Você está na página 1de 43

POSTO DE COLETA DE LEITE HUMANO: PRÁTICAS PROFISSIONAIS

Thaíse Ribeiro
Diretora Banco de Leite Anita Cabral – Centro de Referência Estadual
Sonia Galiza
Consultora da Rede Ibero Americana de Banco De Leite Humano / Fiocruz
Os Bancos de Leite Humano
do Brasil são considerados
referência internacional,
através da promoção e apoio à
amamentação e o uso de
técnicas de baixo custo.

Este modelo foi exportado


para 25 países ao redor do
mundo.
Distribuição dos BLH’s na Paraíba
 Na Paraíba, o Banco de Leite BLH ICV

Humano Anita Cabral foi João Pessoa

certificado pelo Ministério BLH BLH ISEA


da Saúde como o Centro de Guarabira
Centro Estadual
C. Grande
de Ref. Para BLH
Referência para Bancos de Anita Cabral -
João Pessoa

Leite no Estado da PB.


BLH
 Onde possuímos 06 BLH e Patos
BLH Cajazeiras

21 PCLH em todo estado.


Banco de Leite Humano: Definição
RDC nº 171 de 04 de setembro de 2006

Centro responsável pelo apoio, proteção e promoção do aleitamento materno,


incentivando o prolongamento do período de amamentação
( Assistência - 75% das atividades).

Especializado na execução de atividades de coleta, seleção, classificação,


processamento, controle de qualidade, estocagem e distribuição sob prescrição
médica e/ou nutricionista
(Produto - 25% das atividades).
RedeBLH/FIOCRUZ 4
Banco de Leite Humano

• Competem ao BLH:
• Prestar assistência à gestante, puérpera, nutriz e lactente na prática do aleitamento materno.
• Executar as operações de controle clínico da doadora.
• Registrar as etapas e os dados do processo, garantindo a rastreabilidade do produto.
• Manter registro de informação relacionados às doadoras e aos produtos, guardando sigilo e
privacidade.
• Estabelecer ações que permitam a rastreabilidade do leite humano ordenhado
• Responsável pelo processamento, distribuição e controle de qualidade do LHO
Posto de Coleta de Leite Humano - PCLH
RDC nº 171 de 04 de setembro de 2006

• Definição:
• Serviço especializado, responsável pela promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e
execução de atividades de coleta do excedente da produção lática da nutriz.
• Pode ser uma unidade fixa ou móvel, intra ou extra-hospitalar, vinculada tecnicamente a um
banco de leite humano e administrativamente a um serviço de saúde (materno-infantil) ou ao
próprio banco.
• Competem ao PCLH:
• Prestar assistência à gestante, puérpera, nutriz e lactente na prática do aleitamento materno.
• Executar as operações de controle clínico da doadora.
• Coletar, armazenar e repassar o leite humano ordenhado para o BLH ao qual o posto está vinculado,
para o processamento do LHO
• Registrar as etapas e os dados do processo, garantindo a rastreabilidade do produto.
• Manter registro de informação relacionados às doadoras e aos produtos, guardando sigilo e
privacidade.
• Estabelecer ações que permitam a rastreabilidade do leite humano ordenhado
SONIA GALIZA 6
Doadoras e Doações
Doadoras
• Doadoras são nutrizes saudáveis que apresentam
secreção lática superior às exigências de seu filho e
que se dispõem a doar o excedente por livre e
espontânea vontade
• A seleção de doadoras é de responsabilidade do
médico do BLH ou PCLH.
• Requisitos que devem ser respeitado pela doadora:
1. Estar amamentando ou ordenhando leite para o próprio filho.
2. Apresentar exames pré ou pós-natal compatíveis com a doação de
leite ordenhado.
3. Não fumar mais que 10 cigarros por dia;
4. Não usar medicamentos incompatíveis com a amamentação;
5. Não usar álcool ou drogas ilícitas;
6. Realizar exames quando o cartão de pré-natal não estiver
disponível ou quando a nutriz não tiver realizado pré-natal.
7. Preencher ficha de cadastro
8
Triagem de doadoras
• Deve ser realizada por um profissional treinado e capacitado e
mediante o preenchimento de formulário de cadastro: com
informações:
• Nome completo
• Data de nascimento
• Endereço e telefone
• Local onde realizou o pré-natal
• Doadora Domiciliar ou Exclusiva
• Peso no início e final da gestação
• Resultados de exames: hematócrito, VDRL, HIV e HBsAG (Hep. B)
• Intercorrências no pré-natal e tratamento
• Data e local do parto
• Intercorrências e tratamento durante internação na maternidade

