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SemináriodeAnaliseMusicalII

Universidade do Estado de Santa Catarina


Ceart – Dep. De Música
Nome: Luca Maestri
Prof. Dr. Sergio Paulo Ribeiro de Freitas
Analise do solo de Wes Montgomery
(1923-1968), na música Four on Six
Breve Histórico de Indianapolis, Cidade
natal de Wes
• Indianapolis foi fundada em 1821, com o objetivo de servir como
capital do estado de Indiana nos EUA.
• Em 1930 é fundada a “Indianapolis Symphony Orchestra”, uma das
dezessete orquestras profissionais dos EUA, atuante ainda hoje.
• A cidade passou por um crescimento populacional acelerado no Séc.
XX.
Charlie Christian: A influencia

“Nasceu em Dallas, Texas, 1919; morreu


em Nova York, 1942. Começou a se dedicar
à guitarra em 1937 e, dois anos depois, era
contratado por Benny Goodman como
membro de sua orquestra e solista de seu
sexteto. Participante ativo das jam sessions
do Minton’s em Nova York, onde o Bop
tomava forma no ínicio da década de 40,
morreu tuberculoso aos 22 anos,
reconhecido como o pioneiro do bop, e
considerado o primeiro grande solista de
guitarra no jazz.”
Montgomery falou em entrevista que
tirou os solos de Christian nota por
nota; ”Ele era para mim, e eu não olhei
para mais ninguém por mais ou menos
um ano...”( De Stefano 34). Ele
admitiu em um entrevista a Melody
Maker em 1960 que não teria se
tornado músico se não tivesse sido
inspirado por Charlie Christian.

Alguns artigos dizem que Wes passou


a atuar profissionalmente como
guitarrista de jazz seis meses após ter
comprado o primeiro disco de Charlie.
Comentários sobre a trajetória de Wes

John Leslie Montgomery nasceu em 6 de


março de 1923, filho de uma família de músicos.
“Wes” como todos o chamavam, começou a
tocar guitarra aos doze anos de idade em uma
guitarra tenor que seu irmão Monk (vibrafonista
e pianista) deu a ele.

Para sustentar sua família Montgomery


trabalhou por muito tempo durante o dia como
soldador e a noite tocava em diferentes clubes de
jazz.

Wes tinha uma mineira única de tocar guitarra,


golpeando-a com o polegar, segundo o próprio
Montgomery, duas razões lhe fizeram tocar
assim; Ele costumava praticar até altas horas da
noite(quando lhe sobrava tempo), a fim de não
acordar sua esposa e seus seis filhos tocava
assim para soar mais baixo, e também por que
acreditava que conseguia um timbre “mais
quente”.
Wes revolucionou a maneira de tocar guitarra quando
introduziu as melodias em oitava e a improvisação com
blocos de acordes, (estilo que os pianistas já praticavam).

As primeiras gravações de ele fez foram com Lionel


Hampton como sideman (músico “freelancer”), bem como
com seus irmãos Monk e Budy em uma banda chamada
The Mastersounds. Wes seguia sua vida trabalhando e
tocando em clubes de jazz em Indiana, até que um dia
Cannonbal Adderley o ouviu e chamou Orrin Keepnews,
produtor da Riverside Records, para ouvir Montgomery
tocando. Após isso Wes gravou seu primeiro álbum como
líder, “The Wes Montgomery Trio”, em 5 de outubro de
1959, e depois gravou “Incredible jazz Guitar” em 1960.

Depois disso Wes passou a trabalhar unicamente como


músico e foi reconhecido no mundo do jazz graça a seus
álbuns. Alguns pianistas que tocaram com Wes diziam que
ele não sabia ler partitura mas que tinha um ouvido ótimo,
podia tirar qualquer musica em pouco tempo, apenas
ouvindo uma ou duas vezes. Em 15 de junho de 1968, aos
45 anos, sofre um ataque cardíaco, deixando um legado na
história da guitarra, inspirando guitarristas no mundo
todo, dentre eles; Pat Matheny, George Benson, Jim Hall,
Joe Pass e outros.
Discografia;
• Gravações como líder;  22 discos.

• 1959 The Wes Montgomery Trio (Riverside)


• 1960 Movin' Along (Riverside)
• 1960 The Incredible Jazz Guitar of Wes Montgomery (Riverside)
• 1961 So Much Guitar (Riverside)
• 1962 Full House (Riverside)
• 1962 Bags Meets Wes! with Milt Jackson (Riverside)
• 1963 Boss Guitar (Riverside)
• 1963 Fusion! Wes Montgomery with Strings (Riverside)
• 1963 Portrait of Wes
• 1964 Guitar on the Go (Riverside)
• 1964 Movin' Wes (Verve)
• 1965 Bumpin' (Verve)
• 1965 Smokin' at the Half Note with Wynton Kelly (Verve)
• 1966 Goin' Out of My Head (Verve)
• 1966 California Dreaming (Verve)
• 1966 Tequila (Verve)
• 1966 Jimmy & Wes: The Dynamic Duo with Jimmy Smith (Verve)
• 1967 A Day in the Life A&M
• 1968 Road Song (A&M)
• 1968 Down Here on the Ground (A&M)
• 1969 Further Adventures of Jimmy and Wes with Jimmy Smith (Verve)
• 1969 Willow Weep for Me (Verve)
• 
• Póstumo, 8 discos.

