Você está na página 1de 32

Diagnóstico da Toxoplasmose

na Gravidez

Geisa B. Barros
Departamento de Pediatria
Universidade Federal do Espírito Santo
Doutoranda Infectologia e Medicina Tropical UFMG
Toxoplasmose
História

Charles Nicolle & Louis Tunis, Tunísia, 1908


Herbert Manceaux Ctenodactylus gundi
Toxoplasma Gondii
História

Alfonso Splendore São Paulo, Brasil- 1908


História da Toxoplasmose
Diagnóstico
1948- Diagnóstico:
Teste do Corante
(Sabin & Feldman)
1957- Hemaglutinação
1963- IFI
1970- Aglutinação direta
1980- ISAGA
1981-2008 Automatização
Transmissão da Toxoplasmose
H. Definitivo H. Intermediários
Aves e
Felídeos
mamíferos
Toxoplasmose
Infecção primária

Crianças e adultos
Durante a gravidez

10% sintomático 90% assintomático


(Quadro autolimitado, sintomas
inespecíficos: linfadenopatia, fadiga,
febre, cefaléia, dor de garganta, mialgia)

Placenta
Infecção Latente
(assintomática)

Reativação
Risco de Transmissão
Imunocompetente: coriorretinite e
Doença Congênita
Imunodeficiente: encefalite no HIV+
Toxoplasmose
• Condições diagnósticas especiais
– Paciente Imunodeficiente (HIV+)
– Linfadenopatia
– Doença ocular Triagem
– Gestantes Suspeita clínica
– Doença congênita No feto
No recém-nascido
Transmissão Congênita
• Possível em casos de
infecção aguda materna
ocorrida durante gravidez

•Risco de transmissão varia:


-Virulência da cepa
- carga parasitária
- imunidade
- trimestre da gestação
1 trim - 10-25%
2 trim - 30-54%
3 trim - 60-85%
Avaliação sorodiagnóstica
da toxoplasmose na gravidez

Idade
gestacional Anticorpo &
técnica utilizada
Diagnóstico na Gravidez
• Sorologia: detecção de anticorpos
• A avaliação visa responder:
a primoinfecção ocorreu antes ou durante
a gravidez?
– Se antes, risco nulo de transmissão fetal
– Se durante, iniciar tratamento materno e
avaliar o feto/RN
Porque é difícil
responder esta pergunta?
• Estudos sorológicos sobre infecção X tempo : N
limitado, dúvida sobre início da infecção e falta de
disponibilidade para técnicas atuais
• Alta soroprevalência no Brasil: ± 70%
• Doença assintomática em 85-90% casos e
sintomas quando presentes são inespecíficos
• Baixa qualidade da assistência pré-natal
• Ausência de controle de qualidade laboratorial
• Inexistência de laboratórios de referência
O que é importante saber para
responder esta pergunta?
• Inicial a avaliação pré-natal no 1o trimestre
• Triagem com IgG e IgM
• Conhecer a cinética destes anticorpos e
as técnicas utilizadas
• Repetir resultados sugestivos/duvidosos
(consultar laboratório)
• Combinar testes para estimar o tempo
decorrido de infecção
Anticorpos IgG
• Aparecem 2 semanas após infecção

• Aumentam e atingem pico em 2-3 meses

• Padrão de queda lento e variável no primeiro ano,


que depende da técnica utilizada
Estudo longitudinal de anticorpos IgG (Elisa) de 31
pacientes com toxoplasmose aguda (12 meses)

T E M PO *T R A T A M E N ; L S M e a n s
C u r r e n t e f f e c t: F ( 7 , 1 4 7 ) = .2 7 6 8 3 , p = .9 6 2 1 5
E f f e c t iv e h y p o t h e s is d e c o m p o s it io n
V e r t ic a l b a r s d e n o t e 0 . 9 5 c o n f id e n c e in t e r v a ls
8 .5
8 .0
7 .5
7 .0
6 .5
6 .0
DV_1

5 .5
5 .0
4 .5
4 .0
3 .5
3 .0
2 .5 TRA TA M EN
IG G IH 1 M IG G IH 3 M IG G IH 6 M IG G IH 1 0 M S im
IG G IH 2 M IG G IH 4 M IG G IH 8 M IG G IH 1 2 M TRA TA M EN
Não
TEM PO
Anticorpos IgM
• Aparecem 1-2 semanas após infecção
• Aumentam e atingem pico em 1-2 meses
• Padrão de queda mais acentuada nos
primeiros meses, permanecendo positivo
em títulos baixos em boa parte dos casos,
dependendo da técnica utilizada
• Kits comerciais: grande quantidade de
resultados Falso Positivos
Estudo longitudinal de anticorpos IgM (Elisa) de 31
pacientes com toxoplasmose aguda (12 meses) IgM
T E M PO *T R A T A M EN ; L S M e a n s
C u r r e n t e f f e c t: F ( 7 , 1 6 8 ) = .1 5 4 9 9 , p = .9 9 3 1 0
E f f e c t iv e h y p o t h e s is d e c o m p o s it io n
V e r t ic a l b a r s d e n o t e 0 . 9 5 c o n f id e n c e in t e r v a ls
10

