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CORROSÃO E PROTEÇÃO

CONTRA A CORROSÃO EM
MATERIAIS METÁLICOS
Eletroquímica e Corrosão
Engenharia Química – 3º Ano
profa. Lúcia Helena Terra
2011
Metalurgia Corrosão
(Energia)
MINÉRIO METAL PRODUTO
(Forma combinada) DA CORROSÃO
(Forma combinada,
semelhante ao
minério original)

Termodinamicamente, a forma combinada


é a mais estável
CORROSÃO

• Processo no qual um metal (ou liga metálica) é


transformado, do estado metálico, para uma forma
combinada, por interação com o meio em que está
inserido.

• A corrosão do metal é caracterizada pela


ocorrência de, no mínimo, duas reações na
interface metal / meio: uma reação de oxidação
(metal ou liga metálica) e uma de redução
(espécie presente no meio)

E° espécie > E° metal


CORROSÃO
Perdas econômicas causadas pela corrosão

• diretas – substituição de peças ou


equipamentos, custos de manutenção e de
processos de proteção;
• indiretas – paralisações acidentais, perda de
produto em tubulações corroídas, perda da
eficiência de equipamentos, contaminação de
produtos estocados por produtos de corrosão
dos tanques, superdimensionamento de projetos;
CORROSÃO
Além de perdas econômicas, a corrosão tem
importância:

• questões de segurança: fraturas repentinas em


equipamentos, causando acidentes;
• interrupção de comunicação (cabos
telefônicos);
• perda de patrimônios históricos (ataque pela
chuva ácida);
• poluição ambiental (vazamentos em dutos,
causando contaminação de lagos, rios, solo)
CORROSÃO
Outros campos de interesse para o estudo da
corrosão

• odontologia: ligas metálicas utilizadas em


restaurações e implantes odontológicos devem
ser resistentes à ação corrosiva da saliva, de
alimentos e de fluidos biológicos (implantes);
• medicina: a ortopedia pode utilizar metais ou
ligas em implantes, e estes devem apresentar
boa resistência mecânica, além de resistência à
ação corrosiva dos fluidos biológicos
CORROSÃO
• Processo espontâneo;
• Ocorrência de, pelo menos, duas reações:
 Anódica oxidação do metal / liga
metálica
 Catódica redução de uma espécie
presente no meio corrosivo

FORMAÇÃO DE UMA PILHA


Pilhas Eletroquímicas mais
influentes no processo
corrosivo
Componentes básicos de uma pilha
eletroquímica:

a) Anodo: eletrodo que sofre oxidação (corrosão), e


onde a corrente elétrica, na forma de íons
positivos, entra no eletrólito;
b) Eletrólito: condutor (usualmente líquido)
contendo íons que transportam corrente (iônica)
do anodo para o catodo ;
c) Catodo: eletrodo no qual as cargas negativas
(elétrons) provocam reações de redução;

d) Circuito metálico: ligação metálica entre o


anodo e o catodo, por onde escoam os elétrons,
no sentido anodo catodo

Retirando – se um destes elementos elimina –


se a pilha
Considerando – se a reação química que ocorre
em uma pilha como sendo:

aA+bB cC+dD

A sua força eletromotriz (diferença de potencial) é


dada pela equação de Nernst:

∆E = Ec - Ea
E = E º - RT ln [C]c [D]d
nF [A]a [B]b
Ocorre diferença de potencial entre dois
eletrodos quando:

• os eletrodos são constituídos de substâncias


diferentes;
• os eletrodos são do mesmo material, mas as
concentrações dos íons são diferentes;
• os eletrodos estão a temperaturas diferentes
Principais tipos de pilhas eletroquímicas nas
quais se verificam diferença de potencial:

• pilhas de eletrodos metálicos diferentes

• pilhas de concentração

• pilhas de temperatura diferente


a) Pilha de eletrodos metálicos diferentes (Pilha
Galvânica):

 dois metais ou ligas diferentes estão imersos


num mesmo eletrólito
 metal menos nobre: funciona como anodo,
cedendo elétrons e sofrendo oxidação
(corrosão)
 metal mais nobre: fica protegido

 também pode ser formada quando:


metal sofre passivação;
metal apresenta pontos de impureza
Passivação: processo no qual o metal, ao sofrer
oxidação, o produto de sua oxidação forma,
sobre sua superfície, uma camada fina, compacta
e aderente, que impede que o material continue
em contato com o meio corrosivo, protegendo – o
da corrosão.

