Você está na página 1de 41

Richardson Silveira Almeida

richardson.silveira.almeida@gmail.com

1
TECNOLOGIA:
O CONCEITO

2
 A História da Tecnologia
 2001: Uma Odisséia no Espaço
 Diferenças entre Ciência e Tecnologia
 Concepções da literatura do termo Tecnologia
 Concepções de Tecnologia - Vieira Pinto
 Considerações finais

3
A História da Tecnologia

2001: Uma Odisséia no Espaço

4
A História da Tecnologia

 Nossos antepassados primitivos já utilizavam objetos


achados na natureza como instrumentos que lhes
garantissem uma extensão do corpo, porém não mostravam
nenhuma intenção de modificá-los ou melhorá-los.

 O potencial tecnológico do homem estava presente, contudo


ainda faltava um lampejo do intelecto para que mudanças
significativas começassem a ser empreendidas.

5
A História da Tecnologia

 Há cerca de dois milhões de anos, o Australopitecus


Africanus, após descer das árvores, deparou-se com dois
problemas concretos que precisava resolver de forma
imediata: o primeiro era parte de uma necessidade vital,
uma questão de sobrevivência, o segundo problema, era
essencialmente de ordem social.

 Assim surgiu o homem. Somente através do emprego de sua


capacidade intelectual primitiva é que foi capaz de
estabelecer relações fundamentais que o auxiliaria a
modificar o meio, empregando uma técnica até então
inexistente.

6
A História da Tecnologia

 De acordo com a Antropologia não há homem sem


instrumento por mais rudimentares que sejam. São
entidades que se autocompletam, de forma que se eliminado
uma, a outra também desaparece por completo.

 O fogo e os utensílios manualmente desenvolvidos davam ao


homem a chave das transformações materiais.

 A palavra dava-lhe o domínio interior dos seus atos e do seu


próprio pensamento. Assim, o surgimento da linguagem
também deve ser visto como uma das primeiras técnicas
surgidas, ou uma tecnologia intelectual segundo Pierry
Lévy (1993)

7
A História da Tecnologia

 Com as três grandes concepções – a pedra lascada, o fogo


e a linguagem – a espécie humana dava um salto muito
grande rumo às grandes invenções e às colossais descobertas
que acabariam fazendo parte da história da sociedade tal
qual a conhecemos em nossos dias.

 A tecnologia existia muito antes dos conhecimentos


científicos, muito antes que homens, embasados em teorias
pudessem começar o processo de transformação e controle
da natureza. Além de ser mais antiga que a ciência, a
tecnologia não auxiliada pela ciência, foi capaz de inúmeras
vezes, criar estruturas e instrumentos complexos.

8
Diferenças entre Ciência
e Tecnologia

9
Ciência Tecnologia
Entende o fenômeno natural Determina a necessidade
Descreve o problema Descreve a necessidade
Sugere hipóteses Formula ideias
Seleciona hipóteses Seleciona ideias
Experimenta Faz o produto
Encaixa hipóteses/dados Prova o produto
Analítica Sintética
Simplifica o fenômeno Aceita a complexidade da
necessidade

Conhecimento generalizável Objeto particular


Explica o natural Fabrica o artificial

(Fonte: GILBERT,1995; VERASZTO et al, 2003 )

10
O que é tecnologia?

11
 É a possibilidade de resolver problemas ou fabricar
o artificial

 Tecnologia não é ciência


 Cientista desenvolve teorias, tenta entender o mundo, tenta formalizar
ou sistematizar o entendimento do mundo ao nosso redor

 Tecnólogos criam possibilidades

 Possibilidades diferente da verdade

12
“Em um sentido mais amplo, existem tantas
tecnologias específicas quantos são os tipos de
problemas a serem resolvidos, ou mais, se
considerarmos que cada problema apresenta
mais de uma solução possível”
Veraszto

13
O que é o mundo virtual?
Pierry Lévy (filósofo 1956)

 Linguagem abstrai o presente

 Técnicas virtualizam ações

 Contratos virtualizam violência

14
Pierre Lévy

Um filósofo francês da cultura virtual contemporânea.


Vive em Paris e leciona no Departamento de 
Hipermídia da Universidade de Paris

* 2 de julho de 1956

15
Concepções de Tecnologia

16
Concepção intelectualista de Tecnologia
 Compreende a tecnologia como um conhecimento prático
derivado direta e exclusivamente do desenvolvimento do
conhecimento teórico científico através de processos
progressivos e acumulativos, onde teorias cada vez mais amplas
substituem as anteriores.

