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Introdução ao antigo testamento

Livros Poéticos e Sapienciais


Aula 4

Você reparou no
meu servo Jó?

Jó 1:8

Soberania de Deus
Sofrimento do homem
Introdução

Poucas histórias na Literatura da experiência humana têm tamanho


poder de alargar a mente, cobrar a consciência e expandir a visão como
Jó. Essa narrativa tem o poder de modificar as crenças básicas, a
concepção de Soberania e liberdade, e a ideia de sofrimento, arrogância,
integridade humana. É ao mesmo tempo profundamente comovente e
inacreditavelmente complexo.

Fica a pergunta: “Por que eu?”

É um dos livros do AT mais difíceis de traduzir, portanto, também de


interpretar.
O livro de Jó nos leva a considerar uma das principais perguntas
filosóficas da existência humana: o problema do sofrimento. Buscamos
explicação para o sofrimento e Jó nos oferece uma perspectiva bíblica,
observe os temas abordados no livro:

• O sofrimento dos santos.


• A influência de Satanás na vida humana.
• Não é verdade que apenas ímpios (maus) sofrem.
• A sabedoria de Deus é a chave para reconhecer sua justiça.
• A justiça de Deus não pode ser reduzida a uma simples fórmula, como
a do princípio da retribuição.
• Sabedoria, Justiça e Soberania de Deus.
• Necessidade de um Mediador (advogado).
O Livro de Jó tem sido chamado de “poema dramático de uma história
épica”. (épico – gênero narrativo feito em forma de poesia, geralmente
com muitos diálogos, um herói e seus feitos, ex: Eneida, Os Lusíadas
Illiada e a Odisséia, Epopéia de Gilgámesh).

Exatamente o formato literário de Jó, que consiste de um prólogo em


prosa, um diálogo poético e um epílogo também em prosa, comum
entre os documentos do Antigo Oriente.
Herói: Jó era um homem justo vivendo num universo diabólico.

Mas não há outra obra sobre o problema do sofrimento humano à luz


da transcendência e bondade de Deus que se aproxime da profundeza
teológica, da sofisticação literária e da aplicação prática do Livro de Jó.
A maneira como o livro explora os temas relacionados com o propósito
de Deus no sofrimento humano desdobra-se como segue:

Prólogo – Parte Central – Epílogo

1. No prólogo

Vemos a relação entre Deus e Jó a partir da perspectiva divina - Se Jó


permanecer fiel, Deus, através de Jó, mostrará que Satanás é um
mentiroso . Jó 1:8 e 2:3
2. A parte central dos discursos, apresenta a perspectiva humana.

Os conselheiros de Jó consideravam a profundeza do sofrimento de Jó


uma evidência clara do seu grande pecado. Embora eles dissessem todas
as coisas corretas sobre Deus, nunca diziam nada para Deus.
Jó luta com Deus e lhe fala de todas as dúvidas e temores. Em seus
melhores momentos, Jó crê que Deus é justo e que proverá um
Redentor.

3. No Epílogo, quando Deus aparece do meio de um redemoinho.


Jó não é repreendido como alguém que sofre por causa dos seus
pecados, mas como alguém cujo discurso mal orientado tinha
obscurecido o propósito de Deus.
Jó reconhece que Deus é e continua seu amigo.
Citações de Jó em outros livros da Bíblia:

Mesmo que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e
Jó, eles, pela sua justiça, salvariam apenas a sua própria vida, diz o
Senhor Deus.
tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, mesmo que Noé, Daniel e Jó
estivessem no meio dela, não salvariam nem o seu filho nem a sua filha;
pela sua justiça salvariam apenas a sua própria vida.
Ezequiel 14:14-20

Eis que consideramos felizes os que foram perseverantes. Vocês ouviram


a respeito da paciência de Jó e sabem como o Senhor fez com que tudo
acabasse bem; porque o Senhor é cheio de misericórdia e compaixão.
Tiago 5:11
O Livro de Jó confunde os leitores de hoje.
Decerto, alguns creem que o prólogo resolve o problema :o sofrimento é
um teste da humanidade num julgamento cósmico diante de Deus e de
Satanás.
Na realidade, é consideravelmente pouco o que Jó fala do problema do
sofrimento. Entretanto, ainda que o sofrimento o núcleo do livro, a
questão não é somente porque os justos sofrem, mas também porque a
pessoa deve servir a Deus.
 
