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Tema 1 – Lógica e Teoria dos Conjuntos

 1. Proposições e valores lógicos

. Um termo ou designação é uma expressão que nomeia ou designa um ente.

. Uma proposição é toda a expressão p susceptível de ser verdadeira ou falsa.

. O universo dos valores lógicos é {V, F} correspondente a verdade ou falsidade.

. Duas proposições p e q dizem-se equivalentes quando e apenas quando p e q


têm o mesmo valor lógico e escreve-se: p q

Uma proposição não pode ser simultaneamente verdadeira e falsa,


Princípio da não contradição

Uma proposição é verdadeira ou a sua negação é verdadeira,


Princípio do terceiro excluído
Equivalência
Consideremos, por exemplo, a
proposição:
Tabela de verdade
A Maria vai à praia se e só se acordar
cedo.
Esta proposição é a composta das
proposições:
A Maria vai à praia.
A Maria acorda cedo.

 A equivalênciap q entre duas proposições p e q é uma nova


proposição que é verdadeira apenas no caso de p e q terem ambas
o mesmo valor lógico.
Negação

Consideremos, por exemplo, a


Tabela de verdade
proposição:
A Maria gosta de bolos.
e a proposição:
A Maria não gosta de bolos.

A segunda proposição nega o que afirma


a primeira.

A negação de uma proposição é uma outra proposição que é


verdadeira se a primeira proposição for falsa e é falsa se a primeira
for verdadeira.
Conjunção
Consideremos, por exemplo, a
proposição:
Tabela de verdade
A Maria gosta de bolos e o Manuel
gosta de sandes.
que resulta da ligação das proposições:
A Maria gosta de bolos.
O Manuel gosta de sandes.
pela palavra e.

A conjunção p Ʌ q de duas proposições p e q é uma proposição


que é verdadeira se, e só se, p e q forem ambas verdadeiras.
Disjunção
Consideremos, por exemplo, a
proposição:
Tabela de verdade
A Maria gosta de bolos ou a Maria
gosta de sandes.
que resulta da ligação das proposições:
A Maria gosta de bolos.
A Maria gosta de sandes.
pela palavra ou.

A disjunção p V q de duas proposições p e q é uma proposição que


é falsa se, e só se, p e q forem ambas falsas.
Implicação
Consideremos, por exemplo, a
proposição:
Tabela de verdade
Se a Maria acordar cedo, então vai à
praia.
Esta proposição é a composta das
proposições:
A Maria acorda cedo.
A Maria vai à praia.

 A implicaçãop q entre duas proposições p e q é uma nova


proposição que é falsa se, e só se, o antecedente p é verdadeiro e
o consequente q é falso.
2. Operações lógicas sobre proposições (Quadro Resumo)

. Uma tautologia é uma proposição que é verdadeira, independentemente dos valores lógicos
das proposições elementares que a constituem.

. Uma contradição é uma proposição que é falsa, independentemente dos valores lógicos das
proposições elementares que a constituem.
Tabelas de verdade
Para demonstrar propriedades das operações com proposições ,
podem usar-se diferentes técnicas tais como: tabelas de verdade,
argumentos que envolvam apenas as definições das operações, ou
ainda, recorrendo a propriedades já verificadas.

Como construir tabelas de verdade?


As tabelas deverão ter tantas linhas quantas as necessárias
para contemplar todas as possibilidades de sequência de
valores lógicos para as proposições operandas
( portanto 2n linhas, sendo n o número de proposições
operandas).
Exemplo
( Número de proposições operandas: 2 → 22 linhas)

Nas duas primeiras colunas, colocamos as combinações possíveis


para os valores lógicos das proposições operandas p e q .
Para preencher a coluna relativa a cada operação, utilizamos o
conhecimento da tabela de verdade dessa operação e os valores
lógicos de p e q constantes em cada linha.
Neste exemplo, a identidade dos valores lógicos apresentados nas
3ª e 4ª colunas demonstra que a disjunção é comutativa.
Exemplo
( Número de proposições operandas : 3 → 23 linhas)

A identidade dos valores lógicos apresentados nas 6ª e 7ª


colunas demonstra a equivalência:
 Propriedades da conjunção e disjunção:

Dadas as proposições p, q e r:

. propriedade comutativa:

. propriedade associativa :

. propriedade distributiva da conjunção em relação à disjunção:

. propriedade distributiva da disjunção em relação à conjunção:

. elemento neutro da conjunção:

. elemento neutro da disjunção:

. elemento absorvente da conjunção:


 . elemento absorvente da disjunção:

. idempotência da conjunção:

. idempotência da disjunção:

. Primeiras Leis de De Morgan:


 Propriedades da implicação.

