A Formação Docente

A FORMAÇÃO DOCENTE:
DEMANDAS LEGAIS,
SOCIAIS E POLÍTICAS.
Profª. Me. Joina Bomfim
São Luís
2010
A FORMAÇÃO DOCENTE: DEMANDAS LEGAIS,
Nem tudo o que escrevo resulta numa

realização, resulta mais numa tentativa.
O que também é um prazer. Pois nem
tudo eu quero pegar. Às vezes, quero
apenas tocar. Depois, o que toca, às
vezes, floresce e os outros podem pegar
com as duas mãos.
(Clarice Lispector)
Iniciando:
Tocar na docência; na formação docente.

O olhar de estranhamento de quem vê pela
primeira vez;
O significado, o entender, o decifrar;
O ponto de partida, não de chegada.
O professor: protagonista em questão.

Afinal:
Quem é professor?
O professor é muito falado, está presente nos
discursos e nos mais diversos espaços
escolares (ou não);
Na cidade, no campo, nas mais diversas
conjecturas do Estado, da mídia, dos políticos,
da família, das pessoas.
 É necessário interrogar sob quais bases

se formam estes sujeitos da educação e
da escola, o que os constitui sem,
contudo, substancializar a discussão;
 O que denominamos condição docente e
em qual situação um sujeito se torna
professor.
 A condição docente
Do latim conditio, o vocábulo condição tem
origem no condo – is, conditio, e corresponde,
por um lado, ao grego kríois (fundação,
criação) na acepção de ato e ação de criar.
Por outro, se entende por conditio o estado, o
status, a situação de um ser no conjunto de
realidades ou de um homem na sociedade.
 A relação
A docência instala-se na relação entre
docente e discente; ambos sujeitos
socioculturais, imersos em distintos
universos de historicidade e cultura,
implicados em enredos individuais e
coletivos.
 O ofício de professor:
Nesse percurso histórico sofre influência das
mudanças no mundo do trabalho, da
economia, dos avanços tecnológicos e
mediante a crise que instaurou na educação
brasileira aumentam as demandas sociais,
que precisam ser atendidas e,
consequentemente, as demandas pela
efetivação de políticas que as atendam.
 O que é necessário para formar um

professor?
 O que ele precisa saber para ensinar?
 Por que a educação brasileira vem
apresentando índices tão baixos?
 O que o professor não tem ensinado e
por quê?
 Em uma demonstração ostensiva de

insatisfação generalizada com relação
aos modelos formativos vigentes, nos
cursos de licenciatura,a discussão é:
Qual a formação ideal ou necessária do
professor da educação básica?
Todavia, dessa exaustiva discussão, não têm

emergido propostas que ultrapassem o nível de
recomendações abstratas acerca:
 da necessidade de “sólida formação dos
 educadores”;
 da “articulação de teoria e prática”;
 da “contextualização e interdisciplinaridade”
etc.
 Nessas discussões, embora de modo vago

conclui-se que é necessária uma de uma
“política nacional de formação de professores”
e;
 Em seguida, desenha-se o “perfil profissional”
desses professores por meio de um
arrolamento de competências cognitivas e
docentes que devem ou deveriam ser
desenvolvidas pelos cursos formadores.
Essas proposições captam duas

tendências, quais sejam:
 A centralização nas normas gerais;
 A fixação na figura individual do
professor.
Com relação à primeira tendência, faz-se

necessário ponderar que:
 estabelecer normas gerais pode acabar
conduzindo à formulação de um modelo
abstrato inviável na ampla variedade da
situação nacional.
 Ministério da Educação -GABINETE DO MINISTRO / PORTARIA NORMATIVA

Nº 14, DE 21 DE MAIO DE 2010- Institui o Exame Nacional de Ingresso na
Carreira Docente.
 Art. 1º Instituir, no âmbito do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira - INEP, o Exame Nacional de Ingresso na Carreira
Docente, o qual constitui-se de uma avaliação de conhecimentos, competências e
habilidades para subsidiar a contratação de docentes para a educação básica no
âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
 Art. 2º O Exame tem os seguintes objetivos:
 I - subsidiar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios na realização de
concursos públicos para a contratação de docentes para a educação básica;
 II - conferir parâmetros para auto-avaliação dos futuros docentes, com vistas à
continuidade da formação e à inserção no mundo do trabalho;
 III - oferecer um diagnóstico dos conhecimentos, competências e habilidades dos
futuros professores para subsidiar as políticas públicas de formação continuada;
 IV - construir um indicador qualitativo que possa ser incorporado à avaliação de
políticas públicas de formação inicial de docentes.
 Ministério da Educação -GABINETE DO MINISTRO /