Se um metal sofre passivação e a camada


passiva é destruída localmente, por exemplo pela
ação de um íon agressivo, a área onde o filme é
rompido atua como anodo, enquanto que a área
onde o filme permaneceu intacto atua como
catodo ( formação de pilha ativa – passiva)
Pontos de impurezas:

• Menos nobres que a matriz metálica: são


corroídos preferencialmente;

• Mais nobres que o metal: metal sofre corrosão

Formação de uma pilha de ação local


b) Pilhas de Concentração: mesmo material
metálico em contato com:

 regiões de diferentes concentrações de um


mesmo eletrólito (pilha de concentração
iônica)

 eletrólito de mesma concentração, porém em


locais que possuem teores diferentes de
gases dissolvidos (pilha de aeração
diferencial)
pilha de concentração iônica: M + + e M
 anodo: material imerso na região de menor
concentração;
 catodo: material imerso na região de maior
concentração;

pilha de aeração diferencial: diferença de concentração


de O2 gera uma diferença de potencial
 anodo: eletrodo imerso em local menos aerado;
 catodo: eletrodo imerso em local mais aerado
(aumentando – se a P de O2, o valor de E aumenta)

2 H2O + O2 + 4e → 4 OH –

E = Eo – RT ln [OH-]4
nF PO2
c) Pilha de Temperaturas Diferentes: os eletrodos
da pilha são constituídos de um mesmo material,
porém estes estão imersos em um eletrólito que
apresenta regiões de diferentes temperaturas (de
maneira geral, o aumento da temperatura
aumenta a velocidade das reações, aumentando
a reação de oxidação do metal)
Passivação de Metais
Passivação de metais

Quando um metal é imerso em um meio corrosivo, sofre


oxidação, e seus íons podem ou não reagir com o meio.

• Se o íon metálico (proveniente da oxidação do metal) não


reage com espécies presentes no meio corrosivo, o metal
sofrerá corrosão “constantemente” (indefinidamente);

• Se o íon metálico reage com espécies presentes no meio


corrosivo, pode gerar produtos insolúveis, que se depositam
na superfície do metal, impedindo que este continue em
contato com as espécies que provocam sua oxidação.
Neste caso diz – se que o metal encontra – se passivado;
• Para que um filme formado seja considerado passivante,
ele deve ser compacto, aderente e inerte frente ao meio
corrosivo.

• Exemplos de metais (ou ligas) passiváveis: aço inoxidável,


titânio, níquel, alumínio.

• O fenômeno da passivação deve considerar o meio


corrosivo (um determinado metal pode ser considerado
passivado em meios naturais, mas sofre corrosão em meios
que contenham íons cloreto, por exemplo)
Passivação de metais e curvas de polarização
de metais passiváveis

• Quando um metal sofre polarização anódica, seu potencial


é deslocado do potencial de equilíbrio, e a reação anódica é
favorecida

4
Passivação de metais e curvas de polarização
de metais passiváveis

1: região de imunidade  metal não sofre corrosão para E < E1

2: região ativa  corrente (i) cresce com aumento do potencial (E) 


metal sofre corrosão com E1 < E < E2
em E2 observa – se o máximo da corrente de corrosão (icrit:
densidade de corrente crítica)

3: região passiva  o metal encontra – se recoberto por um filme


constituído pelo produto da corrosão, insolúvel, que o protege da
corrosão; nesta região observa – se o mínimo da corrente (ipass:
densidade de corrente de passivação)

4: região transpassiva  o potencial é tão elevado que o filme se


rompe ou ocorre a oxidação da água (nestes dois casos, a densidade
de corrente aumenta)
Diagrama de Pourbaix

• Diagrama (gráfico) que relaciona o potencial de


equilíbrio de um metal (calculado pela equação
de Nernst) e pH;
• Possibilidade para se prever as condições sobre
as quais pode ocorrer corrosão, imunidade ou
passivação de um metal;
• Representa vários equilíbrios químicos e
eletroquímicos que podem existir entre o metal e
o eletrólito;
• Previsão termodinâmica a respeito das possíveis
reações do metal com o meio, em diferentes
valores de pH
• E x pH define região onde o íon é estável:
corrosão do metal;
• E x pH define região onde o metal é estável:
metal não sofre corrosão (se mantém imune);
• E x pH define região de estabilidade de óxido:
metal pode estar protegido da corrosão
(passivado) se este óxido for compacto, fino,
aderente e inerte
Diagrama de Pourbaix
Classificação da corrosão
A corrosão pode ser classificadas considerando –
se:

