compreende o conjunto de todas as
medidas a serem tomadas que visem à atenuação dos
riscos e dos prejuízos decorrentes de inundações aos
quais a sociedade está sujeita.
O caminho percorrido pela água da chuva sobre uma
superfície pode ser topograficamente bem definido,
ou não. Após a implantação de uma cidade, o
percurso caótico das enxurradas passa a ser
determinado pelo traçado das ruas e acaba se
comportando, tanto quantitativa como
qualitativamente, de maneira bem diferente de seu
comportamento original. As torrentes originadas pela
precipitação direta sobre as vias públicas
desembocam nos bueiros situados nas sarjetas.
Estas torrentes (somadas à água da rede pública
proveniente dos coletores localizados nos pátios e das
calhas situadas nos topos das edificações) são
escoadas pelas tubulações que alimentam os condutos
secundários, a partir do qual atingem o fundo do vale,
onde o escoamento é topograficamente bem definido,
mesmo que não haja um curso d’água perene. O
escoamento no fundo do vale é o que determina o
chamado Sistema de Macro-Drenagem.
SISTEMAS DE DRENAGEM
Os sistemas de drenagem são classificados como de
microdrenagem e de macrodrenagem,sendo:

*Microdrenagem é definida pelo sistema de condutos


pluviais ou canais nos loteamentos ou na rede
primária urbana.
-Sistema projetado para atender a drenagem de
precipitações com risco moderado.
*Macrodrenagem envolve os sistemas coletores de
diferentes sistemas de microdrenagem, ou seja,
caracteriza-se como sendo conjunto de ações
estruturais e não estruturais destinadas a controlar
cheias para evitar inundações e suas consequências.

Objetivo: minimizar riscos e prejuízos em áreas de


extensão significativa causados por cheias com
períodos de retorno relativamente grandes
(tipicamente T= 25 a 100 anos)
Deve ser projetado para acomodar precipitações superiores às da
microdrenagem com riscos de acordo com os prejuízos humanos e
materiais potenciais.
Ciclo hidrológico

Embora o movimento cíclico da água não tenha princípio nem


fim, costuma-se iniciar seu estudo descritivo pela evaporação da
água dos oceanos, seguida de sua precipitação sobre a
superfície que, coletada pelos cursos d’ água, retorna ao local
de partida.
*Desconsiderando as eventuais interrupções que podem ocorrer
em vários estágios e a íntima dependência das intensidade e
freqüência do ciclo hidrológico com a geografia e o clima local.
Denomina-se ciclo hidrológico o processo natural de
evaporação, condensação, precipitação, detenção e
escoamento superficial, infiltração, percolação da água no
solo e nos aquíferos, escoamentos fluviais e interações
entre esses componentes. (Righetto,1998).

As principais variáveis hidrológicas consideradas no ciclo


hidrológico são:
· E: evaporação (mm/d);
· q: umidade específica do ar em gramas de vapor d’ agua
por quilo de ar, ou g/kg;
· P: precipitação (mm); i: intensidade de chuva (mm/h);
· Q: deflúvio superficial ou vazão (m3/s);
· f: taxa de infiltração (mm/h);
· ET: evapotranspiração (mm/d).
Fonte : USGS – United States Geological Survey
Bacia Hidrográfica
Uma bacia hidrográfica de um curso de água e uma área de
captação natural da água da precipitação que faz convergir
os escoamentos para um único ponto de saída, seu
exutório.
É ,portanto, uma área definida topograficamente, drenada
por um curso d’agua ou por um sistema conectado de
cursos d’agua, de forma tal que toda a vazão efluente seja
descarregada por uma simples saída.

Pode ser considerada um sistema físico onde a entrada é o


volume de água precipitado e a saída é o volume de água
escoado pelo exutório, considerando-se como perdas
intermediárias os volumes evaporados e transpirados e
também os infiltrados profundamente.
Fonte :Pedrazzi, 2003
Precipitação: É o processo pelo qual a água volta à
terra, pela condensação do vapor d’água contido na
atmosfera, ou seja, toda água proveniente do meio
atmosférico que atinge a superfície terrestre.
Condensação: É o processo inverso da evaporação.
Pela condensação, o vapor d’água se transforma em
água.
Pela condensação do vapor d’água, formam-se as
nuvens e nevoeiros.
A partir da “junção” de várias gotículas de uma nuvem
ou nevoeiro, que se unem para formar gotas maiores, é
que pode ocorrer a precipitação.
Precipitação, em Hidrologia, é o termo geral dado a
todas as formas de água depositada na superfície
terrestre, tais como: chuvisco, chuva, neve, saraiva,
granizo, orvalho e geada.
Existem três tipos de precipitação que são:

*Chuvas Frontais ou ciclônicas - Estão associadas


com o movimento de massas de ar de regiões de alta
pressão para regiões de baixa pressão.