Dadas as proposições p, q e r:

. Relação da implicação com a disjunção:

. Negação da implicação:

. Princípio da dupla implicação:

. Implicação contrarrecíproca (Lei da conversão):

. Implicação é transitiva:

Observação:

Em qualquer sequência de operações lógicas, a menos que se utilizem parênteses,


devem respeitar-se as seguintes prioridades: primeiro negação, seguindo-se as
conjunções e as disjunções pela ordem que aparecem e, por fim, implicações e
equivalências pela ordem que aparecem.
 Nota:

Dada a implicação , diz-se que:

. é a implicação recíproca

. é a implicação contrária

. é a implicação contrarrecíproca
  Condições e conjuntos
3.

. Uma expressão designatória é uma expressão p(x) envolvendo uma variável x tal que,
substituindo x por um objeto a, se obtém uma designação p(a).

. Uma expressão proposicional ou condição é uma expressão p(x) envolvendo uma


variável x, tal que, substituindo x por um objeto a, se obtém uma proposição p(a).

. Domínio é o conjunto de valores que uma variável de uma expressão designatória ou de


uma condição toma.

. Quantificador universal: (lê-se “para todo/todos”)

A proposição é verdadeira quando e apenas quando se obtém uma proposição verdadeira


para todos os valores de x.

. Quantificador existencial: (lê-se “existe pelo menos um”)

Dada uma condição p(x), a proposição é verdadeira quando e apenas quando se obtém
uma proposição verdadeira para pelo menos um valor de x.
 Classificação de condições

A condição p(x) é universal se e só se a proposição é verdadeira.

A condição p(x) é possível se e só se é verdadeira.

Se uma condição não é possível, então diz-se impossível.

Propriedades

Sejam c(x) uma condição qualquer, u(x) uma condição universal e i(x) uma
condição impossível:
 Segundas Leis de De Morgan

Para uma condição c(x):

 
Classificação de condições num conjunto U

. Dada uma condição p(x) e um conjunto U, .


Se a proposição for verdadeira, p(x) designa-se por condição universal em U.

. Dada uma condição p(x) e um conjunto U,


Se a proposição for verdadeira, p(x) designa-se por condição possível em U e, caso
contrário, por condição impossível em U.
 Negação de uma condição

A negação de uma condição universal é uma condição impossível.

A negação de uma condição impossível é uma condição universal.

Dada uma condição p(x) e um conjunto U:

Negação de uma implicação:

Dadas as condições p(x) e q(x):

 Conceito de condição suficiente e condição necessária

Estar a chover Haver nuvens


(condição suficiente) (condição necessária)
Conjuntos e condições

. Igualdade de conjuntos: Dados dois conjuntos A e B diz-se A = B se e somente se


∀𝑥 , 𝑥 ∈ 𝐴 ⟺ 𝑥 ∈ 𝐵.

. Dada uma condição p(x) e um conjunto U, ሼ𝑥 ∈ 𝑈 ∶ 𝑝(𝑥)ሽ⟺ ሼ𝑥: 𝑥 ∈ 𝑈 ∧ 𝑝(𝑥)ሽ


designa-se por conjunto-solução de p(x) em U.

. Reunião (ou união) de conjuntos: Dados os conjuntos A e B, o conjunto-reunião


(ou união) de A e B representa-se por 𝐴 ∪ 𝐵 = ሼ𝑥 ∶ 𝑥 ∈ 𝐴 ∨ 𝑥 ∈ 𝐵ሽ.

. Interseção de conjuntos: Dados os conjuntos A e B, o conjunto-interseção de A e B


representa-se por 𝐴 ∩ 𝐵 = ሼ𝑥 ∶ 𝑥 ∈ 𝐴 ∧ 𝑥 ∈ 𝐵ሽ.

Condição a(x) b(x) a(x) ∨ b(x) a(x) ∧ b(x)


Conjunto-solução A B A∪B A∩B
. Inclusão de conjuntos: Dados os conjuntos A e B, diz-se que A está contido em B
quando ∀ 𝑥 ∈ 𝐴 ⇒ 𝑥 ∈ 𝐵 e representa-se por 𝐴 ⊂ 𝐵. Neste caso, A é um subconjunto
de B ou uma parte de B.

. Diferença entre conjuntos: Dados os conjuntos A e B designa-se por diferença


entre A e B o conjunto ሼ𝑥 ∶ 𝑥 ∈ 𝐴 ∧ 𝑥 ∉ 𝐵ሽe representa-se por A\B.