Jó não sofreu porque era um dos piores dentre os homens, mas porque
era um dos melhores, e que a sua provação veio a glorificar o SEU DEUS.
 

“Deus não muda se eu perder”


Jó e seus amigos - Ilya Repin. 1869
Data e Autoria
O livro de Jó é provavelmente o mais velho dos livros da Bíblia e foi
certamente escrito antes da Lei. Teria sido impossível, uma discussão
incluindo todo o assunto do pecado, do governo providencial de Deus e
das relações dos homens com Ele, ele evita qualquer referencia à lei se a
lei fora conhecida.

A data não é especificada. Os procedimentos, os costumes e o estilo de


vida geral do Livro de Jó são do Período Patriarcal, cerca de 2100 – 1800
a.C.. Este texto é o registro de uma tradição oral muito antiga e também
não existe relato da Lei ou da Aliança. Provavelmente, Jó era um
patriarca gentio muito semelhante a Abraão.
Segundo Antônio Neves de Mesquita:

• Alguns escritores datam o período da Monarquia e atribuem a autoria


a Salomão pela semelhança com o livro de Provérbios;
• Outros o datam no período do cativeiro, pois nesse período que o
problema do sofrimento começar a ser considerado, e pelo fato do
uso do termo adversário (Satanás), ser apenas encontrado em Jó, 2
Crônicas e Zacarias;
• Mardoqueu também já foi citado como possível escritor, talvez fosse
possível depois que Ester se tornou Rainha;
• Porém, o conteúdo da obra e o panorama histórico não confirmam
uma data tão avançada;
• Podemos prever que o escritor poderia ter escrito o livro numa época
posterior aos acontecimentos, recebendo os relatos através de
geração a geração;
• Mas devemos considerar, o contexto histórico e literário que não
comprovam esses períodos, mas um tempo realmente remoto.

• Matthew Henry acredita que Eliú tenha sido o escritor, pelo menos
das discursos, e Moisés escrito os dois primeiros capítulos e o último;
• Contexto histórico da data:
• Não há referência a templos, a sacerdócio, nem ideias sacerdotais
como citadas nos textos que se referem a Melquisedeque ou Jetro
por exemplo;
• Não havia um regime de sacríficos regulares, apesar de citar que
Jó sacrificava. Mas não era dentro de um sacerdócio regular, e sim
numa noção de sacrifícios mais antiga do que a Lei e aos
patriarcas;
• Não faz referencias a reis e nem a costumes culturais;
• O livro é neutro, pode-se dizer que o autor ignorava totalmente a
história de sua nação.
• Alguns atribuem a autoria a Moisés, durante o tempo que viveu nas
terras de Edom;
• Se considerarmos isso, a data da escritura seria entre 1480 – 1440
a.C.;
• A opinião de estudiosos bíblicos conservadores é que o livro foi
escrito como um todo literário geral, e alguns são propensos a citar a
antiga tradição judaica atribuindo a Moisés a escrita ou reescrita do
livro de Jó;
• Outros estudiosos deixam o período em aberto, em razão da falta de
evidências.
• Algumas evidências para não atribuir a Salomão e nem ao período do
Exílio ou pós- Exílio:

• Salomão: não seria possível que ele escrevesse o livro sem citar o
trono, o tempo e toda ambientação tão presente em sua época;
• Neemias ou Esdras: eram homens políticos, e não conseguiriam
tempo e nem condições de escrever uma poética tão arranjada,
com tantos discursos e quadros como o livro de Jó;
• Ainda que o contexto do livro seja sem dúvida antigo, a data da
composição é incerta e desconhecida
“Seria difícil a qualquer escritor, a não ser por deliberação antecipada,
escrever uma obra como o livro de Jó, totalmente a margem da vida atual,
no caso de ter sido escrito durante a monarquia ou mesmo depois”
Mesquita, Estudo do livro de Jó

“A opinião predominante da crítica é que o livro de Jó é resultado de um


longo processo. A maioria dos estudiosos acredita que os diálogos (Jó 3-31)
foram a base do livro. Em algum momento posterior um antigo conto
popular em prosa foi dividido e usado como estrutura. Alguns desses
estudiosos também afirmam que as falas de Eliú e Javé e o poema à
sabedoria forma até mesmo adições posteriores. Na verdade, existe muito
pouco acordo com o que é original e o que foi acrescentado ao livro e
quando.” Dillard, Introdução ao Antigo Testamento
Contexto Histórico
A própria Escritura atesta que Jó foi uma pessoa real. Ele é citado em
Ezequiel 14:14 e Tiago 5:11 como já vimos.