*Chuvas orográficas - Essa precipitação e resultante


de ascensão mecânica, acontece quando uma corrente
de ar úmido horizontal e forcada a passar por uma
barreira natural, tais como as montanhas.

*Chuvas convectivas- As precipitações convectivas


são típicas das regiões tropicais, costumam ser de
grande intensidade e curta duração, concentradas em
pequenas áreas.
*Chuvisco (neblina ou garoa): precipitação muito fina e
de baixa intensidade. Chuva: gotas de água que descem
das nuvens para a superfície. É medida em milímetros.
*Neve: precipitação em forma de cristais de gelo que,
durante a queda, coalescem formando flocos de
dimensões variáveis.
*Saraiva: precipitação em forma de pequenas pedras de
gelo arredondadas, com diâmetro de cerca de 5mm.
*Granizo: quando as pedras, redondas ou de formato
irregular, atingem diâmetro superior a 5mm.
*Orvalho: objetos expostos ao ar a noite, amanhecem
cobertos por gotículas d'água. Isto se dá devido ao
resfriamento noturno, que baixa a temperatura até o
ponto de orvalho.
*Geada: é uma camada, geralmente fina, de cristais de
gelo formada no solo ou na superfície vegetal. Processo
semelhante ao do orvalho, só que temperaturas inferiores
a 0° C.
A determinação da intensidade de precipitação é importante
para o controle de inundação e da erosão do solo.

PLUVIOMETRIA
As grandezas que caracterizam uma chuva são altura,
duração e intensidade.

Altura pluviométrica (h): é a espessura média da lâmina


d’água precipitada que recobriria a região atingida pela
precipitação, admitindo-se que essa água não
evaporasse, não infiltrasse, nem se escoasse para fora dos
limites da região.

A unidade de medição habitual é o milímetro de chuva,


definido como a quantidade de chuva correspondente
ao volume de 1 litro por metro quadrado de superfície.
Duração (t): é o período de tempo durante o qual a
chuva cai.
As unidades normalmente são o minuto ou a hora.

Intensidade (i): é a precipitação por unidade de


tempo, obtida como a relação i=h/t. Expressa-se,
normalmente em mm/h

A variável precipitação pode ser quantificada


pontualmente, através de dois instrumentos
meteorológicos - o pluviômetro e o pluviógrafo – e
espacialmente, através de radares.
Pluviômetro – consiste de um receptor cilindro-
cônico e de uma proveta graduada de vidro.
Consegue medir apenas a altura de
precipitação. A área de interceptação não é
normalizada.

Pluviógrafo – Consiste de um registrador


automático, trabalhando em associação a um
mecanismo de relógio;
PRECIPITAÇÃO MÉDIA EM UMA BACIA
A maioria dos problemas hidrológicos requer a determinação da
altura de chuva ocorrida em uma bacia hidrográfica. Devido a
precipitação, pela própria natureza do fenômeno, não ocorrer de
modo uniforme sobre toda a bacia, é necessário calcular a altura
média precipitada.
Método Aritmético- Este método consiste em se calcular a média
aritmética de todos os postos situados dentro da área de estudo.

Método de Thiessen -Este método pode ser usado para aparelhos não
uniformemente distribuídos, uma vez que o mesmo pondera os
valores obtidos em cada posto por sua zona de influência.
Métodos das Isoietas Considerado o mais preciso, este método
baseia-se em curvas de igual precipitação. A dificuldade maior
em sua implementação consiste no traçado desta curvas, que
requer sensibilidade do analista.

*Isoietas-curvas de igual precipitação

CHUVAS MÁXIMAS
Para projetos de vertedores de barragens, dimensionamento de
canais, dimensionamento de bueiros, etc, é necessário o
conhecimento,da magnitude das enchentes que podem
acontecer com uma determinada freqüência. Portanto, é
necessário conhecer-se as precipitações máximas esperadas.
Período de Retorno

O período de retorno (ou tempo de recorrência)


de um evento é o tempo médio (em anos) em
que esse evento é superado ou igualado pelo
menos uma vez,ou seja, tempo considerado nos
dimensionamentos das redes de drenagem em
que o evento pode voltar a ocorrer.
É definido por:

Tr = 1/P
Escoamento superficial
É a fase mais importante do ciclo hidrológico e de maior
importância aos engenheiros pois nessa etapa é
estudado deslocamento das águas na superfície da Terra
e está diretamente ligada ao aproveitamento da água
superficial e a proteção contra os efeitos causados pelo
seu deslocamento (erosão do solo, inundações, etc.).

