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Aula 09
Professor
Jonas Yuri
De acordo com LENZA (2021, p. 607), “O que se busca é tornar efetiva norma
constitucional destituída de efetividade, ou seja, somente as normas constitucionais de
eficácia limitada”.
Omissão:
a) Total/absoluta: ausência do dever de normatizar;
b) Parcial: há normatização infraconstitucional, mas de forma insuficiente.
Exemplo de inconstitucionalidade total: art. 37, VII (direito de greve dos servidores
públicos).
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Espécies de Omissão
A inconstitucionalidade por omissão PARCIAL divide-se em duas:
Súmula Vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem
função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob
o fundamento de isonomia.
“... são impugnáveis, no controle abstrato da omissão, a inércia legislativa em editar quaisquer dos atos
normativos primários suscetíveis de impugnação em ação direta de inconstitucionalidade... O objeto aqui,
porém, é mais amplo: também caberá a fiscalização da omissão inconstitucional em se tratando de atos
normativos secundários, como regulamentos ou instruções, de competência do Executivo, e até mesmo,
eventualmente, de atos próprios dos órgãos judiciários” (BARROSO apud LENZA, 2020, p. 292).
ATENÇÃO!
ADO nº 3.682 entendeu o STF não se justificar a demora na apreciação de projetos já
propostos (inertia deliberandi das Casas Legislativas), passível de se caracterizar uma
desautorizada “conduta manifestamente negligente ou desidiosa das Casas Legislativas”,
colocando em risco a própria ordem constitucional (voto do Min. Gilmar Mendes).
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
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Legitimidade
Conforme anota o Min. Gilmar Mendes, assim como acontece na ADI genérica, o processo de
controle na ADO tem por escopo a “defesa da ordem fundamental contra condutas com ela
incompatíveis. Não se destina, pela própria índole, à proteção de situações individuais
ou de relações subjetivadas, mas visa precipuamente à defesa da ordem jurídica”. Os
legitimados agem como “advogados do interesse público ou, para usar a expressão de Kelsen,
como advogados da Constituição”. Utilizando a denominação de Triepel, tem-se “típico
processo objetivo” (voto na ADI 3.682).
Art. 12-D. Proposta a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, não se admitirá
desistência.
*Agravo interno ao Pleno do STF, art. 994, III, e 1.021 do CPC. Prazo de 15 dias úteis, 1.070
e da previsão geral fixada no art. 1.003, § 5.º, tanto para a interposição quanto para
respondê-lo (art. 219, CPC).
• O Procurador-Geral da República, nas ações em que não for autor, terá vista
do processo, por 15 (quinze) dias, após o decurso do prazo para informações.
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Procedimento
• Não há prazo para a sua propositura, não estando suscetível a ocorrência de
prazos prescricionais;
Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o Tribunal, por decisão
da maioria absoluta de seus membros, observado o disposto no art. 22, poderá conceder medida
cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão
inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias.
Será facultada sustentação oral aos representantes judiciais do Requerente e das Autoridades
ou Órgãos responsáveis pela omissão;
Art.12-G. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar, em seção
especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União, a parte dispositiva da decisão
no prazo de 10 (dez) dias, devendo solicitar as informações à autoridade ou ao órgão responsável
pela omissão inconstitucional, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção
I do Capítulo II desta Lei.
ADO 3.682: A CRFB não vedou a possibilidade de se fixar prazo razoável ao Poder
Legislativo:
Não se trata de impor um prazo para a atuação legislativa do Congresso Nacional, mas
apenas da fixação de um parâmetro temporal razoável;
A fixação do prazo não teria caráter coercitivo, mas dada a natureza mandamental da
decisão, em não elaborando a lei, consequências processuais poderiam decorrer: aplicação
analógico do art. 64 da CRFB ou o suprimento da omissão pelo próprio STF;
Julgamento monocrático de medida cautelar na ADO 24/2013: fixação do prazo de 120 dias
para que o CN elaborasse a Lei que regulamentasse o art. 37, § 3.º, I, CF/88 a Lei nº
13.460 foi elaborada apenas em 2017 e com prazos elásticos de vacatio legis;
ADO 25/2016, julgada pelo Plenário: fixou o prazo de 12 meses para que o CN suprisse a
omissão do 91 do ADCT Findo o prazo e não sendo elaborada a LC, o decisum
determinou como consequência uma competência (precária e excepcional) do TCU a LC
176 foi editada somente em 29/12/2020.
Contudo, sem qualquer fixação de prazo, o STF deu “interpretação conforme à Constituição, em face dos mandados
constitucionais de incriminação para enquadrar a homofobia e a transfobia, qualquer que seja a forma de sua
manifestação, nos diversos tipos penais definidos na Lei n. 7.716/89, até que sobrevenha legislação autônoma, editada
pelo Congresso Nacional, seja por considerar-se, nos termos deste voto, que as práticas homotransfóbicas qualificam-se
como espécies do gênero racismo, na dimensão de racismo social consagrada pelo Supremo Tribunal Federal no
julgamento plenário do HC 82.424/RS (caso Ellwanger), na medida em que tais condutas importam em atos de segregação
que inferiorizam membros integrantes do grupo LGBT, em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero,
seja, ainda, porque tais comportamentos de homotransfobia ajustam-se ao conceito de atos de discriminação e de ofensa
a direitos e liberdades fundamentais daqueles que compõem o grupo vulnerável em questão” ADO 26, j. 13.06.2019, DJE
de 06.10.2020).
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Admite-se a fungibilidade entre ADI e ADO?
SIM!
Por outro lado, é possível observar a intenção dos requerentes de estabelecer uma nítida
distinção de pedidos: uns pela declaração da inconstitucionalidade por omissão e outros pela
declaração da inconstitucionalidade (por ação). (...) O quadro aqui revelado, portanto, está a
demonstrar uma clara imbricação de pedidos e causas de pedir e, dessa forma, a evidenciar a
patente fungibilidade que pode existir entre a ação direta de inconstitucionalidade e a
ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADI 875; ADI 1.987; ADI 2.727, voto do
Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 24.02.2010, Plenário, DJE de 30.04.2010).