Direito Internacional Dos Direitos Humanos

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Direito internacional

dos direitos humanos


O indivíduo como
sujeito de DIP
O indivíduo como sujeito de DIP
• O indivíduo é sujeito de Direito Internacional Público (não mais mero objeto
de tutela)
• Dimensões:
 Atribuição de direitos subjetivos a indivíduos pelo DIP (aspecto positivo)
 Atribuição de deveres e responsabilidades individuais pelo DIP (aspecto negativo)

• Todavia, ainda não se pode considerar que o indivíduo possua plenas


capacidades e competências internacionais (como Estados e OI’s)
• Direitos individuais conferidos pelo DIP
 Âmbito diplomático e consular (poder-dever do Estado no âmbito da soberania) →
direito à proteção consular como direito subjetivo (individual e fundamental)
reconhecido pelo TIJ
 Âmbito internacional geral e regional dos Direitos Humanos
Instrumentos normativos fundamentais
• Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
 Arts. 1 a 21.º - direitos civis e políticos
 Arts. 22.º a 28.º - direitos económicos, sociais e
culturais
• Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
(1966)
• PactoInternacional dos Direitos Económicos, Sociais
e Culturais (1966)
Sistemas regionais de
protecção de direitos
humanos
Sistemas Regionais de Protecção de
Direitos Humanos
• Sistemas complementares ao sistema universal para ampliar e fortalecer a
protecção dos direitos humanos
• 3 sistemas regionais: Sistema Europeu dos Direitos do Homem; Sistema
Interamericano de Direitos Humanos; Sistema Africano dos Direitos Humanos
e dos Povos
• Convergências: consagram diplomas operativos no âmbito regional e
estabelecem sistemas quase-jurisdicionais/jurisdicionais de fiscalização,
controlo e apreciação de queixas
Sistema Europeu dos
Direitos do Homem
Sistema Europeu dos Direitos do
Homem
• No âmbito do Conselho da Europa
• Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH): âmbito de direitos
individuais e políticos (especialmente)
 Direito à vida, proibição da tortura e tratamentos ou penas desumanos e degradantes,
proibição da escravatura e trabalho forçado, direito à liberdade e segurança,
julgamento justo, legalidade penal, intimidade, liberdades de pensamento, consciência
e religião, etc.
 Direitos de “primeira geração”

• Carta Social Europeia de 1961


Tribunal Europeu dos Direitos do
Homem
 Composição: tantos juízes quanto o número das altas partes contratantes,
eleitos pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (arts. 20.º e 22.º)
 Não há limite a juízes da mesma nacionalidade, mas impõe-se a representação
equilibrada em função do género
 Competência preponderantemente contenciosa de aplicação e interpretação da
Convenção e dos seus protocolos (art. 32.º) + pareceres a pedido do Comité de
Ministros (advisory opinions) (art. 47.º)
Sistema de queixas
• Sistema de queixas: Indivíduos x Estados ou
Estados x Estados
• Legitimidade passiva: sempre do Estado
 Toda demanda dirigida contra um particular é
inadmissível

 Legitimidade activa: indivíduo (art. 34.º)


Requisitos de admissibilidade
• Princípio da subsidiariedade (exaustão dos meios de direito interno)
– art. 35.º/1
• Prazo de 4 meses (novo Protocolo)
• Princípio do pedido (qualificação das partes, causa de pedir,
pedido)
• Não pode ser abusivo e deve estar minimamente fundado
(exposição do direito violado e evidências mínimas) – art. 35.º/3
• Critério material de admissibilidade do pedido: lesão significativa
resultante da violação a um direito face à existência, ou não, de um
remédio de direito interno
Sentenças
• Natureza declaratória e definitiva, com força vinculativa e executiva
• Ampla discricionariedade do TEDH quanto ao conteúdo da
reparação
• Embora os mecanismos de execução sejam, ainda, maioritariamente,
de soft law, há um grande cumprimento voluntário das decisões do
Tribunal pelos Estados
• Nota: as posições adoptadas pelo TEDH têm sido consideradas e
aplicadas pelos tribunais nacionais no âmbito das suas competências
internas e entendidas como verdadeiro jus commune no domínio dos
direitos humanos
Sistema interamericano
de direitos humanos
• OEA – Organização dos Estados Americanos
• Declaração Americana de Direitos e Deveres do Homem (1948)
• Convenção Americana sobre os Direitos do Homem (Pacto de São José da
Costa Rica) (1969/1978)
• 1988: Primeiro Protocolo Adicional do Pacto de São José (Protocolo de São
Salvador) - Direitos humanos em matéria de direitos económicos, sociais e
culturais
• Outras convenções especiais: para prevenir a tortura, abolição da pena de
morte, desaparecimento forçado de pessoas, etc.
Pacto de São José da Costa Rica (1969)
• Vinculatividade inequívoca: “Os Estados Partes nesta Convenção
comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos” (art.
1.º); “Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1.º ainda
não estiver garantido por disposições legislativas ou de outra natureza, os
Estados Partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas
constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas
ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e
liberdades” (art. 2.º)
• Direitos civis e políticos (vida, liberdade, exercício de credo, igualdade, acesso
à justiça e garantias judiciais, proibição da escravidão e servidão, proteção da
honra e dignidade, etc.)
• Somente os Estados que ratificaram a Convenção (25 Estados, incluindo o
Brasil)
Comissão Interamericana de Direitos
Humanos
• A Comissão é o primeiro órgão a tomar conhecimento de uma denúncia
individual
• Legitimidade activa: apresentação de petições por qualquer pessoa, grupo de
pessoas ou organização não-governamental (ONG)
• Pressupostos de admissibilidade:
 Exaustão de meios judiciais internos
 Prazo de seis meses