Da quantidade de água que atinge o solo, parte é retida


em depressões do terreno e parte é infiltrada. Após o solo
alcançar sua capacidade de absorver a água, ou seja,
quando os espaços nas superfícies retentoras tiverem sido
preenchidos, ocorre o escoamento superficial da água
restante.
Segundo SILVEIRA e GOLDENFUM (2007), o
escoamento superficial é o excesso não infiltrado da
precipitação que surge sobre o solo pela ação da
gravidade, na direção das cotas mais baixas,
vencendo principalmente o atrito com a superfície do
solo

Dentre os fatores que influenciam o escoamento superficial


estão os seguintes:
·*Fatores climáticos: ligados a intensidade da chuva,
duração da chuva e a chuva antecedente;
*Fatores fisiográficos: ligados a área e forma da bacia, a
permeabilidade e capacidade de infiltração e a
topografia da bacia;
·*Obras hidráulicas: ligadas a construção de barragens,
canalização ou retificação e derivação ou transposição.
Para Philippi Jr et al. (2005) drenagem e manejo de
águas pluviais urbanas é o conjunto de atividades,
infraestrutura e instalações operacionais de drenagem
urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou
retenção para o amortecimento de vazões de cheias,
tratamento e disposição final das águas pluviais
drenadas nas áreas urbanas, e deve estar inserido nos
Planos Diretores com a concepção em que a técnica e
a tecnologia devem ser colocadas a favor da prestação
do serviço público, com informações hidrológicas e
meteorológicas confiáveis para execução de projetos
*Com o processo cada vez mais acelerado de
urbanização das cidades, surgem problemáticas que
são frequentes em cidades mal planejadas ou
quando crescem explosivamente. Em todo o país o
saneamento básico tornou-se um gargalo para a
administração pública, principalmente quando se
trata de drenagem urbana.

* Segundo Mota (1999) o aumento da população e a


ampliação das cidades deveriam ser acompanhados
do crescimento de toda a infraestrutura urbana, de
modo a proporcionar aos habitantes mínimas
condições de vida.
*Segundo Philippi Jr et al. (2005), a fragilidade dos
Planos Diretores das cidades aliada a falta de
projetos nessa área, que trabalhem uma visão
integrada entre meio ambiente e sustentabilidade,
constitui uma das principais causas do estado
caótico das cidades brasileiras quando o assunto é
drenagem ou saneamento básico, gerando uma
crise no meio ambiente que ultrapassa as
dimensões econômicas e sociais.
PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS ENCHENTES

Enchente corresponde ao fenômeno da ocorrência de


vazões relativamente grandes de escoamento
superficial. Normalmente, causam inundação isto é, as
águas extravasam o canal natural do rio.

Processo de formação das enchentes - trata-se de


analisar o escoamento superficial ao longo da bacia.

A bacia de drenagem urbana é a similar da bacia


hidrográfica, quando se considera a presença de vias
urbanas e a modificação do relevo pelas implantações
de edifícios. Em semelhança à bacia hidrográfica, a
Bacia de Drenagem é limitada por divisores de água e
talvegues.
Relembrando alguns conceitos

Precipitação ( P ):É a quantidade de água da chuva, ou


seja, é o volume da chuva, geralmente medidos através
de pluviômetros e pluviógrafos.
Intensidade Pluviométrica ( i ): é o fluxo da chuva, ou seja,
é a vazão da água que precipita.
Deflúvio Superficial (Q ): é a vazão de água precipitada
que efetivamente atinge o enxutório da bacia de
drenagem, ou seja, é a vazão de água que efetivamente
escorre na superfície da bacia.
DEFINIÇÕES
Tempo de Concentração (tc )

É o tempo de escoamento da água pluvial no talvegue


principal, ou seja é o tempo necessário para que a água
precipitada, ao atingir o solo, no ponto mais remoto de
uma bacia, leva para chegar no enxutório.
Grandezas hidrológicas