Se B ⊂ 𝐴, então A\B = 𝐵തonde 𝐵തse designa por complementar de B em A

Condição a(x) b(x) ∼a(x) a(x) ∧∼ b(x)


Conjunto-solução A B 𝐴ҧ A ∩ 𝐵ത=A\B
Princípio da dupla inclusão: Dados os conjuntos A e B, diz-se que A = B se e somente
se 𝐴 ⊂ 𝐵 e 𝐵 ⊂ 𝐴.

Condição a(x) b(x) a(x) ⇒ b(x) b(x) ⇒ a(x) a(x) ⟺ b(x)

Conjunto-solução A B A⊂B B⊂A A=B

Demonstração de equivalências por dupla inclusão

Dadas as condições p(x) e q(x),

∀ 𝑥, 𝑝ሺ
𝑥ሻ⇔ 𝑞 ሺ
𝑥 ሻé 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎 ∀𝑥, (𝑝 ሺ
𝑥ሻ⇒ 𝑞ሺ
𝑥ሻ ∧ 𝑞 ሺ
𝑥 ሻ ⟹ 𝑝ሺ
𝑥 ሻ)

Exemplo:

Queremos mostrar que: ∀ 𝑥 ∈ 𝐼𝑅, 𝑥 2 > 4 ⟺ 𝑥 > 2 ∨ 𝑥 < −2, que é equivalente
mostrar que (𝑥 2 > 4 ⟹ 𝑥 > 2 ∨ 𝑥 < −2) e (𝑥 > 2 ∨ 𝑥 < −2 ⟹ 𝑥 2 > 4)

1.ª parte:

𝑥2 − 4 > 0 ⟹ ሺ
𝑥 − 2ሻሺ𝑥 + 2ሻ > 0 ⟹ ሺ𝑥 − 2 > 0 ∧ 𝑥 + 2 > 0ሻ∨ (𝑥 − 2 < 0 ∧ 𝑥 + 2 < 0)

⟹ ሺ𝑥 > 2 ∧ 𝑥 > −2 ሻ∨ ሺ
𝑥 < 2 ∧ 𝑥 < −2ሻ ⟹ 𝑥 > 2 ∨ 𝑥 < −2

2.ª parte:

𝑥 > 2 ∨ 𝑥 < −2 ⟹ ȁ𝑥 ȁ > 2 ⟹ 𝑥 2 > 4

Da dupla implicação resulta a equivalência.


Negação de uma implicação universal

Dadas as condições p(x) e q(x) a negação da proposição ∀ 𝑥 , 𝑝ሺ𝑥 ሻ ⇒ 𝑞(𝑥) é


equivalente à proposição ∃ 𝑥 ∶ 𝑝ሺ𝑥 ሻ∧ ∼ 𝑞(𝑥), isto é, a proposição ∀ 𝑥 , 𝑝ሺ𝑥 ሻ ⇒ 𝑞(𝑥) é
falsa se, e somente se, existir a tal que p(a) é verdadeira e q(a) é falsa.

Exemplo:

A proposição “Qualquer número primo é impar” é falsa pois a sua negação é


equivalente “Existe um número primo que não é ímpar”, que é verdadeira.

De facto, existe um número que é primo e não é ímpar, o número 2.


Demonstração por contrarrecíproco

Dadas as condições p(x) e q(x), a proposição ∀ 𝑥 , 𝑝ሺ𝑥ሻ ⇒ 𝑞(𝑥) é equivalente a


∀ 𝑥 , ∼ 𝑞ሺ𝑥 ሻ ⇒∼ 𝑝(𝑥).

Exemplo:

Queremos mostrar que a proposição ∀ 𝑥 ∈ 𝐼𝑅, 𝑥 2 < 1 ⟹ 𝑥 < 1

Vamos utilizar o contrarrecíproco, isto é, ∀ 𝑥 ∈ 𝐼𝑅, ~ሺ𝑥 < 1ሻ ⟹ ~(𝑥 2 < 1)

Ou seja, ∀ 𝑥 ∈ 𝐼𝑅, 𝑥 ≥ 1 ⟹ 𝑥 2 ≥ 1

Seja 𝑥 ≥ 1,

Se 𝑥 = 1 então 𝑥 2 = 1

Se 𝑥 > 1 então 𝑥 2 > 1, pois x > 1 e x > 0 ⟹ 𝑥 × 𝑥 > 1 × 𝑥, ou seja, 𝑥 2 > 𝑥

Como x > 1, por transitividade, vem 𝑥 2 > 1

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