SONIA GALIZA 9
Doadora
• Captação de doadoras
• Visita na maternidade
• Ambulatório de Incentivo ao Aleitamento
• Através de campanhas de sensibilização na mídia (TV, rádio,
jornais e revistas)
• Nos ambulatórios de pré natal e pós-natal, PSF
• Distribuição de material escrito contendo informações
referentes a amamentação

SONIA GALIZA 10
Formulário de Cadastro
de Doadora

SONIA GALIZA 11
Orientação às doadoras
1. Todas as doadoras devem ser orientadas quanto às práticas de higiene pessoal;
2. Usar exclusivamente utensílios esterilizados para a coleta do leite humano;
3. Prender os cabelos com gorro, touca de banho e proteger a boca e as narinas com
máscara;
4. Lavar as mãos e antebraços com água corrente e sabão até os cotovelos; as unhas
devem estar limpas e de preferências curtas;
5. Evitar conversas durante a ordenha;
6. No caso de novas coletas para complementação do volume já coletado
anteriormente, usar um copo de vidro fervido por 15 minutos contados a partir do
início da fervura;
7. Ao final da coleta, acrescentar o leite ordenhado ao frasco com leite congelado e
levá-lo imediatamente ao congelador, evitando o degelo;
8. Estar atento para não preencher toda a capacidade do frasco, deixando sempre 2 a
3 cm abaixo da borda;
9. Ao final da ordenha aplicar as últimas gotas retiradas na região mamilo areolares;
10. A rotulagem do frasco deve conter as seguintes informações: nome da doadora,
data do parto e data da coleta.
SONIA GALIZA 12
Acompanhamento das doadoras

• Primeira Doação: • Doações subsequentes:


1. Orientar a doadora sobre conduta de higiênica 1. O PCLH deve avaliar o surgimento
sanitária para ordenha de intercorrências à saúde da doadora
2. Orientar sobre armazenagem e validade do ou de seu filho;
LHO.
2. Se houver intercorrências, o
3. Entregar orientações por escrito
profissional do PCLH, deverá avaliar
4. Se possível, o profissional deverá acompanhara
a necessidade de encaminhamento da
primeira coleta para verificar:
• A pega e posicionamento filho da doadora, doadora a um serviço de saúde para
objetivando a manutenção da amamentação que se garanta o tratamento
exclusiva; específico ou orientar sobre os
• Se a criança não faz uso de mamadeira, chupetas e cuidados de como evitar que ocorra
bicos;
estas intercorrências.
• Se a criança não está recebendo água, chás ou
qualquer outro líquido ou alimento.
SONIA GALIZA 13
14

Apojadura
• É o preparo da mama para o início da
produção do láctea.

• Geralmente, ocorre até o quinto dias após


o parto, com uma pequena produção de
leite, porém suficiente para alimentar o RN.
AVALIAÇÃO DE PEGA E
POSICIONAMENTE
SONIA GALIZA 15
Livre demanda
• Deixar o bebê mamar o quanto quiser, sempre que quiser
• Sem intervalos regulares entre as mamadas
• Sem tempo estabelecido de duração
• Garante a produção láctea
• Ajuda estabelecer a amamentação
Anatomia da pega
Pega correta

Boca bem aberta


Lábio inferior voltado para fora
Bochechas arredondas

Sobra mais aréola acima da boca


do bebê
Bebê abocanha a aréola, não o
bico

SONIA GALIZA 17
Consequências de uma má pega
▪ Fissuras e lesões mamilares
▪ Bebê não mama o suficiente (pois não consegue extrair o leite da
maneira correta)
▪ Esvaziamento inadequado da mama intercorrências mamárias
Posicionamento Mãe/Bebê