*Método Racional

*Hidrograma Unitário Triangular

*Equações específicas de chuva para cidades


Método Racional
É dos mais conhecidos e antigos modelos para o cálculo
da vazão de pico à saída de uma bacia hidrográfica.
Aplica-se a pequenas bacias hidrográficas, ou seja, as que
atendem aos seguintes critérios:

- pode-se assumir a distribuição uniforme da precipitação,


no tempo e no espaço;

- a duração da precipitação usualmente excede o


tempo de concentração da bacia;

- há predomínio de escoamento superficial, como é o


caso em áreas urbanizadas;

- efeitos de armazenamento superficial, durante o


escoamento, são desprezíveis.
Período de Retorno
Intensidade Pluviométrica
Onde:

P = precipitação, em mm
tc = tempo de concentração , em horas

Deflúvio Superficial
Parâmetro C

a)Para Áreas urbanas


A fórmula racional só pode ser aplicada para áreas até 50 ha.

b)Quanto a superfície
c) função do tipo de solo, declividade e cobertura vegetal
Cálculo de intensidade das chuvas ( 31anos) - RJ
Exercícios de aplicação

1)Encontrar um coeficiente de escoamento adequado para uma


área de pequena inclinação, bem urbanizada, onde 22%
corresponde a ruas asfaltadas e bem conservadas, 8% de passeios
cimentados, 36% de pátios ajardinados e 34% de telhados cerâmicos.

2) De acordo com o método racional, a vazão máxima a ser


considerada no projeto de um bueiro para uma chuva de intensidade
igual a 2 mm/h, com duração igual ou superior ao tempo de
concentração da bacia de contribuição que possui área igual a 18
km2 e coeficiente de escoamento superficial igual a 0,7 será, em m3/s,
igual a?

3) Em hidrologia, a grandeza característica das precipitações que


representa o tempo médio, em geral medido em anos, em que um
determinado nível de precipitação pode ser igualado ou superado é
denominada:
a)Tempo de concentração b)Frequência de precipitação
c)Tempo de base d) Tempo de retorno
e)Tempo de retardo
4) Uma bacia de contribuição de 40 Km2 apresenta uma área de 15
Km2 com o coeficiente de escoamento superficial igual a 0,7 e a
área restante com o escoamento superficial igual a 0,5. Qual o valor
a ser adotado no cálculo de vazão pelo método racional?

5)Determinar a vazão máxima de uma bacia de 2km2 de solo pouco


argiloso, sendo 20% ocupada por área residencial pouco densa e o
restante por florestas. A bacia com comprimento de 0,7 km e um
desnível de 4,2 m. Considerar o tempo de precipitação de 5 anos.
6)Visando o dimensionamento....
*Em 60% da área da bacia , o valor de C a ser adotado é igual a
0,2 e no restante 0,5

1239 𝑇 0,15
i=
* , em mm/h Rio de Janeiro
(𝑡+20)0,74
T = 10 anos
t = 25 minutos
A=0,90 Km 2
1ª aula –MATERIAL DE ESTUDO PARA P2
Os termos a seguir, jusante e montante, são locais de
referência nos rios que dependem da localização do
observador.
Jusante é o termo para o fluxo natural do rio: a água vem do
ponto mais alto (cota mais alta) para um ponto (ou cota) mais
baixo.
Montante é a direção de um ponto mais baixo para um ponto
mais alto.
Esses termos são utilizados para a localização a partir de um
ponto de referência, que pode ser uma régua de medição em
A acumulação de água ao longo do tempo forma os reservatórios
ou represas.
Os reservatórios podem ter função única, por exemplo: o
fornecimento de água para abastecimento; ou então, podem ser
utilizados para diversas funções, conhecidas como usos
múltiplos, entre eles abastecimento humano, animal , irrigação na
agricultura, geração de energia elétrica, controle de cheias,
regularização de nível para navegação fluvial etc.
A formação dos reservatórios e os dispositivos hidráulicos
instalados na estrutura da barragem permitem controlar as
vazões, ou seja, regularizar as vazões que serão liberadas para o
curso d’água novamente. A regularização de vazões diminui a
variabilidade temporal da vazão.
A barragem é uma estrutura ou obra hidráulica que tem como
função principal acumular ou represar água, formando uma
represa ou reservatório. O projeto de uma barragem é feito
para atender a um objetivo ou a vários, tais como: captação de
água para abastecimento ou irrigação; controle de cheias;
geração de energia elétrica em aproveitamentos hidrelétricos;
regularização de níveis para navegação fluvial; atividades de
recreação; pesca; enfim, para múltiplos usos. Por esse motivo,
algumas barragens são conhecidas como “barragens de usos
múltiplos”: são obras hidráulicas projetadas para atender a
diversos usos.
Dispositivos e critérios de projetos

Em áreas urbanas, as águas pluviais escoam pelas ruas e são coletadas

e transportadas pelas sarjetas ao longo das vias, sendo, então,

drenadas pelas bocas de lobo, que as encaminham às galerias

subterrâneas que, por sua vez, têm o objetivo de transportar a água até

o local do lançamento, geralmente cursos d’água, lagos, rios e o oceano

(WURBS; JAMES, 2002).


