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Mário de Carvalho

“Famílias desavindas”
História pessoal e história social
Valor simbólico
Dimensão irónica do conto
Importância dos episódios
O conto

• O conto em Mário de Carvalho surge como uma


confluência de modos de ver, de satirizar, de pensar, um
cruzamento de olhares, uma interceção dos planos do
quotidiano e do fantástico, uma fusão da memória do
passado e projeção para o futuro, que parodia, mas
perspetiva a reflexão crítica. Numa realidade
contemporânea tão acelerada e mutável, o conto acaba
por traduzir a crise das ideologias, das grandes narrativas
e da cultura.
“Famílias desavindas”

• O conto apresenta marcos históricos temporais que


constituem eventos marcantes da nossa cultura.
• A intriga estabelece um paralelo entre dois grupos sociais
que se opõem em cada um dos marcos históricos.
• Os diversos “semaforeiros” constituem uma personagem
coletiva que se caracteriza pelo amor incondicional aos
semáforos.
• O texto fixa breves episódios que marcam o confronto
entre médicos e “semaforeiros”.
• O narrador recorre frequentemente à paródia, apostando
na inversão irónica de códigos e de convenções, com
distanciamento crítico.
• O inusitado início transfigura-se na conclusão do conto: o
acidente propicia a reconciliação das duas famílias.
As personagens

• Gerarad Letelessier: Engenheiro francês fracassado no


seu país e em Lisboa; tem sucesso no Porto com uma
invenção inútil.
• Um autarca do Porto: Símbolo de todos os autarcas da
província; entusiasmado mais com as garrafas de vinho
do que com o invento, deslumbrado por um projeto
estrangeiro, entusiasta de situações experimentais que
se tornam definitivas.
• Os transeuntes e motoristas do Porto representam o
gosto da população portuguesa pelo facilitismo, pelos
“brandos costumes”, tráfico de influências.
As personagens (cont.)

• Ramon foi o primeiro “semaforeiro” que nem sabia


pedalar, galego, “familiar do proprietário de um bom
restaurante”, “esforçado e cheio de boa vontade”.
Pertence à geração da I Guerra Mundial ↔ Dr. João
Pedro Bekett, “pai de filhos e médico singular” com
elevado “espírito de missão”
• Ximenez, filho de Ramon, segundo “semaforeiro”,
pertence à geração da II Guerra Mundial ↔ Dr. João é
um médico “muito modesto” que raramente acerta no
diagnóstico e que herdou o ódio do pai pelo
“semaforeiros”.
As personagens (cont.)

• Asdrúbal, filho de Ximenez, terceiro “semaforeiro”,


pertence à geração de 1974 ↔ Dr. Paulo, médico, filho
de Dr. João, adormecia os doentes com explicações,
influenciava os doentes e quase chegou a vias de facto
com o “semaforeiro”.
• Paco, bisneto de Ramon, pertence à geração do início do
século XXI, sofre um acidente ↔ Dr. Paulo assume o
posto de Paco para se redimir.
Dimensão paródica: a atualidade da ironia

• O provincianismo português.
• As invenções inúteis.
• A atribuição duvidosa de cargos públicos.
• O deslumbramento nacional pelo estrangeiro.
• As relações ibéricas.
• As relações humanas.
• Os estereótipos sociais.
Mário de Carvalho
“Famílias desavindas”
História pessoal e história social
Valor simbólico
Dimensão irónica do conto
Importância dos episódios

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