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Doença Inflamatória

Pélvica

DIP
Definição
 Síndrome clínica secundária à ascensão de
microrganismos da vagina e/ou endocérvice ao
trato genital inferior, acometendo útero, tubas
 uterinas, ovários, superfície peritoneal e/ou
estruturas contiguas.
Infecção bacteriana séria, de alto custo,
transmitida sexualmente, é a 5ª causa de
hospitalização nas mulheres.
10 a 40% das mulheres com infecções
não tratadas por gonorreia e/ou clamídia
desenvolvem DIP, destas 25% se tornarão
inférteis.
Incidência de 6 a 10 vezes maior chance
de gravidez ectópica.
Epidemiologia
 Doença rara em mulheres que não menstruam,
grávidas e pós-menopausa.
 Mais frequente em pacientes tabagistas, jovens,
nulíparas e em pacientes com história de DIP
anteriormente.
 Infertilidade - 12% após 1 episódio
25% após 2 episódios
50% após 3 ou mais
Risco aumentado de dor pelvica crônica
Evolução da Doença

Cervicite

Endometrite

Salpingite/ Ooforite

Abscesso Tuboovariano

Peritonite
Gonorreia
Salpingite ístmica nodosa bilateral
Vaginose bacteriana
Agentes etiológicos
Bactérias pertencentes à DST:
Neisséria gonorrhoeae
Chlamydia trachomatis – maior predomínio
Menos frequente – micoplasma hominis e ureaplasma urealyticum.

Bactérias não pertencentes à DST- flora vaginal endógena: aeróbios e


aneróbios Gram + e Gram –
Bacterióides,Gardenerella vaginalis, Escherichia coli, Estreptococcus β
hemolítico do grupo A

Actinomices israeli – mulheres em uso de DIU


Virus – papel incerto.
Etiopatogenia
Ascensão de microrganismos pelo trato genital (período
perimenstrual e pós-menstrual – colo permeável e muco
mais abundante pela ação estrogênica)
Endometrite – plasmócitos no estroma endometrial - dor a
mobilização do colo e baixo ventre
Salpingite – lesão direta e indireta no epitélio ciliar-
reação inflamatória, edema e infiltrado inflamatório –
aderência,obstrução e piossalpinge
Processo infeccioso evolui para cavidade peritoneal com
sinais de peritonite.
Fímbrias envolvem os ovários formando o abscesso
tubo-ovariano.
Sintomatologia
Quadro Clínico
 Classifica-se desde uma infecção assintomática até quadro graves em:

I LEVE – Salpingite sem peritonite


não há liberação de material purulento para a cavidade peritoneal através do óstio
tubário.

II MODERADO – Salpingite com peritonite – o material purulento extravasa o óstio


tubárío e compromete o peritônio pélvico

III GRAVE – Abscesso tubo-ovariano – Obstrução das fímbrias tubárias com formação
de piossalpinge, proliferação máxima de germes anaeróbios disseminando para os
ovários e formação do abscesso tubo-ovariano

-
Salpingooforite necrosante
Diagnóstico
 Dor abdominal hipogástrica ou pélvica
associada a três critérios mínimos mais um
critério adicional.
É FUNDAMENTAL: (65 a 90% dos casos)
- Anamnese
- Exame Clínico
- Associação de fatores de Risco
- Exames Laboratoriais
EXAME FÍSICO
Critérios de Diagnóstico
Mínimos: Dor no abdome inferior
Dor à palpação de anexos
Dor à mobilização colo uterino

Critérios Adicionais: Temp. > 38.3°C


Secreção vaginal ou cervical mucopurulenta
Proteina C reativa ou VHS elevado
Pesquisa laboratorial (+) pelo gonococo ou
clamíida na região cervical.
Critérios de Diagnóstico
Específicos:
- Ultrassonografia pélvica ou Ressonância:
Tubas espessadas contendo líquido
Imagem sugerindo abscesso ou líquido livre
na pelve
Evidência histopatológica de endometrite
Alterações à laparoscopia
Exames Laboratoriais
 Hemograma – Leucocitose acima de 10.000 a 12.000
com aumento de bastonetes.
 Urina I e Urocultura – afasta infecção do trato urinário
 Cultura do material da cérvix uterina para gonococo,
mycoplasma homonis e ureaplasma. Pesquisa de Gram da
secreção cervical, exame direto secreção cervicovaginal e
imunofluorescência direta para clamídia.
 Sorologia para sífilis(VDRL) e imunofluorescência
indireta para clamídia
 Teste de anti-HIV
 Teste de β HCG – afasta gestação ectópica
 VHS e PCR elevados
Exames Complementares
- Ultrassonografia – tubas uterinas espessadas,
liquido livre na pelve e abscesso tubo-ovariano.
(sensibilidade de 85% e especificidade de quase
100%)

- Punção do fundo-de-saco-vaginal
(Culdocentese) – para Gram e cultura de
microrganismos aeróbios e anaeróbios.

- Biópsia Endometrial – endometrite


Endometrite
Exames Complementares
Laparoscopia:
padrão ouro para o diagnóstico.
Auxilia no diagnóstico diferencial
coleta de material para culturas
terapêutica
INDICAÇÕES: suspeita de outro diagnóstico
de abdome agudo
não melhora do quadro após 72 h.
de tratamento.
Critérios de Internação
Gestação
Baixa resposta ou intolerância à medicação via oral
- Não adesão à terapia
- Náusea ou vômitos importantes
- Sintomatologia clínica importante (febre alta, náusea
e vômitos,dor abdominal severa
- Suspeita de abscesso pélvico
- Peritonismo ou sepse
- Intolerância ou falha (febre e dor por mais de 72 horas)
- Pacientes sem condições financeiras para realizar o
- tratamento ambulatorial
Tratamento Ambulatorial
Casos de Salpingite aguda não complicada
(estádio I)
ESQUEMA RECOMENDADO:
- Ceftriaxona 250 mg IM dose única +
doxicilina 100 mg VO 12/12 hs por 14 dias,
com ou sem metronidazol 500 mg VO 12/12
horas por 14 dias.
Tratamento Hospitalar
Estádio II e III
Cefoxitina 2 g IV 6/6 h + doxicilina 100 mg
IV ou VO 12/12 h por 14 dias
ou
Clindamicina 900 mg IV 8/8 h+Gentamicina
180 mg dose única diária até 60 Kg e 240
mg/dia acima .

Esquemas mantidos por 48 horas após a melhora


clínica e da curva térmica. Após a alta é mantido doxicilina
100 mg 12/12 h por 14 dias.
Tratamento Cirúrgico
INDICAÇÕES:
- Ausência de resposta ao tratamento clínico
- (persistência ou aumento a tumefação
pelvica, insucesso na drenagem guiada por
imagem)
- Ruptura do abscesso com peritonite difusa
Acompanhamento das Pacientes
Devem ser reavaliadas após a alta a cada
3 meses no primeiro ano.
- Rastreamento para gonococo e clamídia
após 4 a 6 semanas (?)
- Sorologia para Sífilis, Hepatites B e C, HIV
(permissão da paciente)
- Parceiros com contato sexual nos últimos 60 dias
devem ser examinados e tratados.
Azitromicina 1g dose única + ciprofloxacino 500 mg
VO dose única.

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