O sistema pluvial pode ser dividido em micro e macrodrenagem.

A microdrenagem é a parte do sistema que inicia nos limites dos


lotes e das edificações, no qual recebe as instalações prediais de
coleta de águas pluviais, prossegue no escoamento das sarjetas e é
coletado pelas bocas de lobo, que direcionam essas águas para as
galerias pluviais.
A macrodrenagem é a parte do sistema que recebe água coletada
pelos sistemas da microdrenagem, cuidando dos fundos de vales e à
que interessa mais a área total da bacia, seu escoamento natural,
sua ocupação, a cobertura vegetal, os fundos de vale e os cursos
d’água urbanos (AZEVEDO NETTO, 2015).
O sistema pluvial abrange calhas das ruas, galerias, bueiros, bocas de

lobo, dispositivos de infiltração, escadarias e rampas até a chegada

das águas aos córregos, riachos e rios, com o objetivo de evitar:

erosões do terreno; do pavimento; alagamento da calha viária, e

também com a função de eliminar pontos baixos sem escoamento, a

fim de promover a chegada ordenada das águas aos cursos de água

da região (BOTELHO, 2006; HOUGHTALEN; HWANG; AKAN, 2012).


Benefícios dos sistemas de drenagem

Desenvolvimento de um sistema viário mais eficiente.

Redução de gastos com manutenção das vias públicas.

Valorização das propriedades existentes na área beneficiada.

Escoamento rápido das águas superficiais, facilitando o tráfego por

ocasião das precipitações.

Eliminação da presença de águas estagnadas e lamaçais.

Rebaixamento do lençol freático.

Recuperação de áreas alagadas ou alagáveis.


Componentes da rede hidráulica
Bocas-de-Lobo: devem captar e conduzir as vazões superficiais para as
galerias. Nos pontos mais baixos do sistema viário, deverão ser colocadas
com vistas a se evitar a criação de zonas mortas com alagamentos e
águas paradas.
A localização das bocas-de-lobo deve considerar as seguintes
recomendações:
· Em ambos os lados da rua, quando a saturação da sarjeta assim o exigir
ou quando forem ultrapassadas as suas capacidades de engolimento;
· Nos pontos baixos da quadra, a montante das esquinas;
· As canalizações de ligação entre bocas-de-lobo e destas aos poços de
vista deverão ter diâmetro de 0,40 m e declividade mínima de 15 %.
Quando não existir possibilidade dessas ligações serem feitas
diretamente, as bocas-de-lobo deverão ser ligadas em caixas de ligações
· Recomenda-se adotar um espaçamento máximo de 60 m entre as
bocas-de-lobo, caso não seja analisada a capacidade de escoamento da
sarjeta, visando evitar o escoamento superficial em longas extensões das
ruas;
· A melhor solução para a instalação de bocas-de-lobo é que esta seja
feita em pontos pouco a montante de cada faixa de cruzamento usada
pelos pedestres, junto às esquinas;
· Não é conveniente a sua localização junto ao vértice de ângulo de
interseção das sarjetas de duas ruas convergentes, pelos seguintes
motivos:
- os pedestres, para cruzarem uma rua, teriam que saltar a torrente num
trecho de máxima vazão superficial;
- as torrentes convergentes pelas diferentes sarjetas teriam, como
resultante, um escoamento de velocidade em sentido contrário ao
da afluência para o interior da boca-de-lobo.
A capacidade de engolimento da boca-de-lobo é função da
inclinação longitudinal da rua, da forma da seção transversal da
depressão junto à captação, das aberturas tanto laterais como
verticais, da existência de defletores, etc.
Poços de Visita: objetivam o acesso e inspeção às canalizações, de
modo a mantê-las em bom estado de funcionamento.
-Pontos de mudanças de direção, cruzamento de ruas (reunião de vários
coletores),mudanças de declividade, junções de galerias e mudança de
diâmetro;
-Trechos longos, de maneira que a distância entre dois poços de visita
consecutivos fique no máximo em torno de 120 m, para facilitar a
limpeza e inspeção das galerias.
Esses poços podem ser aproveitados como caixas de recepção das
águas das bocas-de-lobo, suportando no máximo quatro junções. Para
maior número de ligações ou quando duas conexões tiverem que ser
feitas numa mesma parede, deve-se adotar uma caixa de coleta não
visitável para receber estas conexões (caixa de ligação).
Tipos: As bocas coletoras (bocas-de-lobo) podem ser classificadas em
três grupos principais: bocas ou ralos de guias; ralos de sarjetas (grelhas);
ralos combinados. Cada tipo inclui variações quanto a depressões
(rebaixamento) em relação ao nível da superfície normal do perímetro e
ao seu número (simples ou múltipla)
Tipo 1 – Ralo de guia ou boca de meio-fio