• Proposta de solução amigável


• Não havendo solução amigável → elaboração de um relatório ou interposição
de acção junto da Corte Interamericana de Direitos Humanos
Corte Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH)
• Composição: 7 juízes de diferentes nacionalidades, eleitos, em votação secreta
e pelo voto da maioria absoluta dos Estados-partes na Convenção, na
Assembleia Geral da OEA
• A Comissão comparecerá em todos os casos perante a Corte
• Competências: contenciosa e consultiva, incluindo medidas provisórias
• Legitimidade activa e passiva: Estados e Comissão
• Vítimas e seus familiares NÃO podem apresentar queixas, mas,
autonomamente, uma vez já instaurado o processo, podem apresentar petições,
argumentos e provas
Sistema Africano de
Protecção dos Direitos
Humanos e dos Povos
• União Africana (UA)
• 1981/1986 (em vigor) - Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos
(Carta de Banjul)
 “Direitos civis e políticos são indissociáveis dos direitos económicos, sociais e
culturais, tanto na sua concepção como na sua universalidade, e que a satisfação dos
direitos económicos, sociais e culturais garante o gozo dos direitos civis e políticos”
 A relação entre os direitos individuais e colectivos

• Outros diplomas (1969 - Convenção que regula Aspectos Específicos dos


Problemas dos Refugiados em África; 1990 - Carta Africana de Direitos e
Bem-estar das Crianças; 2003 - Protocolo sobre o Direito das Mulheres em
África, …).
Mecanismo de controlo
• Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos (1987)
- Missões e competências: art. 45.º: educação – simpósios, conferências,
campanhas; informação – recolha de documentação, investigações;
supervisão e promoção – relatórios bienais, recomendações; interpretação
da Carta – competência conjunta com o Tribunal
- Art. 58.º: conjunto de violações graves ou massivas dos direitos do homem e
dos povos, a Comissão chama a atenção da Conferência dos Chefes de Estado
e de Governo [Conselho Executivo da UA], que pode solicitar à Comissão que
proceda a um estudo aprofundado e que a informe através de um relatório
pormenorizado, contendo as suas conclusões e recomendações
- Função “quase-judicial”: recebe e resolve comunicações 1) dos Estados; 2) de
outras partes (indivíduos, ONG’s, OI’s, grupos)
Tribunal africano (só em funcionamento
desde 2006)
• Composição: 11 juízes de diferentes nacionalidades e géneros, apontados pelos Estados e eleitos
pela Assembleia de Estados
 Competências: contenciosa e consultiva no âmbito material da Carta Africana e quaisquer outros
diplomas de direitos humanos ratificados pelos Estados
• Consultas: competência concorrente com a Comissão → a Corte não poderá analisar demandas
consultivas que versem sobre conteúdo idêntico e/ou conexo àqueles que já estejam a ser tratados
pela Comissão
• Pode ser acionado directamente e decidir transferir casos à Comissão
 Legitimidade ativa: 1) Comissão; 2) Estado reclamante perante a Comissão; 3) Estado reclamado
perante a Comissão; 4) Estado cujo(s) cidadão(s) tenha(m) sido vítima(s) de violações; 5) OI’s
africanas reconhecidas pela UA
• Natureza condenatória vinculante das decisões, com possibilidade de aclaramento e revisão por
factos supervenientes
• Conselho Executivo da UA notificado do julgamento, que monitora a execução
Caso prático
O Secretário de Estado das Comunidades portuguesas aprovou um acordo com o
Reino Unido em que se garantia a permanência dos cidadãos portugueses neste
país depois de consumada a saída da União Europeia. Em contrapartida, os
portugueses residentes no Reino Unido com filhos menores deveriam renunciar
ao direito de acesso aos tribunais ingleses e à proteção jurídica internacional.
• Análise sob a óptica das possibilidades de acesso à proteção jurídica
internacional, com base na CEDH, instrumento que o Reino Unido ratificou.

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