 Todas as teorias antecedem as tecnologias, de forma que não


existe tecnologia sem teoria, mas o inverso pode acontecer: é
concebível a existência de teorias sem tecnologias.

17
Concepção utilitarista da Tecnologia
 Considera a tecnologia como sendo sinônimo de técnica. Ou
seja, o processo envolvido em sua elaboração em nada se
relaciona com a tecnologia, apenas a sua finalidade e utilização
são pontos levados em consideração.

Concepção da tecnologia como sinônimo de


Ciência
 Compreende a tecnologia como Ciência Natural e Matemática,
com as mesmas lógicas e mesmas formas de produção e
concepção.

18
Concepção instrumentalista (artefatual) da
Tecnologia
 Entende a tecnologia como sendo simples ferramentas ou
artefatos construídos para uma diversidade de tarefas.

 Saber ligar o equipamento, conhecer as siglas que os


fabricantes criam e utilizá-lo, para ser expert em tecnologia.

 A produção tecnológica consiste apenas nos equipamentos e


não nos processos que gerou aquela.

19
Concepção de neutralidade da Tecnologia
 Afirma que a tecnologia não é boa nem má. Seu uso é que
pode ser inadequado.

 Manter o discurso que a tecnologia é neutra favorece a


intervenção de experts que decidem o que é correto
baseando-se em uma avaliação objetiva e impede, por sua
vez, a participação democrática na discussão sobre
planejamento e inovação tecnológica.

 Alguns cientistas, engenheiros, políticos, habitualmente


defendem a neutralidade da ciência e se esconde por detrás
de sua autoridade para justificar determinadas ações.

20
Concepção do determinismo tecnológico
 Considera a tecnologia como sendo autônoma, auto-
evolutiva, seguindo, de forma natural, sua própria inércia e
lógica de evolução, desprovida do controle dos seres
humanos.
 Essa tese de autonomia tecnológica impede uma análise
crítica do processo tecnológico, pois libera engenheiros,
cientistas e políticos de suas responsabilidades.

Concepção de Universalidade da Tecnologia


 Entende a tecnologia como sendo algo universal; um mesmo
produto, serviço ou artefato poderia surgir em qualquer
local e, conseqüentemente, ser útil em qualquer contexto.

21
Pessimismo Tecnológico (os tecnófobos)
 Segundo o filósofo alemão Martin Heidegger a técnica é um
fenômeno tipicamente moderno, responsável por um
progresso tecnológico que é a causa de todos os males da
humanidade, por contribuir para alargar as desigualdades
sociais, graças ao acúmulo discrepante de riquezas e poder.

Otimismo Tecnológico (os tecnófilos)


 Vê a tecnologia como uma forma de garantir o progresso e o
bem estar social.

22
Sociosistema: Um novo conceito de Tecnologia
 Um novo conceito que permite relacionar a demanda social,
a produção tecnológica com a política e economia.

 Faz referencia ao aspecto técnico (conhecimentos,


habilidades e técnicas, ferramentas, máquinas e recursos),
incluiria as concepções intelectualista e instrumentalista.

 Faz referencia aos aspectos organizacionais (atividade


econômica e industrial, atividade profissional, usuários e
consumidores) e os aspectos culturais (objetivos, valores e
códigos éticos, códigos de comportamento).

23
Concepções de Tecnologia
Vieira Pinto

24
Para Vieira Pinto (2005) a adequada posição
sobre o conceito de tecnologia possibilita:

a) aproximar-se da essência da técnica;

b) visualizar o significado do seu papel;

c)compreender a razão das grandes transformações


experimentadas ao longo do tempo.

25
O que é técnica?
 O ato de virtualizar as ações.
 O ato de produzir alguma coisa como solução de uma
contradição do ser humano com a natureza.
A teoria geral da técnica incorpora:
 A classificação das técnicas;
 A história das técnicas;
 A rentabilidade da técnica, ou seja, o exame da contribuição para o
aumento quantitativo e qualitativo dos bens que originam; e
 O papel das técnicas na organização das relações entre os homens,
o que quer dizer, a função social da técnica e sua direção.
O que é máquina?
 Todo aparelho eletrônico e toda máquina tem um procedimento
fabricador por trás, ou seja, uma técnica, contudo, nem toda técnica
se concretiza em uma máquina.

