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ESCOLAS

CRIMINOLÓGICAS
DISCIPLINA DE CRIMINOLOGIA – AULA 2
PENSAMENTO CRIMINOLÓGICO EM SUAS
ORIGENS (ETAPA PRÉVIA AO POSITIVISMO)
• PENSAMENTO UTÓPICO (THOMAS MORE): PROVAVELMENTE O PRIMEIRO A
RESSALTAR A CONEXÃO DO CRIME COM OS FATORES SOCIOECONOMICOS, COM A
ESTRUTURA DA SOCIEDADE
• ILUMINISTAS: RACIONALISTA (MONTESQUIEU); JUSNATURALISTA (PUFFENDORF);
UTILITARISTA (BENTHAM)
• INSURGIRAM-SE CONTRA LEIS VAGAS E ATROZES POR MEIO DE UM PROCESSO PENAL
ARBITRÁRIO, SECRETO, INQUISITORIAL, BASEADO NA CONFISSÃO E NA TORTURA
• RACIONALISMO UTILITARISTA
CARDOSO, Helena Schiessl. Criminologia brasileira: um mosaico a luz do
Ensino jurídico, São Paulo: Tirant lo blanch, 2020, p. 17 e ss.

SURGIMENTO DA ESCOLA CLÁSSICA

Século xix: criminologia constitui-se como “ciência”


Fruto da escola positiva italiana

Séculos Xviii-XIX (advento da escola clássica e escola positiva)


Postulados metodológicos e ideológicos próprios

O “embate” impulsionou o surgimento da escola técnico-jurídica


ORIGEM DA ESCOLA CLÁSSICA
• Passagem do estado absolutista ( feudal ) para o estado de direito capitalista e liberal
• Estado fundamentado no contrato social ( sacrifício da liberdade individual )
• Forte influência do iluminismo, crítica do direito e da justiça penal
• 1764 ( dos delitos e das penas – beccaria) – 1º período
• 1859 ( programa do curso de direito criminal – carrara ) – 2º período
• Pontos em comum: unidade metodológica ( racionalismo dedutivo ) e ideológica ( justificação do
poder punitivo estatal – racionalização e humanismo)
• Marcas: discurso da legalidade e função preventiva da pena (utilidade), inexistência de
anormalidade do criminoso, direito penal como contramotivação
• O foco era o “ente jurídico” e não o “autor do crime”
ESCOLA POSITIVISTA OU POSITIVA
• Escola clássica foi muito criticada por não diminuir a criminalidade violenta/patrimonial
(pauperização e exclusão social da sociedade industrial)
• Buscou-se respostas em conceitos da psiquiatria ou biológicos (desorganização social)
• A partir da década de 70 do século xix das críticas ao classicismo surge a escola positiva
• Acusação a escola clássica de negligenciar os direitos da sociedade e excessiva preocupação com
a garantia do indivíduo e com os direitos humanos
• POSITIVISMO SE DISPUNHA A RESGATAR A DEFESA DA SOCIEDADE

• POSITIVISMO CRITICAVA A INEXISTÊNCIA DE EMPIRIA

• POSITIVISMO DESLOCOU A ORIENTAÇÃO FILOSÓFICA PARA UMA CIENTÍFICA EMPIRICO-POSITIVISTA,


RESGATE DO “HOMEM DELINQUENTE” (O FOCO). BUSCA DAS CAUSAS DA CRIMINALIDADE VISANDO A
“LUTA” CIENTÍFICA CONTRA O FENÔMENO

• SURGE A OBRA O HOMEM DELINQUENTE 1876 (LOMBROSO)