PORTARIA NORMATIVA Nº 14, DE 21 DE MAIO DE 2010-
Institui o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente.
Art. 2º O Exame tem os seguintes objetivos:
 I - subsidiar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios na
realização de concursos públicos para a contratação de
docentes para a educação básica;
 II - conferir parâmetros para auto-avaliação dos futuros docentes,
com vistas à continuidade da formação e à inserção no mundo
do trabalho;
 III - oferecer um diagnóstico dos conhecimentos, competências e
habilidades dos futuros professores para subsidiar as políticas
públicas de formação continuada;
 IV - construir um indicador qualitativo que possa ser incorporado
à avaliação de políticas públicas de formação inicial de docentes.
 Ministério da Educação -GABINETE DO

MINISTRO / PORTARIA NORMATIVA Nº 14,
DE 21 DE MAIO DE 2010- Institui o Exame
Nacional de Ingresso na Carreira Docente.
Art. 3º O exame avaliará conhecimentos,
competências e habilidades imprescindíveis à
vida docente, ao mundo do trabalho e ao
exercício da cidadania, tendo como base a
matriz de competências especialmente
definida para o exame, a ser divulgada
anualmente pelo INEP.
Com relação à segunda tendência, o

problema é ainda mais grave porque as
discussões e propostas :
 Têm se detido na caracterização da
figura abstrata de um profissional;
 Esse docente deve ser dotado de
determinadas qualidades como sendo
um ideal de formação.
Ponderando sobre a segunda linha:

 O “bom professor” seria aquele capaz de
dominar a “arte de ensinar tudo a todos”.
Comênio (Didática Magna, 1657)
 Como para Bacon fazer ciência era
aplicar um método, Comênio imaginou
que ensinar era também a aplicação de
um método.
No que concerne à formação docente, as

concepções são tão distorcidas que não
se discerne entre:
 Metodologias e estratégias de ensino;
 possíveis relações conceituais, entre
conhecimento, ensino e valores, e;
 hipotéticas relações entre capacidade de
aprender e supostas fases de
desenvolvimento psicológico.
De acordo com Azanha:
 Teorias da aprendizagem, da inteligência e do

desenvolvimento cognitivo e emocional da criança e do
adolescente aparecem, entram em moda e saem de moda.
Pouco há de seguro, nessas áreas do conhecimento, que
permita fundamentar a formação do professor;
 tentativas de derivar regras práticas de teorias científicas

são, na maior parte das vezes, exercícios claudicantes do
ponto de vista lógico, por desconsideração das complexas
questões implicadas no trânsito entre o conhecimento de
fatos e possíveis regras que consistiriam numa aplicação
desse conhecimento.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.2, p. 369-378, maio/ago. 2004
 A adequada formação do professor não

pode ser imaginada como a simples e direta
aplicação à situação de ensino de um saber
teórico;
 O ponto de vista pedagógico não é uma
soma de parcelas de saberes teóricos que,
embora necessários;
 Nunca serão suficientes para alicerçar a
compreensão da situação escolar e a
formação do discernimento do educador.
 Embora a docência instale-se na relação

professor e aluno, o grave problema que tem
permanecido é o caráter abstrato da
concepção da relação pedagógica como se
ela fosse uma relação apenas entre dois,
aquele que ensina e aquele que aprende,
abstraída do contexto institucional.
 Com a quase universalização da educação

básica e acesso das massas à escola, essa
discussão constitui uma mera abstração,
visão elitista e petrificada da relação
pedagógica;
 A escola mudou e essa relação adquiriu
outras nuances.
Como disse Hannah Arendt (Entre o passado e o

futuro, Perspectiva, 1972, p. 238-9), a escola é:
 a instituição que interpomos entre o domínio
privado do lar e o mundo, com o fito de fazer que
seja possível a transição, de alguma forma, da
família para o mundo. Aqui, o comparecimento
não é exigido pela família, e sim pelo Estado, isto
é, o mundo público, e, assim, em relação à
criança, a escola representa em certo sentido o
mundo (...).
Como disse Hannah Arendt (Entre o passado e o