• Morfologia (forma) do ataque: uniforme, por


placas, alveolar, por pite, intergranular,
intraganular (transgranular), filiforme, grafítica, em
torno de cordão de solda, empolamento por
hidrogênio;

• Causas ou mecanismos: por aeração diferencial,


eletrolítica ou por corrente de fuga, galvânica,
associada a solicitações mecânicas, seletiva;
• Fatores mecânicos: sob tensão, sob fadiga, por
atrito;

• Meio corrosivo: atmosférica, pelo solo, por


microrganismos, pela água do mar;

•Localização do ataque: por pite, uniforme,


transgranular, etc
• Um mesmo tipo de corrosão pode ser
classificado de acordo com diferentes critérios;

• A caracterização de acordo com a morfologia


auxilia no esclarecimento do mecanismo e na
aplicação de medidas adequadas de proteção
Exemplos de corrosão, classificadas conforme a
moforlogia
Variáveis que devem ser analisadas no estudo do
processo corrosivo

 material metálico: composição, impurezas,


tratamentos térmicos ou mecânicos, estado da
superfície;

 meio corrosivo: composição química,


concentração, pH, temperatura, teor de oxigênio;

 condições operacionais: solicitações mecânicas,


condições de imersão (parcial ou total) no meio,
operação contínua ou intermitente
Mecanismos Básicos de Corrosão
De acordo com o meio corrosivo e o material, os
mecanismos de corrosão podem ser
classificados em:

a) Químico

b) Eletroquímico
a)Químico: reação direta entre o material (metálico
ou não) e o meio corrosivo, não havendo
geração de corrente elétrica (ataque de metais
por gás carbônico ou cloro, ataque de metais por
solventes orgânicos, ataque de borracha por
ozônio, deterioração do concreto por sulfato)

b) Eletroquímico: há reações químicas que


envolvem a transferência de cargas ou elétrons
através de uma interface ou eletrólito
Mecanismo Eletroquímico

Pode ser decomposto em três etapas:

• Processo anódico: passagem dos íons metálicos


para a solução;
• Deslocamento de elétrons ou íons: transferência
de elétrons da região anódica para a catódica,
pelo circuito metálico e difusão de íons pela
solução;
• Processo catódico: recepção de elétrons, na
área catódica, pelos íons ou moléculas da
solução
Principais reações que acompanham o processo
de oxidação do metal

• Considerando – se os meios naturais


(atmosferas, lagos, mar), a água está sempre em
contato com o oxigênio presente no ar atmosférico;

• Na maioria dos casos de corrosão, as reações


catódicas responsáveis pela oxidação dos metais
são a redução dos íons H+ (presentes em solução
aquosa) e a do oxigênio gasoso (dissolvido na
água), ou ambas
• Reação Anódica: Oxidação do metal
M (s)  M +(aq) + e

•Reação Catódica: Redução íon H+ / Redução do O2


2 H+ (aq) + 2 e  H2 (g)
O2 (g) + 2 H2O (liq) + 4 e  4 OH – (aq) (meio neutro)
O2 (g) + 4 H+ (aq)  2 H2O (liq) (meio ácido)

Oxigênio pode comportar – se como acelerador do processo


corrosivo, já que a reação catódica é mais acentuada em meios
aerados
Principais Meios Corrosivos

a)Atmosfera:
A ação corrosiva da atmosfera depende dos
fatores:

• umidade relativa;
• presença de poluentes (particulados e gases);
• temperatura;
• tempo de permanência do filme de eletrólito
(vapor de água + poluente, se houver) na
superfície metálica
b) Águas naturais:
Deve – se considerar diversos fatores:

• gases e sais dissolvidos;


• presença de matéria orgânica;
• sólidos suspensos;
• pH;
• temperatura da água;
• velocidade;
• ação mecânica
c) Solo:
Se torna importante, se considerarmos a
quantidade de tubulações enterradas. O caráter
corrosivo do solo depende da:

• aeração;
• umidade;
• pH;
• resistividade elétrica;
• presença de microrganismos, que podem causar
corrosão
Heterogeneidades responsáveis pela corrosão
eletroquímica