L’UOMO DELINQUENTE
• Tentativa de explicação para a causa (determinismo biológico)
• Pesquisas antropométricas: medição do tamanho do corpo; peso, tamanho do crânio, altura,
espessura da sobrancelha, queixo...
• Lombroso: pré-disposição biológica ao crime (livre arbítrio inexiste)
• Estupradores: “lábios grossos, cabelos abundantes e negros, olhos brilhantes, voz rouca, alento
vivaz, frequentemente semi-impotentes e semi-alienados, de genitália atrofiada ou hipertrofiada,
crânio anômalo (...)”
• Ladrões: “apaixonados por cores berrantes (...), correntes e até por brincos (...)”
• Assassinos: “ar calmo, pouco voltados ao vinho, mas muito ao amor carnal (...), “audazes entre
eles, arrogantes, soberbos dos próprios delitos (...)”
OUTRAS CONSEQUÊNCIAS DO PENSAMENTO
CRIMINOLÓGICO POSITIVISTA
• Semente: base da ideia de “direito penal do autor” (presente nos dias atuais)
• Ideia estigmatizante permanece até os dias atuais e ainda é base para algumas discussões
• Observações necessárias: atuação da policia, seletividade da população carcerária,
estigmas...
• Negação da responsabilidade moral como fundamento da pena
• Legitimação da punição com base na responsabilidade “social” ou “legal”
• Pena como “remédio” necessário para defesa da sociedade (eficácia preventiva: cura e
reeducação)
POSITIVISMO DE ENRICO FERRI (1856-1929)
• Principal obra: sociologia criminal (visão sociológica)
• Destaque: elementos sociais (lombroso: aspecto antropológico)
• Crime é principalmente um “fenômeno social”
• Prevenção do delito advém de ação científica dos poderes públicos
• Como? Descobrindo a origem do problema e impedindo que se alastre (diagnose social)
• Solução do problema deixa de lado a atuação do direito penal
• Destaca a existência de 5 tipos de delinquentes: a) nato (classificação de lombroso); b) louco
(enfermidade mental e atrofia moral); c) habitual (ambiente) d) ocasional (fatores externos); e)
passional (paixões)
• Defendeu a pena de morte
• Defendia o tratamento pelas medidas de segurança (presentes no cp brasileiro arts. 96 a 99)
POSITIVISMO MODERADO DE RAFFAELLE GAROFALO

• Mais importante era a ideia de crime. Portanto, distanciou-se de seus


antecessores
• Não abandona o viés positivista de estudo (método empírico)
• Buscou CONCEBER UM CONCEITO DE crime natural (EXISTEM EM
TODOS OS TEMPOS E LOCAIS)
• Propos uma criminalidade calcada em valores universais (sem tipologia taxativa)
• Rechaça Lombroso embora defensa a existência de anomalia psíquica ou moral,
algo que gera um decréscimo na esfera moral (probidade e piedade)
• Classificação de garófalo: ASSASSINO; VIOLENTO; LADRÃO E LASCIVO.
TERZA SCUOLA (ECLÉTICA OU INTERMEDIÁRIA)

• MANUEL CARNEVALE, BERNARDINO ALIMENA E JOÃO IMPALLOMENI


• DISTINÇÃO ENTRE IMPUTÁVEIS E INIMPUTÁVEIS; RESPONSABILIDADE MORAL
DETERMINISTA; CRIME É FENÔMENO INDIVIDUAL E SOCIAL; PENA POSSUI CARÁTER
AFLITIVO (DEFESA SOCIAL)
• Buscou conciliar os elementos da escola clássica e da positiva
• NÃO FOI UMA ESCOLA PURAMENTE CRIMINOLÓGICA (PINCELADAS PENAIS –
DOGMATISMO)
• DEFENDEU O LIVRE ARBITRÍO, MAS ACRESCEU O ELEMENTO SOCIAL E OUTROS FATORES
EXTERNOS
• NÃO ELEGEU UM MARCO TEÓRICO PRECISO, PECA POR TENTAR CONCILIAR O
INCONCILIÁVEL
• CONCEITO DE PUNIÇÃO MERAMENTE DEVOLUTIVO (HEGEL)
ESCOLA INTERACIONISTA OU
LABELLING APPROACH
• CONSIDERADA A MAIS “RICA” EM TEORIAS
• ESTUDO DO ASPECTO SOCIAL E DO DELINQUENTE
• LABELLING APPROACH: IMPORTANTE TEORIA DO CONFLITO (1960 – GOFFMAN E
BECKER)
CRIMINALIDADE COMO CONSEQUÊNCIA DE UM PROCESSO DE ESTIGMATIZAÇÃO
ESTIGMA E RÓTULO
a criminalidade não é uma qualidade da conduta humana, mas a consequência de um processo de
estigmatização.
determinismo como um fenômeno social que cria o criminoso tendo em vista o local em que ele
vive e relaciona-se com outras pessoas.
TEORIA DA COCULPABILIDADE
TRADICIONAL
• Remete
  a ideia de concorrência de culpas entre delinquente e estado
• maior vulnerabilidade por parte de pessoas que povoam os “grotões de pobreza”
• Concessão de benefícios aos chamados “vulneráveis sociais”
• Art. 66 do cp Brasil: atenuante inominada
• Coculpabiliade aqui é colocada em referência a medida da pena e não elemento do crime
T+A+C
EXEMPLO: Lei n. 11.343/2006, em seu art. 33, § 4º ( TRAFICANTE DE 1 VIAGEM )
BAIXA VULNERABILIDADE TAMBÉM AFETA A PENA, OPOSTO DA
COCULPABILIDADE
COCULPABILIDADE AS AVESSAS: BENESSES PARA CRIMES ESPECÍFICOS.

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