• Jó era gentio, ou seja, o que não é israelita.


• Acredita-se que era descendente de Naor, irmão de Abrãao;
• Jó conhecia Deus pelo nome de “Shaddai” - o Todo Poderoso,
Onipotente. Há 30 referências a Shaddai no Livro de Jó.
• Jó era um patriarca gentio, a quem Deus Se revelara, e que por isso era
um adorador de Jeová.
• Jó é declarado, perante as hostes do céu, o “Servo de Deus sobre a terra”.
• O livro que leva seu nome é um dos mais antigos da Bíblia, e há forte
motivo para acreditar que ele viveu entre os tempos de Abraão e Moisés.
E o Senhor disse a Satanás:

— Você reparou no meu servo Jó?


Não há ninguém como ele na terra. Ele é um homem
íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal.
Ele ainda conserva a sua integridade, embora você
me incitasse contra ele, para destruí-lo sem motivo.

Jó 2:3
• Jó, que significa o perseguido talvez o penitente, ou ainda homem de
tristezas
• Morava em Uz, ao norte da Arábia Deserta e ao sul de Edom. Região meio
deserta, e que estende para leste até a Babilônia, perto de Damasco;
• Terra de criadores, agricultores, como eram os edomitas e amonitas dos
tempos bíblicos.
Segundo Matthey Herny:
“ Ele era provavelmente da posteridade de Naor, irmão de Abraão, cujo o
primogênito foi Uz (Gn 22.21), em cuja família a religião foi preservada por
algumas gerações, como em Gênesis 31.53, onde Deus é chamado não
apenas do “Deus de Abraão”, mas também o “Deus de Naor”. Ele viveu ante
que a idade do homem fosse encurtada para 80 anos, como foi no tempo de
Moisés...”
Passadas essas coisas, foram dizer a Abraão que Milca também
tinha dado à luz filhos a Naor, irmão de Abraão:
Uz, o primogênito, Buz, seu irmão, Quemuel, pai de Arã,
Quésede, Hazo, Pildas, Jidlafe e Betuel.

Gênesis 22:20-22

Então Eliú, filho de Baraquel, o buzita, tomou a palavra e disse: “Eu


sou de menos idade, e vocês são idosos. Por isso, tive receio e fiquei
com medo de dar a minha opinião.

Jó 32:6
Gonzalo Carrasco
Job en el estercolero, 1881
Estrutura do texto
O esquema abaixo fornece uma estrutura geral do texto no livro de Jó.

• Jó 1 – 2 – Prólogo em prosa apresentando personagens e enredo


• Jó 3 – 31 – Diálogos de Jó com seus três amigos
Jó 3 – O lamento de Jó
Jó 4 – 27 – Os três ciclos de diálogos
Jó 28 – O poema sobre a sabedoria Divina
Jó 29 – 31 – O último discurso de Jó
• Jó 32 – 37 – O monólogo de Eliú
• Jó 38 – 42.6 – Javé fala no meio do redemoinho
• Jó 42.7-17 – Epílogo em prosa que encerra a ação.
Prólogo – Jó 1-2

O prólogo abre a narrativa apresentando os personagens principais e o


cenário. Inicia o enredo levantando o problema que precisa de uma
solução: Jó está sofrendo apesar da sua inocência.
O prólogo também leva o leitor aos bastidores da própria câmera do
conselho de Deus. Ficamos sabendo o que os personagens não sabem.
Somos informados que Jó está sofrendo devido a um teste de fidelidade
a Deus

“Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se diante do


Senhor, veio também Satanás entre eles.”
Jó 1:6 e 2:1
O lamento de Jó - Jó 3

Antes dos amigos de Jó falarem, Jó começa um monólogo em forma de


lamento. Ele aqui deplora o seu destino, desejando até mesmo saber por
que nasceu. Jó clama pela morte:
Por que nasci?
Por que não morri ao nascer?
Por que não posso morrer agora?