A corrosão ocorre sempre que houver


heterogeneidade no sistema material / meio

a)Heterogeneidades presentes no material


metálico podem ser provenientes de:

• presença de contornos de grãos;


• tratamentos térmicos ou metalúrgicos diferentes;
• polimento da superfície metálica;
• deformações diferenciais
b) Heterogeneidades presentes no meio corrosivo:
• aquecimento diferencial;
• concentração diferencial;
• aeração diferencial
Principais tipos de corrosão, de acordo
com a morfologia do ataque

Corrosão Uniforme (ou generalizada): toda a


superfície de um metal,exposta a um meio, sofre
corrosão;

Corrosão localizada: uma pequena área, ou área


restrita de um metal, sofre corrosão.
Corrosão Uniforme
- Generalizada
• Corrosão de toda a superfície do metal;
• Perda da espessura do metal;
• Conseqüência do estabelecimento de inúmeras
células de ação local (célula de corrosão formada
numa pequena área da superfície do metal, onde
uma região será anodo – metal sofre oxidação – e
outra é catodo – metal fica intacto )
• Formação de áreas anódicas e catódicas devido à
existência de heterogeneidades no metal (razões
estruturais, impurezas, fases distintas, incrustações)
• Se as áreas heterogêneas são menos nobres,
sofrerão corrosão; se forem mais nobres,
funcionarão como catodo;
• Corrosão de fácil visualização e portanto de fácil
prevenção;
• Pode – se verificar facilmente se a estrutura está
comprometida (testes de espessura do metal, por
ex.), e realizar a substituição da mesma, caso seja
necessário
Corrosão generalizada em tubulação
Corrosão generalizada em monumentos
Corrosão generalizada em estruturas metálicas
1. Corrosão Galvânica

• Ocorre quando dois metais diferentes entram em


contato elétrico, na presença de um meio condutor;
• Pode ser classificada em uniforme (se atingir uma
área muito grande) ou localizada (se ocorrer em
áreas restritas do metal) ;
• Como resultado da conexão elétrica, ocorre um
aumento da corrosão do metal menos nobre
(aquele com menor potencial de redução) e uma
diminuição da taxa de corrosão do metal mais
nobre;
• Se o meio não for condutor (ou for de baixa
condutividade) cada metal se comportará como se
estivesse sozinho;
• Os metais conectados recebem o nome de par
galvânico, e a corrente que circula, corrente
galvânica;
• A corrosão galvânica é prejudicial ao metal menos
nobre, mas benéfica para o metal mais nobre
1.1. Fatores que influenciam a corrosão galvânica:

a) Potenciais de corrosão dos metais que constituem o par


galvânico:
Potencial de corrosão: potencial de equilíbrio do metal em um meio no qual
sofre corrosão

• dão informação sobre qual metal tem a taxa de corrosão


aumentada, e qual tem a taxa diminuída;
• quanto maior a diferença entre os potencias de corrosão
individuais, maior o valor da corrente galvânica;
• a diferença entre os valores de potencial de corrosão
não é fator determinante no comportamento do par;
• para a utilização deste critério deve – se conhecer o
potencial de corrosão de cada metal no meio
considerado (quase nunca se encontra na literatura);
• Tabelas de potencial padrão não são recomendadas,
pois são específicas para a condição padrão;
• série disponível na literatura dispõe os metais e ligas
em ordem crescente de nobreza (ensaios realizados
em água do mar, a 25º C)
1.1. Fatores que influenciam a corrosão galvânica:

b) Características do meio:
• influencia na intensidade do ataque do metal menos
nobre, no grau de proteção do metal mais nobre, na
extensão da ação galvânica e determina qual metal
será anodo e qual será catodo;
• para um par M1/M2, M1 pode ser anodo em meio
ácido, e catodo em meio alcalino, por exemplo.
• pode influenciar na velocidade das reações (uma reação
muito lenta em meio não aeradao pode ser rápida em meio
aeradao);
• condutividade do meio interfere na extensão do ataque:
 alta condutividade: ação galvânica se faz sentir em toda
a extensão dos metais (metal menos nobre sofre
corrosão em toda a superfície, e o mais nobre fica
totalmente protegido )  corrosão galvânica
generalizada;
 baixa condutividade: ação galvânica fica restrita às
vizinhanças da junção dos metais  corrosão galvânica
localizada
Par galvânico imerso em meios de alta e de baixa
condutividade
• na atmosfera a ação galvânica é restrita às áreas
adjacentes à junção do par, já que o eletrólito é
proveniente da umidade ou de água de chuva
(pouco condutor);
• Em locais poluídos a absorção ou dissolução de
poluentes na chuva torna a ação galvânica mais
pronunciada.
1.1. Fatores que influenciam a corrosão galvânica:

c) Fatores geométricos:
• área relativa do catodo e do anodo:

 Se área catódica for muito grande e a área anódica


pequena, o metal menos nobre sofrerá intensa
corrosão (quando a área catódica é muito grande, o
consumo de elétrons também é e,
consequentemente, a reação de corrosão será mais
intensa)
 deve – se evitar a conexão de grandes áreas de metal
nobre com pequenas áreas de metal menos nobre  taxa
de corrosão será muito elevada (Ex.utilização de parafusos
de aço para fixação de placas de cobre);

 no caso de pinturas, nunca se deve pintar somente o metal


menos nobre, pois acarretará uma redução grande da área
anódica;

 a relação entre a área do anodo e do catodo não tem


influência quando o meio for de baixa condutividade
(corrosão ocorre somente na junção)
• distância entre os metais:

 quanto maior a distância entre os metais, menor


será a corrosão galvânica, principalmente se o meio
for de baixa condutividade (aumento da resistência
elétrica entre o anodo e o catodo)
1.1. Fatores que influenciam a corrosão galvânica:

d) Produtos das reações na superfície do metal menos


nobre (produtos da corrosão) e natureza do metal mais
nobre:

 produtos de corrosão solúveis: corrosão galvânica se


mantém constante com o tempo;

 produtos insolúveis: ocorre deposição sobre o metal,


formando uma barreira protetora (diminuem a velocidade
da reação ou invertem a polaridade);
Exemplo de corrosão galvânica em trocador de calor
Exemplo de corrosão galvânica
1.2. Métodos de proteção contra a corrosão galvânica:

a) Seleção de metais:
• constitui uma das maneiras mais eficazes de
prevenção;

• dois metais incompatíveis podem ter bom desempenho


em meios de baixa condutividade ou em ausência de
umidade;

• seleção de metais baseada na consulta às séries


galvânicas encontradas na literatura
b) Relação área anodo / catodo:
• utilização da menor área possível do
catodo em relação ao anodo;

• evitar utilização de anodo de pequena


área;
c) Isolamento elétrico:
• sempre que possível deve – se isolar eletricamente
os metais, colocando – se entre eles materiais não
metálicos;

• ao se isolar eletricamente os metais de nobrezas


diferentes pode – se eliminar a corrosão galvânica;

• deve – se ter certeza de que o isolamento é efetivo


d) Controle da resistividade do meio:
• corrosão galvânica é desprezível em meios de alta
resistividade;

• alta resistividade pode ser conseguida aumentando –


se a distância entre os metais, se o meio for pouco
condutor;

• aplicação de revestimento isolante na junção entre os


metais constituintes do par e o eletrólito
e) Proteção catódica:

proteger catodicamente um metal significa eliminar


as áreas anódicas da superfície do metal,
fazendo com que este atue como catodo

• para evitar a corrosão de ambos os metais


constituintes do par, conecta – se aos mesmos
um terceiro, menos nobre que os demais;

• o metal menos nobre sofre corrosão e protege os


outros dois
f) Utilização de revestimentos orgânicos (pintura):

• pode evitar a corrosão galvânica, sendo adequado a


pintura dos dois metais;

• se somente um dos metais for revestido, deve ser o


mais nobre;

• Em hipótese nenhuma somente o metal menos nobre


deve ser pintado, uma vez que a pintura deste pode
acarretar uma drástica diminuição da área anódica.
g) Utilização de inibidores de corrosão:

inibidor é uma substância ou mistura de


substâncias que, quando presentes em
concentrações adequadas, no meio corrosivo,
reduz ou elimina a corrosão;
• inibidores anódicos: retardam a reação anódica; reagem
com o produto da corrosão do metal, formando uma
película sobre a superfície do mesmo (hidróxidos,
carbonatos, boratos, silicatos, fosfatos ,...);