futuro, Perspectiva, 1972, p. 238-9), a escola é:
 a instituição que interpomos entre o domínio
privado do lar e o mundo, com o fito de fazer que
seja possível a transição, de alguma forma, da
família para o mundo. Aqui, o comparecimento
não é exigido pela família, e sim pelo Estado, isto
é, o mundo público, e, assim, em relação à
criança, a escola representa em certo sentido o
mundo (...).
 Ora, se a escola atual é uma realidade

social e cultural nova, a reflexão acerca do
desempenho do professor não mais pode
ater-se a uma simples questão de formação
teórica;
 De igual modo, o desempenho do aluno
não mais pode ser considerado sob a
perspectiva única da motivação e de
esforços individualizado.
Logo, convém perguntar:

 Há uma crise institucional?
Não, a sociedade mudou e a escola também,
então, para atuar nesse espaço o professor
deve ser pensado de forma diferente.
 Uma política nacional de formação docente

poderá constituir-se uma experiência
malograda, caso se ignore a imensa
variedade da situação escolar brasileira;
 As instituições formadoras de docentes e as
organizações de professores têm de ver
nessa variedade o ponto de partida para
formular suas propostas.
 Uma política nacional de formação docente

poderá constituir-se uma experiência
malograda, caso se ignore a imensa
variedade da situação escolar brasileira;
 As instituições formadoras de docentes e as
organizações de professores têm de ver
nessa variedade o ponto de partida para
formular suas propostas.
 o exercício da profissão de ensinar só é

possível no quadro institucional da escola;
 A escola deve ser o centro das
preocupações teóricas e das atividades
práticas em cursos de formação de
professores;
 O professor precisa ser formado para
enfrentar os desafios da novidade escolar
contemporânea.
E o que encontramos na escola hoje?

 Alunos, cujo capital social, cultural e
linguístico difere do “padrão estabelecido”;
 Professores, oriundos das mesmas classes
com dificuldade de modificar seu próprio
habitus e lidar com o padrão estabelecido;
 Professores divididos sobre como proceder
em relação à diversidade cultural que
adentrou a escola brasileira.
Considerações finais:
 Não há mudança de paradigma educacional sem

mudança do modo de produção social;
 Os professores educamos no capitalismo;
 A sociedade brasileira continua estratificada;
 As culturas que adentraram a escola brasileira
constituem os mesmos estratos de classe e
possuem a mesma rentabilidade.
 Sem desconsiderar ou desvalorizar uma cultura, o

professor deve ser aquele intelectual
transformador proposto por Giroux;
 os saberes escolares devem, sobretudo, propiciar
com a transformação, contribuir para a mudança
de statu-quo dos seus alunos;
 O professor deve continuar fomentando o sonho,
as utopias.
Quando cessam os oásis utópicos, estende-se

um deserto de banalidades e perplexidades.
(Habermas)
Muito obrigada,
Joina Bomfim.

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Profª. Me. Joina Bomfim

Nem tudo o que escrevo resulta numa

Tocar na docência; na formação docente.

O professor: protagonista em questão.

 É necessário interrogar sob quais bases

 O que é necessário para formar um

 Em uma demonstração ostensiva de

Todavia, dessa exaustiva discussão, não têm

 Nessas discussões, embora de modo vago

Essas proposições captam duas

Com relação à primeira tendência, faz-se

 Ministério da Educação -GABINETE DO MINISTRO / PORTARIA NORMATIVA

 Ministério da Educação -GABINETE DO MINISTRO /

 Ministério da Educação -GABINETE DO

Com relação à segunda tendência, o

Ponderando sobre a segunda linha:

No que concerne à formação docente, as

De acordo com Azanha:

 Teorias da aprendizagem, da inteligência e do

 tentativas de derivar regras práticas de teorias científicas

 A adequada formação do professor não

 Embora a docência instale-se na relação

 Com a quase universalização da educação

Como disse Hannah Arendt (Entre o passado e o

Como disse Hannah Arendt (Entre o passado e o

 Ora, se a escola atual é uma realidade

Logo, convém perguntar:

 Uma política nacional de formação docente

 Uma política nacional de formação docente

 o exercício da profissão de ensinar só é

E o que encontramos na escola hoje?

 Não há mudança de paradigma educacional sem

 Sem desconsiderar ou desvalorizar uma cultura, o

Quando cessam os oásis utópicos, estende-se

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