“Por que não morri ao nascer? Por que não expirei ao sair do ventre de
minha mãe?”
Jó 3: 11
Os três ciclos do diálogo – Jó 4 – 27

A natureza altamente literária dos diálogos é revelada pela estrutura.


Assim como nós não falamos uns com os outros na forma de poemas,
também naquele tempo as pessoas não falavam assim.

Os discursos estão colocados de forma poética, o vocabulário é o mais


variado e profundo, e com muitos termos de difícil interpretação.
Segundo Mesquita:

“Um exame do texto original nos convence de estarmos frente


a uma peça literária de grande profundidade; e, quem quer que
tenha sido o seu autor, bem o podemos comparar com os
maiores poetas da antiguidade. Nem Cícero, Platão ou
Aristóteles podem rivalizar...Tanto pelo teor doutrinário,
filosófico ou teológico, como literário, estamos a frente de um
estudo de grande profundidade e de não pequenas
dificuldades.”
Ciclos de discursos em Jó 4-31

Primeiro Ciclo Segundo Ciclo Terceiro Ciclo

Elifaz 4-5 Elifaz 15 Elifaz 22


Jó 6-7 Jó 16-17 Jó 23-24
Bildade 8 Bildade 18 Bildade 25
Jó 9-10 Jó 19 Jó 26 -27.12
Zofar 11 Zofar 20 Zofar 27.13-23
Jó 12-14 Jó 21 Jó 29-31
O poema sobre a sabedoria Divina – Jó 28

Nesse capitulo, no meio de sua resposta a Zofar, Jó tem um momento de


discernimento. Em um dos poemas mais comoventes do Antigo
Testamento, ele se aproxima do que é correto e atribui toda sabedoria a
Deus.

Muitos estudiosos acham esse discurso confuso quando é interrompido


pelo poema. Mas na verdade Jó chega a conclusão óbvia em meio a todo
eu sofrimento. Somente Deus é Justo e só ele tem a sabedoria.
Mas de onde vem a sabedoria? E em que lugar estará o entendimento?
Está encoberta aos olhos de todos os seres vivos, e oculta às aves do céu.
O abismo e a morte dizem: ‘Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.’”
“Deus lhe entende o caminho, e ele é quem sabe o seu lugar.
Porque o seu olhar alcança as extremidades da terra; ele vê tudo o que há
debaixo dos céus.
Quando Deus regulou o peso do vento e fixou a medida das águas;
quando determinou leis para a chuva e caminho para o relâmpago dos
trovões,
então ele viu a sabedoria e a manifestou; estabeleceu-a e também a
examinou.
E disse ao ser humano: ‘Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e
afastar-se do mal é o entendimento.’”
Jó 28:20-28
O monólogo de Eliú - Jó 32 - 37

Enquanto os três amigos representam a sabedoria dos ancião da época,


Eliú, ao contrário, é um jovem impetuoso que acredita possuir todas as
respostas. Ele se apresenta como um homem sábio diferente, ele diz ter
algo novo a dizer, mas volta a mesma teologia da retribuição, Jó sofreu
porque pecou.

Eliú ataca com dois argumentos de Jó, que estão errados: Que Deus é
injusto e que Deus não fala com Jó. Ele chama Jó de orgulhoso.
No total, Eliú faz quatro discursos para mostrar sua argumentação.

Notoriamente, quando Deus adverte os amigos de Jó, não cita Eliú.


O discurso de Javé e a resposta de Jó – Jó 38-42.6

Jó finalmente tem um encontro com Deus, que se apresenta no meio de


uma tempestade, simbolizando um ação de julgamento.

Jó esperava esse encontra para obter respostas ao seu sofrimento, mas


sabemos que ele nunca recebeu uma resposta objetiva.

Deus responde mostrando a questão da verdadeira sabedoria, e concede


uma resposta definitiva: ele é o único sábio!

Através de várias perguntas a Jó, Deus demonstra o pleno conhecimento


e controle sobre todas as coisas.
Você pode fazer aparecer as constelações a seu tempo ou guiar a Ursa
Maior com os seus filhos?
Você conhece as leis que governam os céus, e pode estabelecer a sua
influência sobre a terra?”
“Você é capaz de levantar a sua voz até as nuvens, para que a
abundância das águas cubra você?
Você pode dar ordens aos relâmpagos, para que saiam e lhe digam: ‘Às
suas ordens!’?
Quem pôs sabedoria no coração ou deu entendimento à mente?
Quem pode numerar com sabedoria as nuvens? Ou os cântaros dos céus,
quem os pode despejar,

Jó 38:32-37
Epílogo

A história é conduzida para um final feliz.


