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Bibliografia:
SAES, D. Democracia e capitalismo no Brasil: balanço e
perspectivas. In: República do Capital. São Paulo: Boitempo, 2001.
FABER, M. A história dos partidos políticos no Brasil. In:
http://www.historialivre.com/brasil/partidos_politicos.pdf
A democracia brasileira:
* É comum a caracterização como limitadas e instáveis as experiências democráticas do Brasil
no século XX. Muitos autores acreditam que a deficiência da democracia em nosso país
deve-se a características intrínsecas e “trans-históricas” da sociedade brasileira. Segundo
eles, o Brasil dificilmente conseguiria ser plenamente democrático.
“a suposição de que algum fator trans-histórico — a fraqueza da sociedade civil diante do Estado, a força
do patrimonialismo ou o caráter autoritário da cultura nacional— funciona regularmente, no Brasil,
como dispositivo limitador de toda e qualquer experiência democrática. Caso se parta dessa suposição,
chegar-se-á seguramente à conclusão de que eventuais diferenças entre as diversas experiências
democráticas concernem aos seus aspectos secundários, sendo o seu aspecto fundamental a filiação
comum a um traço permanente da evolução da sociedade brasileira”. (Saes,2001: p. 108)
* Saes concorda que as experiências democráticas no Brasil possuem um caráter limitado.
Acredita, entretanto, que as limitações na democracia assumem características dissintas ao
longo da história da formação social brasileira.
* No artigo utilizado como texto base de nossa aula, Saes analisa as principais características
de cada fase da democracia no Brasil, buscando identificar quais os aspectos limitadores
em cada uma delas.
A democracia na Primeira República (1889-1930)
A primeira experiência democrática brasileira é conhecida pelo seu caráter limitado. Alguns autores a
classificam como “República Oligárquica”, onde vigorava o “voto de cabresto”, o “coronelismo” e o
“patrimonialismo”.
Segundo Saes, as principais características dessa primeira fase da democracia no Brasil eram:
1. Inexistência do pluralismo partidário: um único partido controla a vida política nacional. Não havia alternância de
partidos no governo. Para Saes, o sistema partidário desse período poderia ser classificado como “sistema de
partido único”, já que o Partido Republicado exerceu ampla hegemonia na cena política nacional durante o
período. Entretanto, é necessário destacar que nesse período não existiam partidos políticos propriamente
nacionais e a articulação política se dava fora dos partidos políticos.
Segundo Saes, nesse período a fração hegemônica da classe dominante (a burguesia comercial ligada ao comercio
exterior) preferiu se articular nacionalmente de forma “extrapartidária” , através da Política dos Governadores:
“tal política representou um acordo político direto entre a Presidência da República, os governos estaduais, o
Congresso e os legislativos estaduais. Esse acordo amplo fixava, na prática, regras permanentes para o exercício
da hegemonia política no seio do bloco no poder. Ao promover a articulação política direta – sem uma mediação
especificamente partidária – os diferentes elementos regionais da fração hegemônica da classe dominante, a
‘política dos governadores’ enfraqueceu a vida partidária das classes dominantes regionais.” (Saes,1996: p. 130)
Politica dos governadores: Acordo estabelecido entre o presidente da república e os governadores com os
seguintes objetivos: “Reduzir ao máximo as disputas políticas non âmbito de cada Estado, prestigiando os grupos
mais fortes; chegar a um acordo básico entre a União e os Estados, pôr fim à hostilidade existente ente Executivo e
Legislativo, domesticando a escolha dos deputados. O governo central sustentaria assim os grupos dominantes nos
Estados, enquanto estes, em troca, apoiariam a política do presidente da República.” (Boris Fausto, História do
Brasil, 12ª ed. , 2006: p. 259)
O sistema partidário na primeira república
II. Partido Trabalhista Brasileiro (PTB): fundado por Getúlio Vargas em 1945 e
tem sua origem na estrutura sindical e trabalhista criada durante o Estado
Novo
• A base eleitoral do partido era formada principalmente por trabalhadores
urbanos. O PTB tinha forte penetração nos sindicatos. Saes ressalta que o
PTB surge da necessidade de organizar politicamente os trabalhadores
urbanos.
• Dois presidentes da República foram do PTB: o Getúlio Vargas (1951-1954),
eleito democraticamente. o João Goulart (1961-1962), eleito como vice-
presidente de Jânio Quadros (1960), com a renúncia deste, assumiu a
presidência. Jango também havia sido eleito vice de JK em 1955.