1. Corpo do bebê voltado para a mãe: barriga


com barriga
2. Cabeça e tronco do bebê alinhados
3. Cabeça levemente mais elevada que o resto
do corpo
4. Queixo tocando ou quase tocando a mama
5. Nádegas do bebê apoiadas pela mãe

SONIA GALIZA 19
 Orientar a mãe sobre a pega e posições para
amamentar.
 Explicar a fonte dos reflexos da criança
 Na próxima mamada, começar com o peito
que o bebê sugou por último na mamada
anterior, caso a mãe sinta que este não foi
esvaziado completamente
 Explicar como interromper uma mamada,
quando necessário
Como interromper uma mamada

Deixar o bebê mamar até soltar o peito


espontaneamente. Se preciso, a mãe
pode colocar o dedo mindinho na boca
do bebê para ele soltar o peito.
Indicações de Ordenha

1. Manter a lactação;
2. Aliviar o ingurgitamento mamário (peito empedrado);
3. Aliviar a tensão na região mamilo areolar visando uma pega
adequada;
4. Alimentar bebês que não têm condição de sugar diretamente no
peito da mãe por prematuridade, doença e outras dificuldades
relacionadas a amamentação;
5. Fornecer leite para o próprio filho no caso de volta ao trabalho ou
separação temporária por outras causas;
6. Colher o leite para ser doado a um BLH.
SONIA GALIZA 23
Ordenha manual
• Massagear gentilmente a mama, com movimentos da parte
externa da mama em direção ao mamilo.
• Utilize as pontas dos dedos, fazendo movimento circulares no
sentido da aréola para o corpo.
• Colocar o polegar acima da aréola e os dois primeiros dedos
abaixo.
• Firmar os dedos para trás em direção ao corpo
• Após coleta identificar o frasco e colocar no congelador ou
freezer.

SONIA GALIZA 24
Estocagem do leite humano na casa da
doadora
• Todo o LHO deve ser mantido a baixa temperatura, para evitar
proliferação bacteriana, que poderá diminuir as qualidade
nutricionais, imunológicas e microbiológicas do LH.
• Condição temporária no qual o LHO cru é mantido antes do
processamento.
• Não pode ultrapassar período de 15 dias da coleta ao processamento.
1) Na geladeira (5ºC):
a) Leite cru até 12 horas sob refrigeração;
b) Leite pasteurizado degelado até 24 horas;
2) No congelador (-12ºC)
a)Leite cru até 15 dias
3) No freezer: (-16ºC)
a) Leite cru até 15 dias;
b) Leite pasteurizado até 6 meses.
Material para Ordenha

• Frascos de vidros, com boca larga e


tampa de plástico. Estéril.

• Não utilizar estas embalagens

SONIA GALIZA 26
Rotulagem do frasco

• Nome doadora;
• Data coleta:
• Data da primeira coleta.
• Caso o LHO não preencha o frasco, nas próximas
ordenhas pode sobrepor o leite coletado, desde que
a coleta seja realizada em outro recipiente limpo e
esterilizado.
• Data do parto.

SONIA GALIZA 27
Onde fazer a Ordenha?
• Coleta domiciliar:
• Em ambiente que não traga risco à qualidade
microbiológica do leite ordenhado.
• Orientar doadoras a não coletar em banheiros e
locais onde se encontram animais domésticos
(BRASIL, 2001).
• Coleta hospitalar:
• Sempre com supervisão do profissional do
PCLH.
• Maior risco de contaminação.