Jó é reconciliado com Deus e sua fortuna é recuperada, ele teve grande
consolação em seus filhos, sua família é recuperada. Deus o abençoa com
uma vida longa. Jó encontrou graça aos olhos de Deus.
Este é um exemplo impressionante da extensão da providência divina: até
o número das cabeças de gado foi restituída.

O Senhor restaurou a sorte de Jó, quando este orou pelos seus amigos, e o
Senhor lhe deu o dobro de tudo o que tinha tido antes. Jó 42.10

Jó ora por seus amigos e fica mais próspero, isso demonstra que Jó estava
certo, e não foi castigado, mas recebeu graça e misericórdia divina.
Contexto literário
Não se encontra outros escritos antigos parecidos com o livro de Jó,
principalmente por ser uma literatura de sabedoria, que não é muito
comum e também por abordar o tema do sofrimento dentro relacionado
a devoção a Deus.
No oriente existem textos semelhantes como os babilônicos “Eu louvarei
o Deus da sabedoria”, chamado de Jó Babilônico e “a teodiceia
babilônica”.
Segundo F. I. Andersen:
“... é considerado superior aos seus concorrentes por tratar do tema da
miséria humana e seus problemas sob vários ângulos. A poesia no seu
impacto dramático e integridade intelectual, faz do livro único.”
Gênero
Que tipo de livro é Jó?

• Debate da sabedoria
• Uma teodiceia ( Problema do mal x Bondade de Deus)
• Épico (um herói lutando contra o mal)
• Histórico
• Poético – lamentações
“ A obra de Jó é a maior de todas as obras dramáticas do Antigo
testamento. Com razão, chamou-se o maior livro do mundo, uma
descrição rica que bem merece.” Clyde Francisco

“ Se comparássemos Jó com os grandes livros dos poetas gregos, como a


Eneida e tantos outros, parece que o nosso levaria vantagem. É um livro
universal em sua doutrina moral. Não há nada na literatura humana que
lhe seja comparável.” Antônio Neves de Mesquita

“A poesia eleva o livro de um evento histórico especifico para uma


história com aplicação universal. Jó não é simplesmente uma crônica
histórica: ele é a sabedoria empregada a todos os que o leem.” Raymond
Dillard
Mensagem teológica
A pergunta “ quem é o sábio?” revela que a sabedoria está no cerne do
livro. Mesmo que a questão do sofrimento conduza a história, a
sabedoria é primordial para o desdobramento.

Os personagens reivindicam a sabedoria para si, mas é somente Deus


que a possui. Não há discussão: nenhum ser humano possui um direito
legítimo. ( Não há nenhum justo!)

A resolução do problema está no arrependimento e submissão, como Jó


afirma:
Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.
Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.”

Jó 42.5,6
• Sobre a questão do sofrimento, a bíblia trata em alguns momentos a
teologia da retribuição, conforme apresentado pelos amigos: Se você
pecar, você irá sofrer.

• Vemos essa verdade em partes de Deuteronômio, Provérbios e nos


profetas.
• Porém os amigos fazem uma alteração nessa relação:

Se você sofre, então você pecou

• Ao inverter a causa e o efeito, eles dizem que todo sofrimento é


explicado pelo pecado. Sofrer se torna um sinal de pecado.
• O Livro de corrige esse pensamento!
• Ele mostra um homem que está sofrendo por uma razão que não é o
pecado; isso fica evidente desde o inicio do livro.

• Jó sofre pelo mesmo motivo do homem que nasceu cego, em João 9;


Mestre, quem pecou para que este homem nascesse cego?
Ele ou os pais dele?
Jesus respondeu: — Nem ele pecou, nem os pais dele; mas isso
aconteceu para que nele se manifestem as obras de Deus. João 9: 2,3

• Deus é glorificado através do sofrimento de seus servos fiéis.


• Jesus Cristo é o verdadeiro sofredor inocente, o único completamente
sem pecado, ele suportou o sofrimento de todos os “Jós” do mundo
William Blake,
Satã torturando Jó

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