• Principais lideranças: Getúlio Vargas, João Goulart, Alberto Pasqualini, Leonel
Brizola, Sereno Chaise, Ernesto Dorneles, Itamar Franco e Pedro Simon.
O sistema partidário da democracia populista
III. União Democrática Nacional (UDN): fundado em 1945. Reunia antigos políticos de
oposição ao Governo Vargas.
• Representava os interesses dos setores importadores e exportadores que perderam
a hegemonia política com a Revolução de 1930. Segundo Saes (2001: 122), esse era
o único grupo político disposto a lutar pelo controle político das políticas de Estado.
• Era favorável ao capital estrangeiro e à iniciativa privada, sendo radicalmente
contrário à Reforma Agrária e a políticas populares. Defendiam a propriedade
privada e o grande latifúndio. Em 1961, fez parte do grupo que tentou impedir a
posse de João Goulart. A UDN apoiou a candidatura vitoriosa de Jânio Quadros à
presidência. Apesar de ter formado a base de apoio ao Golpe Militar de 1964, o
partido foi extinto em 1965 pelo Ato Institucional número 2 e seus integrantes
passaram para a ARENA, partido de sustentação da ditadura.
• Principais lideranças udenistas: Aureliano Chaves, Carlos Lacerda, Abreu Sodré,
Antônio Carlos Magalhães (ACM), Raul Pilla, Daniel Krieger, Adhemar de Barros,
José Sarney e Eduardo Gomes.
A instabilidade da democracia brasileira
• A instabilidade de nossa democracia pode ser medida pela curta duração de nossas experiências
democráticas. A atual fase da democracia é mais duradoura.
• Os movimentos “extra-instituicionais” que levaram a interrupção de nossas experiências democráticas
anteriores deram origem a mudanças importantes na forma de Estado e no Regime político no Brasil .
• Alguns autores, atribuíram a instabilidade da democracia ao processo acelerado de industrialização
pelo qual passamos. Para Saes, há certa veracidade nessas análises, entretanto lhes faltam a
compreensão das implicações políticas desse crescimento acelerado. Segundo ele, assim como o a
industrialização acontece de modo acelerado no Brasil, a redefinição da hegemonia politica no interior
da classe dominante também tem que acontecer rapidamente.
“a redefinição da hegemonia política no seio do bloco no poder supõe usualmente a transformação da
forma de Estado e do regime político; isso ocorre porque a fração de classe anteriormente hegemônica
se apoia na forma de Estado e no regime político vigentes para preservar a sua hegemonia política (por
exemplo, alimentando — no mínimo — a subordinação ideológica das Forças Armadas, no caso de uma
ditadura militar; ou manipulando o processo eleitoral, no caso de uma democracia representativa).
Conseqüentemente, a fração de classe dominante que aspirar à conquista da hegemonia política no seio
do bloco no poder terá de interromper o funcionamento das instituições políticas vigentes e de promover
a sua substituição forçada (sejam elas ditatoriais ou democráticas). Nessa perspectiva, pode-se concluir
que, nas democracias capitalistas, as crises de hegemonia no seio do bloco no poder abrem o caminho —
na medida em que culminam num processo de redefinição dessa hegemonia — para a revogação das
instituições políticas democráticas” (Saes 2001: 123-124.)
O Sistema Partidário da ditadura militar
1. A instauração da ditadura militar representou o fim da crise de hegemonia no bloco no
poder, com a dominância política do grande capital monopolista (nacional, estatal e
estrangeiro). Para Saes, a instabilidade da democracia no Brasil está relacionado ao
conflito entre as classes e frações de classe pela condução política da formação social
brasileira.
2. Na realidade, o sistema político durante a ditadura militar, apesar de tentar manter uma
aparência institucional democrática (manutenção de eleições periódica e a existência
partidos políticos), não pode ser classificado como democracia pela inexistência de
liberdades políticas.
3. Após o Golpe Civil Militar de 1964, os partidos políticos foram novamente proibidos. O Ato
Institucional número 1 cassou os direitos civis de 100 pessoas, a maioria políticos, o que
enfraqueceu em demasia a oposição ao novo regime imposto. Em 1966, com o
lançamento do AI-2, foi instituído o Bipartidarismo, onde a situação se organizou em torno
da ARENA e a oposição ingressou no MDB.
4. A ditadura militar, apesar de limitar a representação das classes sociais através de partidos
políticos, garantiu a participação dos setores empresarias na gestão estatal através dos
conselhos de estado.
Os partidos Políticos durante a ditadura militar