26
Tecnologia como epistemologia da técnica

 A técnica, na qualidade de ato produtivo, dá origem a


considerações teóricas que justificam a instituição de
um setor do conhecimento, tomando-a por objeto e
sobre ela edificando as reflexões sugeridas pela
consciência que reflete criticamente o estado do
processo objetivo, chegando ao nível da teorização. Há
sem dúvida uma ciência da técnica, enquanto fato
concreto e por isso objeto de indagação epistemológica.
Tal ciência admite ser chamada de tecnologia. (Vieira
Pinto, 2005, p. 220).

27
Tecnologia como técnica
 Este é o sentido mais usual da palavra tecnologia.
Frequentimente confundida com a técnica.

Tecnologia como conjunto de todas as


técnicas
 Se refere a todas as técnicas de que dispõe uma
determinada sociedade em dada época histórica.
 Uma das consequências dessa acepção é que regiões “não
tecnológicas” correm o risco de querer planejar seu
desenvolvimento com base na imitação do
desenvolvimento tecnológico das regiões desenvolvidas;
com isso, esquecem de levar em consideração sua própria
realidade e suas condições objetivas.

28
Tecnologia como ideologização da tecnologia

 A palavra tecnologia menciona a ideologia da técnica,


quando fica estabelecida certa relação entre o estado
de desenvolvimento das técnicas e a elevação delas à
ideologia social.

 Um esforço para transformar a técnica em mitologia,


ou seja, como algo que explicaria quase tudo da
realidade e, por isso, a condição de uma espécie de
mitologia social.

 Com esse esforço de transformar a tecnologia em mito,


o ser humano apresenta-se diante do aparelho
tecnológico como alguém que está ali para protegê-lo e
conservá-lo.

29
Tecnologia como ideologização da tecnologia

 O ser humano em vez de fazer da máquina um


instrumento de transformação, a vê como instrumento
de adoração.

 A ideologização da tecnologia envolve um estado de


espírito eufórico e uma crença no seu poder
demiúrgico. Supostamente, o ser humano, por meio da
tecnologia, irá construir uma vida feliz para todos.

30
Tecnologia como ideologização da tecnologia

 A ideologização da tecnologia visa dois resultados:

a) Revestir a sociedade de valor ético positivo;


b)Utilizar a técnica como instrumento para silenciar as
manifestações políticas.

 As ideologizações da tecnologia têm como uma de


suas principais consequências:

Incapacitar para a compreensão da técnica. Não


permite visualizar a técnica como o nome dado à
mediação exercida pelas ações humanas na consecução
das finalidades que o ser humano concebe para lutar
contra as resistências da natureza.

31
Álvaro Vieira Pinto

Filósofo, tradutor, professor de lógica, tendo também


atuado em medicina, matemática, demografia e física.

* 11/11/1909
+11/06/1987

Livro - O Conceito de Tecnologia


Volume I – 2005
Volume II – 2013

32
Considerações finais

Quando começa a história da Informação?

33
Considerações finais

 Quando começamos a usar ferramentas

34
Considerações finais

 Sistematização da escrita

35
Considerações finais

 Um tipo de texto chamado

36
Considerações finais

 Surgimento da linguagem como uma tecnologia


intelectual.

37
Qual o sentido da vida?

38
“O sentido da vida é um conjunto de
grandes buscas num mundo virtual
imerso na história da informação”
Silvio Meira

39
Silvio Meira

Professor associado da FGV


Provocador-chefe da ikewai.com
Presidente do conselho do Porto Digital em Recife

* 2 de fevereiro de 1955

40
Referências
 Silva, G. C. (2013). Tecnologia, educação e tecnocentrismo as
contribuições de Álvaro Vieira Pinto. RBEP, 94, 839–857.
 Veraszto, E. V., Silva, D., Miranda, N. A., Paulista, U., Paulo, S., &
Simon, F. O. (2009). Tecnologia : buscando uma definição para o
conceito Technology : looping for a definition for the concept
Resumo Abstract, 19–46.
 Silva, J. C. T. Da. (2003). Tecnologia: novas abordagens,
conceitos, dimensões e gestão. Produção, 13(1), 50–63.

41

Você também pode gostar