Tipo 2 – Ralo de sarjetas (grelhas) Tipo 3 –Ralos combinados


A) Boca de lobo com entrada pela guia ( ou meio-fio)
Com relação à capacidade de engolimento, deve-se atentar que em
terrenos planos a água pode se aproximar pelos dois lados da sarjeta, como
se vê na figura seguinte, que apresenta uma vista frontal de uma boca de
lobo (BL) de meio-fio.

Quando a água acumula sobre a boca-de-lobo, gera uma lâmina com


altura menor do que a abertura da guia. Esse tipo de boca-de-lobo pode
ser considerado um vertedor, e a capacidade de engolimento
(esgotamento) será:

Onde:Q é a vazão de engolimento em m3/s; y é a altura de água próxima

à abertura na guia em m; L é o comprimento da soleira em m.

1,7 = coeficiente de descarga ,adimensional


b) Boca de lobo com grelha
Um padrão adotado com freqüência para as bocas de lobo
com grelha é 0,29m de altura por 0,87m de comprimento . A
grelha funciona como um vertedor de soleira livre, para
profundidade de lâmina até 12 cm. Se um dos lados for
adjacente à guia, este lado L deve ser excluído do
perímetro da mesma. A vazão é:

Onde:
Y = altura d’água na sarjeta, sobre a grelha, em m;
P = perímetro do orifício, em m.
Para profundidades de lâminas maiores que 12 cm, a vazão
será:

Onde:
A = área da grade, excluídas as áreas ocupadas pelas barras,
em m2;
Y = altura d’água na sarjeta, sobre a grelha, em m.

Exemplo: Seja dimensionar a boca de lobo, para uma vazão


de 94 l/s na sarjeta e uma lâmina de água de 0,10 m. A
depressão no local da boca de lobo é de 5 cm. A altura da
abertura na guia é a abertura padrão de 15cm.

Solução 1)Como boca de lobo de guia Equação :

L= 0,094/ 1,7. (0,10)1,5 .: L = 1,75m


Logo haverá a necessidade de uma soleira de 1,75m. Pode-se optar
por duas bocas de lobo padrão , com 1,0 cada , e guia com
h= 0,15m.
Solução 2) Como boca de lobo de grelha
Da equação : Q = 1,7 . P Y ^ 1,5

P= 0,094 / 1,7(0,10)^1,5 = 1,75m

P = 2b + a
Admitindo uma face “a” adjacente à guia, vem,
para b = 0,29 m (padrão):

1,75 = 2. 0,29 + a .: a = 1,75 – 0,58 = 1,17m

Utiliza-se duas grelhas padrão (0,29m de largura e


0,87m de comprimento)
Solução 3) Como boca de lobo combinada:
Admitindo-se boca de lobo de guia padrão:
Y = 0,10 m L = 1,0 m
E admitindo boca de lobo de grelha padrão:
a = 0,87 m b = 0,29 m

Obtém-se para B.L. guia


Q= 1,7 .L .Y ^1,5 .: Q = 1,7 . 1,0 .( 0,10) ^1,5 = 0,054=
54l/s

Resultando para B.L.grelha:

Q = 1,7 . P Y ^ 1,5.: Q= 1,7 . (0,87+0,58).(0,10)^1,5


Q= 0,078=78l/s
Como :
Q global= 54+78 = 132 l/s > 94l /s (oK)
Observação:

A capacidade teórica de esgotamento das bocas-de-lobo

combinadas é igual, aproximadamente, à somatória das vazões pela

grelha e pela abertura na guia, consideradas isoladamente.

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