SONIA GALIZA 28
Transporte do LHO

• Caixas isotérmicas revertida em PVC com termômetro


de máxima e mínima
• Gelo reciclável: proporção 3 : 1 (leite)
• Planilha de Temperatura
Verificar e registrar, em planilhas exclusivas a temperatura:
1) Na saída do BLH/PCLH.
2) Antes de abrir a caixa, no 1º domicílio.
3) No último domicílio.
4) Na recepção do BLH/PCLH.
SONIA GALIZA 29
Planilha de Temperatura

SONIA GALIZA 30
Controle de Qualidade em BLH
• É um conjunto de técnicas e procedimentos que tem com
objetivo a preservação e conservação das características fisíco-
química, fisiológica, imunológica, nutricional e microbiológica
do LHO;
• Todo LHO só é distribuído após rigoroso controle de qualidade;
• Etapas do Controle de Qualidade:
• Análises sensorial
• Análises físico químico
• Pasteurização
• Análises microbiológica

31
... a qualidade deve estar presente
de forma sistêmica, englobando todas as atividades
dentro da organização
(Golomsky, 1993)

Controle de Qualidade

Sistema H.A.C.C.P
Intercorrências
mamárias
Pode ter origem em:
✔ Esvaziamento inadequado das mamas.
✔ Má técnica de amamentação.
✔ Mamadas infrequentes e horários pré-determinados.
✔ Uso de chupetas, mamadeiras e outros bicos artificiais
✔ Falta de orientações adequadas.
Ingurgitamento mamário

▪ Mamas cheias e rígidas


▪ Dificuldade em acertar a pega
▪ Desconforto e dor
▪ Ordenha de alívio
▪ Leite não flui
Prevenção
• Iniciar a amamentação o mais cedo possível;
• Amamentar em livre demanda e sem uso de bicos artificiais;
• Amamentar com técnica correta;
• Evitar o uso de suplementos;
• Após amamentar o bebê, fazer a auto palpação da mama, a fim
de detectar precocemente pontos dolorosos;
• Recomenda ordenha manual do leite.
Procedimentos não recomendados...
• Uso de Ocitocina - os alvéolos se encontram em estase láctea e a
contração das células mioepiteliais não remove o acúmulo de leite, pois os
ductos excretores também estão cheios.
• Uso da Bomba Tira Leite: pode ocasionar trauma na região mamilo
areolar devido à distensão e edema do local;
• Uso de Calor: a vaso-dilatação aumenta a circulação sanguínea e
conseqüente aumento da produção do leite. Pode provocar queimadura, o
ingurgitamento pode alterar a sensibilidade da pele ao calor.
Procedimentos com restrições...

Aplicação de Frio: O frio provoca uma constrição


dos ductos lactíferos, dificultando a drenagem
láctea, exacerbando o quadro de ingurgitamento
mamário.
Bloqueio de ductos lactíferos
▪ Mamadas ineficientes
▪ Quebra da livre demanda
▪ Uso de bicos artificiais
Mastite Geralmente é evolução de:
⮚ Ingurgitamento
⮚ Mamilos com fissura
⮚ Ducto lactífero bloqueado não
tratado ou estase de leite

▪ Processo inflamatório
▪ Tratamento medicamentoso
▪ Dor, vermelhidão, calor na área e febre
▪ Preservação da mama afetada
▪ Amamentação NÃO é contraindicada
Galactocele Candidíase mamária
● Formação cística nos ductos mamários ● Infecção da mama por Candida albicans
contendo fluido leitoso ● A infecção pode ser superficial ou atingir
os ductos lactíferos, e costuma ocorrer na
● Diagnóstico feito por ultrassom
presença de mamilos úmidos
● Necessita punção ● Aumentam o risco de candidíase mamária:
○ Candidíase vaginal, uso de antibióticos,
contraceptivos orais e esteróides e uso de
chupeta contaminada
● Com freqüência é a criança quem
transmite o fungo, mesmo sendo
assintomática
Abscesso mamário

• Causado por mastite não tratada ou


com tratamento tardio ou ineficaz
• O abscesso pode ser identificado à
palpação pela sensação de flutuação
• A ultra-sonografia pode confirmar a
condição, além de indicar o melhor
local para incisão ou aspiração.
● Produção: Sonia Galiza
Thaise Ribeiro

● Colaboração: Laura Fernandes – Nutricionista do BLH Anita Cabral

blh.anita@gmail.com

Você também pode gostar