• 1982 The Alternative Wes Montgomery (Milestone)


• 1990 Far Wes (Capitol)
• 1996 Fingerpickin' (Capitol)
• 2012 Echoes of Indiana Avenue (Resonance)
• 2015 In the Beginning (Resonance)
• 2016 One Night in Indy (Resonance)
• 2017 Smokin' in Seattle (Resonance)
• 2017 In Paris: The Definitive ORTF Recording (Resonance)
• 
• Com Buddy Montgomery  e Monk Montgomery, seus irmãos, 7 discos.

• 1958 The Montgomery Brothers and Five Others (Pacific Jazz)


• 1958 Kismet, by The Mastersounds
• 1960 Montgomeryland (Pacific Jazz)
• 1960 The Montgomery Brothers (Fantasy)
• 1961 George Shearing and the Montgomery Brothers (Jazzland)
• 1961 The Montgomery Brothers in Canada (Fantasy)
• 1961 Groove Yard (Riverside)
Smokin’ At The Half Note

Gravado ao vivo em junho de 1965


no Half Note clube em Nova York  e
22 de setembro de 1965 no Van
Gelder Studios em Englewood. Cliffs,
Nova Jersey.

  O álbum combina o guitarrista


Montgomery com a seção rítmica
de Miles Davis , de 1959 a 1963,
de Wynton Kelly, Paul Chambers
e Jimmy Cobb . As versões do álbum
de "Unit 7" e "Four on Six" ajudaram
a estabelecer essas músicas como
padrões de jazz.
Comentários sobre aspectos melódicos da
improvisação de Wes em Four on Six

• Montgomery desenvolve sua improvisação sobre 7 chorus (sete voltas na quadratura), logo no
primeiro chorus no compasso 8 Wes lança de mão de um recuso melódico que não é utilizado em
nenhum outro momento de seu improviso, utiliza sobre o acorde de Eb7 as notas F sustenido e E
natural, que em relação ao acorde de Eb representam respectivamente as tensões 9 aumentada e 9
bemol, notas características de duas escalas, a escala alterada, e a escala Dominante Diminuta
(dom dim), aqui apresenta-se um problema analítico, pois o trecho não apresenta uma
demonstração melódica suficiente para julgar qual pensamento por de traz da frase.
• Recurso de tensão em acorde estático; Utilização de Arpejos de
tríades da escala de Tons Inteiros, compassos 11 e 12, triade Dó aum
e Ré Aum, este recurso melódico também é utilizado apenas no
primeiro chorus
• Utilização de Padrões rítmico/melódicos; Nos compassos 6, 7 e 8
Wes utiliza de um padrão melódico para caminhar pelos acordes de
Cm7 e F7, Bbm7 e Eb7, Am7 e D7.
• Utilização de Padrões rítmico/melódicos; Nos compassos 22, 23, 24
e 25, já no segundo Chorus, Wes lança mão da mesma estratégia
melódica para caminhar pelos dois cinco, porém desta vez utiliza
outro Padrão.
• Utilização de Padrões rítmico/melódicos; Nos compassos 30, 31 e 32
Wes também utiliza de padrões, desta vez combinando tercinas de
colcheia com semínimas.
• Utilização de Padrões rítmico/melódicos; Nos compassos 43, 44 e 45
Wes utiliza de outro padrão, combinando colcheia ligada a tercina de
colcheia e semínima, desta vez sobre o acorde de Gm7, logo no final
do voltas podem funcionar como elementos que dão coerência e
“personalidade” aos primeiros ao primeiros chorus, já que no
decorrer de seus improviso Wes não utilizara mais estes recursos.
• Utilização da nota Mi natural sobre o acorde de Gm (Tom da Música),
caracteriza o modo Dórico; Todas as vezes que Wes toca a nota Mi sobre o
acorde de Gm ele o faz bequadro. As figuras da direita para esquerda de
cima para baixo são respectivamente, compasso 17, compasso 28, compasso
35, compasso 44, compasso 45, compassos, 67, 68 e 69, compasso 81 e
compasso 100.
• Constante uso de tercinas. O único chorus Wes não utiliza tercina no
seu solo é no quarto, justamente quando ele lança mão de outro
recurso ainda não utilizado, a improvisação rítmica com apenas uma
nota.

Chorus 1: Utiliza duas vezes a tercina


Chorus 2: Utiliza cinco vezes a tercina
Chorus 3: Utiliza oito vezes a tercina
Chorus 4: Recurso de variação drástica
Chorus 5: Utiliza uma vez a tercina
Chorus 6: Utiliza duas vezes a tercina
Chorus 7: Utiliza três vezes a tercina

Obs: Wes utiliza o quarto chorus como um momento de divisão entre os


três primeiros chorus e os três últimos.
• Recurso de Variação Drástica; Improvisação rítmica de uma única
nota, (compassos 50, 51, 52, 53, 54, 55 e 56).
• Uso intenso de cromatismos; Wes logo antes de iniciar o ultimo
chorus (compassos 96, 97 e 98) passa a lançar mão de um uso mais
intenso de cromatismo sobre as notas das tétrades, combinando com
as melodias e oitava consegue gerar no final do solo um efeito que
não foi experimentado em todo seu percurso.

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