5
DV_1

0 TRA TA M EN
-1 S im
TRA TA M EN
1m
V 50_A 2m
V 51_A 3m
V 52_A 4m
V 53_A 6m
V 54_A 8m
V 55_A 10m V 512m
V 56_A 7_A
Não
TEM PO
- Teste IgM Platelia x Padrão Ouro (IgM Elisa de Palo Alto - CA)
- 575 soros obtidos em surto? de toxoplasmose no Canadá
- Sensibilidade de 99,4%, Especificidade 49,2%, VPP 51,9% e VPN 99,3%.
- Conclusão: grande discrepância de resultados encontrada pode ser
explicada por diferenças no preparo do antígeno, no método e na seleção
do soro utilizado para estabelecer o ponto de corte entre o soro positivo e
negativo.
O estudo reforçou a necessidade de avaliar apropiadamente os kits
comerciais de IgM disponíveis no mercado e recomendou ainda a
utilização de um teste confirmatório para avaliar se a infecção pelo
Toxoplasma gondii é recente (painel/avidez de IgG).
PAMF e CDC avaliaram 6 kits comerciais utilizando um banco se soros
conhecido ( 486 soros)
TOXOPLASMOSE
AUTOMAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS

Abbott IMx®
Microparticle Enzyme Immunoassay (MEIA) Abbott Axsym®
Fluorescence Polarization Immunoassay (FPIA) up to 120 tests per hour

Bayer ACS180® DPC Immulite®


(Chiron/Ciba Chemiluminescent

Corning)
TOXOPLASMOSE
AUTOMAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS

VIDAS
MINIVIDAS
bioMÉRIEUX
Sorologia Materna
Triagem com IgG e IgM
Trimestre
Resultado

IgG-/IgM- IgG+/IgM+

IgG+/IgM- IgG-/IgM+

Quando IgG e IgM são positivas, qual estratégia usar para


definir o risco de infecção congênita? Que combinação de
testes utilizar para estimar a época da soroconversão?
Vinte centros de referência examinaram a melhor estratégia de combinação
diagnóstica utilizando 20 testes para diferenciar infecção aguda (<3m),
convalescente (3-12m) e latente (>12m)
TOXOPLASMOSE

Avidez de anticorpos IgG


Avidez ou afinidade
funcional exprime a
força de interação do
anticorpo com o
antígeno. Durante a
soroconversão a avidez
aumenta.
Estudo longitudinal de avidez de IgG (Vidas bioMèrieux)
31 pacientes com toxoplasmose aguda (12 meses)

T E M P O ; LS M eans
C u rre n t e ffe c t: F (7 , 1 0 5 )= 3 8 ,5 2 6 , p = 0 ,0 0 0 0
E ffe c tiv e h y p o th e sis d e c o m p o sitio n
V e rti c a l b a rs d e n o te 0 ,9 5 c o n fid e n c e i n te rv a ls
0 .5

0 .4

Alta
0 .3

Intermediária
DV_1

0 .2

Baixa
0 .1

0
A V ID E Z V I_ 1 m A V ID E Z V I_ 3 m A V ID E Z V I_ 6 m A V ID E Z V I_ 1 0 m
A V ID E Z V I_ 2 m A V ID E Z V I_ 4 m A V ID E Z V I_ 8 m A V ID E Z V I_ 1 2 m
T E M P O
Testes sorológicos na Gravidez
• A técnica • IgG

• O anticorpo • IgM

• O antígeno • IgA e IgE

• Avidez de IgG
TOXOPLASMOSE

Perfis sorológicos
120 Toxoplasmose pregressa ou
crônica
100 Anticorpos IgG de alta avidez
Toxoplasmose recente,
80 IFI-M “aguda”
CAP-M
freqüênciadeanticorpos(%)

Anticorpos IgG geralmente de


60 VIDAS-M
título alto e de baixa avidez; IgM
IgG-av
de título alto
40
Toxoplasmose recente, “não
20 aguda”
Anticorpos IgG em geral de título
0 alto e de alta avidez; IgM de título
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 meses baixo
Toxoplasmose
• Diagnóstico na gestante

– Sorologia materna

– Avaliação fetal
– Ultrassonografia
– PCR no LA
Toxoplasmose
• Diagnóstico na gestante
Prevenção da Toxoplasmose
• Educação sobre o modo de transmissão e
evitar os riscos
– Lavar frutas e vegetais antes de consumí-los
– Lavar facas, tábuas e pia após preparo de
alimentos
– Evitar a ingestão de leite não pasteurizado,
água não filtrada, carne crua ou mau passada
e não experimentar durante o preparo
– Alimentos defumados não são seguros
Prevenção da Toxoplasmose
• Educação sobre o modo de transmissão e
evitar os riscos
– Usar luvas quando mexer no solo e lavar bem
as mãos depois
– Lavar degetos (gatos) diariamente com água
– Gatos que vivem dentro de casa e recebem
alimentos cozidos não estão sob risco de
adquirir toxoplasmose
Toxoplasmose congênita
Limitações Diagnósticas

Limite científico
Ferramenta de vigilância
Qualidade pré-natal
Qualidade pós-natal
Políticas de saúde
Qualidade nos laboratórios
Laboratórios referência

Você também pode gostar