 deve- se utilizar concentração adequada para que se forme a


película sobre toda superfície do metal;
 pode – se utiliza – lo de maneira intermitente (após a
colocação de uma quantidade inicial, pode – se adiciona-lo de
tempos em tempos, para “manutenção”);
 Pode ser recomendado o uso de um ou mais inibidores (efeito
sinérgico)
• inibidores catódicos: reprimem a reação catódica;
íons metálicos dos inibidores reagem com a
alcalinidade catódica, produzindo compostos
insolúveis, que envolvem a área catódica e
impedem a condução de elétrons (íons zinco,
magnésio, níquel – formam hidróxidos insolúveis
sobre o catodo)

 mesmo que catodo não esteja totalmente recoberto,


não há corrosão nestas áreas – seguros em quaisquer
concentrações
• Inibidores de adsorção: adsorvem sobre a
superfície do metal, formando películas sobre
as áreas anódicas e catódicas, interferindo
com a ação eletroquímica (substâncias
orgânicas com grupos fortemente polares, que
formam película por adsorção na superfície
dos metais)
Restrições quanto ao uso de inibidores

• sistemas fechados (metal deve permanecer em


contato com inibidor);

• escolha deve considerar a natureza dos metais


constituintes do par (específicos para cada metal);

• a identificação de um inibidor eficiente depende de


realização de vários experimentos (na prática só se
utiliza inibidores quando outros métodos de
prevenção não são possíveis).
1.2. Aspectos benéficos da corrosão galvânica:
• proteção do metal mais nobre;

• o efeito galvânico é utilizado para a proteção de


estruturas ou tubulações, através da utilização de
anodos de sacrifício (proteção catódica);

• utilização de revestimentos de sacrifício,


constituídos de metais menos nobres que o metal
do substrato (este revestimento sofrerá corrosão,
mantendo o substrato metálico intacto)
Corrosão Localizada
2. Corrosão por pite

• Corrosão localizada, que se caracteriza


pelo ataque a pequenas áreas de uma
superfície metálica, que se mantêm intacta;

• Ocorrem em metais que se passivam e / ou


mantêm em sua superfície uma camada
uniforme de produtos de corrosão de
caráter protetor;
• A célula de corrosão responsável por este tipo
de ataque é constituída por pequenos anodos,
e uma grande área catódica;

• As velocidades de corrosão são elevadas;


ocasionando dano rápido ao metal;

• Ocorre a formação, na superfície do metal, de


cavidades que possuem profundidade maior
que o seu diâmetro (pite);
• Os pites podem ter várias formas, e estar ou
não preenchidos por produtos de corrosão;

• Os pites ocorrem distanciados uns dos outros,


e protegem catodicamente a superfície do
metal nas suas vizinhanças;

• Sua detecção é dificultada pelo seu caráter


localizado e de pequenas dimensões;
• Pode ocasionar perfurações prematura dos
metais, e ocasionar vazamento de líquidos e
gases, ou funcionar como locais favoráveis à
formação de trincas;

• O pite é formado por ânions agressivos, como


o cloreto, e somente em metais passiváveis
como aço inoxidável, alumínio e suas ligas;
2.1. Fatores influenciadores na corrosão por pite:

a) Passivação:
• metais passiváveis possuem excelente resistência à corrosão
no meio considerado (as reações anódicas e catódicas
ocorrem a velocidades baixas);

• a adição de um ânion agressivo pode quebrar a película


passiva, tornando o metal, nesta área susceptível à corrosão;

• área catódica (que manteve o revestimento intacto) se torna


muito maior que a catódica → velocidade de corrosão é
elevada
b) Natureza do meio:
• para a ocorrência da corrosão por pite, é necessário a
presença de um ânion agressivo no meio corrosivo;

• o ânion cloreto é o íon agressivo mais comum, mas o


tipo de ânion capaz de provocar a corrosão por pite
depende do metal ou liga metálica;

• para cada ânion específico, a susceptibilidade à


corrosão por pite aumenta com o aumento da
concentração do íon agressivo;
• além da presença de ânions agressivos, a
presença de alguns cátions pode acelerar a
corrosão por pite (Cu+2, Fe+3 e Hg+2 aceleram a
corrosão por pite do aço inox, do alumínio e
suas ligas);

• alguns ânions (sulfato, nitrato, íons hidroxila,


clorato, carbonato, acetato e benzoato)
quando adionados a soluções que contêm
íons cloreto inibem a corrosão por pites do aço
inox e do alumínio
c) Elementos de liga:

• entre os metais e suas ligas, o aço inoxidável e o


alumínio são os de maior importância no que se
refere à corrosão por pite (por serem passiváveis);

• para um determinado meio, a susceptibilidade à


corrosão por pite varia de metal para metal;

• na maioria dos meios cloretados, o titânio


apresenta valores de potencial de pite elevados
(torna este metal o mais adequado para este meio)
d) fatores metalúrgicos:

• tamanho de grão: contornos dos grãos são regiões


propícias à corrosão por pite; quanto maior o tamanho
dos grãos, menor a susceptibilidade à corrosão por pite;

• precipitados em contornos de grãos: empobrecem a


matriz, nas vizinhanças dos grãos, em algum elemento
de liga responsável pela resistência à corrosão;

• Inclusões:locais geralmente menos nobres que a matriz


metálica, podendo ser dissolvidas preferencialmente
e) Temperatura:
• o aumento da temperatura do meio causa uma
diminuição da resistência à corrosão por pite de
metais e ligas;

f) Meios estagnados:
• normalmente a corrosão por pites está associada a
condições onde o eletrólito contendo íons agressivos
encontra – se estagnado, em contato com o metal (se
o eletrólito circular, sem parar, a nucleação de pites
ocorrerá com menor facilidade)
Corte longitudinal, mostrando corrosão por
pite em metal
Corrosão por pite em aço inoxidável
2.2. Métodos de prevenção da corrosão por pite:

• seleção de materiais: deve – se optar por


materiais que possuam maior resistência a este
tipo de corrosão (consulta na literatura);

• seleção de meios: adição no meio, sempre que


possível, de ânions inibidores da corrosão por
pite (sulfato e nitrato);
• utilização de temperaturas baixas e a não
utilização de soluções estagnadas;

• aplicação de potencial externo: manter o


potencial do meio em um valor de potencial
relativo à região passiva
OUTROS MÉTODOS DE COMBATE À
CORROSÃO
1 – Eletrodeposição: material a ser protegido é
catodo de uma cuba eletrolítica, sobre o qual irá
ocorrer a deposição do revestimento (eletrólito
contém o íons do metal que irá ser depositado)
Espessura do filme depositado depende:
 corrente aplicada;
 concentração do eletrólito;
 temperatura do banho;
 Presença de abrilhantadores;
 natureza do metal base
a) Cromatização: revestimento obtido é produzido
a partir de soluções que contém cromatos ou
ácido crômico:
 pode ser feito sobre o metal ou sobre camadas de
óxido ou fosfatos;
 pode ser utilizado meio ácido ou alcalino, em
temperatura ambiente;
 revestimento pode ser aplicado por imersão ou spray;
 material deve ser cuidadosamente limpo e seco
b) Fosfatização: deposição de camadas de fosfato
sobre vários metais
 processo se inicia com ataque do metal por ácido;
 formação, sobre a superfície do metal, de fosfatos
secundários e terciários insolúveis (do metal e de
outros íons presentes na solução);
 após a fosfatização, é necessário que seja feita a
passivação do metal (tratamento da superfície com
solução de ácido crômico e fosfórico, para que
diminui a área superficial, pois fecha os poros
presentes na camada de fosfato)
2 – Anodização: aproveita o fato do alumínio
formar, sobre sua superfície, uma camada de
óxido protetor:
 procura obter camada de óxido mais espessa
que a natural, por oxidação do metal;
 metal é colocado como anodo em uma célula
eletrolítica;
 espessura da camada de óxido pode ser
controlada
3 – Revestimentos orgânicos – tintas: podem
atuar, no combate à corrosão, pela formação de
barreira entre o metal e o meio, inibição
(passivação anódica) ou eletroquimicamente
(proteção catódica)
Tintas podem atuar como:

a) Barreira:
 Colocação, entre o metal e o meio, de uma
película impermeável ;
 Eficiência da proteção depende da espessura do
revestimento e da resistência da tinta ao meio
corrosivo;
 Todas as películas são parcialmente permeáveis
b) Inibição – passivação anódica:
 Tintas contém inibidores que formam camada
passiva sobre o metal

c) Eletroquimicamente – proteção catódica:


 Utilização de tintas ricas em zinco;
 Películas secas possuem zinco metálico;
 Conferem proteção por barreira, além de
proteção catódica

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